domingo, 20 de abril de 2008

Ainda o "caso do dia" para o jornal Público...

Como seria de esperar, num país que está mais preocupado com os tiros nos pés de um partido laranja ou nas falcatruas de "salvadores da pátria", ninguém ligou nenhuma à "caixa" que o jornal Público meteu na sua primeira página. Aliás, nem mesmo o próprio jornal pega no assunto...



Porém, há uma excepção: o "Diário de Noticias" de hoje falou que o apoio de dois milhões de Euros fez parte de um pacote de mais empresas, totalizando cerca de 12 milhões de Euros, o suficiente para pagar um lugar no pelotão da Formula 1. Quem o afirmou foi Duarte Cancella de Abreu, que ajudou o Tiago na sua aventura na Formula 1.



Ele afirma que um dos pontos do acordo era a distribuição de "merchandising" com o logotipo do Turismo de Portugal nos vários circuitos do pelotão. Diz que distribuia uma média de 200 a 300 T-shirts, bonés e outros artigos. Pode ser uma ninharia, mas durante o tempo em que esteve na Formula 1, o nome de Portugal foi falado em todo o lado, nos 365 dias do ano.




Reparem, foi um patrocinio claro e sem espinhas. Foi devidamente noticiado, só que passou despercebido à maioria dos portugueses. E porquê? Ora, quando temos uma imprensa desportiva, como a nossa, onde 90 por cento das noticias são dedicadas ao futebol, qualquer iniciativa feita por outras modalidades passa completamente ao lado, e só olham para ela com "olhos de ver" quando alcançam um resultado relevante. O terceiro lugar do Monteiro, naquela pseudo-corrida em Indianápolis foi comemorado como se de uma vitória fosse, e onde se esqueceu do resto. Durante dois anos, as pessoas viam um logotipo do Turismo de Portugal na carenagem do carro, e ele fez publicidade ao Turismo português, ao lado do José Mourinho e da Mariza. Ainda se lembram disso?



Pois é, esquecem-se disso tudo no dia seguinte...



E por acaso já se esqueceram quanto custou construir 10 estádios de futebol do Século XXI, alguns de raíz, para receber um evento unico, que durou apenas quatro semanas? Foram quase 600 milhões de Euros. E que desses 10 estádios, seis são autênticos "elefantes brancos"? Dois milhões não são uma gota no deserto. São uma pechincha!


Outro facto: os nossos atletas que vão aos Jogos Olimpicos, alguns deles são devidamente patrocinados por empresas, recebem subsidios do Estado, desde bolsas até facilidades nos estudos. Porque é que não falam disso? Jà que acham que o patrocinio do Estado a um piloto de Formula 1 "é um escândalo", porque não falar dos nossos atletas olimpicos, todos subsidiados pelo Estado?



No fim, chegamos à mesma conclusão: o jornal "Público" fez um péssimo serviço. Como disse o forista Cagado1, no Fórum do Autosport: "Cada vez mais a imagem do jornalista de referência em Portugal assume contornos de um Homer Simpson bem falante que se dedica a mexer-se o menos possível da sua secretária."


Salvo os devidos exageros, não me admiraria que o jornalista que fez o artigo, que falou com o pai do Tiago e com outras fontes governamentais, deve ter feito sem sequer levantar o rabo da cadeira para falar com as pessoas. Porque é que não falou com o Duarte Cancella de Abreu ou com os seus colegas especializados? Não lhe convinha, não é? Ora, para uma coisa dessas, basta eu, que não tem guita nenhuma e escreve este blogueco...



E quando leio as reacções dos "leitores", no mesmo canto do jornal, não faz nem rir nem chorar. Faz-me corar de vergonha com a ignorância que lá anda.



Honestamente, espero que o Alvaro Parente e o Filipe Albuquerque consigam chegar à Formula 1. E que os proprietários do Autódromo de Portimão consigam trazer de volta o Grande Prémio de Portugal, pois sei que ambos seriam excelentes mais-valias para o nosso país. E muito mais lucrativos que os "elefantes brancos" chamados estádios. Ao Estado português, quero fazer um pedido: não hesitem em ajudá-los! É muito melhor investimento que este futebol macrocéfalo, que vive acima das suas posses, que vive obcecado pelo "penalty" e vê vigaristas a surgir em cada esquina...



Caros governantes, continuem a apoiar o nosso automobilismo. Apesar de ser um desporto poluente, é um investimento seguro e honesto. As multidões são bem comportadas, são cultas e educadas, não são controladas à entrada e saída dos autódromos, não há claques fanáticas, não há corrupção (somente espionagem industrial e taras de dirigentes). Garanto até que esses investimentos são uma pechincha, comparada com o retorno em termos de mercado. Afinal, num país sem industria relevante, o Sol, as pessoas e a História são o nosso trunfo. E as 19 milhões de pessoas que nos visitam todos os anos são a melhor prova disso...

1 comentário:

L-A. Pandini disse...

Speeder, aqui no Brasil os editores do Jornal Nacional, da Rede Globo (o mais visto do País), comparam seus espectadores ao Homer Simpson. Isso foi divulgado por um jornalista e professor da USP que participou, como convidado, de uma reunião de pauta do JN há dois ou três anos. Claro, muita gente protestou, mas faz total sentido. Como produto jornalístico, o Jornal Nacional é uma porcaria, um lixo. Superficial, parcial e totalmente editorializado.

Se você tiver interesse em saber mais, certamente vai achar alguma coisa na rede. BAsta procurar por "Laurindo Lalo Leal Filho" (o jornalista e professor) e Homer Simpson. Abraços. (LAP)