sábado, 24 de maio de 2008

GP2 - Ronda 3, Mónaco (Corrida 2)



Depois de ontem termos visto Bruno Senna a ganhar a sua primeira corrida do ano (como foi engraçado ouvir esse nome após 15 anos!) hoje foi dia de outro estreante no Olimpo das vitórias: o inglês Mike Conway ganhou a segunda corrida do fim de semana monegasco, numa corrida em que o piloto português Alvaro Parente conseguiu o terceiro posto.


Numa corrida agitada, onde o Safety-Car entrou por duas vezes na pista, o piloto português da Super Nova conseguiu ter uma boa partida, ultrapassando o indiano Karun Chandook e o venezuelano Pastor Maldonado, antes destes se envolverem num incidente na curva Ste. Devote, causando a primeira intervenção do Safety-Car, que durou duas voltas.

Após o recomeço da corrida, Parente tentou aproximar-se do segundo classificado, o chinês Ho-Pin Tung, para o tentar ultrapassar, mas numa corrida de curta duração, e numa pista estreita, as hipóteses de conseguir eram escassas. No final, o piloto português conseguiu o terceiro lugar final, colado a Tung, mas distante do vencedor Conway.

Em relação ao resto do pelotão, o espanhol Adrian Vallés foi penalizado com um "drive-through", quando cortou a chicane para ultrapassar o seu compatriota Roldan Rodriguez para o quarto lugar.A terminar nos lugares pontuáveis, ficaram o brasileiro Bruno Senna e o espanhol Andy Soucheck.

Formula 1 - Ronda 6, Mónaco (Qualificação)

Sob céu nublado, Felipe Massa conseguiu a "pole-position" para o GP do Mónaco, que se disputará amanhã à tarde, batendo quer o seu companheiro, Kimi Raikonnen, quer os McLaren de Lewis Hamilton e Heiki Kovalainen.


Num circuito em que confessou não gostar de lá conduzir, o piloto brasileiro mostrou que está em alta, ao conseguir a sua terceira "pole-position" do ano, e ficar em posição priveligiada para alcançar a vitória, na corrida de amanhã. Isto, se o tempo o deixar...


Depois de Massa e Raikonnen, que consegue uma primeira linha Ferrari, Vieram Lewis Hamilton e Heiki Kovalainen. Ambos os carros estiveram bem este fim de semana, e nas duas primeiras partes da qualificação, mas quando chegou o momento decisivo, apesar de uma boa réplica, não conseguiram bater os Ferrari.

Após as duas primeiras filas, ficaram o BMW de Robert Kubica, que fez a sua parte, ao contrário de Nick Heidfeld, que não foi além do 14º tempo, e o Williams-Toyota de Nico Rosberg, que conseguiu sempre meter o seu carro nas primeiras posições, que aliado à sua boa forma, conseguiu uma boa afinação para as ruas do Principado.

Fernando Alonso foi o sétimo na grelha, batalhando contra um carro que mostou-se por vezes de difícil trato. Que o diga Nelsinho Piquet, que não conseguiu meter o carro mais além do que o 17º tempo...

Os Red Bull estiveram no melhor e no pior. Conseguiram pela primeira vez esta época meter os seus carros na terceira qualificação, com o já habitual Mark Webber no nono posto, e David Coulthard no décimo. Mas o veterano piloto escocês foi protagonista de uma violenta saída de pista à saída do túnel, no final da Q2 que provocou a unica interrupção da sessão. À frente dos Red Bull ficou outro habitual "cliente" da Q3: o italiano Jarno Trulli, no seu Toyota.

Quanto ao resto do pelotão, os honda não foram longe, com Jenson Button a ser 12º, atrás de Timo Glock, enquanto que Rubens Barrichello foi apenas 15º colocado.

Duas palavras finais para os Toro Rosso e Giancarlo Fisichella. Na estreia dos STR3, ambos os pilotos não conseguiram a qualificação para a fase seguinte o que, laiado à má estreia do novo chassis, não configura uma grande corrida para os Sebastiões... se conseguirem chegar ao fim. Quanto ao veternos piloto italiano... este fim de semana comemora o seu 200º Grande Prémio, andando até com um capacete e macacão especiais. Mas se a ideia era para dar um impulso ao seu Force India, o resultado foi o inverso: vai ser o último a largar na grelha de amanhã.

E no dia de corrida, provavelmente teremos chuva a cântaros. Como será?

GP Memória - Monaco 1993

Ontem tivemos uma coincidência feliz: voltamos a ouvir o nome Senna na galeria dos vencedores no Mónaco. Não foi na Formula 1, mas na categoria de acesso a ela, a GP2, graças ao sobrinho Bruno. “Estou em êxtase. Foi fantástico. Ganhar aqui é um sonho. Acho que o Ayrton estaria orgulhoso de mim por manter a tradição da família neste lugar", depois de ter sido abraçado pela mãe Viviane, e pela irmã Bianca. Mas 15 anos antes, quando Bruno era ainda um jovem garoto de 9 anos, assistiu na TV a vitória do seu tio nas mesmas ruas do Principado. E é essa vitória que vou recordar agora.


Depois de Barcelona, Alain Prost fazia o que competia: liderar o campeonato, a bordo do seu Williams FW14B, sem dúvida, o carro mais veloz do pelotão. Ayrton Senna fazia o que competia: tentava contrariar os Williams, e se tivesse a hipótese, contrariava o seu dominio, mostrando o seu melhor. Isso tinha acontecido em Interlagos e em Donnington Park, numa soberba corrida debaixo de chuva.


E agora, o pelotão da Formula 1 chegava às ruas do Principado. Senna esperava que as diferenças se esbatessem um pouco, dado que era um circuito muito mais travado, e a diferença de potências não era assim tão grande. Contudo, se a ideia era fazer um brilharete nos treinos, não conseguiu: Prost foi o melhor, seguido por Michael Schumacher, no seu Benetton-Ford. Senna foi terceiro, tendo a seu lado Damon Hill, no seu Williams-Renault. Na terceira fila, um sensacional Jean Alesi levou o Ferrari para o quinto posto, com o Benetton-Ford do veteranissimo Riccardo Patrese ao seu lado, no sexto lugar.


Á partida, Senna não tinha muitas ilusões em relação a ganhar a corrida, não só por causa da superioridade dos Williams, mas também por motivos físicos: tinha magoado o polegar num acidente nos treinos de sexta-feira, em Ste. Devote, e o carro tinha tido uma falha na suspensão activa no Sábado. A acontecer algo, teria que ser demérito dos outros do que do seu próprio mérito.


E isso aconteceu logo na partida: Prost larga bem (tão bem que os comissários viram que ele tinha feito falsa partida...) e o resto segue atrás dele. A falha só é detectada na volta 12, altura em que o Williams vai à boxe para cumprir 10 segundos de penalização. Só que o azar não acaba por ali, pois quando volta a arrancar... o motor vai-se abaixo, perdendo preciosos segundos. Volta à pista nas últimas posições, uma volta atrás do novo lider, Michael Schumacher.


Com isso tudo, o alemão tinha uma diferença confortável, e com tendência para aumentar para o McLaren do brasileiro. Parecia que o jovem alemão iria ganhar o seu primeiro GP do Mónaco da sua carreira, mas na volta 33, uma falha no sistema hidraulico do carro o faz parar na curva do Hotel Loews. Assim, a liderança cai nas mãos de Senna, na altura com uma vantagem de 12 segundos sobre o segundo classificado, Damon Hill.


Após as paragens, Senna mantêm a liderança, com Hill e o Ferrari de Gerhard Berger por perto. ambos lutam pela segunda posição até à volta 70, altura em que na curva do Hotel Loews, o austriaco tenta uma manobra suicida, e ambos colidem. Hill perde muito tempo, e Berger, que fica entalado, é obrigado a desistir, e a sua posição é herdada pelo seu companheiro Jean Alesi.


Com isto tudo, Senna vai até ao fim como vencedor. A sua vitória, mas fruto da experiência e da sorte, fica na história da Formula 1 como sendo a sua sexta em sete anos, batendo o record de Graham Hill. O seu filho Damon, que subiria ao pódio no segundo posto, foi testemunha priveligiada daquele momento marcante, e afirmou depois: " Ainda bem que foi um piloto do calibre de Ayrton a bater o recorde do meu pai. Se ele estivesse aqui, seria o primeiro a dar os parabéns por este feito". Agradecido, Senna cumprimentou-o de seguida.


No final, Prost conseguiu recuperar posições até ao quarto lugar final, tendo batido a volta mais rápida e desdobrou o lider Senna. Christian Fittipaldi, num Minardi, e o inglês Martin Brundle, num Ligier-Renault, fecharam os pontos. No final dessa corrida, Senna voltava à liderança do campeonato, mas sabia que era a prazo. O que nem ele, nem nós sabiamos era que, tal como em 1981, com Gilles Villeneuve, Senna não estaria vivo para defender este triunfo...


Fontes:

The End - Cornell Capa (1918-2008)

Ser filho, irmão ou neto de um nome famoso pode ser um fardo, pois todos o comparam em relação ao parente com nome. Mas pode também ser visto como ponto de partida ou ajuda para colocar a sua marca na Terra e na Vida, especialmente se gostar da mesma coisa. E por vezes, conseguem superá-lo, provavelmente com o dobro do trabalho.



Robert Capa é para muitos, o melhor fotógrafo do século XX. Na minha opinião pessoal, acho que o coloco a par dos "grandes" que fotografam a vida quotidiana, como Henri-Catier Bresson, Richard Avedon, Sebastião Salgado, ou noutros campos, como a moda, Helmut Newton, Man Ray, Mario Testino, entre outros. Capa pisou uma mina no Vietname, em 1954, e foi desta para melhor. Mas o seu legado ficou, alimentado em muito por outro Capa: o seu irmão Cornell.



Ele continuou a fotografar a partir do sitio onde o seu irmão deixou, indo para a sitios e eventos como a Guerra dos Seis Dias e a Guerra do Vietname. Fotografou politicos e personalidades, como Clark Gable e o apresentador de TV Jack Paar, e cobriu as eleições americanas de 1960, que levaram John Kennedy ao poder. Essa cobertura deu mais tarde um livro, de seu nome "JFK for President".


Em 1974, Capa decide fundar em Nova Iorque o International Center of Photography, uma instituição que serve como museu, escola e centro de artes fotográficas, e ele foi o seu primeiro presidente. O Centro depois criou o Infinity Award, que premeia os melhores trabalhos de fotografia, quer fotografos, quer as obras fotográficas.

Defendeu também a obra do seu irmão. Apareceu na ribalta nestes últimos anos por causa da famosa foto do soldado caido na frente de combate na Guerra Civil Espanhola. Quando se começou a dizer que aquela foto era uma encenação, Cornell não descansou enquanto não tirou todas as dúvidas. No final, mostrou até quem era ele: era Frederico Borrell Garcia, trabalhava num moinho, e tinha 24 anos na altura.



Cornell Capa morreu hoje, em Nova Iorque, com 90 anos. E mereceu o seu lugar na história.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Extra-Campeonato: Gasolina e mais gasolina...

Já devem ter recebido este cartoon no vosso mail. Se até então, já se tornava difícil aguentar o alto preço da gasolina, então com os acontecimentos desta semana, tornou-se insuportável. Já estou farto de tantos aumentos, srs. donos das gasolineiras!



E que é um roubo. Um verdadeiro "roubo de igreja" que se passa nas bombas de gasolina, senhoras e senhores. E lá fora, o preço sobe, sobe, sobe... não se admirem que no ano que vêm, tenha duas coisas: o petróleo nos 200 dólares, e a gasolina a custar dois euros por litro.





Vamos ser honestos: é tempo de fazer alguma coisa. E já! Não sei o quê, não sei como, mas tem que ser feito, no imediato. Não é só boicotes...

GP2 - Ronda 3, Mónaco (Corrida 1)

A primeira corrida do Mónaco da GP2 deu mais um vencedor diferente. E hoje foi dia de... Bruno Senna! Parece ser genético...

A corrida começou com uma má largada de Pastor Maldonado, que foi aproveitada por Senna para assumir a liderança. Entretanto, Alvaro Parente sobe um lugar na partida, mas pouco tempo depois fica bloqueado atrás de Sebastien Buemi. Na frente, Senna distancia-se de Maldonado, que estava a segurar o espanhol Adrian Vallés.

Para melhorar as coisas, a meio da corrida, Giorgio Pantano e Sebastien Buemi tocaram-se na descida do Mirabeau e boa parte do pelotão teve que parar na pista, para que o italinao pudesse seguir em frente, algo que Buemi não teve essa sorte. Entretanto, Parente continuava a subir posições: tinha passado Pantano e estava a pressionar o espanhol Adrian Vallés. Para melhiorar as coisas, dois dos pilotos que estavam à sua frente, Romain Grosjean e Mike Conway, bateram. O suiço acabou por desistir, o inglês terminou em oitavo.

No final da corrida, Maldonado aproximou-se bastante de Senna, tentando redimir-se da má partida, mas o brasileiro defendeu brilhantemente o seu lugar até à bandeira de xadrez. O indiano Karun Chandook completou o pódio, e Parente foi quinto, atrás de Vallés. O espannhol Roldan Rodriguez, o chinês Ho-Pin Tung e Mike Conway fecharam os lugares pontuáveis.

Na classificação geral, Pantano continua a liderar, com 24 pontos, seguido de Senna, com 22, Grosjean com 19, e Alvaro Parente é quarto, com 15 pontos.


A segunda corrida do fim de semana monegasco é amanhã à tarde.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Resultados da sondagem CC

Esta semana, ao perguntar à comunidade quem iria ganhar o Grande Prémio do Mónaco, a votação dividiu-se entre Lewis Hamilton e Felipe Massa. Ganhou o inglês, com 44 por cento dos votos, seguido do brasileiro da Ferrari, com 38 por cento.




Fernando Alonso, o vencedor no ano passado, recebeu onze por cento dos votos, e Kimi Raikonnen conseguiu oito por cento. Por fim, Robert Kubica conseguiu dois por cento da votação. É uma votação engraçada, mas acho que a chuva no domingo pode baralhar as coisas...

GP2 - Ronda 3, Mónaco (Qualificação)

Se a Formula 1 só definirá a asua grelha de partida no Sábado, hoje foi o dia da qualificação na GP2, pois as duas corridas acontecerão amanhã e Sábado, respectivamente.

O homem que fez a pole-position foi, de novo, o venezuelano Pastor Maldonado, tendo a seu lado o brasileiro Bruno Senna. Maldonado, perito do Mónaco (ganhou aqui no ano passado), aproveitou para marcar antes da interrupção da corrida devido ao acidente do espanhol Adrian Vallés.

Quanto a Alvaro Parente, não fez melhor do que o 11º tempo na grelha de partida. As bandeiras amarelas que povoaram a sessão de qualificação impediram Parente de ter uma volta limpa para poder fazer um tempo decente. Giorgio Pantano foi quinto na grelha, e Romain Grosjean qualificou-se no sétimo posto.

A primeira corrida deste fim de semana acontece na tarde de amanhã.

Formula 1 - Ronda 6, Mónaco (Treinos)

Ainda sem chuva, os treinos livres de hoje para o GP do Mónaco mostraram que na frente, pouco há de novo. De manhã, foi Kimi Raikonnen a liderar a tabela de tempos, com o seu Ferrari F2008, seguido por Lewis Hamilton, no seu McLaren. O piloto finlandês foi até o unico a baixar do minuto 16, com 1.15,948 segundos.

Depois de Raikonnen e Hamilton, o terceiro foi Heiki Kovalainen, no outro McLaren-Mercedes, seguido por Felipe Massa, a 344 milésimos do seu companheiro de equipa. A grande surpresa nestes treinos foi o quinto posto de Nico Rosberg, no seu Williams-Toyota, batendo o BMW de Robert Kubica, o sexto, e o Renault de Fernando Alonso, o sétimo. Outra boa surpresa é o oitavo lugar de Rubens Barrichello, no seu Honda. A fechar o "top ten" ficou Giancarlo Fisichella, no seu Force India, ele que cumpre este fim de semana o seu 200º Grande Prémio.

A sessão da manhã teve que ser interrompida durante 20 minutos, devido a uma tampa de esgoto, que se soltou.

Na sessão da tadrde, as posições inverteram-se: Lewis Hamilton foi desta vez mais rápido, à frente de... Nico Rosberg que confirma as boas indicações da sessão da manhã. Logo atrás deles, ficaram os Ferrari de Kimi Raikonnen e Felipe Massa, e Heiki Kovalainen foi quinto. Entretanto, esta sessão de treinos foi marcada pela Renault, que... embateu os seus dois carros na curva Ste. Devote. Ambos perderam as asas traseiras, e a sessão de treinos teve que ser interrompida, para que se pudesse retirar os seus carros.

Sàbado será a vez da qualificação.

GP Memória - Belgica 1983

Praticamente uma semana depois de Keke Rosberg ganhar no mónaco, fazendo dele o quinto vencedor em cinco Grandes Prémios naquela temporada, máquinas e pilotos iriam voltar para outra pista clássica e rápida, totalmente remodelada para a Formula 1 moderna: Spa-Francochamps.

13 anos depois de acolher o seu último Grande Prémio de Formula 1 oficial, ganho pelo BRM do mexicano Pedro Rodriguez (1940-71), máquinas e pilotos voltavam ao mítico circuito das Ardenas, agora mais curto, com 7 quilómteros (metade da distância original), mas mantendo algumas dos seus pontos míticos, como o Eau Rouge, o Radillon, a recta Kemmel ou a zona rápida de Stavelot. Neste circuito, sabia-se que os motores Turbo estavam nitidamente em vantagem em relação aos aspirados, e esperava-se uma luta pela vitória por parte do trio Ferrari-Renault-Brabham, com os aspirados a espreitarem por uma oportunidade, mas nada de muito valor...

No pelotão da formula 1 havia algumas novidades. Na Arrows, Chico Serra fora substituido por um piloto local que vinha da Formula 2 e que trazia um patrocinio de 500 mil dólares, muito necessitados naquela equipa. Chamava-se Thierry Boutsen.


Os treinos confirmaram a supewrioridade dos motores Turbo, que ocupavam os oito primeiros lugares da grelha. Mas mesmo por ali havia algumas surpresas... Alain Prost fez a "pole-position" no seu Renault, batendo por pouco mais de um centésimo de segundo o seu compatriota Patrick Tambay, no Ferrari numero 27.

No terceiro posto, surge a primeira surpresa: o Alfa Romeo de Andrea de Cesaris porta-se bem e consegue este fabuloso lugar, batendo o Brabham-BMW de Nelson Piquet, o quarto colocado. Na terceira fila, ficaram René Arnoux, no outro Ferrari, e o segundo Brabham de Riccardo Patrese. Na quarta fila, o ATS do alemão Manfred Winkelhock era outra surpresa, ao colocar o seu carro no sétimo posto, seguido pelo Renault de Eddie Cheever. Somente no nono lugar é que aparecia o primeiro aspirado, o Williams-Ford de Keke Rosberg, ficando à frente do suiço Marc Surer, num Arrows-Cosworth.

Niki Lauda era apenas 15º, enquanto que John Watson era 20º. Tempos difíceis para a McLaren, que ainda penava com motores aspirados... quanto a boutsen, o estreante era o 18º. E ainda havia dois não-qualificados: o RAM de Eliseo Salazar e o Osella-Alfa Romeo de Piercarlo Ghinzani. Para o piloto chileno, esta seria a última vez que participaria numa corrida de Formula 1.

No dia da corrida, as coisas estavam confusas. No novo ponto de partida, antes da Eau Rouge, o organizador decidiu aborta a partida devido... à má posição dos carros na grelha. Só que nem todos assim entenderam, e arrancaram como se fosse uma corrida normal. No final, alinharam de novo na grelha, e alguns mecânicos começaram a reabastecer os carros, o que era proíbido pelo regulamento. A confusão estava instalada, mas pouco depois se resolveu.

Na segunda partida, Prost e Tambay partem bem, mas não contam com um De Cesaris fenomenal, que na saída de Eau Rouge, já tinha o comando, seguido de Prost, Tambay, Piquet e Winkelhock. Quem já ficava pelo caminho era Patrese, com o motor a explodir.

O italiano continuou a marcar o ritmo até mais ou menos a meio da corrida, altura dos reabastecimentos. Só que este durou muito tempo, e quando volta à corrida, está atrás de Prost. Tenta ir atrás do francês, mas pouco depois, o motor explode. Assim, era agora Tambay que tinha o segundo posto e a tarefa de tentar apanhar o francês, mas naquele dia, Prost estava imparável, e foi assim até ao final da corrida.

Com Prost vencedor, e Tambay no segundo lugar, Cheever chega ao terceiro lugar, batendo Piquet, o quarto, e no final da lista dos pilotos pontuáveis ficaram os Williams de Keke Rosberg e Jacques Laffite, nitidamente, os carros mais rápidos do pelotão atmosférico...



Fontes:


A Vida de Gilles Villeneuve - Parte 9, a época de 1981

















O meu amigo forista Villickx publicou hoje mais um capítulo da fabulosa vida de Gilles Villeneuve, o fabuloso piloto canadiano da Ferrari. Hoje fala-se da época de 1981, o primeiro ano da Ferrari Turbo, com o modelo 126C e as suas fabulosas vitórias no Mónaco e Jarama, a bordo do seu "Caddilac", como chamava "carinhosamente" o seu carro.



Para além disso, este episódio traz algumas revelações surpreendentes, como a sua crise no casamento com Joann, e a proposta que a McLaren lhe fez para o contratar para a época de 1982...



GILLES, o meu tributo. - 9ª Parte



1981 e o Nº 27



1980 foi indiscutivelmente o pior ano da carreira de Gilles Villeneuve. Mas paradoxalmente, a esperança para 1981 era grande, pois Gilles sabia que o motor turbo do 126CK era o mais potente da grelha e confiava que os engenheiros da Ferrari conseguiriam na pré-época melhorar o chassis. Ele sabia também que se lhe dessem um carro minimamente competitivo, tinha a capacidade para lutar pelas corridas e pelo campeonato e assim, a esperança existia.



Todavia, mais uma vez, a Ferrari deixou-o mal pois o “motor com rodas”, como o próprio Ferrari o definia, não passava disso mesmo. Cada vez mais o equilíbrio do chassis e a aerodinâmica eram factores determinantes na construção de um carro de Formula 1, e pura e simplesmente, na Ferrari de então, essas não eram áreas prioritárias, o que demonstra uma certa casmurrice de Enzo Ferrari, que já desde 1978 andava bastante atrasado em relação á concorrência.



Os grandes engenheiros desta área, na Europa, vinham da indústria aeronáutica, algo que em Itália não existia. A Inglaterra e a França dominavam essa tecnologia e assim eram os “garagistas” ingleses quem nessa área dava as cartas com os seus carros-asa e efeitos solo. Mesmo assim, o motor Ferrari, em termos de potencia, era o motor a ter e como à frente veremos, deu “algumas” alegrias a Gilles e à sua legião de fãs.



O ano de 1981 foi também aquele em que Gilles usou pela primeira vez o numero 27 no seu Ferrari, e este é um assunto estranho, pois de facto este numero ficou para sempre associado a Gilles Villeneuve, sem que haja uma razão determinante que justifique isso, a não ser o facto de ele o ter usado “brilhantemente” em 18 corridas. É verdade que Gilles nessa altura era já considerado um dos grandes do automobilismo, era piloto Ferrari e sem duvida que a grande maioria dois telespectadores que ligavam os seus receptores ao domingo para ver as corridas, faziam-no porque havia uma grande possibilidade de um grande espectáculo, e ele, com a sua condução sensacional, seria quase de certeza o protagonista principal. Mas a forma como esse número ficou associado a ele, para mim, ainda hoje é difícil de compreender.



A sua vida pessoal em 81 não foi fácil e muito demonstrativa de alguma ingenuidade por parte do Canadiano, pois como um qualquer rapaz simples da província, toda a fama e fortuna que conseguiu fe-lo perder algum equilíbrio, já de si coisa rara na sua personalidade, diga-se a bem da verdade. Gilles sempre foi um homem de família e esse era o seu núcleo estabilizador, mas nesse ano envolveu-se com outra mulher de uma forma mais séria e colocou o seu casamento em cheque. Ao mesmo tempo afastava-se dos filhos, pois os programas que fazia com os seus novos brinquedos onde se incluíam helicópteros, lanchas com 1400 cavalos, carros Ferrari e mais que tudo, a maneira como os conduzia, não poderiam ser considerados programas familiares e desde logo Joann, Jacques e Melanie rebelaram-se e deixaram de participar.



Ao mesmo tempo, a sua popularidade trouxe uma enorme quantidade de “novos” amigos que o rodearam e chegaram a envolvê-lo em esquemas menos próprios. Joann chegou até a propor o divórcio, mas Gilles não aceitou.



Nas corridas, o campeonato foi emocionante e estupidamente bem disputado com 7 vencedores diferentes. Piquet, Reutemann, Lafitte lutaram do princípio ao fim bem muito bem assessorados por Jones, Prost, Gilles, entre outros.



Gilles tinha agora como companheiro de equipa o francês Didier Pironi, que era 2 anos mais novo que ele. Vinha com fama e credenciais de ser extremamente rápido, tendo vencido quase tudo nas categorias inferiores. Didier era um típico parisiense de boas famílias, e tal como Gilles encarava as corridas de uma forma romântica. Para ele, guiar um Ferrari, era também um “must”. Era uma pessoa bastante tímida e introvertida, com uma tendência forte para os jogos psicológicos e para a política, conforme se veria mais tarde.



Estudou Engenharia e formou-se em Ciências. O seu curriculum desportivo era deveras impressionante: campeão francês da Formula Renault em 1973, europeu em 1975. Ganhou no Mónaco na Formula 3 e as 24 Horas de Le Mans em 1978, no mesmo ano em que se estreou na Formula 1, pela Tyrrell. Em 1980 mudou-se para a Ligier, onde ganhou o GP da Bélgica, Ganhou no Canadá, mas foi penalizado em um minuto devido a falsa partida, sendo relegado para o terceiro lugar. Conseguiu 32 pontos no campeonato, menos dois que o seu companheiro, Jacques Laffite. Estaria ele á altura de substituir o ex-campeão do mundo Jody Scheckter e bater-se com material igual com o que era considerado o mais rápido piloto do mundo, Gilles Villeneuve? Vamos ver.



Sobre a sua entrada na equipa Pironi declarou: “Quando me juntei á Ferrari toda a equipa estava devotada a Villeneuve. Ele não era apenas o seu piloto de ponta, era muito mais que isso. Era a sua família, mas ele fez-me sentir bem-vindo e em casa desde o primeiro momento. Gilles não deixou que fosse feita qualquer distinção. Estava à espera de ser posto no meu lugar mas ele foi fantástico e tratou-me como seu igual em todos os aspectos. Talvez eu fosse o numero dois, mas com o apoio de Gilles nunca me senti assim.”





Nesse ano, a Goodyear abandonou a Formula 1, e assim todos os carros do grid surgiam equipados com pneus Michelin, dando um certo equilíbrio a todos, pelo menos neste domínio. O primeiro GP desse ano deveria ter sido o GP da Africa do Sul, mas que contudo não contou para a classificação final devido à guerra surda (e não só) que tinha instalado, pelo controle da Formula 1. A FISA de Balestre e a FOCA de Eclestone e Mosley disputavam o poder de controlar a Formula 1 de uma forma ainda mais agressiva do que Gilles negociava a curva do Casino em Mónaco, e Balestre que tinha o apoio dos “construtores” contra os “garagistas” ingleses. No final de 1980 criaram-se regras para eliminar o principio dos carros asa e as saias, criando uma distancia mínima do carro com relação ao solo. Regras essas que foram rapidamente ultrapassadas pelo génio inventivo do guru da época (e a trabalhar na Brabham), Gordon Murray.



Como consequência dessa guerra, ficou para a posteridade o boicote dos “construtores” ao GP da Africa do Sul, ganho na pista por Carlos Reutemann, e correspondente anulação dos resultados. Pouco depois, era assinado o Pacto da Concórdia, que só tem esse nome por ter sido assinado na Praça da Concórdia em Paris (Sede da FISA), onde se dividiu o controle da Formula 1, tendo a FOCA e Bernie Eclestone ficado com os direitos comerciais da Formula 1, e a FISA com as questões dos regulamentos e da técnica.



Assim sendo, o primeiro Grande Prémio “oficial” de 1981 foi o dos Estados Unidos Oeste, no circuito de Long Beach, na Califórnia. Riccardo Patrese conseguiu a sua primeira "Pole-Position" aos comandos do Arrows, seguido por Jones, Reutemann e Piquet. Villeneuve "inventou" o quinto tempo do grid e Pironi quedou-se pelo 11º lugar, a mais de 6 décimas do canadiano.



Depois de mais uma travagem em cima do lugar da sua largada, Gilles salta para a liderança na primeira curva, sem que contudo tenha conseguido manter o momento. Desiste na 17ª volta, devido a problemas de transmissão. Pironi mantêm-se um pouco mais em pista, mas desiste também na 67ª volta, devido ao motor. Jones ganhou, Reutemann foi segundo e Piquet o terceiro. Exactamente a ordem inversa da classificação final do campeonato do mundo desse ano...



Seguiu-se o GP do Brasil, em Jacarepaguá, na Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro. Piquet obtém a "Pole-Position", Reutemann é segundo e Jones é terceiro. Gilles consegue somente o sétimo tempo, a mais de 2 segundos do tempo de Piquet ,e Pironi foi 17º, a mais de 1 segundo de Gilles. Na largada, sob chuva, Gilles embate no Renault de Prost e danifica o seu aileron dianteiro. Ainda se mantêm entre os seis primeiros por algumas voltas, mas uma ida á box atrasa-o. O Turbo arrebenta á 25ª volta e desiste. Pironi tinha desistido algumas voltas antes, à 19ª, após abalroar Prost, quando este o estava a dobrar. Ganhou Reutemann, á frente de Jones, na famosa desobediência do argentino ás ordens da equipa. Completou-se a rodada sul-americana com o GP da Argentina, 15 dias depois, e sem nenhuma história para as bandas da Ferrari pois mais uma vez, os dois pilotos desistiram com problemas mecânicos.



O quarto Grande Prémio da "saison" foi o de San Marino, e a mudança para os ares Europeus fez bem aos Ferraris, uma vez que Gilles, com um tempo canhão colocou o seu 27 na "Pole-Position", á frente de Reutemann, Arnoux, Prost e Piquet. Pironi foi sexto, mas a mais de 1,3 segundos do tempo de Villeneuve. A corrida aconteceu sob condições variáveis de meteorologia, e Gilles liderou as primeiras 14 voltas. Contudo, duas trocas de pneus erradas atiraram-no para os confins da classificação. Pironi, muito bem, herdou a liderança de Gilles e manteve-a até á volta 46, quando a degradação dos seus pneus fê-lo cair na classificação, terminando em quinto lugar. Gilles, depois de uma boa recuperação, mas sem resolver os problemas de pneus, terminou em sétimo.



Seguiu-se o Grande Prémio da Bélgica, em Zolder, e esse foi o último GP de Giovanni Amadeo, que para quem não sabe, era o mecânico da Osella que foi atropelado por Carlos Reutemann ao ter caído na pista no momento em que o argentino passava. Carlos seguia devagar, mas o azarado Giovanni ao ser atropelado, bateu com a cabeça no muro da box, tendo ficado inconsciente e morrido dois dias depois.



Foi um GP confuso que meteu até uma confrontação séria entre os pilotos e os organizadores devido ao excessivo número de carros inscritos. Pela primeira vez na temporada, Pironi foi mais rápido que Gilles nos treinos, por uma margem de 0,4 segundos. Reutemann fez a "Pole-Position" seguido de Piquet e Pironi, enquanto que Villeneuve foi sétimo. Na largada nova confusão, pois o mecânico chefe da Arrows, Dave Luckett, ao ver o motor do carro de Riccardo Patrese fora abaixo, atirou-se para dentro da pista para o tentar pegar. Entretanto, do fundo da grelha, o outro Arrows, de Siegried Stohr, “espetou-se” pela traseira de Patrese onde estava Luckett! Ele teve sorte, pois do acidente... só partiu uma perna.



Na nova largada, Jones atirou Piquet para fora da pista e este perdendo o seu costumaz sorriso, ameaçou: “da próxima vez que ele fizer isso, mato-o”. Reutemann ganhou, e Pironi liderou nas primeiras doze voltas, mas depois desceu na classificação e acabou em oitavo. Gilles teve uma corrida animada e muito disputada, com os dois Lotus de Nigel Mansell e Elio de Angelis e no fim conseguiu os seus primeiros pontos do campeonato ao chegar no quarto lugar, não conseguindo bater Mansell, que conseguia aqui o seu primeiro pódio da carreira.



O GP seguinte era o tradicional, charmoso e cosmopolita Mónaco, onde Gilles gostava de testar a sua forma e os seus reflexos. Estava em excelente forma, pois ninguém podia imaginar que aquele carro pudesse ser capaz do que fez, que o diga Didier Pironi. Nos treinos, Gilles colocou o “motor com rodas” na primeira linha com o segundo tempo absoluto, somente atrás do Brabham de Piquet e Murray que era sem duvida o carro do pelotão. Pironi conseguiu o 17º tempo, a 2,5 segundos de Gilles.



A corrida foi interessante, pois Piquet dominou enquanto esteve em pista até á volta 53, quando, ao dobrar Eddie Cheever, precipitou-se (ou talvez porque Jones estava a começar a morder-lhe os calcanhares) ficou-se contra os guard-rails. Jones vinha a fazer uma óptima corrida, tendo ultrapassado Gilles um pouco antes, na 20ª volta, quando o Canadiano facilitou, devido ao sobreaquecimento dos seus travões pelo esforço suplementar a que Gilles os obrigava. Tudo parecia terminado, pois Gilles não o conseguia acompanhar o australiano. Todavia, Jones começou a ter problemas e teve que ir ás boxes, onde foi diagnosticado uma pequena fuga de combustível. Ao voltar á pista sem resolver o problema, teve que tirar o pé e diminuir o ritmo.



Gilles, já com os seus travões mais poupados acelerou e chegou-se a ele. Na volta 72, e perante o delírio do público, Gilles passou Jones na travagem de Ste. Devote, num local e de uma forma onde só dava para passar o Ferrari. Quando a bandeira do xadrez foi dada na volta 76, a boxe da Ferrari e todo o circuito explodiram em uníssono pela primeira vitória de Gilles em quase dois anos, e pela primeira vitória de um Ferrari Turbo num Grande Prémio.




Gilles disse: “ O meu carro esteve muito difícil de guiar com as suspensões tão duras que mais parecia um kart. Passei a corrida a dar cabeçadas no 'Santo António' e agora dói-me o corpo todo. Foi a corrida mais cansativa da minha vida mas estou muito feliz com esta vitória. Quando os meus travões começaram a ir tive que ser muito bruto com o carro, mas ele aguentou-se bem. Hoje tive muita sorte.”



A festa na Ferrari foi enorme, pois além da vitória todos sabiam que deviam muito mais a Gilles por todo o seu empenho ao longo do tempo de vacas magras que a equipa tinha passado, e ele retribui-lhes a festa em Espanha definindo o 126 CK como "um velho Cadillac sem esperança".



Contudo, gostava de o guiar, e além de o chamar de Cadillac ganhou para a Ferrari um dos mais sensacionais Grandes Prémios já vistos. Nos treinos, Gilles não conseguiu melhor que o sétimo lugar, a mais de um segundo de Jacques Laffitte. Porem, foi mais rápido que Pironi em 0,8 segundos, e partia do 13º lugar da grelha.



Gilles previu que nas primeiras voltas ia dar um ar da sua graça mas depois e quando os pneus se gastassem não haveria nada a fazer e seria uma sorte se pontuasse... pois bem, ENGANOU-SE!



Na largada, Jones e Reutemann largam na frente mas surpreendentemente vem-se acossados por um endiabrado Ferrari vermelho, que tinha saltado da 4ª linha do grid, de cima de umas misteriosas marcas de borracha que alguma travagem misteriosa alguém tinha feito, no meio da recta... era Gilles. No inicio da segunda volta, no final da recta da meta, Gilles força a ultrapassagem a Reutemann, para chegar à segunda posição. Em pouco mais de uma volta, tinha "papado" seis carros, e isto num "velho Cadillac", sem tracção e sem esperança. Ganda Gilles! Mas o canadiano não era Deus, e Jones no seu Williams foi-se embora a ganhar 0,5 segundos por volta.



Contudo, á 14ª volta e por "cansaço cerebral", como ele próprio o definiu, falhou uma travagem e saiu de pista ,tendo Gilles assumido a liderança de um comboio composto por Reutemann, Alain Prost, Nelson Piquet, Mario Andretti, Jacques Laffite, John Watson e mais alguns. Andretti e Piquet bateram, Prost despistou-se e Laffite passou vários carros para se colocar em segundo. Mesmo para quem estava a assistir a corrida pela TV, ela foi cansativa, quer física, quer psicologicamente, pois quem quer que a tenha visto presenciou uma luta titânica de alguém que, apesar de ter um carro inferior, conseguiu superiorizar-se pelo seu espírito e garra superiores.



Se na grande recta da meta o Ferrari permitia que todos respirassem um pouco, no miolo do circuito o “Cadillac” não deixava, e só a fantástica técnica de Villeneuve impediram que aquele carro várias vezes saísse de pista e que os outros não o conseguissem ultrapassar. Cada volta foi uma guerra, e houve muitas voltas. Foi uma situação de filme... sem ser de acção. E foi assim que Gilles Villeneuve conseguiu assim mais uma vitória, a sua última vitória, a sua maior vitória. Os cinco primeiros chegaram com um intervalo de 1,2 segundos.




Carlos Reutemann: “ Algumas vezes Gilles saiu da pista com as 4 rodas, não sei como, mas ele conseguia voltar.”



Jacques Laffite: “Eu sei que nenhum ser humano consegue fazer milagres. Mas Gilles algumas vezes faz-me duvidar disso”.



Alan Jones: “Villeneuve? O importante acerca dele é que alem de ser agressivo e duro é também sensível e responsável. Ele pensa. Pouquíssimos pilotos teriam ganho com o Ferrari em Espanha independentemente da vantagem de mais cavalos ou não. Ele controla o carro e a situação e não se pode dizer isso da maioria dos outros pilotos pois na metade do tempo é o carro que os leva para dar uma volta.”



Gordon Murray: “ Honestamente penso que foi a melhor corrida que eu já vi de qualquer piloto. Aquele chassis é horrível, pior por muito do que todos os outros. A sua condução foi simplesmente irreal. Conseguir dar 80 voltas naquele carro sem cometer um erro é um grande feito. Faze-lo quando se está na liderança e sob constante pressão é inacreditável.”



Enzo Ferrari: “Gilles Villeneuve no domingo fez-me viver outra vez a lenda de Tazio Nuvolari.”



Para aqueles que “criticaram” a “procissão”, Gilles disse: “Também fiquei embaraçado! (risos) De facto não consegui perceber porque é que não conseguiam me passar, afinal de contas três deles estavam á minha frente no grid! O Ligier de Laffite era pelo menos 2 segundos por volta mais rápido que o meu carro. Para mim foi mesmo muito duro, tive que correr muitos riscos mas nunca desisti. Foi a melhor corrida da minha vida.”



O mundo rendeu-se ao “petit grand homme”, o melhor “racer” que alguma vez existiu.



Dali para a frente, o campeonato para Gilles Villeneuve e para a Ferrari não teve história, pois o carro não estava à altura de competir com os melhores e somente há a destacar algumas façanhas individuais de Gilles, como as largadas do Grande Prémio de França onde passou seis carros, e o da Inglaterra, onde foram cinco, antes de bater em Woodcote e desistir. Gilles somou nesta segunda metade do campeonato sete desistências, e só no seu GP do Canadá, na célebre corrida á chuva em que correu com a asa dianteira toda torta e depois sem ela, conseguiu terminar num honroso terceiro lugar, que lhe valeu a seguinte declaração de Nelson Piquet. “Ele é meio louco mas sem duvida um fenómeno.”



Didier Pironi desistiu por seis vezes e conseguiu dois quintos lugares, em França e na Itália. Na competição particular dentro da equipa Ferrari, Gilles obteve um total de 25 pontos sendo as suas melhores classificações as duas vitórias no Mónaco e em Espanha e o terceiro lugar do Canadá. Pironi obteve somente 9 pontos, sendo a sua melhor classificação o quarto lugar em Monte Carlo.



Em treinos, Gilles foi mais rápido que Pironi 10 vezes em 15, e em termos de tempo médio por volta, foi mais rápido que o francês em 0,7 segundos. Parece que os resultados em corrida e os tempos dos treinos disseram quem era o mais rápido e o melhor...



Vale a pena relatar ainda uma situação que ocorreu durante o GP do Canadá e que se prendeu com a tentativa de contratação de Villeneuve por parte da Mclaren, pois Teddy Mayer e agora Ron Dennis, não largavam o menino.



Por alturas do GP do Mónaco, Gilles tinha renovado o seu contrato com a Ferrari por mais três temporadas com números já bem acima do milhão de dolares por ano, mas Gilles gostava de dinheiro e continuava insaciável na sua busca de novos brinquedos. Estava de olho num novo helicóptero que custava cerca de 1,5 milhões. Assim, Mayer e Dennis procuraram John Lane, da Marlboro, sabendo da sua amizade com Gilles, e pediram-lhe que actuasse como intermediário nas negociações. No dia seguinte ao pequeno-almoço contou a Gilles e Joann sobre a situação e combinaram pedir 5 milhões de dólares, soma astronómica na época. Lane contou à Mclaren e Dennis contrapôs 2,5 milhões, mas não fechou a porta e pediu para negociarem durante os treinos através dos placares de sinalização das boxes. Gilles achava que só podia ser brincadeira, pois era de longe o maior salário da Formula 1, mas decidiu topar o jogo e quando viu o placar da Mclaren com um 2.5 decidiu arriscar, as escondidas da Ferrari, e colocou lá um 3 em vez do 2, ficando lá um 3,5.



Marco Piccinini, responsável da Ferrari, viu Gilles e perguntou-lhe o que é que estava a fazer e o maroto respondeu que "andava a pregar uma partida ao John Watson, que era uma brincadeira"... o italiano foi-se embora, não muito convencido, e Lane perguntou a Dennis se tinha visto o placar. Ele perguntou-lhe logo depois se com aquele salário, Gilles queria manter o seu fato de corridas, Lane disse que sim e rapidamente Dennis deu o negócio como fechado.



Pediu a Gilles para mandar o seu representante na 2ª feira a Lausanne, aos escritórios centrais da Philip Morris, para acertar os detalhes. Já nessa noite Gilles estava em brasa com a perspectiva de quebrar o seu compromisso com Ferrari e ter que lhe contar a boa nova, não parava de repetir que aquilo não estava certo. Gaston Parent foi a Lausanne mas com instruções claras de endurecer as negociações e quando a Phillip Morris disse que queria o fato de Gilles e pagava 5 milhões por tudo, Gilles sentiu-se livre para roer a corda e roeu. A sua palavra e o seu compromisso com Enzo Ferrari, no fundo, eram mais importante que mais alguns milhões. Assim era Gilles.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Reconhecimento internacional!

A cada dia que passa, este blog vai ganhando reconhecimento nacional e internacional. A mais recente prova disso foi o Rafael Lopes, repórter da Globo e autor do blog Voando Baixo, me ter convidado para falar no seu podcast "Por Dentro das Boxes".




Basicamente falamos sobre a actual situação da Formula 1. Fiz algumas declarações algo fantásticas, se calhar vos vão surpreender muito! Enfim, o podcast pode ser ouvido neste link. Gozem, e digam de vossa justiça!