terça-feira, 13 de março de 2007

GP Memória: Australia 1986

Nas ocasiões em que o título mundial foi decidido na última prova do campeonato, poucos foram os anos em que houve mais do que dois candidatos ao ceptro máximo. Os anos de 1964 e 1974 tinham sido até então os únicos anos em que houve mais do que dois pilotos com possibilidade real de ganharem o título. Em 1986, repetia-se o cenário, só que desta vez, o vencedor era o candidato menos provável, pois foi aqui que Alain Prost ganhou o seu segundo título, talvez o mais improvável da sua carreira.

Mas vamos por partes: à chegada a Adelaide, o "brutânico" Nigel Mansell ia confortavelmente na liderança, com sete pontos de vantagem sobre Alain Prost. Um ponto mais atrás, mas com possibilidades matemáticas de alcançar o título estava o brasileiro Nelson Piquet, que estava no seu primeiro ano na Williams-Honda, depois de sete temporadas na Brabham e dois títulos mundiais. No quarto lugar, mas já sem possibilidades de chegar ao título estava o jovem brasileiro Ayrton Senna, no seu Lotus-Renault V6 Turbo.

Nos treinos, Mansell fez a “pole-position”, seguido do seu companheiro de equipa Piquet e de Senna. Prost ficou-se pelo quarto lugar. A 26 de Outubro, dia da corrida, 150 mil espectadores tinham ido ao circuito para assistir à decisão do título mundial de 1986. Mas também era um Grande Prémio marcante para muita gente: para Alan Jones, Keke Rosberg e Patrick Tambay iria ser o último Grande Prémio das suas carreiras. Para os motores Renault Turbo, também seria o último GP, depois de nove anos de bons serviços.

No momento da partida, Mansell foi surpreendido por Senna, Piquet, Prost e Rosberg. No final dessa volta, Senna tinha sido ultrapassado por Piquet, mas à volta seis, iria ser ultrapassado pelo McLaren do piloto finlandês, que iria alargar a sua liderança nas próximas voltas. Na volta 23, Piquet despista-se, perdendo algumas posições, enquanto que Prost sofria um furo, que o faria ir às boxes e descer para a quarta posição, atrás de Rosberg, Mansell e Senna. Mas o brasileiro da Lotus abandona à volta 43, fazendo com que Mansell herdasse o segundo lugar, Na volta seguinte, Piquet passa Prost, e fica no terceiro lugar. E eles rodam assim até à volta 62. Nessa altura, o piloto “brutânico” era o virtual Campeão do Mundo.

Mas num espaço de duas voltas, tudo muda. À volta 63, o pneu traseiro direito de Rosberg rebenta, fazendo com que abandone a sua última corrida da carreira. Mansell passa para a liderança, mas duas voltas depois, em plena Recta Brabham, o seu pneu traseiro esquerdo explode a alta velocidade, fazendo com que abandonasse a liderança. O seu sonho de Campeão do Mundo tinha-se esfumado.

Depois disso, Piquet passava para a liderança. Nessa altura, o brasileiro era virtual Campeão do Mundo, com dois pontos de diferença sobre Prost. Mas a Williams, temendo que pudesse acontecer o mesmo a Piquet, mandou-o trocar de pneus. Assim sendo, Prost passou à frente, e Piquet tentou apanhá-lo, mas já era tarde demais. Quando cortou a meta, Prost ficara a quatro segundos de Piquet, os suficientes para ser Campeão do Mundo pela segunda vez. A acompanhá-los no pódio estaria o Ferrari do sueco Stefan Johansson.

1 comentário:

Anónimo disse...

Essa decisão de campeonato foi fantástica!
Com o estouro do pneu traseiro do Williams de Nigel Mansell, aconteceria no de Nelson Piquet?
Essa dúvida permanece até hoje.
A prova marcou também a despedida do patrocínio "John Player Special". A famosa cor preta que estampava os carros da Lotus, "perderia a identidade" na primeira temporada (1987) sem ele (John Player Special).

Notas:

- última prova na categoria: finlandês Keke Rosberg (Campeão Mundial de Fórmula 1 em 1982), australiano Alan Jones (Campeão Mundial de Fórmula 1 em 1980), francês Patrick Tambay, escocês Johnny Dumfries, canadense Allen Berg e o holandês Huub Rothengatter e
- última temporada da "aventura" da equipe de Carl Haas na Fórmula 1.