terça-feira, 14 de agosto de 2007

O piloto do dia: Tony Brise

Eis caso de alguém com imenso talento, mas que não teve tempo para o demonstrar, pois o destino se encarregou de encurtar a sua vida. Tal como Roger Williamson antes dele e Tom Pryce depois, fez parte do grupo de pilotos que David Tremayne chamou no seu livro de “A Geração Perdida”. Hoje falo de Tony Brise.


Anthony William Bise nasceu a 28 de Março de 1952 (teria 55 anos se estivesse vivo) em Erith, no condado de Kent. Seu pai, John Brise, foi piloto de Formula 500 nos anos 50. Começou a correr em karts, aos 8 anos e em 1969 torna-se campeão nacional da categoria. Em 1970, vai para a Formula Ford 1600, onde no ano seguinte se torna vice-campeão. Em 1972, passa para a Formula 3, onde não consegue resultados relevantes no primeiro ano, mas no ano seguinte domina a categoria, sendo campeão nacional na Lombard Séries, e a John Player Séries, sucedendo a… Roger Williamson.

Em 1974 passa por dificuldades financeiras que fazem cancelar o seu projecto de correr na Formula 2. Mas em compensação, correu na Formula Atlantic, onde fez algumas provas de encher o olho, mostrando todo o seu talento. Continuou a correr na categoria no início de 1975, até que foi chamado para correr na Formula 1, para substituir o piloto oficial durante uma corrida. Quem foi? Frank Williams.

Tony Brise foi correr no GP de Espanha, a bordo de um Williams FW03, substituindo Jacques Lafitte. Foi uma bela oportunidade para mostrar o seu talento, mas essa corrida tem muitos motivos para recordar, da pior maneira… Um dos pilotos acidentados foi o alemão Rolf Stommelen, num Embassy-Hill, a equipa de piloto - construtor Graham Hill. Sem piloto para guiar o seu carro, e tendo este decidido retirar-se da competição, depois de ter tentado qualificar-se no Mónaco (aos 46 anos!), viu em Tony Brise um piloto com potencial vencedor.

A partir do GP da Bélgica, Brise foi o piloto principal da equipa, até ao final da temporada, e logo na sua segunda corrida com a equipa, Brise leva o carro ao sexto lugar, conseguindo o seu único ponto na carreira. Até ao final da temporada, Brise consegue bons desempenhos, entre os quais um sexto lugar na qualificação do GP de Itália. Mas essa boa qualificação não é aproveitada ao bater feio na primeira volta da corrida.

No final da época, Brise ficaria na 19ª posição no campeonato, com um ponto. A moral estava elevada, e Graham Hill encarava com optimismo a temporada seguinte, com um chassis próprio, o GH2, desenhado pelo seu projectista Andy Smallman.

Contudo, tudo iria acabar tragicamente mal: Na tarde do dia 29 de Novembro de 1975, a equipa estava em testes no circuito de Paul Ricard, quando decidiram regressar a Londre a bordo de um Piper Aztec dirigido pelo próprio Graham Hill. Perto de Londres, o avião tentava pousar no aeródromo de Elstree, quase se perde no nevoeiro e despenha-se no campo de golfe de Arlkey. Hill, Brise, Smallman e os mecânicos Tony Alcock, Terry Brimble e Tony Richards tiveram morte imediata. Brise tinha apenas 23 anos.

2 comentários:

Blog F1 Grand Prix disse...

A história de Tony Brise sempre me lembra a de outro jovem piloto cuja vida e carreira encerraram-se prematuramente: Stefan Bellof.

Os dois tinham grande potencial e, certamente, poderiam vencer corridas e até tornarem-se campeões no futuro. Infelizmente, não era para ser.

Belo texto, grande abraço speeder!

Anónimo disse...

Bem lembrado, embora o Tremayne é um baita de um inglês arrogante, o livro citado posso recomendar.

Só acrescentando: O que aparentava uma tremenda irresponsabilidade de pilotagem do Graham Hill ao insistir no pouso, existem até hoje os boatos que ele andava tão "duro" que ele só abasteceu o tanque da aeronave com combustível suficiente para chegar na Inglaterra.

Não havia margem de voltar através do canal para aterissar na Bélgica e aguardar um cessar do nevoeiro...