segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O piloto do dia: Hans Stuck


A semana passada falei imenso dos pilotos que tripularam os "Flechas de Prata", que dominaram as pistas nos anos 30. Este Sábado, assinalaram-se os 30 anos da morte de Hans Stuck, um dos pilotos que marcaram essa época. Um grande piloto em pista, mas também um dos melhores pilotos de sempre nas subidas de montanha, e ganhou a alcunha de "Bergkönig" - O Rei da Montanha.



Hans Stuck von Villiez nasceu a 27 de Dezembro de 1900 em Varsóvia, na actual Polónia. Os seus pais, de origem suiça. estavam lá de passagem, quando Hans nasceu. A sua adolescência foi marcada pela I Guerra Mundial, onde foi mobilizado e embarcado para a frente de combate, em 1917. Sobreviveu à guerra, mas o seu irmão mais velho, Walter, morreu em combate.


Cinco anos depois, em 1922, começou a correr em subidas de montanha, e no ano seguinte, ganhou a sua primeira corrida, em Baden-Baden. Isso levou a ser contratado pela equipa austriaca Austro-Daimler, em 1926, para ser seu piloto de fábrica. Em 1927, passou para as corridas de pista, também com bons resultados. Nessa altura, tinha establecido amizade com Juilius Schreck, no qual tinha entregue o seu negócio de entrega de leite. Caçavam juntos, e um dia, Schreck trouxe um politico com o qual fazia frequentemente de motorista. Esse homem era Adolf Hitler.



Em 1929, Stuck torna-se campeão europeu de montanha, a bordo do seu Austro-Daimler, mas a Grande Depressão atingiu fortemente a industria automóvel, e em 1931, Stuck ficou sem volante, quando a equipa retirou-se das competições. Desesperado, Stuck falou com o seu amigo Schreck para arranjar uma reunião com Adolf Hitler, já uma estrela em ascensão no mundo da politica. Objectivo: quando chegasse ao poder, apoiasse a industria automobilistica alemã. Em 1933, Hitler chegou ao poder, e cumpriu a sua promessa, dando apoio primeiro à Mercedes, e depois à Auto Union. E foi nessa última que Stuck foi conduzir.




Entretanto, a sua vida amorosa era agitada. Depois de um primeiro casamento em 1922, e que terminou em divórcio, devido à vida agitada que levava. em 1932 casava-se com Paula von Reznicek, uma famosa tenista. Mas, quando Hitler subiu ao poder e começaram as discriminações contra os judeus, descobriu-se que Reznieck tinha um avô judeu. Sabedor da situação, Stuck foi ter mais uma vez com Hitler, para que poupasse a familia da sua mulher aos maus tratos da Gestapo e das SS. O pedido foi acedido.

Em 1934, a Auto Union apresentava o seu carro de corridas, projectado por Ferdinand Porsche. Tinha um conceito radical para a altura: um motor traseiro! O carro estreou-se a 27 de Maio desse ano, no circuito AVUS, em Berlim, e Stuck preparava-se para vencer com mais de um minuto de avanço, quando a embreagem cedeu. Mas ficaram com uma boa impressão do carro, e Stuck ganhou mais três Grandes Prémios, na Alemanha, Suiça e Checoslováquia. Para além disso, foi campeão europeu de Montanha. Se o Campeonato Europeu fosse válido (só voltou no ano seguinte) Stuck seria campeão.

Em 1935, Stuck e a Auto Union foram ultrapassados pela Mercedes e Rudolf Caracciola. Para além disso, dentro da equipa, outros dois pilotos começaram a impôr-se: o italiano Achille Varzi e um jovem compatriota de 26 anos, de seu nome Bernd Rosemeyer. Stuck somente ganhou o Grande Prémio de Itália.


Contudo, na montanha, a sua reputação estava incólume: ganhou o Europeu em 1935 e 36, reforçando ainda mais o sua repitação de "bergkonig". Mas em 1937, a seu estatudo na Auto Union estava suplantado por Rosemeyer, agora a nocva cocqueluche alemã. Para piorar as coisas, no final do ano, a Auto Union deu-lhe um contrato para o ano seguinte. Surpreso, mostrou todos os pormenores a Bernd Rosemeyer. A Auto Union não gostou e despediu-o.


Contudo, quando Rosemeyer morreu, no inicio de 1938, e sob pressão de Adolf Hitler, a Auto Union voltou a contratá-lo. Se em trermos de pista, Stuck não conseguiu grandes resultados, em termos de montanha, a sua reputação manteve-se intacta. Mas no ano seguinte, a II Guerra Mundial rebentou e as corridas foram canceladas na Europa. Stuck exilou-se para a Suiça, onde ficou até ao final da Guerra.

Então, voltou às competições com a nacionalidade austriaca (os alemães ficarm proíbidos de correr até 1950), pela AFM, do engenheiro e seu amigo pessoal Alex von Falkenhausen. Tentou correr por eles na Formula 2, mas o suceso foi escasso. Em 1951, participa na sua primeira corrida do Mundial de Formula 1, em Monza, a bordo de um BRM. Sem resultados práticos, voltou a competir num Porsche 550 RS, sem resultados de relevo. Entretanto, Stuck casara-se uma terceira vez, com Christa Thielmann, e no dia de Ano Novo de 1951, ela deu à luz o seu unico filho, Hans Jr.


Em 1955, decide correr com a BMW, com o modelo 700 RS, e foi com ele que alcançou os seus últimos sucessos, sendo Campeão Alemão de Montanha em 1960, aos 60 anos! Após vencer as 6 Horas de Hockenheim, decide por um ponto final na sua longa carreira. "Queria acabar no auge", justificou.


Até ao final da sua vida, Stuck decidiu ser instrutor de pilotagem em Nurburgring, onde ensinou tudo o que sabia ao seu filho Hans Jr. Mais tarde, ele seria piloto de Formula 1 pela March, Brabham, Shadow e ATS, bem como seria multiplo vencedor em corridas de Resistência, como as 24 Horas de Le Mans e as 24 Horas de Nurburgring, entre outros. A 9 de Fevereiro de 1978, aos 77 anos, Hans Stuck morria, satisfeito por ter tido uma boa vida.


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