sábado, 3 de março de 2007

O piloto do dia: Patrick Depailler



Na senda dos pilotos franceses, apresento outro que teve um grande talento, mas que nunca teve a máquina para o demonstrar. E no final o destino foi-lhe madrasto. Falo de Patrick Depailler.
Nascido a 9 de Agosto de 1944 em Clermont-Ferrand, Depailler teve como ídolo de infância outro francês: Jean Behra (1921 – 1959). Começou a sua carreira nas motos, mas em 1964 virou-se para os automóveis, nomeadamente a Formula 3 e Formula 2. Em 1971, torna-se campeão francês de Formula 3 e no ano seguinte tem a oportunidade de correr na Formula 1 no seu circuito natal de Charade, ao volante de um Tyrrell. Em 1973 fica na Formula 2, onde é terceiro no Campeonato Europeu, ganhando a corrida de Nurburgring.
No ano seguinte, Depailler tem a sua oportunidade de correr na Formula 1 a tempo inteiro, ao ser o companheiro de equipa do sul-africano Jody Scheckter. A sua primeira temporada foi brilhante: faz a “pole” na Suécia, (a única da sua carreira) e acaba em segundo, no seu único podium da temporada. Faz 14 pontos que lhe dão um 9º lugar na geral. O seu compromisso na Formula 1 não impede de correr a tempo inteiro na Formula 2, onde se torna campeão Europeu, ganhando cinco corridas: Pau, Mugello, Karlskoga, Hockenheim e Vallelunga.
Em 1975, já com 30 anos, corre a tempo inteiro na Formula 1, na Tyrrell. Só consegue um terceiro lugar na Africa do Sul, mantendo o 9º lugar na geral, com 12 pontos. Em 76, a temporada corre-lhe melhor: é a altura do Tyrrell P34, o “carro de seis rodas”. Sete pódios (cinco segundos e dois terceiros) fazem com que ele acabe a temporada com 39 pontos e fique com o quarto lugar da geral.
Em 1977, agora sem Scheckter (na recém-criada Wolf), tem o sueco Ronnie Peterson (1944-1978) como companheiro, mas a Tyrrell está na espiral descendente. O Tyrell P34 sofre com a falta de desenvolvimento e pneus adequados para as suas seis rodas. O melhor que Depailler consegue é um segundo lugar no Canadá e dois terceiros lugares, na Africa do Sul e no Japão, na mesma corrida em que o seu companheiro Peterson se envolve num acidente bizarro com um recém-chegado: Gilles Villeneuve (1950-1982).
Em 1978, a Tyrrell volta às quatro rodas, e Depailler tem um inicio de temporada fabuloso: terceiro na Argentina, quase ganha na Africa do Sul, com a vitória a ser roubada na última volta pelo Lotus do seu ex-companheiro Ronnie Peterson; é terceiro em Long Beach, e na prova seguinte, no Mónaco, consegue a sua primeira vitória de sempre, batendo o Brabham de Niki Lauda. Tem 33 anos e na altura, é o líder do campeonato, com 23 pontos. Mas a partir daqui, e tirando o segundo lugar na Áustria, não consegue resultados de relevo e acaba em quinto no campeonato, com 39 pontos.
Em 1979, muda de ares: vai para a Ligier, para ser companheiro de equipa de Jacques Laffite. Aproveita o inicio fulgurante da Ligier para fazer figura: segundo no Brasil, ganha em Jarama, é quinto no Mónaco. Mas depois… sofre um acidente de asa-delta, partindo ambas as pernas. A aventura da Ligier termina aqui, e Depailler tem que arranjar novo poiso para continuar. Mas em sete corridas consegue 22 pontos, acabando em 7º lugar na classificação geral.
Quando recupera dos ferimentos, escolhe a Alfa Romeo para continuar, Em 1980 a Alfa tem motores Turbo, capazes de dar potência, mas são muito pouco fiáveis. A temporada é um fracasso: não termina nenhuma das corridas que participa!

A 1 de Agosto de 1980, a Alfa Romeo está em testes privados no circuito alemão de Hockenheim, preparando-se para a corrida, que se vai disputar 10 dias mais tarde. A meio dos testes, ouve-se um barulho no outro extremo da pista, na Ostkurve. Quando os socorros lá chegam, nada podem fazer: o Alfa romeo estava destruído e Depailler esta morto. Tinha 35 anos e, coincidência macabra: morria exactamente 21 anos depois do seu ídolo, Jean Behra.
As causas do acidente nunca foram devidamente esclarecidas. Fala-se que entrou uma pedra numa das saias do carro, contribuindo para o seu despiste. Falou-se também de uma falha da suspensão, mas não se chega a nenhuma conclusão definitiva. Dez dias depois, o seu ex-companheiro e amigo Jacques Laffite ganha a corrida e dedica a vitória a Depailler, que teria feito 36 anos no dia anterior.
No total, Depailler correu em 95 Grandes Prémios, espalhados durante oito temporadas, entre Tyrrell, Ligier e Alfa Romeo, ganhou duas corridas, fez uma pole e quatro voltas mais rápidas. Esteve 19 vezes no podium e conseguiu 141 pontos. Hoje em dia, a vila de Chamaliers, perto de Clermont-Ferrand, tem uma estátua sua.

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