quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O piloto do dia - Nigel Mansell (2ª parte)

Em 1985, Mansell aceita o convite para rumar à Williams. Frank Williams tinha visto em Mansell um piloto rápido e com vontade de vencer. Para além disso, era o parceiro perfeito para o finlandês Keke Rosberg: "Keke deve ter sido um dos melhores companheiros de equipa que jamais tive", comentou. Foi nessa altura que ele recebeu o famoso "Red Five", alcunha essa que foi alimentada por nada mais, nada menos que... Murray Walker!


De inicio, Rosberg levou a melhor, e Mansell pensava que as coisas iriam ser como na Lotus. Mas à mediad que os motores Honda se tornavam mais fiáveis, Mansell alcançava melhores resultados. A parte final da temporada foi simplesmente fabulosa: segundo em Spa-Francochamps, alcança em Brands Hatch a sua primeira vitória, comemorada efusivamente. Repete a façanha na Africa do Sul, fazendo ainda a pole-position. No final da época, tinha obtido o sexto lugar, com 31 pontos, duas vitórias, uma pole-position e uma volta mais rápida.


No ano seguinte, ganha um novo companheiro de equipa: Nelson Piquet. Iria ser o mais controverso companheiro que jamais teve, mas as preocupações estavam virados para outro lado: Frank Williams tinha tido um grave acidente e estava paralisado do pescoço para baixo. A equipa tinha que se reagrupar e aproveitar as potencialidades do motor Honda. Mansell quase ganhou em Espanha, mas foi batido por um Ayrton Senna mais esperto do que ele... contudo, o inglês ganha na Belgica, Canadá, França, Inglaterra e Portugal, estando mais perto do que nunca do título mundial.


Na Australia, Mansell fez a pole-position, e bastava a ele ficar à frente de Piquet e Prost para ser campeão. Contudo, à volta 63, mais especificamente no final da Recta Brabham, o pneu traseiro esquerdo do seu Williams explode a mais de 280 Km/hora, comprometendo-se as suas chances de ganhar o título. Quem ficou com os louros foi o seu rival da McLaren, Alain Prost. Mansell teve que se contentar com o vice-campeonato, com 70 pontos, resultantes de cinco vitórias, nove pódios, duas pole-positions e quatro voltas mais rápidas.


Em 1987, com Frank Williams recuperado, a equipa partiu para novo assalto ao título mundial. Mas por esta altura, o ambiente na equipa já era mau, pois nem Piquet, nem Mansell já não se suportavam. Contudo, Mansell não ligava aos joguinhos do piloto brasileiro, e concentrava-se em ganhar corridas. Vence em Imola, em Paul Ricard, em Silverstone (depois de uma ultrapassagem de antologia a Nelson Piquet), em Zeltweg (onde levou uma cabeçada quando ia no carro que levava os três primeiros ao pódio), em Jerez e na Cidade do México.


Contudo, ao chegar a Suzuka, para disputar o Grande Prémio do Japão, o desastre acontece: quando fazia uma volta de qualificação nos rápidos "esses" depois da recta da meta, passa por cima de um corrector e perde o controlo, batendo violentamente de traseira. Evacuado para o Hospital de Nagoya, as antigas feridas deram de si e a sua temporada tinha acabado, perdendo a segunda chance de alcançar o título mundial. No final da temporada, seria novamente vice-campeão, com 61 pontos, resultantes de seis vitórias, sete pódios, oito pole-positions e três voltas mais rápidas.


Em 1988, a Williams tem que começar de novo: sem motores Honda, contenta-se com os Judd. Nigel Mansell, já recuperado, tem que se contentar com estes motores, sabendo que provavelmente, as suas chances de vencer seriam escassas... Na verdade, Mansell não ganhou nada, a não ser dois pódios, em Inglaterra e Espanha, terminando a temporada com 12 pontos e o nono lugar da classificação geral, conseguindo ainda uma volta mais rápida.


Mas nessa altura, Mansell tinha sido escolhido pela Ferrari para ser o seu piloto. O "Red Five" ia ser agora "Il Leone", uma das últimas escolhas que "Il Commendatore" Enzo Ferrari tinha feito, semanas antes de morrer...


Na altura, a Ferrari testava no seu modelo 641 uma caixa semi-automática no volante, no sentido de facilitar as trocas de mudança. Sabia-se que poderia não ser fiável, mas Mansell não ligou a isso e logo na sua primeira corrida, no Brasil, mostrou a todos que ainda estava para as curvas, ao ganhar a corrida! Mas depois desta "entrada de leão", só voltaria a ganhar na Hungria, depois de uma excelente recuperação, que lhe valeu uma excelente ultrapassagem a Ayrton Senna! Mas esse ano teve também pontos baixos: no Estoril, depois de ter feito uma manobra ilegal nas boxes, os comissários desclassificaram-no. Contudo, o inglês ignorou a bandeira preta, e só parou o carro na gravilha, depois de bater na traseira de... Ayrton Senna! Resultado: exclusão do Grande Prémio seguinte e uma pesada multa... No final da temporada, acaba no quarto posto, com 38 pontos, e duas vitórias, seis pódios e três voltas mais rápidas.
Para 1990, tinha outro companheiro de equipa: Alain Prost. O modelo 641 já se tinha tornado um carro ganhador, mas com Prost na equipa, estava relegado para a condição de segundo piloto. Para piorar as coisas, o azar perseguia-o: um problema no motor a três voltas do final tirou-lhe uma vitória certa. Na corrida seguinte, outro incidente: o seu carro tinha sido trocado sem aviso pelo o de Prost. Fez uma grande corrida, mas acabou por desistir. No final, anunciou que iria abandonar a Formula 1 no final daquela época. A reacção foi enorme: multidões de fãs enviavam-lhe cartas para que reconsiderase a sua posição.


Aí entrou em cena Frank Williams: entregou-lhe um contrato em que seria sem qualquer contestação o primeiro piloto da marca. Mansell hesitou, e algum tempo depois, pediu conselho a Ayrton Senna. Este aconselhou para subir a parada, para ver o que dava (na altura, a Williams ofereceu um milhão de dólares por ano).

Entretanto, o Grande Circo chega ao Autódromo do Estoril. Mansell faz a pole-position, e no momento da partida, faz um favor a Senna, ao "encostar" Alain Prost ao muro das boxes. Mansell ganha e Senna é segundo, relegando Prost para terceiro. Poucos dias depois, Mansell assina pela Williams por cinco milhões de dólares (4,6 milhões de libras) por ano, fazendo com que fosse o mais bem pago deportista inglês de então... No final da temporada, Mansell acaba no quinto posto, com 37 pontos, uma vitória, três pódios (um dos quais no México, depois de uma ultrapasaem de antologia a Gerhard Berger) três pole-positions e três voltas mais rápidas.

4 comentários:

José António disse...

Belos textos sobre o "Bigode" mais rápido da Formula 1. eheheh!!!
Cumprimentos

Rogério Magalhães disse...

Grande Mansell... apesar de meio louco, um dos grandes da última fase realmente áurea da F-1...

E como essa Williams era linda...

dNap disse...

Eu gosto do Mansell. Piloto inesquecível... "Vem babando o Leão", como diria o Babão Bueno.

Participou (e vencendo) de alguns dos maiores clássicos da F1.

Anónimo disse...

ACOMPANHO F1 DESDE 1974 E POSSO DIZER QUE NUNCA HOUVE ALGUEM TÃO VELOZ COMO O LEÃO , muito azarado é verdade , que o burrão BUENO confundia com incompetencia, sera que algum dia aparece alguem tão rapído?