terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A entrevista a Alvaro Parente

O Autosport desta semana, como afirmei ontem quando fiz o post sobre a capa, traz uma entrevista ao Alvaro Parente, que em 2010 será o terceiro piloto da Virgin Racing, uma das novas equipas de Formula 1, e provavelmente, piloto da GP2 numa das equipas da frente, provavelmente a Racing Engeneering. Nesta entrevista feita ao jornalista Luis Vasconcelos, o piloto português de 25 anos não esconde alguma desilusão com o desfecho, mas quer continuar em 2010 a demonstrar trabalho no sentido de impressionar os seus patrões e a apostar nele para o futuro, como piloto titular na categoria máxima do automobilismo.

A Visão de Alvaro Parente

"UM PASSO EM FRENTE!"

O copo está meio cheio ou meio vazio, dependendo da forma como se olha para ele. Alvaro Parente está na Virgin Racing, mas como piloto de testes e não como piloto titular. O português não esconde alguma desilusão com este desfecho, mas aposta em fazer um bom trabalho que demonstre o seu valor tanto na sua nova equipa como na GP2, onde correrá numa equipa de ponta.

por Luis Vasconcelos

O piloto português admite ter sentimentos contraditórios neste momento: "Por um lado estou muito feliz por já estar numa equipa de Formula 1, ter um programa de trabalho interessante que demonstra que na Virgin acreditam em mim; por outro, depois de ter trabalhado tão intensamente neste projecto durante os últimos meses e de ter estado tão perto de ficar como piloto titular, tenho de admitir que estou um pouco desiludido. Mas a vida e assim e agora tenho uma ano pela frente para mostrar aos responsáveis da Virgin que se enganaram ao não apostarem em mim como piloto titular, ao mesmo tempo que vou tentar vencer a GP2 para ficar com mais portas em aberto para correr nos Grandes Prémios em 2011".

Só nas últimas duas semanas é que Parente começou a sentir que as suas possibilidades de ficar como companheiro de Glock estavam a diminuir, mas já era tarde demais para chegar a um acordo com outra equipa, como nos explicou: "Até há duas semanas estava tudo bem encaminhado, mas houve uma situação que fez com que a balança começasse a pender para o lado de Lucas di Grassi e como o meu patrocinador principal, o Turismo de Portugal, queria muito esta ligação com a Virgin, os contactos com a Campos não deram em nada, apesar deles nos terem feito uma proposta muito concreta com valores que, para o que se pratica na Formula 1, até eram baixos. Mas eu já não tinha margem de manobra e, por isso, tive de aceitar o que a Virgin me ofereceu".

TRABALHO DE SIMULADOR

Sem testes durante a temporada, o papel de um piloto de testes e de reserva é mais limitado do que no passado, mas Álvaro Parente vai estar bastante activo ao longo do próximo ano:" Vou testar no simulador ainda antes do final de 2009 e já sei que vou passar muitos dias a trabalhar nesse instrumento que o Nick Wirth considera fundamental para a evolução do carro. Também espero testar em pista antes do final de Janeiro, pois as novas equipas têm a possibilidade de rodar três dias antes do inicio dos ensaios colectivos, mesmo se com um chassis mais antigo [o chassis da Super Aguri adquirido na semana passada] e quando tivermos o carro novo disponivel espero poder rodar pelo menos meio dia antes do inicio da temporada."

Daí para a frente, o português vai estar quase semanalmente no simulador da Wirth Research, mas vai acompanhar a equipa durante os Grandes Prémios: "Como é evidente, a minha prioridade quando estivermos a correr juntos é a de vencer a GP2, mas vou acompanhar a Virgin Racing o máximo que puder, dando-lhes indicações sobre o estado da pista, se rodar antes da Formula 1. E tenho de estar preparado para correr se o Timo [Glock] ou o Lucas [Di Grassi] estiverem indisponiveis". Certo é que "vou estar em pista no final do ano, nos testes para pilotos jovens, devendo fazer a totalidade dos três dias de trabalho que nos vão ser permitidos, ou no mínimo, dois dias. Mas até lá, espero ter convencido que a Virgin fez a escolha errada ao colocar Lucas di Grassi e não a mim no segundo carro".

UM PÉ NA RACING ENGINEERING

Com um papel importante na Virgin Racing, Alvaro Parente aposta forte no campeonato GP2 para se mostrar aos patrões das equipas de Formula 1: "Já estive a pensar se outro resultado na GP2 teria mudado as coisas, pois fui apenas oitavo este ano, mesmo se sem azares seria terceiro ou quarto classificado. Não sei a resposta, porque o Petrov foi segundo e só vai correr na Formula 1 em 2010 se arranjar muito dinheiro... mas se for campeão no próximo ano fico bem colocado para ter lugar nos Grandes Prémios".

Por isso o português negoceia com a Racing Engineering, a unica equipa de ponta que ainda tem lugares disponiveis: "Tanto quanto sei, a ART e a Barwa Addax já tem os seus pilotos contratados e a Racing Engineering mostrou interesse em contratar-me. Trata-se de uma equipa ganhadora, com a qual estamos a negociar e espero chegar a um acordo, mas ainda não está nada assinado".

Na equipa espanhola, Parente espera encontrar melhores condições do que nos dois anos anteriores: "Na SuperNova não tinhamos meios para vencer e na Ocean a equipa era toda nova e, por isso, cometemos alguns erros que nos custaram pontos importantes. Sabia que corria esse risco, mas o projecto era bom e não me arrependo de ter corrido com eles. Mas a Racing Enginerring é uma equipa comprovadamente ganhadora e se conseguir o lugar vou ter nas mãos os meios necessários para chegar ao título, que tem de ser o meu objectivo para 2010".

Entre a GP2 e o seu trabalho na Virgin Racing não vai faltar trabalho a Alvaro Parente no próximo ano, numa temporada decisiva para o seu futuro como piloto profissional.

3 comentários:

Cezar Fittipaldi disse...

Em minha humilde opinião está a faltar um senso de humildade ao Parente. Torço por ele, mas ele se indispõe contra a equipe ao dizer que "estão enganados". Hierarquicamente, quem tomou a decisão pelo Lucas di Grassi está acima dele na equipe, portanto, não se discute. Ele mesmo diz, que tendo sido apenas oitavo colocado ficou difícil conseguir uma vaga de titular.Mesmo assim, creio que deveria ter assinado com a Campos, pois a pressão teria sido menor, e ser terceiro piloto de Formula 1 hoje em dia é ridículo, pois não se anda nada. Meio dia antes da temporada começar? Que droga...

Este gajo é um fanfarrão disse...

"Mas até lá, espero ter convencido que a Virgin fez a escolha errada ao colocar Lucas di Grassi e não a mim no segundo carro".
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Quem é ele para afirmar isso? O Di Grassi sempre mostrou muito mais talento que ele.

O brasileiro já mereceria estar na F1 há pelo menos uns 2 ou 3 anos.

Di Grassi é excelente piloto e muito inteligente.
Já Parente parece o oposto. Um piloto médio e tremendamente burro.

Speeder76 disse...

Cezar:

Aquilo que dizes é absolutamente verdade. Em termos de testes, ele e o Luiz Razia vai ter um pouco mais do zero. E este ano tem mais hipóteses do que no ano passado, pois os outros que se estrearam, como o Alguesuari e o Grosjean, só experimentaram o carro no fim de semana das corridas, logo, sem hipóteses de ter "armas iguais" em relação aos outros.

Quanto à sua atitude e as comparações ao Lucas: não defendo, embora compreenda a sua desilusão. Acho que deveria ter assinado como segundo piloto da Campos, mas não temos culpa que tenha apostado todas as fichas na Virgin. Espero que o acordo lhe dê o tão ambicionado lugar na GP2, mostre trabalho e lute convenientemente pelo título que tanto procura.

E não se pode esquecer, aos titulares, que o facto de terem chegado á Formula 1 é o fim da história. Tem que provar todos os dias que merecem o lugar, pois existem uma multidão de jovens sedentos que olham o lugar. Podem ter mais ou menos paciência, mais ou menos arrogância, maior ou menor desilusão... mas existem. E o Alvaro (desculpem dizê-lo) tem dois títulos no seu palmarés, na formula 3 inglesa em 2005 (como disseste há uns tempos, Cezar, pode não ter o brilho de outrora) e o título da World Series by Renault. Se conquistar um título é dificil, imaginem dois!

Enfim... quero acreditar que é um simples desabafo. Ele que mostre trabalho, para que mereça um lugar na Formula 1. É o emprego mais elitista do mundo, e são mais os candidatos do que os titulares.