terça-feira, 21 de junho de 2011

As corridas do passado: Espanha 1981

(...) "O dia 21 de junho de 1981 estava muito quente em Jarama. E isso iria afetar os carros, pois na partida, Laffite larga mal e Villeneuve, à sua maneira, salta lugares e passa para o terceiro posto após a primeira curva. No final da primeira volta, Villeneuve aproveita a potência do seu carro para passar Reutemann e ficar atrás de Jones. Villeneuve nem pressionou muito o australiano no ataque à liderança, mas na volta 14, Jones despista-se e Villeneuve fica com o lugar."

(...) "A disputa foi épica, pois todos sabiam que aquele não era o melhor carro do pelotão. Todos viam que aquilo era mais mérito do piloto e do potente motor Turbo que ele continha. Mas Villeneuve, ajudado também pela estreiteza do circuito, aguentou as investidas de Laffite até à meta, incluindo uma a duas curvas do fim. E o canadiano venceu a sua segunda corrida consecutiva, mas por mérito próprio do que pelo chassis.

No final, todos diziam, entre o resignado e o incrédulo, de mais um feito de Villeneuve e do seu Ferrari numero 27, nas curvas e contracurvas do circuito espanhol, como Carlos Reutemann, que disse: “Algumas vezes Gilles saiu da pista com as 4 rodas, não sei como, mas ele conseguia voltar.”

Jacques Laffite:
“Eu sei que nenhum ser humano consegue fazer milagres. Mas Gilles algumas vezes faz-me duvidar disso”.

Gordon Murray disse sobre aquela vitória que, “Honestamente penso que foi a melhor corrida que eu já vi de qualquer piloto. Aquele chassis é horrível, pior por muito do que todos os outros. A sua condução foi simplesmente irreal. Conseguir dar 80 voltas naquele carro sem cometer um erro é um grande feito. Faze-lo quando se está na liderança e sob constante pressão é inacreditável.”

Villeneuve reconheceu depois que o mérito da vitória se devia a ele: “Também fiquei embaraçado! (risos) De facto não consegui perceber porque é que não conseguiam me passar, afinal de contas três deles estavam á minha frente na grelha! O Ligier de Laffite era pelo menos dois segundos por volta mais rápido que o meu carro. Para mim foi mesmo muito duro, tive que correr muitos riscos mas nunca desisti. Foi a melhor corrida da minha vida.”

As reações dos pilotos e demais atores da Formula 1 dizem tudo: um carro alegadamente inferior em termos de chassis mas bom em termos de motor conseguiu aguentar todas as pressões da concorrência e conseguir vencer. Gilles Villeneuve conseguia há precisamente trinta anos a sua segunda vitória consecutiva na temporada de 1981 e a sua sexta vitória da sua carreira, num carro inferior a Williams, Brabham, Renault e talvez Ligier.

Enzo Ferrari disse depois que aquela vitória o fez recordar os tempos de Tazio Nuvolari: um piloto batalhador, sempre a defender o seu carro de maneira mais legal possivel, dentro dos limites. E foram esses pequenos episódios que ajudaram a construir a lenda que é agora Gilles Villeneuve, pois esta foi a sua última vitória da sua carreira. E hoje podem ler o resto no site Pódium GP.

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