terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O piloto do dia - Roberto Moreno

Chamam-no de "super-substituto". Para muitos, ele foi um dos grandes injustiçados pda Formula 1, e a primeira vítima de Michael Schumacher, quando Flavio Briatore o despediu, sem apelo nem agravo, após a sua corrida na Belgica. À primeira vista, a sua carreira parece ter sido passada nas equipas do fundo, mas feitas as contas, foi grande e muito proveitosa, quer na Formula 1, quer na CART. Hoje falo de Roberto "Pupo" Moreno.



Nascido em Brasilia a 11 de Fevereiro de 1959 (fez ontem 49 anos), Moreno começou a correr no karting em 1974 com um grupo de amigos, aproveitando as largas ruas projectadas da cidade projectada por Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Um desses amigos era o futuro tri-campeão do mundo Nelson Piquet. Em 1979, vendo o sucesso do seu amigo na Europa, Moreno decide seguir-lhe os passos. Em 1980, participa na Formula Ford 1600, onde com um chassis Van Diemen, se tormou campeão inglês, com 15 votórias no bolso. Isso deu-lhe um contrato com a Lotus, como piloto de testes, e financiou a sua temporada na Formula 3. Nesse ano, ganhou o Grande Prémio da Australia, num Ralt de Formula 3, batendo o seu amigo Piquet e o piloto da casa, Alan Jones.


O seu prestigio crescia a olhos vistos, mas quando a Lotus precisou de um substituto para o aleijado Nigel Mansell, Moreno aproveitou. Contudo, no GP da Holanda, moreno estava impreparado e não conseguiu qualificar-se para o Grande Prémio. começaria aqui a sua longa relação amor-ódio com a categoria máxima do automobilismo, mas tamém a sua fama de "super-substituto"... contudo, nem tudo foram amarguras, pois ganhou o GP de Macau de Formula 3, um ano antes de Ayrton Senna.


Continuou na Formula 2 em 1983 e 1984, com Ralts, e tornou-se vice-campeão em 84, somente batido pelo neozelandês Mike Thackwell. O prémio para isso foi um pré-contrato com a Toleman para correr na temporada de 1985, ao lado de Stefan Johansson. Contudo, o contrato não foi cumprido, pois a equipa não conseguiu chegar a um acordo com uma marca de pneus, e teve que falhar as primeira três etapas do Mundial desse ano. Sendo assim rumou para os Estados Unidos, onde foi correr para a equipa Galles dutrante duas temporadas, onde os resultados não foram os melhores.


Frustrado, decide voltar para a Europa, onde vai correr na Formula 3000 para a época de 1987. Certamente um dos pilotos mais experientes do pelotão, a sua rapidez não era compensado em resultados. Nesse ano, somente ganhou uma corrida, em Enna-Pergusa, e ficou em terceiro lugar no campeonato. Contudo, o seu azar iria terminar, pelo menos nesse ano: a pequena AGS precisava de um substituto para o seu piloto Pascal Fabre, e Moreno aceitou correr pela equipa durante as duas etapas finais do campeonato, no Japão e na Austrália.


Em Suzuka, Moreno foi o último na grelha, e desistiu na volta 36 com problemas elétricos. Mas em Adelaide, consegue chegar ao fim de uma corrida extenuante, e ainda aproveita a desclassificação do seu compatriota Ayrton Senna para conseguir o seu primeiro ponto da sua carreira. Por causa disso, conseguirá o 19º lugar no Mundial de pilotos desse ano.


Moreno queria continuar em 1988, mas não conseguiu arranjar apoios suficientes para garantir a vaga. Sendo assim, voltou para a Formula 3000, onde acabou a temporada como campeão, alcançando quatro vitórias, três delas consecutivas. Isso deu-lhe um contrato como piloto de testes da Ferrari, para 1989. A Ferrari deu-lhe também a hipótese de correr na Coloni uma temporada inteira. O brasileiro agarrou a oportunidade, mas com um carro mau, e numa época onde haviam pré-qualificações, somente por quatro vezes, conseguiu alinhar numa corrida. E numa delas, no Canadá, tudo indicava que conseguiria pontos, se não tivesse perdido uma roda a poucas voltas do fim...


Em 1990, Moreno foi para a Eurobrun, onde tinha como companheiro de equipa o italiano Claudio Langes. Contudo, o carro era tão mau que somente conseguiu qualificar-se por duas vezes, em Phoenix e em Imola. As coisas pareciam acabar assim, quando o Destino encarregou-se de entrar na sua vida.


A 19 de Outubro de 1990, o italiano Alessandro Nannini teve um acidente de helicóptero na sua casa, em Siena, onde um dos seus braços foi cortado, acabando ali a sua carreira na Formula 1. A Benetton procurou um substituto para ele, e o seu amigo Nelson Piquet recomendou Moreno para a sua equipa. Flavio Briatore aceitou, e Moreno correu nas duas últimas provas do ano. Em Suzuka, numa prova marcada pela polémica entre Prost e Senna na primeira curva da corrida, os azares alheios foram um maná para a Benetton que viu Piquet e Moreno a conseguirem a primeira dobradinha de sempre da equipa. Um Moreno a chorar de felicidade foi comemorar o seu pódio ao lado do seu amigo Piquet, o vencedor. Desta vez, o super-substituto foi feliz.


Os seus pontos deram-lhe o décimo lugar final, e um contrato a tempo inteiro para a temporada de 1991. Moreno cumpriu o seu papel até ao Grande Prémio da Belgica desse ano, onde alcançou a volta mais rápida. Só que nessa corrida, Flavio Briatore espantou-se com um fenómeno vindo da Alemanha, chamado Michael Schumacher. E ele queria-o a correr na sua equipa o mais depressa possivel. Poucos dias depois, conseguiu-o, e despediu Moreno sem apelo nem agravo, afirmando que ele estava "fora de forma". Em suma, uma desculpa esfarrapada para ter o alemão na equipa...


Moreno foi para a Jordan durante duas corridas, e acabou o ano na Minardi, sem resultados de relevo. Em 1992, aceitou aquele que foi o seu pior contrato, na pior equipa que passou pela Formula 1: a Andrea Moda. Correndo a partir do GP do Brasil, somente conseguiu qualificar o carro nas ruas estreitas do Mónaco. A partir dali, foi mais uma comédia de enganos, onde até o seu companheiro de equipa, Perry McCarthy, andou somente dez metros em toda a sua temporada...


No final do ano, a Andrea Moda é expulsa da Formula 1, e Moreno fica sem lugar para correr. Nos dois anos seguintes, Moreno vai correr nos Turismos italiano e francês, e tentará em 1994 qualificar-se para as 500 Milhas de Indianápolis, sem sucesso.


Em 1995, Moreno volta à Formula 1, contratado pela nova equipa Forti, uma entidade italo-brasileira com o apoio da Parmalat, e que tinha Pedro Diniz no leme. Moreno voltou a correr, mas os resultados não eram os melhores. No final da temporada, foi-se embora de vez da Formula 1.


A sua carreira: 77 Grandes Prémios, em sete temporadas (1982, 1987, 1989-92, 1995), um pódio, uma volta mais rápida, 15 pontos.


A partir de 1996, Moreno vai para os Estados Unidos, onde correrá na CART. Primeiro como "super-substituto" de pilotos que se aleijavam em acidentes, com alguns bons resultados, mas em 2000, consegue um contrato a tempo inteiro pela Patrick Racing. Nesse ano, fica em terceiro no campeonato, e com uma emocional vitória no circuito de Cleveland, 12 anos depois da sua última vitória na Formula 3000. Moreno chorou abundantemente no pódio. No ano seguinte, ganhou de novo em Vancouver, mas o resto da temporada não foi a melhor, acabando na 13ª posição.


Em 2003, depois de correr pela Herdez Competition, a equipa do piloto mexicano Adrian Fernandez, Moreno decidiu, aos 44 anos, abandonar a competição ao mais alto nível. Desde então, Moreno tem feito papel de piloto de testes, primeiro pela Panoz, quando desenhou o actual chassis feito pela CART, mas ocasionalmente tem voltado à competição, substituindo pilotos que ficam lesionados. Em 2007 voltou a correr mais uma vez nas 500 Milhas de Indianápolis, mas não terminou. No final do ano, voltou ao Brasil para correr na nova competição de GT3.


Fontes:


http://www.grandprix.com/gpe/drv-morrob.html
http://www.champcarworldseries.com/Drivers/Driver.asp?ID=20
http://www.autocoursegpa.com/driver~driver_id~11928.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Roberto_Moreno

3 comentários:

Anónimo disse...

SE existe piloto com quem simpatizar é sem duvida o Moreno, já novo parecia velho, mas provou sempre k velhos são os trapos.

WBrandt disse...

Esse é um dos pilotos que sempre torci não só pelo talento, mas também pela simpatia e pelo azar...Figuraça o Moreno.

Anónimo disse...

Foi uma "enorme machadada" para Roberto Moreno quando ficou sabendo que não era piloto da Benetton para o GP da Itália em Monza de 1991 tendo que ceder a vaga para o alemão Michael Schumacher. Ainda bem que a solução encontrada foi ocupar a vaga deixada pelo jovem alemão na Jordan. Se estivesse desde o começo, conseguiria fazer muito mais que os pilotos da equipe estreante; mas é apenas uma hipótese.



Fábio Kawagoe