domingo, 24 de janeiro de 2010

Pilotos pagantes e os orçamentos automobilisticos

A temporada de 2010 vai ser a primeira em muitos anos onde os pilotos pagantes irão aparecer em força. Podemos falar na crise económica, mas aqui pode-se dizer que o alargamento do pelotão não foi acompanhado do respectivo reforço nos orçamentos. Logo, as equipas, para completar os orçamentos, terão de ir buscar pilotos cujo talento por vezes é inversamente proporcional à carteira.
Amanhã, em principio, José Maria Lopez será anunciado como piloto da novata USF1, o primeiro argentino desde 2001 a participar na categoria máxima do automobilismo. Segundo se diz na Argentina, "Pechito" Lopez trará para a equipa de Ken Anderson e Peter Windsor cerca de oito milhões de dólares, metade dos quais serão do governo argentino, cortesia de um proeminente senador e antigo governador. Um tal de Carlos Reutmann... "Pechito" será provavelmente um piloto melhor do que Gaston Mazzacane, que passou pela categoria máxima do automobilismo com um palmarés digno de destaque no site "F1 Rejects". Mas ele tem um contra que precisa de resolver rapidamente: não corre num monolugar desde 2006, e o facto de ter ganho o campeonato local de Turismos pode dizer muito no seu país, mas esse é pouco visivel fora das suas fronteiras. Algo que tem de resolver rapidamente.

Outra personagem a caminho de um lugar na Formula 1 pode ser Vitaly Petrov. Mais um piloto vindo de um pais que não tem tradições automobilisticas, especialmente nos monolugares, mas têm uma enorme mala cheia de dinheiro. Fala-se de 15 milhões de dólares, fala-se de um pouco menos, mas aparentemente tem dinheiro suficiente para que a Renault, agora vendida a mais de 75 por cento a um capital luxemburguês, querer os seus serviços. Não é um cepo, pois foi vice-campeão da GP2 em 2008, mas ainda existem dúvidas quanto à sua capacidade. E há outro factor: se Petrov se confirmar, terá como companheiro de equipa... um polaco. E históricamente, os polacos querem muito ver russos para trás das costas. Claro, Robert Kubica tem talendo demonstrado, mas será que os rublos falarão mais alto?

A Campos deve ser o caso mais grave. Precisa urgentemente de dinheiro, pois parece que Bruno Senna não trouxe mais do que os seus patrocinios pessoais. E se Adrian Campos contava com o nome dele para conseguir mais dinheiro para pagar à Dallara para completar o orçamento... enganou-se. Queria Pastor Maldonado para o lugar, graças aos petrodólares da estatal venezuelana. Mas aparentemente, Maldonado, conhecido por ter um estilo de condução louco na GP2, está mais à espera de um bom volante do que um volante qualquer. Ou então, está à espera dos bons humores do Hugo Chavez para ver se sucede a Johnny Cecotto na lista de venezuelanos na Formula 1. Mas aqui, qualquer que seja o resultado, Campos precisa de dinheiro... para ontem.

Se forem ver bem, esta gente toda vai tentar competir em 2010 com um orçamentos baixos. Dinheiro suficiente para construir três ou quatro chassis, rezar para que os pilotos não os destruam, pagar as contas aos fornecedores, entre outros. A Virgin diz que vai gastar 45 milhões, a Lotus cerca de 55 milhões. Ambos estão em claro contraste com os 300 milhões que a Ferrari já anunciou gastar e os duzentos e poucos que a Mercedes planeia pagar durante a temporada de 2010. É certo que com 90 ou cem milhões, qualquer equipa pode fazer uma temporada bem razoável, mas a ideia de ver esta gente sem desenvolver os seus chassis durante o ano, e ver, por exemplo, diferenças de três ou quatro segundos entre a frente e o final do pelotão, vai ser dura. E em menos de quinze ou vinte voltas, os lideres começarão a lidar com as "chicanes móveis"...

Com este panorama, não auguro grande futuro às novas equipas e aos pilotos pagantes. Existirão excepções, é claro, mas começo a ver os exemplos do passado são um belo espelho do que poderemos esperar nos próximos meses, senão semanas: equipas a contarem os tostões para chegarem ao final da época, pilotos com uma carteira recheada, mas que raramente ultrapassam a última fila da grelha de partida, a substituirem outros pilotos que acabaram o dinheiro que tinham levado para poderem cumprir o sonho de andar na elite do automobilismo... sim, quando ver esta gente toda, vou recordar-me dos finais da década de 80, inicio dos anos 90.

E ainda nem sabemos se a Campos vai ou não alinhar no Bahrein...

3 comentários:

Rafael Dias Santos disse...

Perfeito Speeder!!! O Maria Lopez correu aqui do lado, na Argentina e eu nunca tinha ouvido falar. Vai penar para ser competitivo. Se bem que a USF1 por si só não deva ser. Particularmente eu torco muito pela Campos...sei que n vao participar da primeira rodada de testes...isso eh ruim!

Unknown disse...

a maior parte das equipes nacionais deverão com certeza ficar como anécdotas deportivas. mais ainda teremos que ver se as futras mudanças de regulamento (e Bernie adora mudanças de regulamento) não fazem ainda mais dificil evoluir o carro ao longo da temporada, em cujo caso veremos campeonatos definidos ao inicio

Fernando Kesnault disse...

E preteriram a Lola e a Prodive (Aston Martin) por estas "porcarias" assemelhadas à Andrea Moda, como pode?? E os pilotos então?? Bruno Senna?? Nossa é fraquinho de tecnica e braço.