sábado, 19 de abril de 2008

O "caso Monteiro", ou um escândalo que não o é

Apareceu na edição de hoje do jornal "Público" uma noticia de primerira página de que o Estado português deu dois milhões de euros a Tiago Monteiro para que participasse nos Mundiais de 2005 e 2006.

A razão? "A falta de alguns dos patrocinadores que iriam suportar a participação do piloto nos Campeonatos do Mundo de 2005 e 2006, obrigou o Estado a disponibilizar directamente o montante em falta, face aos compromissos assumidos pelos executivos de Santana Lopes e José Sócrates junto da Jordan (que passou a designar-se Midland)." Público dixit.


É uma questão que o actual governo, de José Sócrates, resposabiliza o anterior, de Santana Lopes, pois este tinha dado garantias incondicionais de apoio ao piloto, que procurava o seu lugar ao sol na categoria máxima do automobilismo. Mas o pai de Tiago Monteiro, Edmar, garante que “Todas as garantias feitas à Jordan [2005] e à Midland [2006] foram apresentadas pelo actual Governo. Assumiu por escrito e assinou”, disse.



Desculpem me lá a minha "lerdeza", mas não estou a ver o alcance da noticia. Se a ideia era de criar "um escândalo", acho que não tem muito cabimento. Durante esse tempo todo, o Monteiro teve um logotipo do Turismo de Portugal nas carenagens da Jordan, e depois da Midland. À partida, sendo um organismo público, logo teria dinheiros públicos. E havia mais patrocinadores nacionais, como a Galp Energia e a EDP. Se os dois milhões de Euros foram para adiantar verbas que mais tarde foram repostas, logo não entendo o alcance da noticia. Um tiro na culatra, caro director do Público...




E depois, foram compromissos feitos pelo anterior governo, de Santana Lopes, queriam que este governo fizesse o quê? Voltasse com a palavra atrás? E deixariam o piloto abandonado? Lembrem-se, quando Sócrates tomou posse como primeiro-ministro, já Monteiro tinha feito duas corridas pela equipa. E se isso tivesse ido para a frente, o que teriam dito na altura? Que "o Estado não cumpria os seus compromissos, etc, etc..." Iria cheirar-me a hipocrisia. E dois milhões de euros, no mundo da Formula 1, é uma pequenissima gota no oceano. Há tipos muito lerdos que entraram nessa competição por valores muito mais altos.

E quando leio os "comentários" dos "especialistas", só me aprtece rir, de tão ignorantes que são. Como acham que o Juan Manuel Fângio e o Emerson Fittipaldi foram para a Europa? Com o seu próprio dinheiro? Fangio foi com as despesas pagas pelo Automóvel Clube da Argentina, e pelo governo argentino, na altura liderado por Juan Manuel Perón. O Fittipaldi, quando montou a sua equipa, tinha a ajuda da Copersucar, uma empresa do Estado! Infelizmente, pessoal, muitos dos vossos ídolos tiveram o "empurrãozinho" do estado para conseguirem o palmarés que têm agora. Nem toda a gente tem pais ricos...

1 comentário:

Miguel Lacerda disse...

Concordo em absoluto o que aqui está escrito.Suponhamos que por acaso o Tiago Monteiro se tinha evidenciado e que hoje era um "Hamilton".Estou certo que em vez desse reles artigo do Público, aparereceria o governo todo orgulhoso em ter proporcinado ao filho da Nação tão oportuno patrocínio.