segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

No meio disto tudo...

No meio desta salganhada da Lotus Cars ter comprado um parte - não sei com que dinheiro, mas foi - e das salganhadas das cores da Lotus Cars e da Team Lotus, esquecemos de ver que isto foi uma forma da Renault, como equipa de Formula 1, sair de fininho. Sim, 25 anos após a sua primeira retirada da Formula 1, em 1985, e oito anos depois da sua reentrada na formula 1, após comprar a equipa Benetton, e de conseguir dois títulos mundiais, com Fernando Alonso, a Renault vai-se embora da Formula 1 pela segunda vez, ficando apenas como fornecedora de motores à Red Bull, Lotus e... Renault-Lotus.

Muita gente associou esta "saída de fininho" com o "crashgate", mas também coloco outro factor: o seu director, Carlos Ghosn, não gosta de Formula 1. Aliás, para brasileiro, é muito esquisito. Digo isto porque o seu vice-presidente é um português, Carlos Tavares, e pelo que se fala, eles falam entre si... em inglês. Estranho, odeia a língua portuguesa ou quer manter a prática do inglês? Para mim, cheira-me a excêntricidade.

Indo para além das esquisitices de Ghosn, via-se que ele queria fazer as coisas à sua maneira, ou seja, não queria sair pela porta pequena depois de um escândalo, que fizesse perigar a Formula 1 e desse uma péssima reputação à sua marca. Para além disso, havia uma clausula no actual Pacto de Concordia que obriga às equipas que o assinaram a ficar na Formula 1 até 2012. A Toyota não assinou e foi-se embora no final de 2009, a BMW assinou, mas foi-se embora no final do ano, mas para manter as aparências, devolveu a equipa a Peter Sauber e permitiu a manutenção do nome em 2010. E Ghosn decidiu usar a mesma tática para a equipa sediada de Enstone, com a entrada em cena da Lotus-Proton, que anda numa "shopping spree" no sentido de estar em todo o lado, com o dinheiro que não tem.

E claro, em 2011, a Renault irá lá estar... mas só em nome. A Lotus comprou os 25 por cento da Renault por cem milhões de dólares, e provavelmente poderá comprar uma parte (senão todo) o capital adquirido no final de 2009 pela Genii Capital, de Gerard Lopez. É que Lopez teve problemas de liquidez ao longo de 2010, que o fez depender dos bancos para poder pagar as dívidas, e agora tem de arranjar dinheiro para pagar ao banco lituano Snoras Bank (julgavam que eles estavam nos flancos do carro só por amor ao automobilismo?) até, creio eu, metade do ano de 2011, sob pena do banco ficar com a equipa, pois foi essa a garantia que Gerard Lopez deu.

Curiosamente, um dos donos da Snoras Bank (67 por cento da capital, na realidade) é um multimilionário russo, Vladimir Antonov. Actualmente com 35 anos, e com uma fortuna pessoal de 300 milhões de dólares, é um entusiasta dos automóveis, e dono de 30 por cento da holandesa Spyker, que no inicio do ano, adquiriu a sueca Saab à General Motors. Antonov tem dinheiro, é certo, e tem mais garantias financeiras do que a Proton e Dany Bahar, mas caso tudo falhe... será que este russo poderia tentar a sua sorte na Formula 1? Por incrivel que pareça, este senhor, mesmo indirectamente, é a melhor garantia de futuro que o pessoal de Enstone têm. E se calhar é outra garantia de vida para Vitaly Petrov e outros pilotos russos...

Em suma: a Renault (e Ghosn) livraram-se de um "activo tóxico", agora resta saber quem será a pessoa que transformará esse "activo tóxico" em algo mais saudável.

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