terça-feira, 13 de setembro de 2011

O futuro imediato da Hispania F1

No meio de tanto burbirinho sobre Williams, Renault e até Lotus, há uma outra equipa do qual não tem falado muito nas últimas semanas, que é a Hispania, que como sabem, foi comprada no final da primavera pela Thesan Capital, uma firma de investimento com a finalidade de pagar as contas e arranjar um comprador para ela, dado o fato de ter algo valioso, que é um lugar na Formula 1.

Pensa-se que este silêncio seja porque não tem novidades de maior para comunicar. Pois bem, o que se fala nos bastidores é bastante interessante, pelo que li esta terça-feira, primeiro na Autosport portuguesa e depois no blog do sempre bem informado Joe Saward.

Lá, ambos confirmam o seguinte: a grande interessada na HRT (o nome que arranjaram, mas perfiro chamar de Hispânia) é um velho conhecido chamado Alejandro Agag. Ex-sócio de Adrian Campos, dono da equipa Addax, na GP2, e casado com a filha de José Maria Aznar, ex-primeiro ministro espanhol e com grandes contactos no meio empresarial, está a fim de transformar a Hispania naquilo que deveria ser, mas nunca foi: uma equipa espanhola. Para isso, quer levar aquilo que existe para Valencia, e montar uma fábrica por aquelas bandas, onde se poderia desenhar e construir os chassis. Para isso, precisa de outras pessoas que não Geoff Willis, pois está de uma certa forma ligado à Williams.

E porque dispensar um ativo importante como esse? Porque o objetivo deles... é ligar-se á Renault. Em 2012, querem comprar motores Renault e tudo o que vem atrás: caixa de velocidades, sistema KERS, eletrónica, etc. A confirmar-se, será a quinta equipa a ter motores da marca francesa, depois da "Renault", Red Bull, Team Lotus e a partir do ano que vêm, a Williams. Agag quer não só fazer da Hispania um objetivo para aqueles que correm na GP2, como quer também dar o tal salto de qualidade que necessita. Tem excelentes patrocinadores consigo, como a qatari Barwa, a maior firma imobiliária do Médio Oriente, mas também tem como potencial patrocinador na equipa a firma Pepe Jeans, que pertence a um dos sócios de Agag, Juan Abelló.

Este Abelló é uma personagem interessante, pois graças à companhia Torreal, tem participações em vários sitios que vão desde a companhia de roupas Hackett (atualmente patrocina a Lotus) até deter uma participação significativa numa coisa chamada Imagina, que é a dona da Mediapro, que detêm os direitos televisivos da Liga espanhola, ou seja: Real Madrid e Barcelona, as duas equipas mais famosas do mundo.

E caso Agag chegue a um acordo com a Thesan para ficar com a Hispania, isso significa colocar o francês Charles Pic na Formula 1. Por duas razões: a sua familia paga facilmente os dez milhões de euros que a equipa pede de caução - ela é dona de uma firma de seis mil camiões-cisterna que transporta a gasolina da Total das refinarias para as bombas de gasolina - e segundo, Pic corre na Addax.

O Joe fala que o grande rumor por estes dias é que Agag, Abelló e Thesan ficaram cada uma com um terço da equipa - pelo menos - e que as instalações seriam transferidas para Valencia. Contudo, existem dois grandes obstáculos: Colin Kolles e a Renault. A primeira tem a ver com contratos anteriores, que fazem com que ele detenha um parte da equipa até ao final de 2012, e os seus carros estão na sua posse na sua sede de Munique. O outro lado até deixaria que Kolles ficasse, desde que estivesse no seu canto, sem poder executivo. Mas esse tipo de acordo não faz parte do "ethos" do germano de origem romena, logo, a alternativa seria negociar um contrato de rescisão, dando dinheiro em troca dos chassis e demais peças existentes na Alemanha.

E quanto à Renault, resta saber se quer fornecer uma quinta equipa, depois de ter feito a meio do ano um acordo de fornecimento de motores com a Williams para 2012 e seguintes. Segundo se ouve por estes dias, eles andam mais preocupados com o que se passa nas bandas da Proton-Genii, pois toda a gente quer se livrar da Genii Capital e de Gerard Lopez. E a Renault está a ponderar sériamente exercer o direito de "recomprar" a parte que vendeu há dois anos à mesma Genii, pois o seu novo CEO e numero dois no conglomerado Renault-Nissan, o franco-português Carlos Tavares, é um interessado por automobilismo, ao contrário de Carlos Ghosn.

Mas isso, são contas de outro rosário. O que conta é saber que a Hispânia, HRT ou HPV... como queiram, está a passar por momentos muito interessantes que merecem ser seguidos nas próximas semanas.

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