domingo, 12 de dezembro de 2010

Emerson Fittipaldi, por Ararê Novaes e a experiência do Lotus 56 turbina

Hoje comemora-se o 64º aniversário natalicio de Emerson Fittipaldi, o homem que marcou uma página dourada na Formula 1, na Indy e no automobilismo brasileiro, como piloto e construtor. Como todos vão colocar imagens dele no seu Lotus 72, ou noutra máquina qualquer, colocar videos do Youtube e outras coisas, resolvi divulgar aqui uma coisa que o desenhista Ararê Novaes anda a fazer: desenhos de todas as máquinas que os campeões do mundo brasileiros de Formula 1 já conduziram. E agora anda a fazer as máquinas de Emerson Fittipaldi, depois de fazer o mesmo a Ayrton Senna e a Nelson Piquet.

Em vez de escolher um Lotus 72, perferi o Lotus 56 Turbina, uma estranha máquina que Colin Chapman, sempre num espirito experimentalista, decidiu colocar nas corridas de Formula 1, após uma experiência nas 500 Milhas de Indianápolis de 1968, marcada pela morte de um dos seus pilotos, o britânico Mike Spence.

Fittipaldi experimentou o carro em duas ocasiões: na Race of Champions de Brands Hatch, e no famoso GP de Italia, em Monza, onde foi um discreto oitavo classificado. Fittipaldi descreveu certa vez a sua experiência com o Lotus 56 Turbina na prova de Brands Hatch como "uma das mais emocionantes da sua carreira automobilistica".

"O momento mais emocionante de todas as experiências que tive até agora com o Lotus-Turbina 56B foi o que passei durante os treinos para a Corrida dos Campeões, em Brands Hatch. Colin Chapman sabia que o problema dos freios ainda não tinha sido resolvido e que por isso dificilmente eu teria condições de lutar pelos primeiros lugares.

Clay Regazzoni com um carro excelente e andando muito bem, acabou vencendo com sua Ferrari 312 B2. Mesmo assim era preciso correr. E logo nas primeiras voltas do treino, com a pista molhada pela chuva, o Turbina 56B se havia mostrado insuperável: com tração nas quatro rodas, eu podia acelerar fundo que ele não se desiquilibrava como nos Formulas 1 normais, de tração nas rodas traseiras. Mas a chuva parou e na pista seca eu tinha de usar os freios cada vez mais, ao mesmo tempo em que ia perdendo nas curvas a vantagem que conseguia nas retas."

"Como os freios estivessem perdendo a eficiência, parei e pedi aos mecânicos que reajustassem as pastilhas das rodas traseiras. Logo depois lamentei isso. Saí e, quando comecei a frear no fim da reta em descida, as rodas traseiras travaram, o carro virou ao contrário na pista e começou a correr de ré a 280 Km/h. Sem poder fazer outra coisa, virei a cabeça para trás e tentei mantê-lo na pista, correndo como estava. Consegui isso por algum tempo, até que a velocidade foi baixando e ele saiu para a grama. A turbina nem chegou a desligar e eu pude continuar para o boxe, com as pernas bambas por causa do susto."

"Isso, aconteceu na sexta-feira, que havia amanhecido chuvosa e muito fria. com esse tempo, como eu vi depois, o Turbina rende muito mais do que os outros Formula 1. Tive uma prova disso logo nas primeiras voltas, quando consegui o segundo melhor tempo, atrás somente de Jackie Stewart. Mais tarde a chuva parou e os outros carros começaram a descontar na pista seca a vantagem que eu havia conseguido na chuva. Principalmente por causa dos freios, normalmente ruins, que pioravam à medida que esquentavam. Meu tempo havia caido muito e no fim dos treinos acabei ficando em sétimo lugar."

(...)

"O dia da corrida, 21 de março, amanheceu nublado, mas sem chuva. Isso acabou com as minhas esperanças. Só cinco dias antes da prova é que Colin Chapman me havia avisado de que eu correria com o Turbina 56B nesse domingo, dia 21 de março. Ele teve boas razões para precipitar a estréia: haveria uma excepcional cobertura jornalística e a Gold Leaf, patrocinadora da equipe, gostaria do lançamento."

"Pouco antes da largada eu pensava no lado negativo dessa estréia: os freios eram ruins e estavam com pastilhas novas, porque as do treino não resistiriam até o fim da corrida. Eu teria de tomar mais cuidado no início para que elas assentassem. Além disso, pela primeira vez o tanque estava com o máximo de 200 litros de querosene e a suspensão esbarrava em dois pontos do circuito." (...)

O resto da experiência pode ser lido no blog Scuderia Brazil, que trata sobre os feitos dos pilotos brasileiros, e algo mais...

E quanto ao Emerson... feliz aniversário e que faça muitos mais!

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