terça-feira, 16 de novembro de 2010

Fazendo de "advogado do Diabo"

Esta semana não deverá haver nenhuma publicação que coloque em grande plano Sebastian Vettel, a Red Bull ou um carro de Formula 1 na capa. As razões são simples: era o final de uma longa temporada, era um duelo a três entre Vettel, Mark Webber e Fernando Alonso, e a própria Formula 1 é um desporto de massas, ao contrário de, por exemplo, o Mundial WRC de Ralis, que também terminava este final de semana, com o final de uma era no WRC, mas ali, o campeão Mundial estava decidido desde há muito tempo, e era o do costume: Sebastien Löeb.

Contudo, esta tarde, quando via a capa do Autosport desta semana, não deixava de ver os comentários que se começavam a escrever sobre a escolha que a revista tinha feito. A grande maioria das pessoas contestava-a, afirmando que deveriam ter colocado, por exemplo, o Armindo Araujo, que tinha vencido pela segunda vez consecutiva o Mundial na categoria de Produção. E à medida que as horas passavam, a coisa agigantava-se, com a esmagadora maioria dos comentários a serem de cariz negativo.

Vou ser honesto: há muito tempo que larguei os Fóruns automobilisticos, sejam eles de revistas, jornais ou outros. Acho que isso não é mais do que palcos para meia dúzia de pessoas mandarem bocas idiotas, e quando vais ler, descobrimos de 90 por cento daquilo que se escreve por ali é lixo. Aliás, confesso já nem saber quando é que alguém sensato escreveu por ali.

Então, porque é que estou a gastar o meu querido Latim a falar sobre este caso? Porque não consegui ficar calado. Acho que algo com bom senso, feito por profissionais, está a ser atacado por um bando de pessoas que não sabem do que dizem. Pessoas que cospem para o ar sem saberem do que falam, atacando a capa de uma revista só porque queriam que aprecessem em grande plano o carro de Armindo Araujo ou o António Felix da Costa e menosprezando o facto que este Domingo houve a decisão do mundial de Formula 1. E como se alguém quisesse um título do género "Armindo bicampeão" e em letras pequenas ou quase inexistentes, "Vettel campeão do Mundo"... com todos o devido respeito, essas pessoas não dizem nada de jeito. Aliás, tenho a sensação que tais pessoas não devem ter cérebro nenhum.

Se fosse editor da revista mantinha a capa tal qual como estava. Porquê? Por causa da sua importância: era a decisão do Mundial de Formula 1, um duelo disputado a três com um "joker" chamado Lewis Hamilton, algo que seria decidido este Domingo. Se colocasse o Armindo na capa, em grande plano, a comemorar o seu bicampeonato, podeia ser bonito e maravilhoso para os corações nacionalistas, mas para o geral, ninguém racional compreenderia a razão de tamanho "tiro no pé" na escolha da capa. Sejamos honestos: a Formula 1 é superior aos ralis, e o título do Armindo é, infelizmente, de uma categoria menor. E para mais, o ano passado, o Autosport deu o devido destaque quando ele alcançou o seu primeiro título.

Agora, pergunto eu, e é para o geral: para quê a existência de caixas de comentários nas revistas e jornais? Se a ideia é querer fazer "ouvir o povo", diga-se desde já que nunca verão as pessoas mais educadas por ali. Se a ideia é fomentar o debate, conseguiram, mas para o pior: o nivel é muito baixo, os ataques sob anonimato são frequentes, e afastam mais as pessoas do que aproximam. Aliás, noventa por cento que se lê por aqui é lixo! As posições politicas, morais, clubisticas e automobilisticas fizeram-me desde há muito chegar à conclusão que isto nada acrescenta ao nosso conhecimento e nosso esclarecimento, antes pelo contrário.

Portanto, fazendo de "advogado do Diabo", eu digo "bravo" ao Autosport, pois eles é que estão certos e os adeptos estão errados. Mais do que não ceder a nacionalismos bacocos, é uma questão de perioridade. Remando contra a maré, eu digo que a Autosport fez uma boa escolha. E se não gostam de Formula 1, problema deles. Aliás, porque não compram as outras revistas como a Testdrive, por exemplo? Decerto que deverão trazer as capas que andam a reclamar...

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