quarta-feira, 6 de outubro de 2010

GP Memória - Europa 1985

Duas semanas após Spa-Francochamps, a Formula 1 estava de volta com o GP da Europa, a ser disputado no circuito britânico de Brands Hatch. Havia duas alterações no pelotão da Formula 1, com Niki Lauda a ausentar-se desse fim de semana, pois recuperava do pulso lesionado na corrida belga, e para o seu lugar foi chamado uma velha cara da equipa, John Watson. Aos 39 anos e após dois anos de ausência, Watson fazia uma perninha pela marca. Na Tyrrell, um segundo carro com motor Renault foi equipado, e um mês após a morte de Stefan Bellof, decidiu-se que no seu lugar ia um piloto italiano que se dava muito bem na Formula 3000, cujo nome era Ivan Capelli.

Nos bastidores discutia-se sobre a possibilidade das equipas boicotarem ou não o GP da Africa do Sul, dado que a FISA estava a ser pressionada pelos vários governos, um pouco por todo o mundo, para que evitassem a passagem por aquele país, cujas leis eram regidas sobre o principio da separação das raças, o "apartheid". Apesar das ameaças, o GP sul-africano, que seria disputado dali a quinze dias, iria realizar-se na mesma.

Na qualificação, o melhor foi o Lotus-Renault de Ayrton Senna, tendo a seu lado o Brabham-BMW de Nelson Piquet, numa primeira fila totalmente brasileira. Na segunda fila estavam os Williams-Honda de Nigel Mansell e Keke Rosberg, enquanto que o novato Philippe Streiff espantava toda a gente ao conseguir o quinto tempo, à frente de Alain Prost. Marc Surer era o sétimo na grelha, no segundo Brabham-BMW, seguido pelo Renault de Derek Warwick. Elio de Angelis era o nono e Jacques Laffite fechava o "top ten", no décimo posto.

Na partida, Senna larga bem, mas Rosberg larga mal, e Prost é apanhado desprevenido por isso e sai pela relva, perdendo algumas posições. No final da primeira volta era 14º, logo, tinha de recuperar o suficiente para chegar aos pontos, se queria resolver a questão do título ali mesmo. Entretanto, o finlandês tinha recuperado o terreno perdido e já era segundo classificado no final da segunda volta, atrás de Senna.

Na sexta volta, Rosberg tenta passar Senna na Curva Surtees, mas o piloto da Lotus não deixou e o finlandês despistou-se, batendo em Piquet, que não podia evitar o Williams. O piloto da Brabham desistiu na hora, enquanto que Rosberg foi às boxes, perdendo praticamente uma volta e deixando o segundo lugar nas mãos de Mansell, que foi atrás de Senna. Quando o finlandês voltou à pista, esperou para que Senna estivesse atrás dele para o bloquear da melhor maneira possivel, para permitir a aproximação de Mansell, e na nona volta, o britânico conseguiu passar o brasileiro. Com isto feito, Rosberg começou a fazer uma corrida de recuperação.

Quem fazia isso desde há algum tempo era Prost, que tinha chegado ao sexto posto ao final da oitava volta. Era nesse posto que estava quando na volta 13, o Ferrari de Michele Alboreto começou a pegar fogo devido a uma quebra no seu Turbo. Assim, com a desistência do seu rival, bastava um quinto posto para que o francês celebrasse o seu primeiro título. Quando lá chegou, descansou, esperando ganhar mais alguma coisa com as desistências dos outros.

Por essa altura, Laffite e Surer eram os reis da corrida, com o francês a chegar ao quarto posto na volta 35, altura em que o piloto suiço, que estava na sua frente, passa Senna para o segundo lugar. Logo a seguir, Laffite faz o mesmo, mas para para colocar pneus novos na volta 51. Logo, começou a fazer uma corrida de recuperação que terminaria quatro voltas depois, com o motor rebentado. Nessa altura, Surer ia a caminho de um pódio mais do que certo, no segundo lugar, mas na volta 63, o seu Turbo cedeu.

No final, Mansell conseguia aquilo que poucos acreditavam: uma vitória. Logo na Grã-Bretanha, logo em Brands Hatch. Aos 32 anos, e na sua quinta temporada completa, aquele era o dia que Mansell tinha sonhado há muito, mas que parecia não mais chegar. Ayrton Senna foi o segundo e Keke Rosberg ainda teve forças para chegar ao terceiro posto, a uma volta do vencedor. Mas no pódio subiria mais um piloto: Alain Prost, o "eterno segundo", depois de ter perdido dois títulos em anos seguidos, tinha conseguido o título mundial, o primeiro ganho por um francês. Demorou 35 anos, mas aconteceu. Os restantes dois lugares pontuáveis foram ocupados pelo Lotus de Elio de Angelis e pelo Arrows de Thierry Boutsen.

Fontes:

http://www.grandprix.com/gpe/rr418.html

http://en.wikipedia.org/wiki/1985_European_Grand_Prix

1 comentário:

Anónimo disse...

A grande esperança de terminar com o jejum de títulos da Itália na Fórmula 1 acabou no início da prova com uma enorme fumaça e sendo acompanhado de fogo saindo no aerofólio traseiro da Ferrari número 27 de Michele Alboreto.

Notas:

- última prova na carreira de John Watson na Fórmula 1;
- última vez que Elio de Angelis pontuou na carreira e
- 20ª vitória da Williams na categoria (até então).