sábado, 25 de julho de 2009

A fina linha vermelha












Estes três exemplos demonstrados nas fotografias acima (Helmut Marko, França 1972, Stefan Johansson, Austria 1987) demonstram até que ponto que o automobilismo não é um desporto 100 por cento seguro. Combinados com a fatalidade da semana passada que aconteceu em Brands Hatch a Henry Surtees, o jovem de 18 anos, filho da lenda John Surtees, leva a pensar que a diferença entre a vida e a morte é uma fina, mas muito fina, linha vermelha.


Hoje, todos nós apanhamos um susto dos diabos. Ver uma peça de 800 gramas a pular do carro de Rubens Barrichello e atingir o carro que vinha a seguir, coincidentemente o Ferrari de Felipe Massa (podia ser outro qualquer) e ver que, por cinco centímetros, poderiamos estar a chorar outra morte na Formula 1. Massa foi operado para retirar fragmentos de osso e está em observação no hospital. Em principio, os médicos acreditam que não vai haver sequelas, mas não corre amanhã, e o resto da temporada é, por agora, um grande ponto de interrogação.


Há quem diga que "a bruxa está solta", mas hesito em dizer sim, ela anda solta. Mas saber que estivemos quinze anos sem mortes na Formula 1, o maior período de tempo em toda a história, é algo que deveremos estar contentes. Mas hoje fomos brutalmente acordados para um factor que pode ser potencialmente perigoso: um objecto relativamente pequeno, lançado a alta velocidade, como se fosse uma bala, contra a cara de um piloto. Aconteceu nestes exemplos acima referidos, e alguns de vocês se lembrarão certamente do Ayrton Senna, que foi atingido por um braço da suspensão do seu Williams. E se acontecesse uns dois segundos depois, ou uns cinco centímetros mais acima, alguns estariam vivos, e outros mortos. Essa é a fina linha vermelha.


O automobilismo é perigoso, meus amigos. E os verdadeiros fãs são aqueles que aceitam as consequências, sempre lutando para que estas sejam diminuidas. Quanto ao Felipe, ainda bem que sobreviveu para contar a história. Afinal de contas, tem um herdeiro à sua espera, que contará um dia a história da mola que atingiu o seu capacete. Se fosse a ele, recolhia a mola e fazia um troféu com ele!

GP2 - Ronda 7, Hungria (Corrida 1)

O alemão Nico Hulkenberg venceu esta tarde a primeira corrida da GP2, que decorreu no Hungaroring, e é cada vez mais um sério candidato ao título, depois de ter ganho pela terceira vez consecutiva nesta época. O brasileiro Lucas di Grassi acabou na segunda posição e o espanhol Javier Villa completou o pódio. Quanto a Alvaro Parente, o piloto da Ocean Recing Tech ficou à porta dos pontos, no nono lugar, depois de ter feito uma boa corrida de recuperação.


No caso do piloto português, quer ele quer a equipa sabiam que seria difícil chegar aos lugares pontuáveis devido às especificicdades do traçado húngaro, onde as ultrapassagens são muito difíceis de concretizar. Todavia, o piloto portuense esteve a um pequeno passo de o atingir, quando partiu do 14º posto e aproveitou a confusão que aconteceu na segunda curva do circuito e que colocou fora de combate o austroarabe Andreas Zuber, o mexicano Sergio Perez e os brasileiros Diego Nunes e Luiz Razia. Parente, que já era nono, teve que evitar alguns dos carros in extremis e perdeu duas posições.

Pouco depois passou o russo Petrov e cedo parou nas boxes, mais concretamente na volta sete, esperando ganhar posições com esta mudança. Mas não surtiu efeito e a dez voltas do fim chega a Davide Rigon, que era o oitavo, mas não conseguiu ultrapassar e alcançar o ponto que lhe daria a pole-position na corrida de amanhã.

No final da corrida, a desilusão era evidente no piloto português: “Este é um resultado desapontante, dado que fiquei muito perto de alcançar a oitava posição, o que seria uma boa operação, após ter arrancado do décimo quarto posto da grelha de partida. Parti bem e cheguei a nono lugar mas, na segunda curva, para evitar um carro que tinha entrado em pião atrás de mim, tive que ir para a escapatória e desci para o décimo primeiro lugar”, explicou no seu blog oficial.


Neste circuito é muito complicado para ultrapassar, mas com a boa decisão da equipa em realizar cedo a minha paragem nas boxes e com a ultrapassagem que efectuei a Dani Clos, consegui subir ao nono posto. Fiquei na traseira do Davide Rigon e dei o máximo para tentar suplantá-lo. No entanto, ele não cometeu qualquer erro e terminei a uma posição de conquistar um ponto e de garantir a pole-position para amanhã”, concluiu.


Na frente da corrida, a batalha pela vitória esteve bastante animada de inicio, com Lucas di Grassi a liderar a primeira fase da corrida, seguido de perto por Javier Villa e Nico Hulkenberg. Mas com as paragens nas boxes, o jovem alemão conseguiu primeiro passar Villa e, depois o piloto brasileiro da Racing Engeneering, aquando da paragem deste. Embora saindo das boxes ainda na frente, os pneus frios e a proximidade de Hulkenberg levaram o alemão a passar com relativa facilidade para o comando antes da curva 2. Após isso, o piloto alemão não foi incomodado até ao final, onde venceu pela terceira vez consecutiva e consolidou a liderança, agora com 57 pontos, mais quinze que Romain Grosjean.

A segunda corrida do fim de semana da GP2 acontecerá amanhã de manhã.

Formula 1 - Ronda 10, Hungaroring (Qualificação)

Quando se pensa em Hungaroring, pensa-se em algo aborrecido, chato, previsivel, onde para querer vencer a corrida é importante partir da pole-position. Ora, parece que hoje foi tudo... menos previsivel! O sistema de "live timing" avariou, e o poleman é... Fernando Alonso! Bateu Sebastien Vettel e Mark Webber, que por sua vez bateram Lewis Hamilton, no seu McLaren, demonstrando que os carros de Woking estão a melhorar a cada Grande Prémio que passa, e o Williams de Nico Rosberg, o sexto. Jenson Button vai partir da oitava posição na grelha.


Para piorar as coisas, Felipe Massa teve um violento embate quando falhou a travagem numa das curvas do Hungaroring, saindo em frente e batendo no muro dos pneus a alta velocidade. A razão? Uma peça de 12 centímetros, proveniente do carro de... Rubens Barrichello, que atingiu o seu capacete e o colocou KO! Foi transportado para o hospital, onde aparentemente só sofreu um hematoma na cabeça e encontra-se no hospital em observação. Rubens Barrichello, que esteve com Massa pouco depois do embate, descreveu o seu estado à Rede Globo:


"Ele estava muito agitado pois tinha um corte na cabeça, mas estava a falar muito, o que denotava nervosismo, e por isso acharam por bem levá-lo para o hospital para mais exames. Ele já se queria levantar, e por isso, deram-lhe um calmante ", referiu o piloto da Brawn GP. Felipe Massa está no hospital e já foi confirmado que não vai correr amanhã.


Quanto ao resto... Rubens Barrichello, os Toyotas e os BMW foram, de uma certa forma, os grandes derrotados de hoje. O Rubinho, provavelmente por causa da tal peça que lhe escapou do seu carro, e os Toyotas de Glock e Trulli, ficaram atrás de Sebastien Buemi, que no seu Toro Rosso faz a sua melhor posição do ano, saindo da 11ª posição. Robert Kubica é o que está na pior posição de todos, falhando a Q2 e partindo da 19ª posição, apenas à frente do novato Jaime Alguersuari. Quanto a Nelson Piquet Jr, no dia em que comemora o seu 24º aniversário natalício, o 15º lugar na grelha pode ter sido o golpe final nas suas hipóteses de continuar na Renault para o resto da época. Veremos...


Para finalizar, Jaime Alguersuari. O catalão da Toro Rosso não foi um empecilho, mas também não deslumbrou. O último lugar da grelha é o resultado previsivel para o piloto mais novo de sempre na Formula 1, e veremos como irá cumprir a sua missão nas (agora) agitadas paragens hungaras, num dia para recordar por muitos anos... e não choveu!

Walter Cronkite e o jornalismo do século XX (3ª parte)




Walter Cronkite acompanhava apaixonadamente a exploração espacial, especialmente a ida do Homem à Lua. Desde os primeiros tempos que relatava, com visivel emoção, as conquistas e as tragédias que acionteciam durante as várias missões nos programas Mercury, Gemini e Apollo. curiosamente, não foi ele que relatou a tragédia da Apollo 1, em 1967, mas sim Mike Wallace, que se tornou famoso por um programa que apareceu mais tarde, o "60 Minutos".




A 16 de Julho de 1969, tudo estava a postos no Cabo Kennedy para conseguir o que é, provavelmente, a maior realização em tempo de paz no século XX: a chegada do Homem à Lua. Cumprindo o desejo de John F. Kennedy, que tinha declarado sete anos antes "We choose to go to the Moon till the end of this decade and do the other things, not beacuse they are easy, bu because they are hard", o governo norteamericano tinha gasto centenas de milhões de dólares para construir um poderoso foguete, com uma cápsula, onde colocou três astronautas, que iriam colocar os pés no solo de outro corpo celeste, nomeadamente no satélite do planeta Terra.




Seguido por mais de 500 milhões de pessoas no mundo Ocidental, isto era o auge de uma corrida espacial iniciada doze anos antes pela União Soviética, quando colocou em órbita o satélite "Sputnik". Com os americanos feridos no seu orgulho (quatro anos depois sofreriam outro desaire, quando Yuri Gagarin se tornou no primeiro homem no Espaço), apontaram para o maior dos objectivos até ao final da década. Nesse dia estava tudo pronto para que o foguete Saturno V pudesse impulsionar os astronautas Neil Armstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins para fora da orbita da Terra e rondar a superficie da Lua.





A CBS, claro, montou um gigantesco esquema para acompanhar todos os detalhes da missão. E Walter Cronkite acompanhou, como enviado especial ao Cabo Canaveral, acompanhado por um especialista, outro astronauta, Walter Schirra. Observando o lançamento, esteve quase em permanência durante os quatro dias em que demoraram para chegar à Lua, e pilotar o módulo LEM "Eagle" até à Mar da Tranquilidade, o local da aterragem. Com poucos segundos de combustivel e a pericia de Armstrong e Aldrin, tudo correu bem, e ele pode dizer "Daqui Tranquilidade. A Águia aterrou". Nesse momento, Cronkite ficou visivelmente contente.


Mas mais emocionado ficou quando Armstrong deu aquele primeiro passo na Lua. Tão emocionado que... perdeu a famosa frase. Só a ouviu pela metade, o "Um pequeno passo para o Homem..." Depois é que lhe disseram o resto: "...um grande salto para a Humanidade".


(continua)

GP Memória - Austria 1999

Quinze dias depois do acidente de silverstone, e com Michael Schumacher a recuperar da sua fractura na perna, a Ferrari tinha de achar um substituto para o resto da temporada, e concentrar-se em Eddie Irvine, para que ele tentasse alcançar aquilo que a Ferrari procurava há quase vinte anos: o título mundial de pilotos. Sem Schumacher, presumia-se que seria o piloto de testes, Luca Badoer, o natural substituto. Mas com ele na Minardi, a Scuderia decidiu ir buscar outro piloto. O escolhido foi o finlandês Mika Salo, que já tinha andado no inicio da temporada pela BAR, para substituir o brasileiro Ricardo Zonta, também magoado num acidente em Interlagos.

Irvine seria o piloto escolhido para desafiar Mika Hakkinen, que estava a tentar revalidar o título de pilotos para a McLaren, e tinha David Coulthard para o proteger da concorrência. Mas com o facto de Irvine ter sido prejudicado em algumas corridas no inicio da temporada, isso significaria que chegar ao título era agora uma tarefa mais difícil.


Na qualificação, a primeira fila era, sem grandes surpresas, da McLaren. Mika Hakkinen era melhor do que David Coulthard, enquanto que na segunda fila, Eddie Irvine tinha a seu lado o Jordan de Heinz-Harald Frentzen. Na terceira fila estavam os Stewarts de Rubens Barrichello e Johnny Herbert, com o segundo Ferrari de Mika Salo e o Williams de Ralf Schumacher na quarta fila. A fechar o "top ten" estavam o BAR de Jacques Villeneuve e o Benetton de Alexander Wurz, que corria "em casa".

A partida corre bem para os McLaren na primeira curva. Mas na segunda, a Remus Kurwe, acontece algo raro: Coulthard coloca fora de pista... Mika Hakkinen. Esse desentendimento faz com que o escocês fique na liderança, mas em termos de campeonato, Irvine saia a lucrar. Um pouco atrás, mais confusão: Salo bate em Herbert, e ambos são obrigados a irem para as boxes, ficando no final do pelotão.


Com isso, Coulthard fica na frente de Barrichello e Irvine. As coisas andam mais ou menos assim até aos primeiros reabastecimentos, enquanto que Hakkinen faz uma prova de recuperação. Na volta 39, Coulthard vai reabastecer, mas tem problemas e sai atrás de Irvine. A corrida estava decidida, e o irlandês ia a caminho da sua segunda vitória do ano. Atrás destes dois estava Barrichello e um cada vez mais rápido Mika Hakkinen.


Na volta 50, o finlandês alcança finalmente o terceiro lugar, e é esse a ordem final do pódio. Poucas voltas depois, o motor de Barrichello explode, perdendo três pontos quase garantidos. Frentzen herda a situação, seguido de Wurz e o Sauber de Pedro Paulo Diniz. Essa seria a ordem final da corrida.


No final do fim de semana austriaco, a diferença entre Irvine e Hakkinen tinha agora ficado reduzido a apenas dois pontos, e apesar de faltar muitas corridas até ao final da temporada, as coisas estavam mesmo ao rubro. e dali a uma semana, no circuito alemão de Hockenheim, poderia haver novidades na liderança...


Fontes:

Santos, Francisco: Formula 1 1999/2000, Ed. Talento, Lisboa, 1999


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sobre Jaime Alguersuari, no jornal Público

Não é muito frequente ler sobre Formula 1 num jornal generalista português, mas acontece. O jornalista Hugo Daniel Sousa, do Público, coloca hoje um extenso artigo de duas páginas no Caderno P2 sobre o espanhol Jaime Alguersuari, que como sabem, vai bater este domingo o recorde de precocidade do neozelandês Mike Thackwell, establecido em 1980. O artigo fala também dos receios de outros pilotos sobre a sua precocidade e falta de experiência num "cockpit" de Formula 1, e tem algo que desconhecia: Jaime Jr. é filho de Jaime Alguersuari, o homem que fundou há dez anos atrás a Open Telefónica by Nissan, actualmente a World Series by Renault.

Eis a transcrição completa do artigo:

Jaime Alguersuari

Um rapaz de 19 anos está pronto para a Fórmula 1



24.07.2009, Hugo Daniel Sousa


O piloto mais novo de sempre senta-se hoje ao volante de um monolugar de F1. Os especialistas dizem que ele está tecnicamente preparado. Falta saber se psicologicamente aguenta a pressão. O pai do jovem catalão destaca ao P2 que o filho vive uma situação inédita: chega à F1 com zero quilómetros de testes. A aposta em Alguersuari é também um sinal do nosso tempo, em que os pilotos chegam cada vez mais cedo ao topo.


Jaime Alguersuari começa hoje a maior aventura da sua vida. O piloto espanhol vai sentar-se pela primeira vez a sério num carro de Fórmula 1, durante os treinos livres do Grande Prémio da Hungria, que se realiza depois de amanhã, nos arredores de Budapeste. Se não houver nenhum azar de última hora, entrará no domingo para a história da Fórmula 1, ao tornar-se o mais jovem piloto de sempre a participar numa corrida. Terá 19 anos, quatro meses e três dias (nasceu em Barcelona a 23 de Março de 1990).

Bater o recorde do neozelandês Mike Thackwell, que em 1980 participou no Grande Prémio do Canadá com 19 anos, cinco meses e 29 dias, é, por si, só notícia. Mas há algo que torna a história de Alguersuari ainda mais especial. É o próprio pai do piloto da Toro Rosso que o diz em conversa telefónica com o P2. "A verdade é que o meu filho chega à Fórmula 1 com zero quilómetros de experiência", explica Jaime Alguersuari (pai). "Isto é inédito. Nunca aconteceu antes, porque também nunca aconteceu não haver testes de Fórmula 1", explica o pai do piloto, criticando a proibição de as equipas efectuarem testes durante a temporada, que entrou em vigor este ano.

Jaime Alguersuari (filho) só conduziu carros de Fórmula 1 em duas situações, ambas muito diferentes de uma corrida. "Fez algumas provas aerodinâmicas no centro técnico de Idiada, mas era apenas ir e voltar numa recta", conta ao P2 o pai do piloto. A outra circunstância foi "um roadshow no Autódromo de Portimão [em Novembro do ano passado], num carro não oficial, com um motor V10 [dos antigos]": "Nada disso tinha a ver com uma corrida de Fórmula 1." Chegados aqui, impõe-se a pergunta: um jovem de 19 anos (ou este piloto em particular) tem maturidade para assumir a condução de um monolugar com 800 cavalos (cv) de potência, oito vezes mais do que um carro normal? A resposta é sim, mas...

Primeiro o karting

"Um miúdo como o Jaime tem experiência para guiar um F1. No aspecto técnico, de velocidade, não há problema, especialmente se tiver um percurso anterior de karting ao mais alto nível até aos 14 anos e quatro ou cinco anos de Fórmulas, em que se conduzem carros com 500 cavalos", argumenta Nuno Couceiro, agente de vários pilotos. "Resta é saber se o Jaime, ou outro jovem, tem maturidade mental para fazer a gestão de corrida, porque uma corrida de F1 é algo muito sério", acrescenta.

Como muitos jovens pilotos da actualidade, Alguersuari passou pelo karting de alto nível e depois continuou a carreira nas Fórmulas, competições de acesso à F1. Começou pela Fórmula Renault 2.0 (com carros de 150 cv), seguiu para a F3 britânica (carros de 210 cv em que se sagrou o mais jovem campeão) e agora estava (e quer continuar, estando até agendada a sua presença no Algarve, entre 30 de Julho e 1 de Agosto) na Fórmula Renault 3.5 (já com monolugares de 425 cv). Pelo meio, entrou para o programa de jovens pilotos da Red Bull (Junior Team), depois de um teste no Autódromo do Estoril, em 2005.

Paulo Pinheiro, director do Autódromo do Algarve, sublinha que "a parte técnica não é a principal preocupação", porque os carros que Alguersuari conhece já dão grande "sensibilidade a um piloto". Mesmo assim, Filipe Alburquerque, piloto português que até conviveu com o catalão na equipa júnior da Red Bull, defende que este é um salto grande. "No habitáculo do carro ele vai sentir a diferença, porque os F1 são muito mais rápidos, 10 a 12 segundos, do que os monolugares da World Series by Renault [Fórmula Renault 3.5]."

Felipe Massa, piloto da Ferrari, juntou-se ontem ao debate e considerou "errado" alguém estrear-se tão cedo. Massa, que começou aos 20 anos, relembrou o seu caso pessoal. "Era muito inexperiente para saber que alterações pedir no carro e cometi muitos erros", disse o brasileiro, avisando que Alguersuari pode "queimar-se muito depressa".

Além da técnica, coloca-se ainda a grande questão psicológica. "A pressão vai ser enorme, porque estará no meio dos melhores 20 pilotos do mundo", defende Paulo Pinheiro. Em declarações ao El País, Fernando Alonso (bicampeão mundial) defendeu que o compatriota "está mais do que preparado" para a estreia: "Sou defensor de se começar o mais cedo possível, na F1 ou em qualquer outro desporto, porque assim há mais tempo para evoluir."

O pai de Jaime Alguersuari enfrentou a pergunta do P2 sobre a maturidade de uma forma curiosa: "A Toro Rosso diz que escolheu o mais maduro dos pilotos da equipa júnior da Red Bull e todos os outros eram mais velhos do que Jaime. E digo mais - a equipa júnior começou em 2001 e até agora passaram por lá cerca de 120 pilotos. Apenas quatro (Vettel, Buemi, Brendon Hartley e Jaime) estiveram mais de quatro anos no programa. Quando me pergunta se um miúdo de 19 anos está maduro, é essa a minha resposta", argumentou o pai do catalão, chamando a atenção para as 116 corridas que o filho já fez.

A máquina promocional por trás de Alguersuari está apostada em provar que ele é muito mais do que um rapaz de 19 anos com jeito para conduzir. Num documento que distribuiu à imprensa, e a que chamou Jaime, em traços gerais, o jovem piloto é descrito como sendo "maduro para a idade", "inteligente e reflexivo". Mas o rapaz sociável, que frequentemente é visto a estudar nos aeroportos e nos comboios, que se preocupa com a alimentação, que tem uma imagem da Virgem de Macarena no interior do capacete, e que faz questão de se afirmar 100 por cento catalão, é também "frio" em competição, capaz de um "grande controlo sob pressão". "Na minha vida nada foi fácil", diz no mesmo documento. "Desde os 15 anos que compito com pilotos mais velhos do que eu e que, provavelmente, são a melhor geração de sempre do automobilismo mundial."

Ser precoce é moda

A estreia de Alguersuari baterá mais um recorde na Fórmula 1, sendo mais uma prova da tendência de os pilotos chegarem ao topo cada vez mais cedo. Basta olhar para o actual leque de pilotos da competição. A média de idades (27, 25 anos) até engana, porque ainda resistem alguns veteranos, como Rubens Barrichello (37 anos), Giancarlo Fisichella (36) ou Jarno Trulli (35). Mas a maioria destes homens entrou na Fórmula 1 muito cedo. Para sermos mais rigorosos, apenas três dos actuais pilotos (Kovalainen, Webber e Sutil) chegaram depois dos 23 anos. Alonso estreou-se com 19, Vettel também. Massa, Rosberg, Button e até Barrichello tinham apenas 20 anos, quando se iniciaram ao volante na mais importante competição automobilística do mundo.

A grande diferença é que nos últimos anos se acentuou a tendência para a aposta na juventude e quase todos os recordes de precocidade foram batidos. Em 2008, Lewis Hamilton tornou-se o mais jovem campeão mundial de sempre (23 anos e 300 dias). No mesmo ano, Sebastian Vettel tornou-se o mais novo a ganhar uma corrida (21 anos e 73 dias) e o mais jovem a conquistar uma pole position (21 anos e 72 dias). Um ano antes, o mesmo alemão tinha conseguido mais dois recordes: ser o mais jovem a obter pontos na Fórmula 1 e o mais novo a liderar uma corrida, pelo menos durante uma volta. Em 2006, também tinha caído outro recorde: Nico Rosberg transformara-se no mais jovem a estabelecer a volta mais rápida.

Todos estes dados servem para mostrar que a Fórmula 1 está mais jovem do que nunca. Porquê? Os especialistas dão explicações fáceis de compreender. "Estes rapazes começam cada vez mais cedo nos karting, que são hoje competições muito violentas. Ganham depois tarimba nas Fórmulas menores. Um bom piloto aos 16 ou 17 anos, como aconteceu com Nico Rosberg, pega num Fórmula 1 e faz tempos aproximados aos dos pilotos oficiais", justifica Paulo Pinheiro, director do Autódromo do Algarve.

Nuno Couceiro, que gere a carreira de vários pilotos, e Filipe Albuquerque acrescentam mais duas razões. Uma é que a aposta em jovens permite que, no auge físico (23 ou 24 anos), os pilotos já tenham muita experiência. O outro motivo é financeiro. "O salário de um jovem piloto é muito mais baixo e alguns até pagam para correr", explica Nuno Couceiro. Além disso, Alburquerque salienta que os jovens "normalmente arriscam mais, são mais destemidos".

O lobby e o marketing

Jaime Alguersuari beneficia desta tendência pró-juventude, mas também há razões particulares na origem da ascensão do jovem catalão. O talento, claro, é uma delas, ou não fosse Jaime campeão britânico de F3 e campeão espanhol de karting. Nuno Couceiro acrescenta outras duas justificações: "Uma é a Red Bull [dona da Toro Rosso] poder dizer que tem o piloto mais jovem de sempre, que é importante em termos de marketing. Outra é captar a [petrolífera espanhola] Repsol, principal patrocinadora de Alguersuari. Como o Jaime, há algumas dezenas de pilotos. Temos dois portugueses com capacidade para estar na F1, que são Álvaro Parente e Filipe Albuquerque", defende Nuno Couceiro, regressando à velha questão da falta de peso de Portugal.

Alguersuari, porém, é alheio a tudo isto. Concretizou o que qualquer piloto deseja. Atingir a Fórmula 1, onde chega com um estatuto especial. A precocidade garante-lhe mediatismo, mas também uma enorme pressão. "Os olhos de todos estarão em cima de Jaime, não para saber se o faz bem ou mal, mas simplesmente para saber se o consegue fazer", diz o pai. Alguersuari terá, assim, um teste de fogo, embora o objectivo principal seja mesmo o de aprender. Os responsáveis da Toro Rosso também não esperam nada de especial nas primeiras corridas. "Tenho consciência de que enfrento um desafio difícil, mas não me preocupa. Sei o que se espera de mim e o que posso fazer na F1", disse o piloto esta semana. E, embora o lema de Alguersuari seja "hasta la victoria siempre" (frase de Che Guevara, de que é grande admirador, que tem no site oficial), o pai do piloto não quer fazer comparações com Fernando Alonso ("o melhor"), nem apontar como objectivo fazer melhor do que o 12º lugar que o asturiano conseguiu na sua estreia na Fórmula 1. Para Alguersuari (pai), o grande objectivo de Alguersuari (filho) é acabar a corrida. "As melhores características dele são a inteligência e a capacidade de terminar a corrida. Eu comparo isso a fazer maionese, em que é preciso bater insistentemente sem deixar talhar."

Fazer maionese neste é caso é ter a paciência de aprender em corrida e apagar a inexperiência. Diz o pai: "Se Jaime acabar os oito Grandes Prémios deste ano, e fizer mais os 3000 quilómetros de pré-temporada no Inverno, chegará a Austrália 2010 [primeira prova do ano] com 19 anos, mas já com 10.000 km de F1." E então poderá pensar em algo mais do que terminar a corrida.

GP2 - Ronda 7, Hungria (Qualificação)

Depois da Formula 1, vieram os treinos da GP2, onde Lucas di Grassi conseguiu finalmente a sua primeira pole-position do ano, batendo o russo Vitaly Petrov, e Alvaro Parente não foi muito feliz nesta pista, ao conseguir apenas o 14º melhor tempo. Pior, pior, ficaram o seu companheiro Karun Chandhok, que irá partir da 20ª posição da grelha, e Romain Grosjean, que bateu no seu compatriota Franck Perera na sua primeira volta lançada e irá partir da última posição.


"A equipe mudou um pouco o carro da última corrida para cá e ganhamos performance. Dava até para ser mais rápido, mas está ótimo - logicamente! Largar na pole position é fantástico", afirmou Di Grassi à imprensa. Quanto à hipótese de repetir a vitória alcançada no ano passado, o piloto da Racing Engeneering é cauteloso: "Estamos bem, mas treino é treino, corrida é corrida. Sei que estamos fazendo um bom trabalho aqui, mas a GP2 é muito competitiva. Estamos animados, mas vamos ficar contentes mesmo só se estivermos em primeiro depois da bandeirada. Até lá, tem que levar muito a sério se quiser vencer", concluiu.


No caso do piloto português da Ocean, depois de ter efectuado um bom tempo na sessão da manhã, ao ser quinto classificado, o transito e os problemas de motor prejudicaram um pouco na sua busca por um melhor tempo, especialmente na sua última volta rápida, onde um piloto mais lentou estragou a sua tentativa, ficando a 932 centésimos de Lucas di Grassi.


Esta foi uma qualificação muito complicada. O carro perdeu alguma eficácia com a subida da temperatura do asfalto, mas pior que isso foi o tráfego e a bandeira vermelha logo no início da sessão. Dei sempre o meu máximo, mas na volta em que estava a ser mais rápido apanhei um piloto na última curva, o que me impediu de melhorar a minha marca”, afirmou o piloto do Porto, em declarações captadas pelo seu blog oficial.


Quanto à corrida, Parente tem consciência das suas dificuldades em obter pontos amanhã à tarde: “Não será fácil obter uma boa classificação em Hungaroring, dado que aqui é preponderante ter uma boa posição na grelha de partida. No entanto, espera-se que amanhã esteja mais fresco, o que nos permitirá replicar o bom andamento que evidenciámos nos treinos-livres. Se isto se verificar, poderemos, com a ajuda de uma boa táctica de corrida, alcançar os pontos”, salientou.

Noticias: Barrichello admite parar em 2010

No mesmo fim de semana onde se baterá um recorde de juventude em termos de pilotos, há um veterano que já perspectiva o final da sua carreira: Rubens Barrichello admitiu hoje no Hungaroring que 2009 pode ser a sua última temporada na Formula 1, apesar de ainda ter vontade em correr.


"Adoro este desporto, tenho feito isto ao longo de 17 anos. 95 por cento dos meus sentimentos dizem-me para continuar. Adoro isto, sinto que ainda tenho muita rapidez em mim, mas cinco por cento dizem-me 'porque é que precisas disto?'", afirmou Barrichello ao site F1-Live.com.



algo que está na minha cabeça, mesmo que seja só cinco por cento, mas o próximo ano ainda está muito longe para decidir alguma coisa", acrescentou o piloto brasileiro da Brawn GP.


Barrichello, actualmente com 37 anos, começou a sua carreira na Formula 1 no GP da Africa do Sul de 1993, ao serviço da Jordan, equipa onde esteve até 1996. Passou para a Stewart em 1997, onde ficou por três temporadas, antes de dar o salto para a Ferrari, em 2000, secundando Michael Schumacher. Saiu no final de 2005, passando para a Honda, que até ao final de 2008, altura em que esta abandonou a competição, convertando-se na Brawn GP. A caminho do seu 281º Grande Prémio, é o piloto que mais vezes alinhou na história deste desporto.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

5ª Coluna: Triunfos e Tragédias do Automobilismo

A 5ª Coluna desta semana já está no ar no sitio onde ela costuma ser publicada, o site da SCN Sportcanal. Lá falo sobre os acontecimentos do passado fim de semana, e em termos de Formula 1 foquei mais sobre as entradas e saídas que aconteceram no pelotão e referi as dúvidas que tenho sobre o novo recruta da Toro Rosso, Jaime Alguersuari. Eis um excerto:



(...) É um pouco cruel lançá-lo às feras numa altura destas, ainda mais sabendo que está numa época de aprendizagem na World Series by Renault, onde conquistou no Domingo passado o seu primeiro pódio na categoria. Creio que ele vai ter a sua oportunidade cedo demais, na minha opinião, mas tem muito mais experiência do que conduzir um Formula 1 em linha recta. Aliás, foi ele que inaugurou o Autódromo do Algarve em termos de monolugares, numa demonstração a bordo de um Toro Rosso. E outra coisa: não creio também que seja outro prodígio na Formula 1, como foi Sebastian Vettel. Apesar de ter palmarés, como campeão da Formula 3 britânica em 2008, não demonstrou ter algum talento fora do vulgar. E creio, até, que ele não vai fazer grande número nas provas que faltam correr. Arrisco até que vai ser um “Thackwell II”… (...)



Também falo sobre a morte de Henry Surtees e a segurança nos dias de hoje. Para ler o artigo completo, podem seguir neste link.

Noticias: Massa acha um erro lançar Alguersauri na Formula 1

A substituição de Sebastien Bourdais pelo espanhol Jaime Alguersuari, a meio da temporada, está a lançar algumas ondas negativas por parte de alguns pilotos de Formula 1, devido à sua juventude e consequente inexperiência, que poderá fazer com que este salto demasiado cedo seja prejudicial ao piloto. O brasileiro Felipe Massa acha mesmo que esta substituição é um erro:


"Para mim, ele é demasiado jovem. Quando cheguei à Fórmula 1 tinha apenas 20 anos e para mim também foi demasiado cedo. Eu era demasiado inexperiente para explicar aquilo que queria do carro por isso cometi alguns erros. É verdade que tive um carro muito difícil de pilotar, mas de qualquer forma não foi fácil para mim", afirmou Massa à imprensa no Hungaroring, onde já prepara o GP da Hungria, que decorrerá este fim de semana.


"Mas mesmo para mim, e posso dizer que foi demasiado cedo no meu caso, fiz todo o Inverno de testes, por isso tive muitos testes na Formula 1. Ele nunca pilotou um carro de Fórmula 1, apenas o pilotou numa recta ou o que quer que seja. Para mim, está errado. Não é bom para ele. Penso que poderá queimar-se muito depressa", acrescentou.


"Talvez ele tenha um talento incrível e faça muito melhor do que toda a gente pensa, mas penso que não é bom para ele. Estou surpreendido que uma equipa coloque uma pessoa assim no carro. Para mim, está errado", concluiu o piloto brasileiro, vice-campeão do Mundo em 2008.

Noticias: Alain Prost quer ser dirigente da FIA

Depois da sua carreira bem sucedida como piloto, e mal sucedida como dono de equipa, Alain Prost quer ser agora dirigente. A ideia é de fazer parte da estrutura da FIA, ao lado de Jean Todt. Numa entrevista ao site sport365.com, afirmou as suas intenções:


"Ari Vatanen é um bom candidato, mas o Jean é um óptimo candidato. A desvantagem do Jean é que alguns Construtores não vêem com bons olhos a sua candidatura, mas a verdade é que para além do desporto há ainda os clubes, a segurança, a mobilidade, o ambiente, portanto uma enorme quantidade de trabalho.", começou por referir.


"Penso que poderão surgir novos candidatos, mas excluo por completo a hipótese de estar entre eles. Especialmente com o Jean como candidato, pois nunca me candidataria contra ele. Contudo, se há algo que poderia justificar-se seria um papel ligado à área da F1 e restante desporto, mas temos de esperar para ver como tudo evolui nos próximos meses. Pode acontecer ficar ao lado de Jean todt, mas isso é uma questão que não fica decidida num dia.", concluiu o tetra-campeão do mundo.


Alain Prost encontra-se fora do "paddock" da Formula 1 desde o final de 2001, altura em que a sua equipa de Formula 1 se extinguiu sem honra nem glória, tendo decdicado nos últimos tempo a correr nas corridas de gelo do Troféu Andros, ao volante de um Toyota Auris, bem como acompanhar a carreira do seu filho Nicolas Prost, actualmente um dos pilotos da A1GP França.

Um tributo a Jackie Stewart, o Escocês Voador




É certo e sabido que Jackie Stewart é um dos grandes de sempre do automobilismo mundial. Aos 70 anos de idade, e 35 anos após a sua retirada de competição, os seus feitos como piloto e como paladino pela segurança são sempre recordados por todo e qualquer admirador de automóveis. Pode-se dizer que existe muita gente que deve agradecer a ele por estar viva hoje: afinal, muito do que foi feito em prol da segurança tem o seu cunho, como já expliquei detalhadamente no mês passado, quando publiquei a sua biografia.


Ao contrário do normal, este video não é do prodigio finlandês Antti Kalhola. É de um hungaro que responde pelo "nick de MasterCsizi, mas é um pouco mais velho do que Antti. tem 21 anos. E no video tem uma frase do Jackie, que se definia a si prório da seguinte forma "Nunca pensei em mim próprio como o melhor para ganhar. Aliás, sempre pensei que todos os outros eram melhores do que eu, que iriam bater-me". Modesto, humilde ou disléxico, Jackie Stewart tem assegurado o seu lugar no Olimpo do Automobilismo.

GP Memória - Grã-Bretanha 1984

Passaram-se quinze dias desde o GP de Dallas, que tinha decorrido sob forte calor e um asfato desfeito, e muito tinha mudado no pelotão da Formula 1. Depois de terem analisado o carro de Martin Brundle dois Grandes Prémios atrás, em Detroit, e verificaram que o carro corria abaixo do peso regulamentar, reslveram desclassificá-lo. Mas não ficara por ali. Ao verificar também as esferas de chumbo que os carros levavam nos depósitos de água, uma ilegalidade, a FISA decidiu aplicar a decisão mais radical de todas: banir a Tyrrell da Formula 1 nesse ano e retirar todos os pontos que tinham conquistado até então: treze, acompanhados de dois pódios.

Ken Tyrrell decidiu apelar da decisão, e enquanto esperava pela sentença do Tribunal de apelo da FIA, foi-lhe permitido correr em Brands Hatch. Foi aí que apresentou o substituto de Brundle, magoado em Detroit: o sueco Stefan Johansson, que alinharia ao lado de Stefan Bellof. A Osella, que ainda comemorava o seu quinto lugar conquistado por Piercarlo Ghinzani, colocou um segundo carro para o austriaco Jo Gartner, que tinha alinhado em San Marino. Brands Hatch foi também o local onde foi anunciada uma nova equipa, que iria alinhar a partir de 1985, com base em Itália e palmarés na Formula 2: a Minardi.


Em Brands Hatch, os treinos foram marcados pelo drama: o Toleman de Johnny Cecotto perdeu o controle numa das curvas do circuito e destruiu a sua frente, causando graves fracturas nas pernas do piloto venezuelano. Seria a sua última corrida na Formula 1, pois não mais regressou. No final da qualificação, o melhor foi Nelson Piquet, no seu Brabham-BMW, que teve a seu lado o McLaren-TAG Porsche de Alain Prost. Na segunda fila ficou o segundo McLaren de Niki Lauda, que teve a seu lado o Lotus-Renault de Elio de Angelis. Na terceira, o Williams-Honda de Keke Rosberg ficava ao lado do Renault de Derek Warwick. A quarta fila tinha o Toleman de Ayrton Senna, que superara o segundo Lotus de Nigel Mansell. Para fechar o "top ten" ficaram o Ferrari de Michele Alboreto e o segundo Renault de Patrick Tambay.


No dia da corrida, que agora era ao Domingo, Piquet partiu melhor, seguido de Prost, De Angelis e Lauda, mas a meio da primeira volta, quando os carros estavam a fazer a Graham Hill Bend, houve carambola. O Alfa Romeo de Riccardo Patrese tenta ultrapassar o Williams de Jacques Laffite. A operação é mal sucedida e o italiano despista-se, fazendo com que o seu companheiro, o americano Eddie Cheever, se tivesse de desviar. Só que atrás dele, o RAM de Philippe Alliot não o evita e voa por cima do carro. Stefan Johansson e Jo Gartner bateram na barreira de pneus. No final da primeira volta, quatro pilotos já estavam KO...

As correram nornalmente até á volta onze, quando Prost tentou ultrapassar Piquet para a liderança, e conseguiu. Lauda repetiu a façanha uns metros adiante, em Druids. Só que nesse mesmo momento, o RAM de Jonathan Palmer sofre de um problema de suspensão e bate forte. O carro ficou numa posição perigosa e a corrida teve de ser interrompida. A segunda largada obdeceria à mesma ordem da volta onze, o que significaria que Piquet largaria na frente.


Quando isso aconteceu, Prost levou a melhor e chegou á liderança, com Piquet e Lauda atrás. Os dois Renault e os dois Lotus vinham a seguir, e depois era Alboreto, Senna e o resto do pelotão. Poucas voltas depois, Lauda passa Piquet e os McLaren ficavam sozinhas na frente. Até à volta 37. Aí, Lauda passa facilmente Prost, e verifica-se que o francês tem problemas para engatar uma marcha na sua caixa de velocidades. Prost vai à boxe para não mais sair, deixando o austriaco na liderança.


Piquet perseguia Lauda, e parecia ficar com o segundo lugar, mas a três voltas do fim, o carro tem problemas de Turbo e atrasa-se, colocando Derek Warwick na segunda posição, a bordo do seu Renault. Ayrton Senna completava o pódio, o seu segundo da carreira. Elio de Angelis e os Ferrari de Michele Alboreto e René Arnoux completavam o pódio.


quarta-feira, 22 de julho de 2009

Walter Cronkite, amante de automóveis



Falecido na passada sexta-feira aos 92 anos, Walter Cronkite foi um dos jornalistas mais icónicos do século XX. Ao longo dos próximos dias irei mostrar a sua presença nos momentos que definiram boa parte da segunda metade do século XX na América e no mundo.


Mas antes de ser o "pivot" da CBS Evening News, Cronkite era um simples jornalista da CBS, de onde estava desde 1950. Fez diversos programas para o canal de TV, e uma delas é particularmente interessante, que descobri esta noite no Saloma do Blog: uma reportagem sobre o automobilismo, emitida no inicio de 1962. Lá tem imagens de Lime Rock e do GP do Mónaco de 1961, corrida ganha por Stirling Moss. Ironicamente, quase 50 anos depois, Moss é um dos poucos sobreviventes desse tempo, a par de Jack Brabham.


Mas se julga que fez esta reportagem por obrigação profissional, está errado. Cronkite era um entusiasta de automóveis e nos anos 50 visitava frequentemente o "paddock" das 500 Milhas de Indianápolis. E mais: foi um distinto piloto, especialmente em corridas de Endurance. Correu em Lime Rock e Watkins Glen, e a sua coroa de glória foi quando guiou nas 12 Horas de Sebring em 1959, ao voltante de um Lancia Appia Zagato, onde foi quinto classificado na sua classe.


O seu entusiasmo por desporto era mais do que evidente, não só no automobilismo: foi o "pivot" da CBS quando este transmitou dos Jogos Olimpicos de Inverno de 1960, que decorreram na estância americana de Squaw Valley, na Califórnia. Pouco depois, abandonou a carreira competitiva no automobilismo para ser o "pivot" da CBS Evening News, cargo que ocupou até 1981.


Mais uma razão para eu admirar este homem...

A luta pelo poder na FIA, vista pelo Autosport português

Como já referi na noite de segunda-feira, quando mostrei a capa do Autosport desta semana, o assunto mais "sumarento" é a luta pela sucessão de Max Mosley, que vai abandonar o poder em Outubro, após 18 anos á frente dos destinos do automobilismo mundial. Já se perfilaram dois candidatos: o finlandês Ari Vatanen e o francês Jean Todt, apoiado por Mosley. Personalidades completamente diferentes, já trabalharam juntos nos anos 80 na Peugeot, quando Vatanen era piloto e Todt o seu director desportivo. Agora, nesta luta pelo poder, estão em lados opostos. E a reportagem do Luis Vasconcelos demonstra, entre outros motivos, como andam as coisas nesta "contagem de espingardas" até Outubro...

PORQUE MOSLEY APOIA TODT

Jean Todt vai ser o candidato de Mosley contra Vatanen na batalha pela presidência da FIA, depois do inglês ter confirmado que não se recandidatava.


Como já era esperado, Jean Todt anunciou a semana passada a sua candidatura á presidência da FIA. Um anuncio que foi feito 24 horas depois de Max Mosley ter confirmado aos clubes que não iria tentar ser reeleito, depois de 18 anos à frente dos destinos da Federação e de ter, no mesmo documento, aconselhado o voto no seu laiado francês.


Já na semana passada tinhamos dado conta deste acordo, bem como o facto de Todt estar em plena campamnha eleitoral, pois passou alguns dias em Africa, em contacto com um bom numero de clubes locais, na tentativa de angariar apoios. em contrapartida, Ari Vatanen ainda não saiu da Europa, depois de ter iniciado a sua campanha há dez dias, mas tem nos homens dos maior clube do mundo - o American Automobile Association - os seus principais aliados e promotores. Daí que parte do trabalho de sapa já esteja feito do lado do finlandês, enquanto que a estrutura da FIA está a trabalhar activamente para eleger todt no lugar de Mosley.


Uma situação que desagrada ao antigo campeão do mundo de ralies, que ficou espantado com a forma como Mosley deu o seu apoio público a Todt: "Eu represento a mudança de que a FIA necessita. O jean todt, em contrapartida, representa a velha guarda e não é correcto o Max tentar impor um novo lider, nem usar o poder da Federação para apoiar uma campanha. A FIA não é um reino, é uma República em que os líderes são eleitos democraticamente."


Se Vatanen ficou surpreendido com a atitude de Mosley, alguns dos seus principais apoiantes - mais experientes a lidar com o inglês e com Todt - já esperavam que as coisas se passassem desta forma e fizeram questão de avisar o nórdico para se preparar para uma campanha muito pouco digna, onde a compra de votos dos clubes mais pequenos vai ser a arma do seu opositor, como foi de Mosley face á moção de confiança que teve de enfrentar no ano passado.


MAIS CANDIDATOS NA CALHA


Mas ainda não é certo que Todt e Vatanen sejam os dois unicos candidatos à presidência da FIA, pois há quem pretenda que Michel Boeri [presidente da Federação do Mónaco] se candidate, e Mohamed Bin Sulayem [vice-presidente da FIA e presidente da Federação dos Emirados Arabes Unidos, para além de ser ex-piloto] também tem aspirações ao cargo, mesmo se com menos 15 anos que Todt, pode também aspirar a ser o seu sucessor, pois é também dos principais apoiantes de Mosley e está a ser sondado para fazer parte da equipa do francês.


Já outros potenciais candidatos - Tomczyk, Chandhok - vieram a público garantir não estarem interessados no cargo de presidente da FIA, mas sem terem ainda escolhido o candidato a apoiar. Mas já se percebeu que a base de apoio de Vatanen é superior à facção que se opôs a Mosley no ano passado, enquanto Todt não vai conseguir fazer o pleno junto de quem esteve do lado do inglês.


No paddock da Formula 1, a candidatura de Vatanen foi muito bem recebida, mas a possibilidade de Todt ser eleito está a deixar todos muito preocupados. O francês não deixou saudades nem amigos no "paddock", nem sequer na Ferrari, onde se teme que pretenda utilizar o seu cargo para causar dano a Montezemolo, pois a separação entre os dois homens que lideraram a Ferrari durante 13 anos foi tudo menos amistosa.


Luis Vasconcelos

Noticias: Bernard Arnaut ambiciona pódio em Misano

A Formula Renault 2.0 Itália volta á acção este fim de semana em Misano, o representante português da categoria, Bernardo Arnaut, 16 anos de idade e no seu ano de estreia nos monolugares, tem como grande ambição estrear-se no pódio da categoria. Apesar de não conhecer o traçado...


"Não conheço praticamente nenhuma das pistas deste Campeonato, por isso os treinos livres são importantes para ter o primeiro contacto e recolher informação necessária. Conto, nas duas horas disponíveis de treinos conseguir equilibrar o carro o melhor possível, para lutar durante a qualificação por uma boa posição na grelha. Neste campeonato, todos os pilotos têm um andamento muito semelhante, pelo que a posição na grelha é fundamental para fazer a diferença no resultado final da corrida", explicou o piloto.


"Tenho sempre procurado conseguir um lugar entre os cinco primeiros, mas penso já estar mais adaptado ao Campeonato e ao carro. Assim não me parece desmedido ambicionar em pódio. Espero que tudo corra bem, que a sorte esteja também do meu lado e que consiga pôr em prática os meus objectivos", concluiu.


Correndo pela equipa Co2 Motorsports, Bernardo Arnaut ocupa agora o oitavo lugar do Campeonato de Formula Renault 2.0 Itália, com 98 pontos. O seu melhor resultado nesta temporada foram três quintos lugares e tirando uma desqualificação na segunda corrida da Hungria, tem terminado sempre as corridas em lugares pontuáveis.

Walter Cronkite e o jornalismo do século XX (2ª parte)



(Continuação do capitulo anterior)


"Cheguei ao topo da montanha!"


Poucos dias se passaram, e a América ainda digeria a ofensiva do Tet, no Vietnam, quando a 4 de Abril, recebe outro choque: Martin Luther king, o homem que liderava o Movimento pelos Direitos Civis, tinha sido morto a tiro num hotel na cidade de Memphis, no Tenessee. O atentado ocorrera à tarde, e já tinha sido feito uma emissão especial dirigida por um jovem Dan Rather (que sucedeu 15 anos depois a Cronkite na CBS Evening News) logo, houve mais do que tempo para fazer directos da cidade, e recolher elementos sobre as ondas de choque que estavam a acontecer na América nesse dia, cujas tensões raciais latejavam, ainda por cima, em ano de eleições presidenciais, onde a América, envolvida até à medula pelo atoleiro que era a Guerra do Vietnam, também combatia nas ruas contra este envolvimento numa guerra injusta (recorde-se, em 1968, o recrutamento era obrigatório nos Estados Unidos).


No final daquele dia, Walter Cronkite, no seu CBS Evening News, resumia os acontecimentos desse dia. De maneira sóbria, mas decidida, e sobre o impacto que aquilo iria ter na sociedade americana. Entre as peças que se encontram neste vídeo, está uma declaração do então presidente Lyndon Baines Johnson, e uma parte do seu famoso ultimo discurso, onde afirmou que "tinha chegado ao topo da montanha". Palavras proféticas... Naquele ano tempestuoso de 1968, este era mais um episódio turbulento. Outros iriam surgir, infelizmente...




“E agora, rumo, a Chicago!”


O ano de 1968 já tinha chegado a meio, e o mundo andava em sobressalto. O Vietname era um atoleiro, Martin Luther King fora assassinado mês e meio antes, e a campanha presidencial desse ano estava ao rubro, não tanto como o que se passa hoje. A campanha, apesar de ter todos os moldes que tem hoje, o momento decisivo não era em Março, mas sim em Junho, com as Primárias na California. E como depois da renuncia de Lyndon Johnson, era uma corrida aberta entre democratas, enquanto que no campo republicano, depois do fracasso que foi o extremista Barry Goldwalter, escolhiam um candidato mais consensual, o ex-vice presidente Richard Nixon, que fora derrotado por John F. Kennedy oito anos antes.



No caso democrata, três nomes sobressaíam: o vice-presidente de Johnson, Eugene McCarthy, o senador do Minessota, Humbert Humpfrey e o Senador por Nova Iorque Robert Fitzgerald Kennedy (RFK). Fizera campanha prometendo que assim que fosse persidente, iria trazer os soldados para casa. Anti-guerra, mais liberal que o seu irmão, também tinha experiência governativa, como Secretário da Justiça, onde ficou mesmo depois da morte do seu irmão. Afastou-se do Governo para se candidatar a Senador por nova Iorque, onde ganhou. E em Março de 1968, desafiando Johnson, anunciou a sua presidência.


A luta era renhida, e RFK perdeu alguns estados para Humpfrey, e tudo se jogava naquela solarenga tarde de Junho. E outro candidato estava na liça, e o natural favorito: o então vice-presidente, Eugene McCarthy. Antes da eleição, McCarthy estava na frente, mas uma vitória decisiva, numa contagem onde era "winner takes all", mesmo com um voto a mais, para Kennedy, significava que estava numa posição de força para a Convenção Democrata, em Chicago, marcada para Agosto. E nessa altura, as Convenções eram para valer, e não o "show-off" que estamos habituados a ver, pois nessa noite, Johnson dera ordens expressas a McCarthy e Humprey para que se juntassem, no sentido de derrotar RFK na corrida presidencial.


E na noite em que RFK faz o discurso de vitória e diz "agora vamos para Chicago", parecia que ele tinha o impulso para conseguir um milagre, que era a nomeação democrata, contra Nixon. Mas o destino foi cruel: um desequilibrado de 21 anos de origem palestiniana, Shiran Shiran, aponta uma pistola à nuca de RFK e atinge-o mortalmente na cabeça. Resiste por um dia, mas morre na madrugada de terça-feira. O país estava mais uma vez em choque.
(continua no próximo episódio)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Alguersuari já tem experiência de Formula 1...




Para quem acha que a experiência de Jaime Alguersuari num Formula 1 é somente de linha recta, está enganado. É certo que ele não tem muita experiência em controlar um carro de Formula 1, deve ter o minimo exigivel para que lhe emitissem uma Super-Licença, e é certo que a sua estreia na competição está a ocorrer demasiado cedo na sua carreira (e eu sou um deles), mas se é a Red Bull que achou por bem largar a meio da temporada o francês Sebastien Bourdais, então, espero que se sujeitem às consequências da escolha.


Ao contrário da maioria, já vi Alguersuari dentro de um Formula 1. Onde e quando? Novembro do ano passado, aquando da inauguração do Autódromo de Portimão. O jovem piloto espanhol, recém-campeão da Formula 3 britânica, deu três voltas ao traçado português, tornando-se no primeiro a experimentar as sensações de conduzir naquele local a cheirar a novo. Ele gostou da experiência.


Agora veremos como vai ser a sério. Não creio que seja outro Vettel, mas espero também que não passe por vergonhas...

Noticias: Cosworth assegura competitividade dos seus motores

A Cosworth irá voltar à competição em 2010, fornecendo motores às três novas equipas de formula 1: Campos, Manor e USF1. Contudo, o facto de a marca estar de fora da Formula 1 desde 2006, logo, sem estar a par da concorrência, faz despertar dúvidas sobre a sua competitividade. Segundo o site português http://www.sportmotores.com/, os responsáveis da Campos consideram que o propulsor não é suficientemente competitivo, mas Tim Routsis, o presidente da empresa, garante o contrário: "Estamos confiantes de que os motores serão absolutamente competitivos", afirmou, em declarações captadas pelo site brasileiro Grande Prêmio.


A Cosworth esteve no centro de uma das disputas entre a FIA e a FOTA, nomeadamente devido ao facto da FIA ter permitido que eles pudessem ter um limite mais alto do que os restantes motores (20 mil rotações por minuto contra os 18 mil das restantes equipas), mas a preparadora assegura que no ano que vêm será competitivo, mesmo com este limite. "Sugerimos o limite de 18.000 rpm para acabar com uma tensão potencial e com um ponto de possível conflito", referiu.

O piloto do dia - Mike Thackwell

Esta semana, no autódromo de Hungaroring, a Toro Rosso vai estrear o espanhol Jaime Alguersuari, em substituição do francês Sebastien Bourdais. Com 19 anos e 125 dias, o piloto catalão irá bater um recorde com quase trinta anos: o de piloto mais jovem a participar numa corrida de Formula 1. Tal como neste caso, no actual detentor do recorde depositavam-se grandes esperanças de uma grande carreira na Formula 1, mas no final, nunca lhe foi concedida uma oportunidade a sério. Hoje falo do neozelandês Mike Thackwell.


Nascido a 30 de Março de 1961 em Auckland, na Nova Zelândia, Thackwell deu os seus primeiros passos aos 12 anos, no karting. Cinco anos mais tarde, em 1979, com 18 anos recém-completados, vai correr para a Formula 3 britânica e impressiona a tudo e todos, a bordo de um March 793 Toyota. Vence cinco provas e consegue mais três pódios, conseguindo 71 pontos e o terceiro lugar final, atrás do brasileiro Chico Serra e o italiano Andrea de Cesaris, futuros pilotos de Formula 1.


Assim sendo, passou para a Formula 2 em 1980, onde conseguiu um bom conjunto de resultados, terminando o campeonato na oitava posição, com 11 pontos. Contudo, mais do que os resultados, eram as suas prestações em pista que impressionavam os responsáveis das equipas de Formula 1. desde o inicio desse ano que lhe ofereciam oportunidades de guiar um dos seus carros. A Ensign lhe deu um lugar no seu carro, mas não aceitou. Em Agosto desse ano, a Arrows lhe deu a oportunidade de correr no GP da Holanda, para substituir o acidentado Jochen Mass. Thackwell fez o fim-de-semana qualificativo, mas falhou a entrada na grelha por muito pouco.


Contudo, as suas prestações atraíram a atenção de Ken Tyrrell, que lhe proporcionou um teste num dos seus carros. Após isso, deu-lhe um contrato para correr num terceiro carro nas duas últimas provas do ano, em Montreal e Watkins Glen. No GP do Canadá, esforçou-se e conseguiu o último lugar qualificativo, colocando de fora… o Ferrari de Jody Scheckter! Assim sendo, Thackwell, então com 19 anos e 182 dias, tinha batido um recorde com 18 anos, conseguido pelo mexicano Ricardo Rodriguez no GP de Itália de 1961, que tinha participado nessa corrida com 19 anos e 208 dias.


Contudo, a sua corrida foi de curta duração. Na primeira volta da corrida, houve confusão na frente, com Nelson Piquet e Alan Jones, então os contendores pelo título mundial daquele ano, e mais alguns carros ficaram pelo caminho, entre os quais, ele e o seu companheiro Derek Daly. A corrida foi interrompida, e Tyrrell não tinha peças suficientes para reparar ambos os carros, assim sendo, Ken Tyrrell priorizou Daly, fazendo com que não alinhasse na segunda largada.


Isso causa até aos dias de hoje alguma polémica: deve ser considerada como uma participação ou não. Alguns dizem que sim, e oficialmente, a participação de Thackwell em Montreal tem um DNF (did not finish) como resultado. Assim sendo, seria ele a deter o recorde. Mas há alguns que dizem que não, e assim sendo, o recorde pertenceria a Ricardo Rodriguez. Mas o consenso é que Thackwell alinhou na corrida canadiana e partiu.


Na prova seguinte, em Watkins Glen, Thackwell tentou a sua sorte, mas ficou de fora da corrida devido à pouca potência do seu motor Cosworth, que tinha menos 50 cavalos do que, por exemplo, os seus companheiros Daly e Jarier. Mas provou um pouco que tinha até velocidade para bater com os melhores, e um futuro brilhante pela frente. Volta para a Formula 2 em 1981, a bordo de um Ralt, e vence a primeira prova em Silverstone, foi segundo em Hockenheim, e todos afirmavam que ele seria o mais sério favorito ao título. Mas Thackwell sofre um sério acidente em Thruxton, que o coloca fora de combate durante alguns meses. Volta para conquistar algumas posições nos pontos, que o fazem classificar-se na sexta posição da geral.


Contudo, no final do ano, é dispensado da equipa, e com um “budget” limitado, vai correr pela Horag, em 1982, onde faz uma temporada difícil, e apenas consegue oito pontos e um pódio. Mas isso foi o suficiente para que Ron Tauranac, o patrão da equipa oficial da Ralt, lhe desse uma nova oportunidade em 1983, onde foi mais consistente e venceu uma corrida, terminando a temporada no segundo lugar, atrás do vencedor (e seu companheiro de equipa), Jonathan Palmer.


Em 1984, contudo, foi o seu melhor ano. Dominou completamente a temporada, chegando até a liderar em 70 por cento de todas as voltas percorridas nesse ano. Venceu em sete provas e o título de Formula 2 foi arrebatado com naturalidade. Iria ser o último campeão da Formula 2 sob esse nome, pois iria ser rebaptizada no ano seguinte como Formula 3000. Pelo meio, regressaria à Formula 1 em duas ocasiões: no Canadá (mais uma vez) pela RAM, para substituir o magoado Palmer, e na Alemanha, quando Stefan Bellof não podia guiar o “seu” Grande Prémio devido a um conflito de calendário com os Sport-Protótipos. No primeiro caso, Thackwell qualificou-se sem problemas, correndo até á volta 30, onde abandonou com problemas no Turbo. No GP alemão, numa Tyrrell que se via a braços com a polémica sobre o seu peso a menos e os chumbos no depósito de água, que lhe valeram a sua exclusão do campeonato, o neozelandês não se qualificou.


Contudo, estes iriam ser as suas últimas oportunidades na Formula 1. No final desse ano, ainda fez duas corridas pela Penske na CART, substituindo Rick Mears, que se tinha lesionado. Em 1985, sem oportunidades na Formula 1 a tempo inteiro, alinhou na Formula 3000, onde conquistou três vitórias e falhou por pouco o título, que foi para o alemão Christian Danner. No inicio de 1986, a RAM chamou-o de novo para que Thackwell pudesse fazer uns testes pela equipa, de modo a alinhar nessa temporada a tempo inteiro. Parecia que a sua oportunidade estava finalmente a chegar, mas a equipa retirou-se antes da temporada começar, deixando-o sem montada.


Assim, fez mais umas provas pela Formula 3000 em 1986, vencendo uma corrida, e virou-se para os Sport-Protótipos, correndo pela Jaguar e Sauber, tendo como melhor resultado uma vitória nos 1000 km de Nurburgring de 1986. Continuou a correr em 1987 nos Sport-Protótipos e na Formula 3000 até 1988, até que, com 27 anos, fartou-se do automobilismo de vez, cortando todos os contactos com o meio. Vive agora no sul de Inglaterra, onde após ter tido diversos empregos, gere agora uma loja de artigos de surf.


No final, deixo-vos uma frase tirada da sua biografia no site Formula One Rejects, e que pode servir de aviso aos jovens pilotos de futuro: “[Thackwell] provavelmente subiu demasiado depressa em tão pouco tempo, e foi sujeito às atribulações e desafios de uma competição tão dura como esta, numa altura em que não estava mentalmente preparado para isto. A sua carreira foi um puro desperdício de talento, mais muitas dos seus percalços foram responsabilidade sua.


Fontes:


http://es.wikipedia.org/wiki/Mike_Thackwell