sexta-feira, 17 de abril de 2009

GP Memória - Pacifico 1994

Passaram-se duas semanas desde a primeira prova do ano, em Interlagos, mas a Formula 1 andava agitada nos bastidores. A Jordan tinha apelado da suspensão do seu piloto Eddie Irvine, depois de ter causado o múltiplo acidente com Verstappen, Brundle e Bernard, e a FIA decidiu agrava-la para três corridas, ou seja, estava fora de serviço até ao GP do Mónaco, a 15 de Maio. Assim sendo, em Aida, Eddie Jordan foi buscar o piloto local Aguri Suzuki, que depois de ter ficado sem lugar no final do ano na Footwork-Arrows, voltava temporariamente à competição.


Na Ferrari, havia uma cara nova, mas a razão tinha sido outra: Jean Alesi tinha tido um acidente em testes, e magoara-se seriamente no pescoço, e fora substituído pelo piloto de testes, Nicola Larini. Para além disso, começavam-se a avolumar suspeitas nos bastidores de que poderia haver equipas que não seguiam as regras tal qual como haviam sido estipuladas. E algumas pessoas começavam a questionar a Benetton devido à enorme facilidade pela qual tinha feito aquela partida em Interlagos…


A Formula 1 ia neste fim-de-semana de 17 de Abril de 1994 para um circuito novo: Ti-Aida. Situado no sudeste do Japão, era um circuito sinuoso e lento, com muito poucos pontos de ultrapassagem existentes. Um Hungaroring asiático em perspectiva. Mas para Hajime Tanaka, era o concretizar do sonho de uma vida. Então com 47 anos, o homem que conseguira a sua fortuna desenhando campos de golfe no Japão, e que se apaixonou pelo automobilismo oito anos antes, quando foi ver as 24 Horas de Le Mans, demorou sete anos e mais de 25 milhões de dólares para construir Aida. Mas com um problema: para além de ser um circuito demasiado travado, estava no meio de nenhures, entre Osaka e Hiroshima...

Nos treinos, Ayrton Senna foi de novo o melhor, batendo Michael Schumacher por 0.222 segundos (1.10,218 contra 1.1o,440 segundos) A segunda fila tinha o segundo Williams de Damon Hill, que tinha a seu lado o McLaren de Mika Hakkinen. O quinto tempo era do Ferrari de Gerhard Berger, que partia ao lado de Martin Brundle, no segundo McLaren e já recuperado da mazela de Interlagos. Nicola Larini era sétimo na sua Ferrari, e tinha a seu lado Rubens Barrichello, no Jordan-Hart. A fechar o "Top Ten" estava o Arrows de Christian Fittipaldi e o Benetton e Jos Verstappen.

Do resto da grelha, Aguri Suzuki era 20º, e Pedro Lamy era 24º, a bordo de um Lotus demasiado instável para ser guiado nesta pista. A última fila era da Simtek, com David Brabham e Roland Ratzenberger, deixando os Pacific de Paul Belmondo e Bertrand Gachot a assistir a corrida do dia seguinte na boxe.

Nos primeiros metros da corrida, o momento decisivo: Schumacher parte na frente de Senna, que tinha logo atrás Hakkinen e Brundle, que tinham ganho posições graças a bons arranques. O brasileiro tinha decidido ter uma postura prudente nesta corrida, ou seja, seguir o alemão até onde pudesse ir. Só que na primeira curva, Hakkinen fora apanhado de surpresa e toca no piloto brasieliro, colocando-o na escapatória. Para pirar as coisas, Larini sai da pista no mesmo local e bate no Williams. Fim de prova para os dois, e Schumacher ficava sem o seu maior rival nos primeiros metros.

Schumacher passava na frente no final da primeira volta, com Hakkinen e Hill logo atrás. Mas com o avanço que o piloto tinha dado, já tinha encontrado o vencedor da corrida, salvo qualquer problema mecânico. Hill tentava chegar ao segundo lugar, e na quarta volta tenta ultrapassá-lo, mas despista-se. Volta à pista e faz uma corrida de recuperação até à altura dos reabastecimentos. O finlandês era um segundo classificado muito sólido até à volta 19, altura em que foi fazer o seu primeiro reabastecimento. Nessa altura, o motor Peugeot para, devido a problemas hidraulicos. Volta a funcionar, mas na volta seguinte, o carro encosta definitivamente na berma, deixando Schumacher cada vez mais isolado.

Mais atrás, Hill chega ao segundo lugar, mas na volta 49, a transmissão do seu carro cede e tem de parar. Assim, o segundo lugar cai no colo de Gerhard Berger, com uma meia-surpresa: o Jordan de Rubens Barrichello era terceiro, conseguindo escapar às armadilhas do lento e sinuoso circuito, muito sujo nas bermas... Logo atrás vinha o veterano Brundle, mas na volta 67, com o radiador furado, o motor Peugeot "encomenda a alma ao Criador".

De resto, não houve mais história. Schumacher vence a corrida, com Berger e Barrichello a acompanhar no pódio. Para o jovem brasileiro de 22 anos, era um sonho, e uma pequena compensação pela perda de Senna no inicio da corrida. Christian Fittipaldi foi o quarto, Heinz-Harald Frentzen conseguia os seus primeiros pontos da carreira e o Larrousse de Eric Comas fechava os lugares pontuáveis, mas a... três voltas de Schunmacher. Pedro Lamy era oitavo classificado a sua melhor posição até então, num mau carro.

Fontes:

Santos, Francisco – Formula 1 1994/95, Editorial Talento, Lisboa/São Paulo, 1994

http://en.wikipedia.org/wiki/1994_Pacific_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr550.html

2 comentários:

Anónimo disse...

Ontem foi dia 16, dia em que Christijan Albers, aquele que saiu dos boxes com a mangueira engatada no carro, fez aniversário (agora está com 30 anos). Façam um post sobre ele!

Felipão disse...

Muito bom. Inclusive, quando a maioria dos pilotos chegaram ao circuito, existia uma placa lá, com o nome do Hajime Tanaka e uma marca cronometrada. Tratava-se o recorde da pista, assinalado pelo proprio Tanaka. Uma marca que não foi dificil dos caras baxarem. Lembro que nesse dia, nos primeiros testes, essas Pacifics viravam abaixo do tempo de alguns carros da F3000, o que virou motivo de chacota na época...