quinta-feira, 4 de novembro de 2010

5ª Coluna: Entendendo os planos futuros da Hispania

Na tarde em que a Hispania anunciou a substituição do japonês Sakon Yamamoto pelo austriaco Cristian Klien, as coisas que li na blogosfera sobre os planos futuros da Hispania me fazem voltar a falar sobre o caso, acreditando na tese de que a voltaremos a vê-la correr em 2011.

Já explanei algumas razões para tal esta terça-feira. Primeiro, o facto de ter deixado de ouvir, desde Monza, noticias sobre o seu fecho iminente - e já lá vão dois meses - e claro, as noticias de um tal acordo com a Toyota para adquirir o chassis TF110, bem como o acordo com a Williams para comprar o sistema de caixas de velocidades que a equipa do Tio Frank usa. E hoje, o jornalista britânico Joe Saward explica o que anda por detrás dessas noticias.

Confesso que gosto muito de ler o Joe. Pelo facto de ser um "insider" com a paciência para ser esclarecedor em relação aos assuntos do momento e conseguir explicar mais um bocado no que se passa dentro desse mundo opaco que é a Formula 1, é alguém que consegue ser uma enorme referência do jornalismo automobilístico actual. Pelo menos para mim.

O Joe fala de duas coisas para sustentar a sua tese: o facto de hoje em dia, devido às restrições em relação aos testes, qualquer equipa poder subalugar instalações para desenvolver os seus projectos de chassis (ele dá os exemplos do túnel de vento da Sauber e da Williams), e o facto da existência por parte do Grupo Carabante da vontade de continuar a dar dinheiro para este projecto, afirmando que a HRT não pode viver do dinheiro de Sakon Yamamoto para sempre (isso foi escrito antes da noticia da substituição do japonês por Christian Klien).

Tentando entrar na cabeça de Kolles, o que a HRT deve querer fazer em 2011 é construir um chassis, através da ajuda de Geoff Willis e dos técnicos que trabalham na Toyota, colocando o motor Cosworth e o sistema da caixa de velocidades da Williams. Para fazer isso, o preço é mais barato do que, por exemplo, comprar o chassis TF110 e adaptá-lo para encaixar a caixa de velocidades e o motor Cosworth. E o Joe fala que a diferença entre essas duas opções de 3 para 1, com o chassis pronto a custar 30 milhões...

Mesmo que o chassis seja feito pelo preço mais baixo possivel, com trabalhos feitos por engenheiros "freelance" e subcontratar o trabalho a firmas exteriores, que dispensariam, por exemplo, uma estrutura física como têm actualmente as outras equipas, o problema é saber se as pessoas que estão na frente do projecto estarão dispostas a continuar a alargar os cordões à bolsa. É certo que o dinheiro das transmissões televisivas ajuda a compôr o orçamento - daí a razão pelo qual o Tio Bernie ter "gritado" recentemente contra as equipas novas - e a entrada de um piloto pagante também iria resolver os problemas para 2011. Mas esse piloto pagante teria de ter os bolsos bem fundos, como os 20 milhões que aparentemente, Pastor Maldonado irá dar para correr na Williams em 2011. E se isso acontecer, poderia suportar a contratação de alguém como o veterano Pedro de la Rosa...

Em suma, acredito que a Hispania correrá na próxima temporada. Não deverá passar do fundão, é certo, mas se a esperteza de Colin Kolles fora a semelhante daquela que teve em 2007 nos tempos da Spyker, pode ser que conseguirá arranjar alguém para comprar a equipa. Afinal, compradores não deverão faltar e correr na Formula 1 é tentador e tem uma exposição que vale milhões...

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