terça-feira, 28 de abril de 2009

GP Memória - Espanha 1974

Um mês depois da Africa do Sul, máquinas e pilotos estavam em solo europeu para correr o GP de Espanha, quarta prova do campeonato do mundo desse ano. O palco nesse ano era o circuito de Jarama, nos arredores de Madrid, e nesse mês de intervalo, algumas coisas importantes tinham acontecido no mundo da Formula 1, o mais importante dos quais foi a surpreendente vitória de James Hunt no seu Hesketh 308, no International Trophy, em Silverstone.


Em Jarama, contudo, o pelotão da Formula 1 via imensas estreias. A primeira das quais era a Tyrrell, que finalmente tinha pronto o seu modelo 007, e os dois chassis cairam nas mãos de Jody Scheckter e Patrick Depailler. Na Brabham, Carlos Reutmann, o vencedor do GP da Africa do Sul, um mês antes, tinha um novo companheiro: Rikky Von Opel, do Lichtenstein, apareceu com dinheiro suficiente para comprar o lugar e substituiu o australiano Richard Robarts, que não teve grande carreira com esse carro. Devido a essa ida para a Brabham, a Ensign, de Mo Nunn, interrompia temporariamente as suas actividades. Mas Von Opel não era alguém que incomodasse o andamento de Reutmann, e qualificou-se na penúltima posição da grelha de partida.


Em Jarama, a Shadow fazia o seu regresso, com o veterano Brian Redman no lugar do falecido Peter Revson, e iria correr ao lado de Jean-Pierre Jarier. Outro veterano que fazia o seu regresso era Chris Amon, que começava a sua aventura como piloto da sua própria equipa. O carro não era muito rápido, mas conseguiu qualificar-se na 22ª posição da grelha…


Outra equipa que fazia a sua estreia no circuito espanhol fora a Trojan, um projecto original de Peter Agg, com Ron Tauranac, que tinha sido o parceiro de Jack Brabham nos anos 60 até à venda da equipa a Bernie Ecclestone, no final de 1971, como projectista do carro. Tauranac tinha desenhado os chassis de Formula 5000 e Formula 2, e estava envolvido neste novo projecto. O piloto seria outro australiano, Tim Schencken.


Os treinos começaram com Ronnie Peterson a liderar os tempos, num Lótus 76 que tinha sido altamente modificado e parecia fazer voltar a equipa aos velhos tempos. Mas perto do final, o Ferrari de Niki Lauda fez melhor, e garantiu a primeira pole-position da carreira ao jovem piloto austríaco. Peterson ficava com o segundo posto, tendo depois na segunda fila o segundo Ferrari de Clay Regazzoni e o McLaren de Emerson Fittipaldi. Na terceira fila, Jacky Ickx era quinto, com Carlos Reutmann no sexto posto. Arturo Merzário era sétimo no seu Iso-Marlboro, tendo logo a seguir o segundo McLaren de Dennis Hulme. Jody Scheckter e James Hunt completavam o “top ten”.


Vinte e cinco carros qualificaram-se para a corrida, mas estavam 27 inscritos, logo, dois deles ficariam de fora. Era o Iso-Marlboro do dinamarquês Tom Belso e o segundo Hill - Lola de Guy Edwards. Mas esses 27 deveriam ser 28, pois houve um piloto local que quis correr esse Grande Prémio. E logo com sangue real! Jorge de Bragation era um principe de origem georgiana, mas era um dos melhores pilotos do seu país nessa altura. Adquiriu um Surtees T16 e pediu aos organizadores para se inscrever no GP de Espanha desse ano. Só que nessa semana, houve eleições no Real Automovil Club de España, e o presidente falhou a sua reeleição. Limpou a sua secretária, e entre os papéis que levou para casa, constava a lista de inscritos do Greande Prémio. Os novos representantes fizeram nova lista à pressa, e Jorge de Bragation foi esquecido, o que foi pena.


No dia da corrida, a chuva fazia a sua aparição, e Peterson saiu na Frente, sem ser incomodado, pois os seus adversários estavam a tentar escapar do “spray”. Lauda e Regazzoni vinham atrás, com Ickx em quarto e Fittipaldi a seguir, na quinta posição. Mas em poucas voltas, a chuva parou e a pista secava progressivamente, e todos pararam para trocar para secos. Peterson continuou, mas na volta 23, o sobreaquecimento do motor fez com que a sua corrida terminasse ali. Nessa altura, já o Chris Amon tinha parado, devido a problemas de travões. Poucas voltas depois o outro Lótus, de Jacky Ickx, sofria o mesmo problema e assim acabava o fim de semana espanhol para a equipa de Colin Chapman.


Com isto, os Ferrari ficaram com os dois primeiros lugares, e Hans Stuck era terceiro, no seu March, e Merzário era quarto, no seu Isso-Marlboro, e Fittipaldi era quinto. Na volta 37, o italiano apanha um susto, quando se despista a alta velocidade, e bate forte nos guard-rails. O impacto foi tal, que o carro ultrapassou a barreira e caiu numa zona onde estavam fotógrafos. Felizmente, foi mais o susto do que os danos pessoais…


A corrida continuou até ao limite das duas horas. Quando isso aconteceu, faltavam seis voltas para o término da corrida, e Lauda conseguia aqui a sua primeira vitória da sua carreira, com Regazzoni em segundo (e a sair da pista espanhola como lider do campeonato), e Emerson Fittipaldi em terceiro, depois de conseguir apanhar e ultrapassar Stuck. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram, para além do alemão da March, o sul-africano Jody Scheckter, que conseguia aqui os seus primeiros pontos da carreira, e o veterano neozelandês Dennis Hulme.


Fontes:


http://en.wikipedia.org/wiki/1974_Spanish_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr239.html

1 comentário:

Cezar Fittipaldi disse...

Brilhante. Me lembro dessa época e ainda guardo as revistas com as coberturas dessas corridas. O Merzario tirava leite de pedra com aquele carro horrível do Frank Willians.
Parabéns.