quinta-feira, 17 de abril de 2008

O piloto do dia - Riccardo Patrese

Numa altura em que o actual pelotão da Formula 1 tem dois veteranos a correr, que foram durante a sua carreira eternos "numero dois", é altura de falar de um simpático piloto "numero dois" que na geração anterior conseguiu guiar algumas das máquinas mais marcantes da Formula 1, batendo um "record" que hoje é ameaçado por estes dois veteranos falados anteriormente (não precisam de puxar muito pela cabeça para saber quem são...)

Mas não é deles que vou falar hoje. É dia de aniversário do outro veterano, o que tem o recorde de 256 Grandes Prémios na sua carreira. Hoje vou falar de Riccardo Patrese.

Nascido a 17 de Abril de 1954 em Pádua, teve uma infância ligada ao desporto. Para além do karting, o esqui e a natação eram os seus desportos de eleição. Em 1974, participa no Mundial de karting, e torna-se campeão. No ano seguinte corre na Formula Italia, com bons resultados, o que fez com que passasse para a Formula 3 europeia em 1976. Nesse ano, consegue ganhar o campeonato e passa para a Formula 2 no inicio de 1977, a bordo de um Chevron.

A sua ascensão meteórica não passa despercebida a equipa Shadow, que passava uma altura de crise. Tom Pryce estava morto e Renzo Zorzi, o italiano que o patrocinador tinha trazido, era tudo menos bom. Assim sendo, enquanto que a equipa arranjava Alan Jones como primeiro piloto, o patrocinador arranjava este jovem de 23 anos para seu segundo piloto. A sua prova de estreia foi no Mónaco, onde se qualificou em 15º, e terminou no nono posto.

Patrese fez o ano a compatiblizar a Formula 2 com a Formula 1. Se na F2, não conseguiu ganhar, mas terminou o campeonato na sexta posição, na Formula 1, consegue pontuar na última prova do ano, no Japão. Contudo, no final do ano, Oliver, Alan Rees, Franco Ambrosio, Tony Southgate e Alan Rees saem da equipa para formar a Arrows. Levam Patrese consigo, e tentam contratar Gunnar Nilsson, mas este já estava doente com o cancro que o ia matar.

No inicio de 1978, o Arrows A1 estava pronto, e na sua segunda corrida, na Africa do Sul, Patrese começa a dar espectáculo, ao liderar durante grande parte da corrida, até desistir com o motor partido. Contudo, na corrida seguinte, em Long Beach, dá o primeiro ponto para a Arrows, que logo a seguir, na Suécia, dará a Patrese o seu primeiro pódio. Contudo, toda essa alegria acabará na partida do GP de Itália, quando na confusão da partida, é abalroado pelo McLaren de James Hunt, que por sua vez bate no Lotus de Ronnie Peterson.

No dia a seguir, Peterson, que tinha as pernas gravemente fracturadas, morre no Hospital de Milão, vitima de um embolismo. Hunt culpa Patrese pelo acidente mortal, e convenceu muitos outros de que ele era o culpado. Assim sendo, ele foi impedido de correr em Watkins Glen pela GPDA, a associação de pilotos. Mas na prova seguinte, no Canadá, termina em quarto lugar, e a época acaba com 11 pontos e o 12º lugar.

Continuando na Arrows em 1979, a época correu pior, pois foi nesse ano que testaram o radical (e inefectivo) Arrows A2. O melhor que conseguiu foi um quinto lugar na Belgica, ainda com o A1.

Mas em 1980, o Arrows A3 portou-se melhor e conseguiu outro pódio em Long Beach, acabando na segunda posição, atrás do vencedor, o brasileiro Nelson Piquet. Antes, tinha conseguido um ponto no Brasil, e esses sete pontos fizeram com que terminasse a época na nona posição.

Em 1981, consegue um feito: em Long Beach consegue a primeira "pole-position" da sua carreira (e unica da Arrows). Não termina essa corrida, mas na prova seguinte, no Brasil, acaba no terceiro posto, e repetirá o pódio, mas desta vez no segundo lugar, em Imola. Estes 10 pontos lhe darão o 11º lugar na classificação geral, o suficiente para ser cobiçado por outras equipas.


E assim foi. No inicio de 1982, a Brabham contrata-o, como parceiro de Nelson Piquet, o novo campeão do Mundo, e também como forma de safisfazer o patrocinados principal da equipa, a multinacional italiana de laticinios Parmalat. Guiando de inicio o Brabham-Cosworth (o carro com o motor BMW Turbo estava nas mãos de Nelson Piquet), consegue um terceiro lugar em Long Beach (beneficiando da desclassificação de Gilles Villeneuve), e uma vitória no Mónaco, num dos finais mais confusos de que há memória na história da Formula 1. Ainda consegue um segundo lugar, no Canadá, e no final da temporada, será décimo classificado, com 21 pontos.
Em 1983, destaca-se em Imola, quando alcança a liderança após ultrapassar o Ferrari de Patrick Tambay. Mas um erra na curva Acqua Minerale faz perder a hipótese de vitória. Consegue uma pole-position em Monza e ganha em Kyalami, na última prova do campeonato. No final do ano, consegue 13 pontos e o nono lugar na classificação geral.


Em 1984, muda-se para a Alfa Romeo, como parceiro do italo-americano Eddie Cheever. Os resultados não foram muito bons, pois o carro raramente chegava ao fim. Mas ainda conseguiu bons resultados, como um terceiro lugar no GP de Itália, o último pódio da Alfa na Formula 1. Continuando no ano seguinte, a época foi uma catástrofe: nem um unico ponto conquistado, e isso precipitou o abandono da Alfa Romeo da competição. Mais tarde diria que tinha sido "o pior carro de Formula 1 que jamais guiei"...

Na temporada de 1986, volta à Brabham, desta vez com um novo companheiro, o seu compatriota Elio de Angelis, vindo da Lotus. Gordon Murray tinha desenhado o Brabham BT55, vulgo "skate", mas design demasiado radical revelou-se ser um desastre, e para piorar as coisas, o seu companheiro De Angelis, que tinha tomado o seu lugar durante uns testes em Paul Ricard, morre vítima de acidente. Patrese é substituido por Derek Warwick, e não consegue mais do que dois sextos lugares. Continua em 1987, numa altura em que Bernie Ecclestone negociava a sua venda, onde o melhor que consegue é um terceiro lugar no México.

Em fins de 1987, tinha assinado um contrato com a Williams, mas com o acidente de Nigel Mansell, que o impossibilitou de correr nas duas provas finais, Patrese é chamado para correr com o carro numero 5 em Adelaide, onde desiste com uma fuga de óleo, quando corrida na quarta posição. No ano seguinte, com os motores Honda substituidos pelos Judd, Patrese não alcança pódios, mas sim, algumas boas posições. No final do ano, é 11º, com oito pontos e sem pódios.

Em 1989, a Williams tem os motores Renault, e está em igualdade de circunstâncias com o seu novo colega, o belga Thierry Boutsen. Na corrida inicial dessa época, no circuito brasileiro de Jacarépaguá, alcança um feito: bate o "record" de 176 GP's pertencente a Graham Hill e a Jacques Laffite, e torna-se no detentor do recorde de mais corridas disputadas, título que ainda o têm. Ainda em Jacarépaguá, Patrese lidera uma corrida pela primeira vez desde 1983, mas desiste quando o alternador avaria. Mas é somente o inicio de uma excelente temporada, onde faltará somente a vitória. Consegue oito pódios e uma pole-position, na Hungria, e termina na terceira posição do campeonato, com 40 pontos.

Em 1990, as coisas correm melhor, pelo menos em termos de triunfo. Em Imola, no mesmo palco onde sete anos antes tinha desperdiçado uma vitória certa, consegue uma vitória convincente. Mas será apenas a unica vez que subirá ao pódio nesse ano, e no fina da temporada, terá 23 pontos e o sétimo lugar da geral.

Em 1991, Nigel Mansell está de volta, e Adrian Newey constroi o Williams FW14, uma máquina que se torna vencedora. Patrese sabe que em termos de hierarquia, ele é o numero dois, e aproveita as oportunidades quando l ider falha. Sendo assim, ganha no México e no Estoril, depois do líder Mansell ter falhado uma troca de pneus. Consegue quatro pole-positions (a maior de sempre para ele), e o terceiro lugar na classificação de pilotos, com 53 pontos.

Em 1992, a Williams domina, mas Patrese somente ganha uma corrida, no Japão, e consegue uma pole-position, na Hungria. Contudo, o conjunto de segundos lugares faz com que ele alcance, aos 38 anos, a sua melhor classificação de sempre: o segundo lugar, com 56 pontos. Contudo, no final desse ano, três pilotos queriam correr na equipa de Sir Frank: Alain Prost, Nigel Mansell e Ayrton Senna. Pensando que o seu lugar estaria em perigo, decidiu resguardar o seu futuro, assinando um acordo com a Benetton. Contudo, provavelmente teria ficado na Williams por mais uma época, já que Prost foi o unico que ficou com o lugar.

Em 1993, na Benetton, tinha como companheiro um jovem prodígio, de seu nome michael Schumacher. Sobe ao pódio por duas vezes, e em Hockenheim, alcança mais um marco: é o primeiro piloto a atingir a marca dos 25o Grandes Prémios. Contudo, no final da época, a equipa dispensa-o, e sem grandes alternativas para guiar, decide acabar com a carreira, depois de 17 temporadas ao mais alto nivel.

A sua carreira na Formula 1: 256 Grandes Prémios, em 17 temporadas (1977-93), seis vitórias, 37 pódios, oito pole-positions, 13 voltas mais rápidas, 281 pontos no total. Vice-Campeão do Mundo em 1992.

Após a Formula 1, correu no DTM em 1995 e participou nas 24 Horas de Le Mans de 1997. Desde então goza a retirada, praticando outros desportos como o hipismo e o ski, do qual é ávido praticante. Trabalha como Relações Públicas para várias empresas, e é comentador do canal de TV Sky Itália. Em 2002, sai da semi-obscuridade para fazer testes com a Williams, em nome dos bons serviços na equipa. Em 2005 participa na malfadada GP Masters, onde na corrida inaugural, no circuito sul-africano de Kyalami, acabou na terceira posição.

Fontes:


2 comentários:

Zé Miguel Gomes disse...

Um piloto querido por muitos fans, como eu :)

Parabéns pelo post.

Anónimo disse...

Riccardo Patrese foi segundo piloto de Nelson Piquet, Nigel Mansell e de Michael Schumacher. A primeira vitória foi confusa com tantos líderes em poucas voltas em Monte Carlo, no GP de Mônaco.
Patrese foi o segundo piloto como Rubens Barrichello para Michael Schumacher.
Apenas uma correção:
- Riccardo Patrese não foi substituído pelo inglês Derek Warwick em 1986 pela equipe Brabham. Warwick substituiu e ocupou a vaga do italiano Elio de Angelis que faleceu nos testes em Paul Ricard, na França.



Fábio Kawagoe