segunda-feira, 25 de abril de 2011

Michele Alboreto, dez anos depois

O tempo passa rápido, com certeza. E com tanta coisa para me lembrar neste dia de feriado em Portugal, nem me ocorreu que hoje faz dez anos que um dos melhores pilotos do ano 80 desaparecia vítima de um pneu furado a alta velocidade num teste na oval alemã de Lausitzring.

Lembro do dia. Fora surpreendido no final da noite por uma noticia no canal desportivo Eurosport, falando que Michele Alboreto, 45 anos de idade, tinha sido vitima de um furo a alta velocidade no seu Audi R8 em testes para as 24 horas de Le Mans, a bordo do seu Audi oficial. Um mês e pouco antes, tinha vencido as 12 horas de Sebring ao lado do seu compatriota Rinaldo Capello e do francês Laurent Aiello. Lembro-me da reação de surpresa e tristeza ao saber do seu triste fim, pois tinha alguma simpatia pelo piloto italiano.

Ao longo da história do blog falei de Michele Alboreto. Do seu inicio na Tyrrell em 1981, onde deu à equipa as suas duas ultimas vitórias na história da marca, e as últimas do motor Cosworth numa era crescente de Turbos, em especial o GP de Detroit de 1983, foram mais do que suficientes para que Enzo Ferrari o contratasse para fazer parte de uma longa lista de pilotos italianos, que começara muito antes com Tazio Nuvolari.

O peso dessa responsabilidade era grande e tentou levar o seu carro à meta. Mas era dificil, pois o meio dos anos 80 era uma era onde houve excelentes pilotos. A começar por pilotos do calibre de Ayrton Senna, Nelson Piquet, Nigel Mansell, o "brutânico", Niki Lauda (um pouco mais velho) e Alain Prost. Essa elite, ou pilotos de primeira linha, Alboreto queria fazer parte. Ele fazia parte de uma respeitável segunda linha, do calibre de Jacques Laffite, René Arnoux, Keke Rosberg, Elio de Angelis, entre outros, num pelotão que, agora olhando para trás, poderemos dizer que foi uma era dourada da Formula 1.

Contudo, por muito esforçado que ele foi, não conseguiu alcançar. A sua grande hipótese foi em 1985, quando a Ferrari lhe faz um bom chassis e luta taco a taco com Alain Prost, no seu McLaren MP4-2, que tentava alcançar um título que tinha sido negado nas duas temporadas anteriores por Nelson Piquet e por Niki Lauda. Alboreto fez o melhor, vencendo no Canadá e na Alemanha e conseguindo vários pódios, mas um mau final de época - desistiu nas quatro últimas corridas do ano - o impediu de alcançar esse campeonato.

Depois, os chassis seguintes da Ferrari o impediram de fazer melhor. Nunca mais venceu uma corrida e a partir de 1987, a contratação do jovem austriaco Gerhard Berger, que o bateu sistemáticamente, fez desmoronar o sonho de ver um piloto italiano a vencer pela Scuderia, algo que somente Alberto Ascari tinha conseguido em 1952 e 1953. Voltou à Tyrrell, mas depois a queda foi maior: Larrousse, Arrows, Lola, Minardi, acabando em 1994, aos 37 anos.

Para quem o apanhou na parte final da sua carreira, é injusto vê-lo como um "Formula One Reject". Acho isso tremendamente redutor, para não falar idiota. Michele Alboreto foi muito mais do que isso. Provou nos anos seguintes, na Endurance, que não tinha perdido nada daquilo que tinha feito o Commendatore o contratar. Venceu as 24 Horas de Le Mans de 1997 com o seu ex-companheiro da Ferrari em 1985, o sueco Stefan Johansson, do qual se tornou num bom amigo, e parecia que iria fazer parte da equipa da audi que ao longo daquela década iria vencer tudo em Le Mans. Infelizmente, aquele pneu impediu que o seu palmarés fosse mais rico.

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