sábado, 9 de janeiro de 2010

Bólides Memoráveis: Lotus 91 (1982-83)

Este é o último carro projectado durante a vida de Colin Chapman. O último carro da era efeito-solo e o último a usar motores Cosworth, antes da era Turbo. Foi também o carro que lhe deu a sua primeira vitória desde 1978, e que deu uma última alegria, depois das más experiências com o Lotus 88 de chassis duplo. O seu regresso ao básico, com um desenho simples, aproveitando bem o efeito-solo, fez que a imagem da marca na Formula 1 fosse parcialmente recuperada. Mas ao mesmo tempo, este carro introduzia alguns elementos novos, como a fibra de carbono, sendo um dos primeiros a usar esse composto. O Bólide Memorável de hoje é o Lotus 91, de 1982.

Depois das más experiências de 1981, nomeadamente o genial (mas ilegal) Lotus 88 de chassis duplo, e o Lotus 87, mais convencional, mas desenhado à pressa e como rescaldo das lutas entre Chapman e a FISA, de Jean-Marie Balestre, decidiu desenhar um chassis mais simples no sentido de conservar uma certa competitividade num mundo em mudança, onde os motores Turbo começavam a ganhar ainda mais proeminência, face ao motor Cosworth que equipava os seus carros. A caixa de velocidades era da Hewland, e todos os seus componentes tinham sido desenhados no sentido de serem fáceis de arranjar e de montar pelos mecânicos.

Desenhado por Chapman, ajudado por Martin Ogilvie e Tony Rudd, o chassis era inspirado não só no maldito modelo 88, mas também no Williams FW07, o carro que tinha ditado as modas nas duas últimas temporadas. As inovações, porém, estavam no seu interior: era o primeiro chassis totalmente feito em fibra de carbono, uma experiência que a McLaren tinha iniciado com o chassis MP4/1, no ano anterior. Para além disso, o Lotus 91 foi também o primeiro a usar travões de carbono, uma moda iniciada pela Brabham, e também por um controlo hidráulico das suspensões, um primeiro passo rumo à ideia da suspensão activa, cujos componentes electrónicos começaram a ser testados no mesmo dia em que Chapman morreu, em Dezembro daquele ano.

O chassis esteve pronto apenas no GP do Brasil, a segunda prova do campeonato, e foi usado pelos seus pilotos, Nigel Mansell e Elio de Angelis. Em Jacarépaguá, o piloto inglês acabou no terceiro lugar, depois das desclassificações de Nelson Piquet e Keke Rosberg, e Elio de Angelis acabava frequentemente as corridas nos pontos, terminando a temporada com 23 pontos e o sétimo lugar na classificação geral. Um grande feito, num carro aspirado.

Contudo, este carro era bom em circuitos de alta velocidade, como Hockenheim, Zeltweg ou Monza, e foi no circuito austríaco que aconteceu o melhor momento da temporada: o piloto italiano resistiu aos ataques finais do Williams de Keke Rosberg, depois de ter herdado a liderança com a desistência de Alain Prost, com o seu Renault. Na última curva, Rosberg tentou uma última vez tirar a liderança ao piloto italiano, mas acabou por perder por pouco menos de meio carro. 0.050 segundos, para ser mais preciso.

Nessa semana, Colin Chapman tinha anunciado que fechara um acordo com a Renault para fornecer motores para as próximas três temporadas. Com a abolição do efeito-solo, um conjunto de novas possibilidades abriam-se para a Chapman e a Lotus poderem explorar. Contudo, Chapman, via-se com problemas na sua empresa, nomeadamente o escândalo da De Lorean, onde tinha feito um acordo com o empresário americano, que tinha também acordado a construção de uma fábrica de automóveis na Irlanda do Norte, com subsídios governamentais, e que acabou falida no final desse ano. Com todas essas pressões, Chapman não resistiu a um ataque cardíaco na madrugada de 15 de Dezembro de 1982, aos 54 anos.

Este foi também o modelo que deu uma chance a Roberto Moreno de se estrear na Formula 1. Quando Nigel Mansell se lesionou no pulso, Moreno, então com 23 anos e o piloto de testes da marca, teve a sua primeira oportunidade de guiar na Formula 1. Contudo, nunca tinha guiado um “carro-asa”, e não teve grandes oportunidades de correr ou testar, antes do fim-de-semana holandês. Logo, não conseguiu qualificar-se.

"Eu era piloto de testes deles, já pelo segundo ano, e o Mansell se machucou, quebrou a mão. E quando chegou o teste antes da corrida, não me deixaram testar porque o Mansell queria tentar andar. Com isso eu não andei no carro. E fomos para Zandvoort num carro-asa, em que a curvona antes da reta você fazia de pé no fundo, e tudo de que você precisava era ser forte para segurar o volante. E eu não tinha esse hábito. Só aprendi isso em 1984 quando andei de carro-asa de F-2, aí eu aprendi como se fazia. Então foi muito em cima, eu não me classifiquei.", afirmou Moreno, anos depois.

Mansell voltou ao carro para a corrida de Brands Hatch, mas teve uma recaída e na prova seguinte, em Paul Ricard, o britânico Geoff Lees foi no seu lugar. Ao contrário de Moreno, conseguiu qualificar-se e acabou a corrida num discreto 12º posto. Uma versão modificada do Lotus 91 ainda correu na primeira prova de 1983, em Jacarépaguá, e ainda com motor Cosworth, enquanto que o novo carro, esse sim com o motor Renault Turbo, não estava pronto.

Chassis: Lotus 91
Projectistas: Colin Chapman, Martin Ogilvie e Tony Rudd
Motor: Ford Cosworth V8 de 3 litros
Pilotos: Elio de Angelis, Nigel Mansell, Roberto Moreno e Geoff Lees
Corridas: 16
Vitórias: 1 (De Angelis 1)
Pole-Positions: 0
Voltas Mais Rápidas: 0
Pontos: 30 (De Angelis 23, Mansell 7)

Fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/Lotus_91
http://www.club-lotus.fr/lotus/tous-les-modeles/les-f1-lotus/historique-par-modele/type-91/ http://f1nostalgia.blogspot.com/2009/09/ensaio-fotografico-agora-sim-overdose.html

Youtube F1 Classic: GP de Espanha 1986



De facto, esta corrida entrou nos anais da história da Formula 1 pelo seu final. Mas antes dos carros rolarem em pista, esta corrida já tinha o seu lugar na história da Formula 1 por outros motivos: era a estreia do sinuoso circuito de Jerez de la Frontera na categoria máxima do automobilismo, que não vingou muito, por ser demasiado sinuosa para os carros. E em 1986, a Espanha voltava ao calendário da Formula 1, após quatro anos e meio de ausência.

No tempo em que não havia reabastecimentos, poupar os pneus era fundamental, numa corrida onde a gestão era a arma, se quisesse chegar ao fim ao ataque, pois era uma altura onde os depósitos estariam vazios, logo, mais propensos a serem mais rápidos. E isso poderia ser um factor decisivo. E apesar de pensarmos que esta foi uma corrida de "fila indiana", houve mais ultrapassagens que julgavamos.

E claro, o final foi emocionante. Mas isso explica-se por uma simples razão: a dez voltas do fim, o Williams de Nigel Mansell, pressionado pelo Lotus de Ayrton Senna, é ultrpassado por ele... e por Alain Prost, no seu McLaren. Imediatamente jogou uma cartada arriscada: para para trocar pneus frescos e moles, no sentido de ganhar pela potência. Estando vinte segundos atrás de Senna, partiu ao ataque, ganhando dois segundos por volta. Contudo, perdeu algum tempo atrás de Prost e quando chegou ao brasileiro da Lotus, já os carros estavam na última volta da corrida. Quando atacou a sério, foi na recta da meta, com os carros a cruzarem a linha de chegada... com 0.014 segundos de diferença, a favor de Senna.

Bem no finalzinho do video tem um comentário, que julgo ser do Alan Jones devido ao sotaque australiano, que diz: "isto foi tão próximo que deveriam dar 7,5 pontos a cada um!"

Simplesmente memorável.

Dakar 2010: Luca Manca em coma induzido, Marc Coma penalizado

As últimas novidades sobre o estado de saúde o motard italiano Luca Manca não são nem boas, nem más. Aliás, pode-se dizer que a situação é de expectativa. Vitima de uma queda na etapa de quinta-feira, entre Antofagasta e Iquique, Manca está no hospital de Calama, no Chile, onde continua em observação pelos médicos, em coma induzido devido á gravidade dos seus ferimentos.

"Ele respira artificialmente, mas está fortemente sedado devido à sua condição neurológica. A intenção é proteger seu cérebro. Felizmente ele é jovem e não teve outras lesões mais sérias, pelo que estou esperançoso quanto à sua recuperação.", referiu o médico responsável por aquela unidade hospitalar.

Recorde-se que Manca tem uma contusão cerebral e um edema pulmonar, para além de alguns ossos fraturados, devido á violenta queda que foi vitima. No dia anterior, Manca foi noticia devido ao facto de ter voluntáriamente parado para ajudar o motard Marc Coma, cedendo a sua roda traseira ao espanhol, que agora é o segundo classificado da geral, depois de ter tido uma penalização de 22 minutos nos primeiros dias do rali, na Argentina.

Entretanto, a organização do Dakar decidiu penalizar Marc Coma em seis horas por este ter trocado uma roda ilegalmente durante a etapa de ontem, algo que é proíbido pela organização. Com isto, Helder Rodrigues subiu para o segundo lugar da geral, atrás de Cyril Després.

Ele fez uma paragem atrás de uma casa, e as imagens que temos graças ao Google mostram exactamente onde ele parou e o tempo que parou mais as imagens HD de esta manhã do penu são clara: o pneu não rolou 200 quilómetros”, afirmou Marc Ducrocq, o director da corrida de motas. Com isto, o motard francês, que antes desta decisão tinha uma vantagem de 1 hora e 6 minutos e 50 segundos de Coma, o anterior segundo, está agora um pouco mais descansado, pois agora está a 1 hora, 20 minutos e 8 segundos à frente do motard português. Hoje, máquinas e pilotos estão em Antofagasta, em dia de descanso.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Rali Dakar 2010 - dia 7 (Iquique - Antofagasta)

A etapa de hoje, em que a caravana do Dakar regressa a Antofagasta, nas vésperas do dia de descanso, prometia ser muito longa e muito desgastante para motards e pilotos, pois era uma etapa bastante complicada e variada em termos de pisos, o pilotoda Volkswagen, Nasser Al-Attiyah levou a melhor sobre todos os seus adversários, aproveitando a fase final para se destacar e firmar mais um triunfo para a marca alemã. seguido pelo BMW de Stephane Peterhansel, e os outros VW de Carlos Sainz e Mark Miller.

Quanto aos portugueses, depois das boas prestações da véspera, passaram hoje por um mau bocado, especialmente Carlos Sousa. O piloto da Mitsubishi perdeu imenso tempo na etapa devido a problemas nos seus travões e na falta de peças de substituição, que o fizeram atrasar em mais de uma hora. e está já a mais de 50 minutos do primeiro. no final da etapa, Sousa tinha chegado na 17ª posição a Antofagasta e caiu do quarto para o oitavo lugar. Miguel Barbosa foi assim o melhor português, ao chegar ao final do dia na 13ª posição, a quase hora e meia de al-Attiyah. Agora, Barbosa é 12º da geral.

Quanto a Ricardo Leal dos Santos, este levou o seu BMW X5 à posição imediatamente antes da de Carlos Sousa, terminando a etapa em 16º, consolidando desta forma a sua posição dentro do top 20 da prova. Na geral, Leal dos Santos ocupa agora o 15º lugar, uma excelente posição para um piloto privado.

No caso das motos, Helder Rodrigues perdeu muito tempo de inicio na etapa, quase meia hora, devido a uma queda sem consequências fisicas para o piloto, mas a mota sofreu uma avaria que teve de ser reparada no local. Em consequência, viu o seu terceiro posto ameaçado, mas depois o piloto português recuperou o ritmo e compensou as perdas, à custa do chileno "Chaleco" Lopez. No final, foi décimo classificado e mais importante, manteve o terceiro posto da geral, apenas com Cyril Després e Marc Coma à sua frente.

Em compensação, Ruben Faria foi quarto na etapa, acompanhando Després, que venceu a etapa de hoje e consolidou a liderança. Coma foi segundo e David Fretigne o terceiro, todos á frente de Faria. Na geral, Després lidera, Coma é segundo e Rodrigues terceiro, com Ruben Faria na 14ª posição da geral.


Amanhã, máquinas e pilotos vão aproveitar o dia para descansar e reparar as maleitas mecânicas e do corpo em Antofagasta, no Chile.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Rali Dakar 2010 - dia 6 (Antofagasta - Iquique)

O dia seis do Dakar decorreu hoje entre as localidades chilenas de Antofagasta e Iquque, no Norte do país, entre rocha e areia, paisagem tipica do Deserto do Atacama. A etapa ficou marcada pelo grave acidente do motard italiano Luca Manca, em KTM. Partindo no inicio da etapa de hoje na nona posição da geral, que teve uma queda a alta velocidade e ficou gravemente ferido. Evacuado para o hospital, o prognóstico é ainda reservado.


"O paciente tem um comoção cerebral, uma fractura nasal, uma contusão pulmonar e está em perigo de vida. Estamos a tentar estabilizá-lo para poder ser transferido para uma clínica de Santiago do Chile", referiu Miguel Cortes, director clínico do hospital de Cobre, local onde Manca foi levado em primeiro lugar, ao jornal italiano Gazzetta dello Sport. O piloto italiano tinha estado nas noticias ontem, pois tinha cedido a roda traseira da sua moto ao espanhol Marc Coma.

Paulo Gonçalves foi outro dos azarados do dia. Partindo do oitavo lugar, Gonçalves caiu no quilómetro 165 e o piloto da BMW fracturou a clavícula, tendo sido evacuado para o hospital. Mais uma má noticia numa etapa tensa e acidentada.

O grande vencedor de hoje foi Marc Coma, que continua a fazer um Dakar de altos e baixos. Hoje venceu em toda a linha, conseguindo uma vantagem de dez minutos sobre Cyril Després. Helder Rodrigues foi o terceiro na etapa e ganhou cinco minutos ao chileno "Chaleco" Lopez Contardo, que segue á sua frente na geral. Não houve alterações na geral, mas agora o piloto português da Yamaha viu reduzida a sua vantagem para Coma a cerca de 22 minutos. Ruben Faria terminou hoje na décima posição e subiu ao 16º posto da geral.

Já nos automóveis, o grande vencedor do dia foi Stephane Peterhansel, em BMW, seguido pelo Volkswagen de Carlos Sainz, que hoje dilatou a vantagem que tinha sobre Nasser Al Attyah.

Quanto a Carlos Sousa, o piloto da Mitsubishi aproveitou bem os problemas do Hummer de Robby Gordon, que se atrasou, e chegou à meta com cerca de 50 minutos de atraso em relação ao vencedor da tirada, o que 'promoveu' Sousa ao quarto posto, a melhor posição de um português e de um privado neste Dakar!.

Miguel Barbosa foi 13º na etapa e também subiu na classificação, sendo agora o 11º da geral, bem como Ricardo Leal dos Santos que com o seu BMW X5 foi 16º e é agora o 14º da geral, o que 'coloca' três pilotos portugueses no top 15 provisório.

Mas a etapa foi também marcada pelo acidente do brasileiro Mauricio Neves, que bateu com uma pedra e capotou várias vezes o seu Volkswagen. Ele e o seu navegador foram transportados para o hospital com algumas costelas fraturadas, mas o seu estado não inspira cuidados de maior.

A etapa de amanhã liga Iquique a Antofagasta, na véspera do dia de descanso, numa especial que terá 637 quilómetros, 600 dos quais cronometrados.

A 5ª Coluna desta semana

Passadas as festividades do Natal e Ano Novo, a Quinta Coluna volta à carga no sitio do costume, e desta vez dedico-me a três assuntos: o Rali Dakar, o regresso de Michael Schumacher e o "indulto" concedido por um tribunal comum a Flávio Briatore, que tenta anular a sentença concedida pela FIA depois do "Crashgate" que o baniu do "paddock" para todo o sempre.
E o seguinte excerto tem a ver com este ultimo assunto:

"(...) Briatore, claro, goza uma vitória transitória, se quiserem, o seu ressuscitamento às mãos da FIA e das entidades automobilísticas. Até Bernie Ecclestone disse que seria bem-vindo de volta à Formula 1, caso queria voltar algum dia. Com o “anãozinho tenebroso”, ele até estenderia o tapete vermelho ao Belzebu, caso ele quisesse montar a sua equipa e correr na categoria máxima do automobilismo…

O italiano não ficou quieto e já ameaçou os Piquet de o colocar em tribunal, caso abram a boca, bem como Lucas di Grassi e Heiki Kovalainen, que tinham contratos assinados com ele, como 'manager' e que foram aconselhados a quebrar, pois caso contrario seriam considerados como 'personas non gratas' no paddock e as suas carreiras seriam prejudicadas no futuro. De uma certa maneira, é a vingança do italiano, agora que venceu esta batalha… mas ainda não ganhou a guerra.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos
."

Isto e muito mais podem ver a partir aqui. Boas leituras.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dakar 2010 - As declarações dos portugueses

Numa etapa onde Cyril Després geriu a vantagem, "Chaleco" Lopez venceu e David Casteu desitiu, Helder Rodrigues foi regular o suficiente para ser sexto na etapa e manter o terceiro lugar da geral, na sua moto Yamaha.

Para ele, este foi o seu filme desta especial de hoje, com 483 quilómetros de extensão: "Comecei com um bom ritmo, rolando no grupo da frente durante a primeira parte do traçado. Procurei acima de tudo fazer a minha corrida sem entrar em excessos, pois sei que é sendo regular que posso concretizar os meus objectivos. Foi isso mesmo que consegui na chegada a Antofagasta, estou a cimentar o meu terceiro lugar da geral e acredito cada vez mais que posso fazer história neste Dakar".

Ruben Faria, refeito dos contratempos dos primeiros dias, agora é hora da recuperação. hoje, acabou a etapa na quarta posição, embora esteja muito distante, no 21º lugar da geral. "Senti-me muito bem desde o início e rapidamente consegui encontrar um ritmo ideal para as pistas que percorremos. Saíndo um pouco mais à frente do que no dia de ontem permitiu-me estar junto de pilotos mais rápidos e manter sempre a toada elevada. Sem muito pó pela frente passei alguns adversários e com pistas bem a o meu gosto fui sempre muito constante ao longo do dia, o mais longo até ao momento no que diz respeito a especiais.", afirmou à chegada a Antofagasta.

"Todos me apoiaram bastante nestes dois dias para que voltasse ao meu ritmo e hoje encontrei um troço bem ao meu jeito, o que aliado a uma moto que esteve sempre em grande nível e aos impecáveis pneus da Michelin consegui o meu melhor resultado até ao momento, o que me deixa bastante animado para as duas etapas que temos ainda que enfrentar até ao dia de descanso.", concluiu o motard português da KTM.

Para Carlos Sousa, apesar das frustrações de ter um carro inferior aos BMW e Volkswagen, fez uso da sua enorme regularidade e experiência, e conseguiu um bom tempo à chegada, permitindo a subida ao quinto posto da geral. Partindo hoje do 16º posto, protagonizou um "início de etapa verdadeiramente inglório, sendo outra vez superado por todos em velocidade pura, nomeadamente por alguns dos meus colegas de equipa. Porém, logo que o percurso se tornou mais técnico e o piso mais duro, tudo se inverteu e comecei a recuperar posições e a ultrapassar vários carros em pista. Não há outra alternativa e precisei novamente de arriscar muito para compensar o prejuízo acumulado nos primeiros quilómetros", resumiu o piloto português à chegada a Antofagasta.

"A táctica agora só pode ser esta: dar o tudo por tudo quando os outros se retraem ou começam a quebrar fisicamente. Felizmente, sinto-me optimamente sob o ponto de vista físico e o carro está a revelar-se bastante fiável. Só que para as coisas correrem bem também é preciso que nada falhe. Ao contrário de outras etapas, hoje tudo correu bem e pudemos subir duas posições, chegando ao top-5. É certo que falta ainda muito rali pela frente, mas é claro que tudo farei para conseguir manter-me neste grupo da frente. Não podemos, repito, é falhar nada. Não há mesmo outra alternativa", reforça o piloto da Mitsubishi, consciente que "quanto mais duro for o rali, maiores serão as minhas hipóteses de sucesso", concluiu.

Para Miguel Barbosa, a especial de hoje escondia vários perigos e a concentração tinha de ser máxima, para não ser apanhado desprevenido, como ia quase acontecendo ao piloto da Mitsubishi: "A especial de hoje foi muito dura e difícil. Apesar de termos entrado bem no troço desde cedo que começámos a sentir que o mínimo erro poderia custar caro. O percurso estava repleto de valas, zonas muito perigosas que nos obrigavam a não arriscar. Mas por mais que tivéssemos tido cuidados, não foi suficiente", começou por explicar o piloto do Racing Lancer.

E ao quilómetro 166, os seus receios iam quase acontecendo, quando não conseguiram evitar a queda numa vala: "Sem nos apercebermos bem como caímos num buraco com quatro metros. Foi de tal forma aparatoso que pensámos que já não íamos conseguir sair dali. Apanhámos um valente susto. Depois de sairmos de lá tivemos de voltar a parar pouco depois. O Mitsubishi tinha a carroçaria um pouco mal tratada do lado direito e a mala não fechava. Tivemos de solucionar o problema. Tudo isto obrigou-nos a cair na tabela", disse Barbosa, que acabou a etapa na 14ª posição, mas que permitiu subir para o 12º lugar da geral, muito perto do "top ten" que tanto ambiciona.

Quanto a Guilherme Spinelli e Filipe Palmeiro, os pilotos acabaram a etapa no 11º posto, continuando no nono lugar da geral, numa etapa sem grandes problemas para eles: "Foi a especial mais demorada, com variação entre os troços, e pistas agradaveis para pilotar, rápidas com piso bom, embora escorregadio, a que se seguiram zonas horrorosas, fora da estrada com valas, erosões e pedras. Apanhámos um cruzamento de rio com descida de dois a três metros de parede. Foi uma prova muito dura, especialmente para o carro", explicou Spinelli.

"Ocorreu tudo bem, no ritmo esperado, sem problema algum. Só paramos uma vez para ajudar o Miguel Barbosa e o Miguel Ramalho, da nossa equipa, a JMB Stradale, que haviam caído nas dunas. Mas como estava tudo bem com eles, seguimos em frente. Continuamos na nona posição na geral e estamos a manter a nossa estratégia, que são segurança em primeiro lugar e andar no nosso ritmo", completou Filipe Palmeiro.

Rali Dakar 2010 - dia 5 (Copiapó - Antofagasta)

A etapa de hoje do Rali Dakar de 2010 ligou as localidades de Copiapó e Antofagasta, no Chile, numa paisagem essencialmente de areia, tipica do Deserto de Atacama. E aqui, aconteceram vários eventos que tiveram um impacto nos pilotos da frente, quer em motos, quer nos carros.

Começa-se pelas motos. O francês David Casteu, na sua Scherco, primeiro lider do rali e á partida desta etapa era segundo classificado, sofreu uma queda e fracturou uma das pernas, sendo evacuado para o hospital e obrigado a abandonar o rali. Quem beneficiou disto tudo foi o chileno Francisco "Chaleco" Lopez, que venceu a especial, na frente de Cyril Després, que teve um dia calmo e aproveitou para cimentar a sua primeira posição da geral, especialmente depois da desistência de Casteu.

Quanto aos portugueses, apesar de Helder Rodrigues ter tido a chance de passar para o segundo lugar, o facto de "Chaleco" Lopez ter vencido a etapa o fez saltar para o segundo posto da geral. Rodrigues chegou apenas na sexta posição, conseguindo manter o terceiro lugar da classificação geral.

Ruben Faria foi quarto, e o melhor português na classe, enquanto que Paulo Gonçalves foi sétimo, imediatamente atrás de Helder Rodrigues. Com isto tudo, Paulo Gonçalves é sexto da geral, enquanto que Ruben Faria subiu agora para o 21º posto. Biachi Prata é 24º.

Nos automóveis, A etapa de hoje foi ganha pelo Volkswagen de Mark Miller, num dominio completo da Volkswagen, num dia em que o BMW de Stphane Peterhansel teve problemas, que o atrasaram de foma irremediavel na classificação geral. Carlos Sainz foi segundo na etapa e com este resultado é agora o novo lider da classificação geral. Nasser Al-Attiyah foi o terceiro e ascendeu ao segundo lugar da geral, á frente do Hummer de Robby Gordon.

Quanto aos portugueses, Carlos Sousa acabou a etapa no oitavo lugar, ascendendo assim ao quinto posto da geral, e o melhor dos Mitsubishi. Adoptando uma toada cautelosa mas constante, o piloto português ultrapassou o polaco da Nissan Krysztof Holowczyc e beneficiou dos problemas sentidos por Peterhansel para chegar ao quinto posto. Já Miguel Barbosa esteve em bom nível, ao terminar a etapa em 14º lugar, ocupando agora a 11ª posição da geral com o seu Racing Lancer. Ricardo Leal dos Santos caiu para o 16º lugar da classificação, depois de uma etapa menos bem conseguida.

Amanhã, o Rali Dakar sai de Antofagasta para chegar a Iquique, no norte do Chile, num percurso com 598 quilómetros, 418 dos quais em especial cronometrada.

O blogueiro como entrevistado

É frequente ser convidado por outros blogueiros para uma entrevista onde dou opiniões sobre o automobilismo em geral e a Formula 1 em particular. Quando isso acontece, costumo assinalar por aqui tal evento.


Desta vez o entrevistador foi o Diego Maluana, do excelente blog "No Mundo da Velocidade", que me convidou para fazer uma extensa entrevista sobre a actualidade da Formula 1, a temporada que passou e as respectivas polémicas, as expectativas para 2010, sobre as novas equipas, sobre as categorias de base, o panorama automobilistico português, entre outras coisas.


Se quiserem ver a entrevista, basta seguir o link. E lá podem ver algo raro: a minha cara chapada, sem capacetes como costumo colocar por aqui.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Rali Dakar 2010 - dia 4 (Fiambalá - Copiapó)

Hoje, o Rali Dakar 2010 saiu de Fiambalá, na Argentina e passa para o Chile, para a concluir em Copiapó, numa etapa essencialmente de areia, com a agravante de subirem até perto dos quatro mil metros de altura, para passarem a cordilheira dos Andes. Com um sector selectivo de 203 quilómetros contra o cronómetro, iria criar mais dificuldades para os pilotos em prova.

Mas antes da etapa começar, os concorrentes recebiam a noticia de que 40 desses 203 quilómetros cronometrados iriam ser neutralizados, devido às dificuldades que os vários concorrentes passaram durante o dia anterior, pois muitos deles chegaram muito tarde ao "bivouac". E também por causa disso, a partida foi dada hora e meia mais tarde do previsto.


Mas apesar destas facilidades por prte da organização, as dificuldades continuaram a ser grandes para os concorrentes. Mas não para Robby Gordon, que com o seu mosntruoso Hummer, bateu Stephane Peterhansel por apenas... um segundo! O piloto americanio adoptou um ritmo muito forte nesta etapa para conseguir superar os seus adversários da BMW e da Volkswagen.

O melhor da armada alemã foi Nasser Al-Attiyah, que acabou por registar o terceiro melhor tempo, a 2 minutos e 26 segundos do vencedor, ficando na frente dos carros de Carlos Sainz, Giniel de Villiers e Mark Miller. Os quatro homens da VW ficaram separados por cerca de quatro minutos.

No caso das motos, Marc Coma foi o grande vencedor da etapa, batendo David Casteu e Cyril Després. Apesar de uma desvantagem quase impossivel de alcançar, o piloto da KTM não desiste e imprime um ritmo bastante elevado, esperando que tenha mais sorte nas etapas que aí vêm e consiga aproximar dos lugares da frente.

Aqui, o melhor português foi Paulo Gonçalves, a bordo da sua BMW, que foi quinto nesta etapa, e ficou no décimo lugar da geral. Quando a Helder Rodrigues, hoje o piloto da Yamaha foi o nono na etapa, mas manteve o terceiro posto na geral. Já nos carros, o melhor do dia foi Miguel Barbosa, que compensou o mau dia que teve ontem, ao terminar a etapa na 15ª posição, e subindo para o 15º posto na geral. Carlos Sousa terminou logo a seguir, e caiu para o sétimo posto da geral, a mais de uma hora do lider, numa etapa onde se viu a diferença entre os restritores de admissão de ar a gasolina e os de gasóleo, já que houve zonas onde esta era muito rápida.

Guilherme Spinelli terminou a etapa na 14ª posição, enquanto que Ricardo Leal dos Santos foi 24º classificado na etapa, pois perdeu quase 15 minutos quando se atascou numa duna, e caiu da 12ª para a 14ª posição da geral. Amanhã, motos e carros farão o percurso em pleno deserto do Atacama, entre Copiapó e Antofagasta, no Chile, no total de 670 quilómetros, 483 dos quais em troço cronometrado.

Então anularam a sentença, hein?

A justiça francesa decidiu esta tarde reverter a pena de banimento vitalícia que tinha dado a Flávio Briatore pelo "Crashgate", o acidente de Singapura 2008, causado de propósito por Nelson Piquet Jr. para favorecer o seu companheiro Fernando Alonso. Para melhorar as coisas, a FIA foi obrigada a pagar a Briatore 15 mil euros de indemenização por "danos à sua imagem". Sendo uma decisão de um tribunal civil sobre uma sentença lavrada por uma organização desportiva, creio que não deve ter força de lei sobre a FIA. Pelo menos é assim em relação à FIFA, que até ameaça as federações de suspensão das suas equipas nacionais, caso haja qualquer caso a ser lavrado em tribunais civis.

Se a FIA comportasse como a FIFA, esta deveria recorrer desta sentença e não autorizar a entrada do irrequieto italiano a qualquer boxe de qualquer autódromo até ao final dos seus dias. Ele e Pat Symmonds, que também viu a sua sentença anulada e tem direito a uma indemnização de cinco mil euros. Mas algo me diz que, neste mundo cinzento e maleável, a FIA irá comportar-se desta maneira. Espero que esteja tremendamente enganado, mas acho que, a bem da própria organização, deveria reforçar o peso das suas leis, sob pena do seu próprio descrédito. E isso não era bom para a sua imagem, numa altura em que esta precisa de ser recuperada.

Isto não é o fim do caso. Eventualmente, Jean Todt e a FIA irão reagir, recorrendo da sentença para um tribunal superior, eventualmente às mais altas instâncias nacionais e europeias. Vai ser uma questão de prestigio, pois caso contrário, qualquer dia teremos Ron Dennis a pedir à FIA que revogue a desclassificação de 2007, resultante do "Stephneygate", e o retorno dos 500 milhões de dólares que foi obrigado a entregar à FIA, resultante da multa que foi obrigada a pagar.

Acho que a FIA deveria recorrer, pois sabe-se que Briatore, que apesar de genial, tem imensos anticorpos no "paddock", e estes até parecem ter respirado melhor após a sua expulsão. Pessoalmente não gosto dele, pois pareceu-me ser um corpo estranho, tipico desta era corporativista de "marketing", que Bernie Ecclestone e Max Mosley tanto cultivaram e este último decidiu "enxotar" no seu último ano de mandato, quase causando a cisão da categoria máxima do automobilismo. Se o defendi no ano passado, foi porque detestava mais o Mosley. E quando se afastou, não chorei lágrimas de crocodilo pela sua partida.

Como já disse anteriormente, isto não é o final da história. Seguirão outras cenas, de outros capítulos. Apesar de haver um novo galo, a politica que segue não vai ser muito diferente da anterior. Eles vão recorrer, nem que seja por uma questão de honra pois ver uma sentença destas anulada por um mero tribunal comum é demasiado humilhante. E como disse atrás, um precedente perigoso.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Rali Dakar 2010 - As declarações dos portugueses

Hoje, a etapa entre La Rioja e Fiambalá foi a primeira em que os concorrentes do Rali Dakar 2010 começaram a enfrentar verdadeiramente a areia, e como seria de esperar, as dificuldades foram grandes para os concorrentes, e provavelmente esta será a primeira grande dificuldade que eles estão a enfrentar numa competição verdadeiramente de maratona, quer para homens, quer para máquinas.

No final do dia, os portugueses, apesar de se terem portado bem nesta etapa, não deixaram de referir às dificuldades sentidas durante o dia de hoje. No caso de Carlos Sousa, apesar do bom desempenho, teve muitos problemas de inicio, especialmente quando ficou bloqueado pelo Volkswagen de Giniel de Villiers, o vencedor do ano passado.

"Foi uma etapa difícil de início ao fim e também repleta de peripécias", começa por explicar o piloto do Mitsubishi. "Larguei para a especial logo atrás do Giniel de Villiers, o que até parecia positivo, visto ser um piloto rápido e bom a navegar, ou não fosse ele vencedor da última edição. Só que por azar, ele capotou logo ao km 7 da especial e o seu carro ficou a barrar a pista. Fiz várias tentativas para tentar contorná-lo, só que acabei atascado mesmo ao lado dele, perdendo 10 a 15 minutos até conseguir sair do local, também porque acabamos por derreter a embraiagem", recorda o piloto, em declarações captadas pelo Autosport português.

Longe de se dar por vencido por este contratempo, Carlos Sousa partiu então atrás do prejuízo, decidido a recuperar do atraso: "Estava com um ritmo forte e já tinha ultrapassado alguns dos carros que me tinham passado antes... Só que ao cruzar um rio, ignorei a nota do meu navegador e ao invés de seguir pela esquerda, fui pela direita atrás de duas Nissan. Resultado? Mais uns quantos minutos perdidos até perceber o erro e voltar atrás para apanhar a pista correcta. Outra vez a recuperar ritmo e novo contratempo, quando não consegui ultrapassar a primeira duna, tendo que voltar atrás para baixar a pressão dos pneus", prosseguiu.

"A parte final parecia estar a correr muito bem e sentia-me cada vez mais confiante no carro. Só que a 10 quilómetros do fim, quebramos novamente o ritmo ao ter que substituir um pneu furado, numa operação em que demoramos mais do que é habitual devido ao calor e cansaço acumulado. Enfim, foi uma especial bastante dura e com muitas peripécias à mistura, muito a fazer lembrar o Dakar africano. Mas com maior ou menor dificuldade, o certo é que conseguimos ultrapassar todas as adversidades e no final fomos premiados com a subida ao sexto lugar da geral. Falta ainda muita corrida e nada está seguro. Mas é claro que esta classificação dá-me outra motivação para enfrentar as etapas que se seguem", concluiu.

No caso de Miguel Barbosa, o outro piloto português de JMB Stradale, a etapa teve um gosto amargo, já que eram oitavos na etapa quando a 25 quilómetros do fim, tiveram problemas na temperatura da gasolina, que fez desligar o motor do seu carro. Só após uma hora é que conseguiram colocar de novo o motor a funcionar, terminando a etapa no 17º posto, caindo para o 18º lugar da geral.

"Estávamos com muita confiança e a fazer uma etapa isenta de qualquer erro. Vínhamos de forma sistemática a fazer ultrapassagens e já estávamos na traseira do Carlos Sousa, faltavam 25 quilómetros para o final da especial, quando o Mitsubishi simplesmente parou. O motor não dava qualquer sinal devido a um problema de 'vapor lock' que é no fundo um sobreaquecimento da temperatura da gasolina", começou por explicar Miguel Barbosa ao Autosport português.

"A nossa experiência nas dunas estava a ser fantástica, tudo a sair na perfeição. Esperámos mais de uma hora, fomos vendo os carros que ultrapassámos a passarem por nós e só depois é que o carro voltou a ligar. Conseguimos terminar a especial depois de muito tempo perdido. A equipa vai averiguar o que se passou, pois na estrutura não fui o único com este problema, e assegurar que não se volta a repetir", disse.

"Ficámos obviamente mais longe mas ainda há muito rali pela frente e tudo pode acontecer. Apesar da desilusão normal desta situação, não vou baixar os braços. Vou continuar a lutar com todas as minhas armas e esperar para ver o que acontece no final", concluiu o piloto da Mitsubishi.

Guilherme Spinelli, o piloto brasileiro da equipa Mitsubishi, teve um bom dia nesta etapa. O facto de ter acabado no décimo lugar na etapa e de terem subido ao oitavo lugar da geral, sendo agora o melhor brasileiro em prova, já é um motivo de satisfação. E o piloto agradeceu ao seu navegador, o português Filipe Palmeiro, pela sua prestação: "Como previmos, hoje o rali começou de 'verdade'. A especial foi bastante difícil e eu queria aproveitar para agradecer publicamente este bom resultado de hoje ao meu nagevador Filipe. Ele me transmitiu muita segurança e me orientou bastante nas dunas", elogiou Spinelli.

Já Palmeiro falou das dificuldades de hoje: "Foi um dia bem legal mesmo, apesar de toda a dificuldade técnica da especial. Apesar de ter sido um bom dia, passamos por umas três situações que tivemos que parar e resolver. De qualquer forma, se todos os dias forem como o de hoje, podemos chegar ao final do rali entre os cinco primeiros", afirmou.

Para ele, serão grandes os desafios a partir de amanhã, quando os pilotos atravessarem os Andes e chegarem ao deserto do Atacama, no Chile: "A região do Atacama tem dunas muito grandes e fofas, as maiores que eu já vi. Tive a oportunidade de conhecê-las em 2007 e acredito que as dunas dessa região serão o primeiro filtro do rally", revelou o navegador português.

A capa do Autosport desta semana

A capa do Autosport desta semana fala essencialmente do Rali Dakar. Com o carro de Carlos Sousa em grande plano, a revista portuguesa fala sobre as ambições lusas nos primeiros dias deste Dakar sul-americano: "Portugueses a subir no Dakar" é o título. Em letras mais pequenas, falam-se sobre os favoritos Volkswagen, que tem uma grande equipa para gerir - "Como a armada VW vai gerir o balneário" - e o motard Helder Rodrigues explica aquilo que concorrentes como ele vão ter de lidar nas próximas etapas, especialmente quando atravessarem o deserto do Atacama, no Chile: "Hélder Rodrigues explica as armadilhas do deserto".


Falando em motos, a revista pediu a dois pilotos de automóveis para que experimentassem uma moto e andassem em terra e lama. "Armindo Araujo e Pedro Lamy 'mudam-se' para as motos". Uma experiência que era mais um regresso ao passado, já que ambos têm experiências em motociclismo, pois foi aí que começaram as suas carreiras competitivas.

Referência final à Formula 1, onde se fala sobre as prespectivas da temporada de 2010 e o caso de Alvaro Parente, que tem problemas com um dos patrocinadores, que ainda não honrou os seus compromissos, o que faz perigar o seu lugar como terceiro piloto da Virgin.

Rally Dakar 2010 - dia 3 (La Rioja- Fiambalá)

A terceira etapa do Dakar 2010 ligou hoje as localidades de La Rioja a Fiambalá, na Argentina, no total de 441 quilómetros, 259 de ligação e 182 em especial. E pela primeira vez neste Dakar 2010, os concorrentes tiveram contacto com as areias, pois em pelo menos 30 quilómetros de trajecto, existia uma parte do percurso onde existiam dunas de areia, onde pilotos e motards iriam ser postos à prova.

Nas motos, o dia foi de Cyril Després. Depois de na partida, Marc Coma ter tentado recuperar algum dos 22 minutos perdidos ontem, devido à penalização, o motar francês reagiu e "puxou dos galões", vencendo não só a etapa, como deixou toda a concorrência a mais de dez minutos. Com isto, o piloto espanhol passou para a liderança, relegando David Casteu para o segundo posto.

O segundo classificado desta etapa foi... Helder Rodrigues! O piloto da Yamaha voltou a dar uma boa demonstração do seu valor ao obter o segundo posto, o que lhe permite ascender provisoriamente à terceira posição da geral nas motos, o que é um excelente resultado para o piloto português.



"Estou mesmo muito contente com o dia de hoje, consegui andar sempre nos cinco primeiros e nos últimos quilómetros de areia senti-me bem e ataquei sem medo. A minha Yamaha WR 450 esteve à altura, consegui fazer uma boa navegação e fisicamente estou bem. Para esta fase do Dakar não podia pedir mais!", afirmou o piloto da Yamaha em declarações captadas pelo Autosport português.

O piloto credita o seu sucesso à preparação que fez nas vésperas do Dakar em Marrocos, onde treinou muito nas dunas de areia daquele país africano: "Fiz centenas de quilómetros em areia ao ritmo de corrida no Sul de Marrocos no treino final para este Dakar e agora sinto que valeu mesmo a pena", concluiu.


Quanto a Paulo Gonçalves, depois de um mau dia de ontem, onde problemas eléctricos o fizeram perder muito tempo, no dia de hoje o piloto da Yamaha rodou nas posições da frente. Sempre entre a quarta e a sexta posição na etapa, entre o km 38 e 175, e no final terminou a etapa na terceira posição, logo atrás de Helder Rodrigues. Apesar de ser um excelente resultado que mesmo assim não colmata muito o dia difícil que teve ontem.


Já na parte dos carros, a etapa foi algo aziaga para os Volkswagen. O vencedor de 2009, o sul-africano Giniel de Villiers e o brasileiro Mauricio Neves tiveram problemas e atrasaram-se. Isso foi bem aproveitado por Stephane Peterhansel, que a bordo do seu BMW, venceu a etapa e colocou-se no comando do rali, superando Carlos Sainz, que foi segundo na etapa, em mais de quatro minutos e o qatari Nasser Al-Attiyah.


Quanto a Carlos Sousa, o piloto português da Mitsubishi terminou a etapa no décimo lugar, a 39 minutos e dois segundos de Peterhansel e é agora o sexto na geral, apesar de ter perdido algum tempo. Já no caso de Miguel Barbosa, o piloto da Mitsubishi terminou a etapa na 18ª posição, depois de ter tido problemas com a temperatura da água, o que lhe provocou um sobreaquecimento do seu motor. Na classificação geral, está também na 18ª posição. Ricardo Leal dos Santos, num já antigo BMW X5, foi 14º na etapa, a subiu ao 12º posto da geral.


Quem também merece nota de destaque é o brasileiro Guilherme Spinelli. Navegado pelo português Filipe Palmeiro, o outro Mitsubishi da JMB Stradale acabou a etapa na 10ª posição, subindo até ao oitavo posto da geral. Com o "desaparecimento" de Mauricio Neves, agora Spinelli é o melhor colocado dos pilotos brasileiros neste Dakar.


Amanhã a 4ª etapa do Dakar ligará Fiambalá e Copiaco, no Chile, e irá atravessar a cordilheira dos Andes, subindo acima dos 4.000 metros, antes de regressar ao mais absoluto deserto. Terá um sector selectivo de 203 quilómetros contra o cronómetro, e decorrerá na sua maioria em areia, logo, mais dificuldades para os pilotos em prova.

O piloto do dia - Jacky Ickx (4ª e última parte)

(continuação do capitulo anterior)

A partir de 1980, Jacky Ickx está em semi-retirada. Aceita o cargo de director de Spa-Francochamps, agora no seu traçado actual, mais curto e mais seguro, pronto para receber de volta a Formula 1. Mas para matar o bichinho da competição, decide adicionar mais um tipo de competição no seu palmarés, o Rally Raid. Começando nesse ano com a Croisière Verte, onde vence com uma Zundapp na categoria de 125 cc, começa a participar em 1981 no Rali Paris-Dakar, então a dar os seus primeiros passos, sob o comando do seu fundador Thierry Sabine. Nesse ano, ao lado do actor Claude Brasseur, corre num Citroen CX preparado para o efeito. Mas não chegam ao fim. A meio do ano, volta a correr nas 24 horas de Le Mans, no velho modelo 935, e agora emparelhado com Derek Bell.

Nessa corrida, a Porsche voltou a inscrever os seus carros com vista ao futuro Grupo C, que iria ser criado no ano seguinte. A Porsche tinha convencido Ickx a colaborar com eles, e aceitou. Depois de lutar contra os Rondeau e os Lancia Beta, venceu pela quinta vez a mais importante corrida da Endurance, tornando-se numa lenda do automobilismo. Esta vitória iria ser a segunda para Bell, e a partir de 1982, Ickx iria participar activamente na aventura da Porsche no Grupo C.

Em 1982, a Porsche estreava um novo modelo, o 956. Ickx, emparelhado com Derek Bell, iriam experimentar este modelo, para saber qual seria a sua resistência numa prova tão dura como esta. As expectativas eram altas e não foram defraudadas: os modelos terminaram nas três primeiras posições, com Ickx e Bell a vencerem juntos pela terceira vez, e para o belga, esta era uma inédita sexta vitória, segunda consecutiva. Aos 37 anos, Jacky Ickx entrava definitivamente na História do Automobilismo.

Depois desta vitória, Ickx venceu quatro provas consecutivas: os 1000 km de Spa-Francochamps, Fuji (com Bell) e Brands Hatch (com Mass), e as Nove Horas de Kyalami (de novo com Bell), tornando-se Campeão do Mundo de Sport-Protótipos. No Rally Raid, tentou de novo a sua sorte no Paris-Dakar, ao volante de um Mercedes, e de novo com Brasseur como navegador, terminando no quinto posto da geral.

Em 1983, o ano começa com o acrescento de mais um capítulo na lenda, ao vencer o Rally Paris-Dakar num Mercedes, ao lado de Brasseur. No Mundial de Sport-Protótipos, vence os 1000 km de Spa-Francochamps pela quinta vez na sua carreira, e os 1000 km de Nurburgring, ambas ao lado de Jochen Mass. Em Le Mans, emparelhado com o fiel Derek Bell fica nesse ano na segunda posição, batido apenas pelo outro Porsche, constituído pela tripla Vern Schuppan, Hurley Haywood e Al Holbert. Contudo, a sua regularidade no resto do campeonato faz com que ganhe pela segunda vez consecutiva o Mundial de Sport-Protótipos.

Nesse ano, a Porsche acolhia um jovem e promissor piloto alemão, de seu nome Stefan Bellof. A sua rapidez, destreza e por vezes demasiada coragem em determinadas situações limite fazia com que fosse uma sombra na Porsche. E nos dois anos seguintes, ambos ficariam envolvidos em certas polémicas, que terminariam com consequências fatais nos 1000 km de Spa-Francochamps de 1985.

Em 1984, a organização do GP do Mónaco convidara Ickx para ser o director de corrida do seu Grande Prémio. A corrida, marcada para o dia 3 de Junho de 1984, fora afectada nesse dia pela imensa chuva. Após um primeiro adiamento de 45 minutos, deu a partida, sempre observando as condições atmosféricas. Depois de uma primeira carambola na curva de Ste. Devote, que colocara cinco pilotos fora de combate, a prova continuara com Alain Prost a liderar confortavelmente, depois do despiste de Nigel Mansell na subida do Casino. Mas lá atrás, vinham dois pilotos rápidos na chuva: o Toleman de Ayrton Senna e o Tyrrell de Bellof, ambos na sua primeira temporada na Formula 1. Senna apanhava rapidamente Prost, mas Bellof era constantemente mais rápido do que os dois, á chuva.

Contudo, à medida que o tempo passava, Ickx decidiu após algum tempo que era altura de parar a corrida. Decidiu que a melhor altura seria a volta 32, mas em vez de apresentar a bandeira vermelha, no sentido de interromper a corrida, agitou a bandeira de xadrez, dando a corrida por terminada. Nessa altura, Senna estava em cima de Prost, com Bellof na terceira posição, e muitos afirmavam que o tempo não estava assim tão mau que proporcionasse tal interrupção. Muitos consideraram que tal decisão fora tomada para favorecer o piloto francês, que nessa altura corria num carro com motor Porsche. A polémica foi grande, e no final, teve consequências: a metade dos pontos que foram atribuídos contribuiu para que Niki Lauda (que desistiu no Mónaco) fosse campeão pela menor diferença de sempre: meio ponto.

Na sua carreira competitiva, Ickx somente ganhou duas corridas nessa temporada de 1984: os 1000 km de Silverstone e os de Mosport, mas estas vitórias foram insuficientes para que Ickx conseguisse um terceiro título no Mundial, que foi atribuído a Bellof.

No ano seguinte, depois de participar mais uma vez no Paris-Dakar, desta vez no modelo 959 da marca de Estugarda, sem contudo terminar a prova, Ickx ganharia três provas: os 1000 km de Mugello, os 1000 km de Silverstone (pela quarta e última vez) e os 800 km de Selangor, na Malásia, sempre ao lado de Jochen Mass. Nesse ano, Ickx estreava o modelo 962, uma evolução do 956. Em Le Mans, a corrida desse ano não iria correr bem para o belga, pois não passaria do décimo posto.

Mas a 1 de Setembro desse ano, iria cruzar-se mais uma vez com Bellof, com trágicas consequências. Nesse dia decorriam os 1000 km de Spa-Francochamps, e o piloto alemão já tinha saído da equipa oficial da Porsche para correr para uma equipa privada, a Brun Motorsport, ao volante de um modelo 956. Em parelha com o belga Thierry Boutsen, e partindo de trás, Bellof fez uma corrida com a “faca nos dentes” para apanhar Ickx, que era então o líder. Depois da troca de pilotos entre os dois (Ickx corria nesse dia com o habitual parceiro Jochen Mass) Belfof conseguira apanhar o belga perto do gancho de La Source. Sem esperar, Bellof lançou-se ao ataque num local impossível: na curva Eau Rouge. Atacando por fora, sabia-se que tal ultrapassagem era passível de uma colisão e subsequente despiste a alta velocidade. Ambos os carros colidiram, com o de Ickx a bater de traseira, e Bellof a chocar em frente, tendo morte imediata.

Com 40 anos de idade, Ickx chegou à conclusão de que o seu tempo nas pistas tinha chegado ao fim, e no final da temporada de 1985, abandonou a Endurance, dedicando-se aos Rally Raid. Em 1986, fora segundo no Paris-Dakar, ao volante de um Porsche, e no ano seguinte participa num Lada Niva, não terminando. Participa em mais competições como o Rali dos Faraós, a Baja Aragon, o Rali Atlas, e vence a edição de 1989 da prova espanhola, depois de uma decisão polémica no Dakar daquele ano.

Correndo na equipa oficial da Peugeot, com o modelo 405, ele e o seu companheiro, o finlandês Ari Vatanen, estavam com performances iguais. Assim, para evitar rivalidades que prejudicassem a equipa, o seu patrão, Jean Todt, decidiu que o vencedor seria decidido… por moeda ao ar. A história era simples: Vatanen tinha liderado o rali até à penúltima especial, já no Senegal. Aí, o finlandês perde-se e Ickx aproveita o azar para alcançar a liderança. Pegou numa moeda de dez francos, atirou ao ar e deu “cara”. Ickx tinha escolhido “coroa”.

Ickx continua a correr nos Rally Raid até 1995, de novo com a Lada e depois com a Citroen, mas a partir daí, decide reformar-se, dedicando-se às corridas históricas. Em 2000, volta a fazer corridas, ao lado da sua filha Vannina Ickx, que hoje em dia tem uma carreira na Endurance, principalmente na Le Mans Series. Desde então, tem sido presença assídua em eventos históricos, como Goodwood e as Mille Miglia, e tem recebido todo o tipo de honras, desde a sua entrada no International Motorsports Hall of Fame até ser-lhe concedido o título de Cidadão Honorário de Le Mans, em 2000.


Fontes:

http://www.jacky-ickx-fan.net/