segunda-feira, 1 de junho de 2009

O piloto do dia - Martin Brundle

Na Formula 3, foi o maior rival de Ayrton Senna. Na Formula 1, nunca foi mais do que um bom piloto de segunda linha, mas nos Sport-Protótipos foi um dos melhores da sua categoria, correndo na Jaguar e tornando-se campeão do Mundo de Sport-Protótipos e vencendo as 24 Horas de Le Mans. Actualmente, depois da sua retirada competitiva, cuida da carreira do seu filho, enquanto comenta a Formula 1 na BBC. No dia em que comemora o seu 50º aniversário, é dia para falar acerca de Marin Brundle.

Nascido a 1 de Junho de 1959 na cidade de King’s Lynn, Brundle começou a correr aos 12 anos, quando modificou um Ford Anglia para começar a correr numa pista de rallycross perto da sua casa. Mais tarde, começou a correr em Turismos, algo fora do vulgar para um piloto de monolugares, mas teve a sua chance em 1979, ao correr na Formula Ford 2000. No final desse ano, teve a ousadia de escrever uma carta a um dos melhores pilotos de então, Tom Walkinshaw. O seu objectivo era o de correr um dos seus carros, um BMW. Walkinshaw gostou da carta e concordou.

Em 1980, Brundle venceu o campeonato de Formula Ford 2000, mas a falta de patrocínio para evoluir nos monolugares fez com que corresse de novo nos Turismos, num Audi da equipa de Stirling Moss. Mas não desistiu dos monolugares e em 1982 transferiu-se para a Formula 3. Após um ano de adaptação, parecia que a temporada de 1983 poderia ser de consagração. Mas deu de caras com um rival muito bom: o brasileiro Ayrton Senna.

Senna, pilotando pela West Surrey Racing, e Brundle, pela Eddie Jordan Racing, competiram numa temporada onde as suas rivalidades em pista entraram para a história desse campeonato. Senna ganhou as nove primeiras corridas da temporada, sempre com Brundle na segunda posição. Nunca desistindo, o piloto inglês procurou a sua primeira vitória na competição, e conseguiu-a na décima ocasião, provando que o piloto brasileiro podia ser batido. O inglês e o brasileiro competiram pelo título até à última corrida do ano, quando Senna levou a melhor. Mesmo assim, ambos conseguiram o que queriam: a entrada na Formula 1.

Ken Tyrrell sempre procurou pilotos rápidos e jovens para a sua equipa, e viu em Brundle um excelente piloto para complementar com o alemão Stefan Bellof. Ambos iriam competir na única equipa que não tinha motores Turbo, mas a sua rapidez compensava a pouca potência dos carros. Estreou-se no GP do Brasil de 1984, e cedo começou a marcar pontos, sendo o seu melhor resultado um segundo lugar no GP de Detroit. Mas no final dessa corrida, os comissários de pista viram o seu carro e verificaram que este se encontrava abaixo do peso regulamentado. A FISA decidiu desclassificar os carros durante toda a temporada e os pontos de Brundle foram-lhe retirados. Contudo, nessa altura, estava em convalescença devido a um acidente feio em Dallas, onde durante a sessão de treinos embateu o seu carro no muro e fracturou ambos os tornozelos.

No ano seguinte, continuou na Tyrrell, primeiro com motores Cosworth e depois com o Renault Turbo, mas ele foi incapaz de marcar qualquer ponto, enquanto que os seus companheiros Bellof e o italiano Ivan Capelli fizeram-no. Mas em 1986, conseguiu oito pontos ao serviço da Tyrrell, com o melhor resultado um quarto lugar na última prova do ano, na Austrália.

Em 1987, Brundle passa para a alemã Zakspeed, onde com um carro que não lhe dava possibilidades para rodar com os pilotos da frente, consegue apenas dois pontos, em Imola, que viriam a ser os únicos da história da construtora.

Nesse mesmo ano, o piloto inglês, sempre a necessitar de fundos para prosseguir a sua carreira, decidiu tentar a sua sorte nos Sport-Protótipos. Foi para a equipa oficial da Jaguar, onde participou pela primeira vez nas 24 Horas de Le Mans, com o dinamarquês John Nielsen. Não terminou a corrida. Em 1988, sem qualquer lugar na Formula 1, continua na equipa oficial da Jaguar, e venceu cinco das onze provas (Jarama, Monza, Silverstone, Brands Hatch e Fuji), mas não conseguindo vencer nas 24 Horas de Le Mans. Mas mesmo num ano sem Formula 1, Brundle deu um salto para substituir um adoentado Nigel Mansell, no GP da Bélgica. Brundle terminou em sétimo lugar.

Em 1989, passa para a Brabham, que tinha voltado à Formula 1 após um ano de ausência, e conseguiu quatro pontos para a marca. Mas esta foi uma passagem temporária, pois em 1990 voltou para os Sport-Protótipos, ao serviço da Jaguar, venceu as 24 Horas de Le Mans, em conjunto com John Nielsen e o americano Price Cobb. No campeonato, Brundle ganhou em silverstone e conseguiu 19 pontos, numa temporada dominada pelos protótipos da Sauber-Mercedes.

Em 1991, regressa à Formula 1, e de novo ao serviço da Brabham, ao lado de Mark Blundell, que viria depois a ser seu amigo e parceiro de negócios na empresa 2MB, que detêm juntos actualmente. Brundle consegue dois pontos na penúltima prova do ano, no Japão, que foram os últimos pontos da equipa na história da Formula 1. No final do ano, foi contratado pela Benetton para ficar ao lado do jovem alemão Michael Schumacher. Ao fim de oito anos, e então com 32 anos, Brundle tinha finalmente um bom carro para poder andar maias constantemente nos lugares da frente. Foi em 1992 que conseguiu os seus primeiros pódios da carreira, com o melhor resultado um segundo lugar em Monza. No final do ano, conseguiu 38 pontos e o sexto lugar do campeonato, a sua melhor classificação de sempre.

Em 1993, passa para a Ligier, onde consegue mais um pódio em Imola, e a terminar o ano com 13 pontos e o sétimo lugar final. No ano seguinte passa para a McLaren, substituindo na equipa o seu rival Ayrton Senna. Numa época de transição, com motor Peugeot e com Mika Hakkinen a seu lado, conseguiu um segundo lugar no Mónaco, 15 dias depois da morte do seu rival na Formula 3. No final desse ano conseguiu 16 pontos e o sétimo lugar final. Volta à Ligier em 1995, onde tem de partilhar o lugar com o japonês Aguri Suzuki. O seu melhor resultado foi um terceiro lugar em Spa-Francochamps, e os sete pontos conquistados valeram-lhe o 13º lugar final.

Em 1996, passa para a Jordan, onde corre ao lado de Rubens Barrichello. Na primeira prova do ano, apanha o susto da sua vida: na primeira volta do GP da Austrialia, que se estreava no circuito de Melbourne, uma travagem mal calculada faz com que salte por cima do McLaren de David Coulthard e o seu carro desfaz-se em dois. Incrivelmente, Brundle sai ileso do acidente. Até ao final do ano, Brundle consegue oito pontos e o 11º lugar final. No GP do Japão desse ano, Brundle, então com 37 anos, chega ao final da corrida na quinta posição. Viria a ser a sua última corrida na Formula 1.

A sua carreira na Formula 1: 158 Grandes Prémios, em doze temporadas (1984-89, 1991-96), nove pódios, 98 pontos no total. Para além disso, tem seis vitórias no Mundial de Sport-Protótipos, bem como o título mundial em 1988. Foi também vencedor das 24 Horas de Le Mans em 1990, ao serviço da Jaguar.

Após a sua carreira competitiva na Formula 1, Brundle continuou nos Sport-Protótipos, onde correu as 24 horas de Le Mans até 2001 por equipas como a Bentley, Nissan e Toyota, com o objectivo de conseguir uma segunda vitória, algo que nunca conseguiu. Por essa altura, tinha começado a sua segunda vida como comentador na BBC. Tinha começado em 1989 e quando a Formula 1 passou para a ITV, seguiu-os e tornou-se co-comentador ao lado do legendário Murray Walker, fazendo análise ás corridas de uma forma tão boa ou melhor do que James Hunt. Os seus comentários valeram-lhe a eleição como melhor comentador desportivo por quatro vezes, entre 1998 e 2006. Para além disso, trabalhou no British Racing Drivers Club. Também foi manager de David Coulthard e agora está concentrado na carreira do seu filho Alex Brundle, que neste momento é piloto de Formula 2.

Fontes:


http://en.wikipedia.org/wiki/Martin_Brundle
http://www.grandprix.com/gpe/drv-brumar.html
http://www.itv-f1.com/ITVTeam_Bio.aspx?name=Martin_Brundle

2 comentários:

Anónimo disse...

Curioso: Em apenas três dias, ocorreram três aniversários de ex-pilotos da F-1...

* 30 de maio: Andrea Montermini (nasceu em 1964) e Gianmaria Bruni (nascido em 1981), ambos italianos;
* 31 de maio: Andrea De Cesaris (nasceu em 1959), outro italiano;
* 1 de junho: Martin Brundle (também nascido em 1959), inglês;
* Hoje, 2 de junho: Jan Lammers (nascido no ano de 1956), holandês.

Você não fez posts sobre Montermini e Bruni por falta de tempo. Domingo, você homenageou De Cesaris. Ontem, fez o post sobre Brundle. Hoje, o post sobre Lammers. Que este último saia do papel!

I wanna be Nuno Rogeiro disse...

Só um reparo no que diz respeito à carreira pré-F1 do Brundle: ele não correu na West Surrey com o Senna mas sim na equipa do Eddie Jordan.