quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A fanfarronice de Kolles e a agenda politica de Montezemolo

Numa altura sem noticias, as declarações que andei a ler hoje do Colin Kolles e do Luca de Montezemolo, para além das do Eric Boullier, demonstram um pouco a escassez de noticias que há por este periodo natalício. O recurso aos "soundbytes" do dia, ditas pelos intervenientes num jantar de Natal qualquer, onde toda a gente come e bebe a mais, ou seja, num ambiente propenso a dizer disparates, e depois temos aquilo que se vê um pouco por todas as revistas, sitios e blogs. Mas no meio desses "soundbytes", se formos ver as coisas para além do óbvio, existem sempre intenções escondidas nesses declarações.

Vamos começar pelo Colin Kolles. Quando ele diz que as suas performances foram o que foram por causa dos seus pilotos, sabe que à partida, 95 por cento das pessoas irão rir-se dele, mas sabe também que esses 95 por cento irão dizer algo do género "o senhor é um fanfarrão". Não porque Bruno Senna, Cristian Klien, Karun Chandhok e Sakon Yamamoto sejam maus pilotos, mas porque a máquina era definitivamente má. Desculpar a máquina e culpar os pilotos só me faz pensar que este tipo não tem cérebro e apagar da nossa memória o facto de, por exemplo, andar com afinações de Monte Carlo em Monza. Mas como em principio, a equipa está à venda, pode ser que seja uma forma de "conversa de vendedor" para convencer o trouxa... perdão, o potencial comprador, que está a adquirir uma máquina vencedora, se tiver os pilotos certos. Esperto, senhor Kolles. Afinal de contas, está a vender um lugar, o resto é secundário, desde que fique na nova estrutura...

Depois, chegamos ao Luca de Montezemolo. Ele não gosta de Max Mosley e não perde uma oportunidade para o atacar. A conversa do terceiro carro, que defende desde 2008, veio uma vez mais à tona por causa das novas equipas, e ele afirma mais uma vez que "seria uma oportunidade melhor ter um terceiro carro do que ver carros que sofreriam até mesmo na GP2. É uma ideia que defenderemos com força novamente no futuro".

Toda a gente sabe, mais ou menos, que perfere ter seis ou sete equipas, com três carros cada um, que preencheria melhor a grelha do que doze equipas, algumas a andar pior do que outras. Mas parece estar num outro mundo quando defende isso, porque um carro a mais significa mais engenheiros, mais mecânicos, mais componentes, etc... para além do piloto em questão, aumentando os custos de manutenção. Em suma, perferiria gastar 600 milhões de dólares por época contra a McLaren, Red Bull, Mercedes... e mais quem? Não veria a Williams, Renault ou Sauber com três carros. E esse terceiro carro pontuaria para o Mundial de Construtores? Em suma, Montezemolo deve sonhar com os anos 50 ou algo assim...

É uma ideia que ninguém deve querer, provavelmente. A tendência é fazer mais por menos, e isso é uma medida antisocial, se perferirem. Mas há coisas que disse serem verdadeiras, como a restrição dos testes e os novos circuitos. Mas também temos de entender isto como um ganho de confiança, agora que certas regras que a Ferrari abominava foram abolidas. Com Jean Todt ao leme, e as propostas que ele lançou, apesar de ter feito num jantar de Natal, logo, mais animado do que o normal, não podem ser vistas como ligeireza. Até podemos encarar isto como a "agenda politica de Montezemolo" para influenciar a Formula 1: apagar as leis de Max Mosley e voltar a ser aquilo que tinha sido no inicio da década: uma Formula Ferrari, agora com Fernando Alonso ao volante.

Ainda houve mais uma do Dany Bahar, o da Lotus Cars, mas me não dou ao trabalho de reproduzir. O Eric Boullier já fez esse trabalho antes, e já estou mais do que convencido que nesta guerra de comadres entre Bahar e Tony Fernandes, toda a gente sabe que destes dois estão numa de "antes quebrar que torcer". E a maioria acredita que o suiço, que nas suas passagens anteriores pela Red Bull e Ferrari não colecionou amigos, está numa estratégia sem um verdadeiro sustento financeiro. E toda a gente sabe no meio que não é nenhum Dietrich Mateschitz.

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