domingo, 9 de outubro de 2011

Formula 1 2011 - Ronda 15, Japão (Corrida)

E por fim, tinha chegado o dia que muitos provavelmente esperavam. Um dia mais de confirmação do que de expectativa, numa pista clássica como Suzuka, onde ao longo dos tempos tantas vezes viu duelos pelo título acabarem da melhor forma - ou não - e onde graças às batalhas entre pilotos, especialmente no final do anos 80, inicio dos anos 90, construiu a sua reputação. Os que falam português lembram-se de 1987, quando Nigel Mansell saiu de cena ainda antes de começar, dando o tricampeonato a Nelson Piquet e as pancadas "Prost-Senna" de 1989/90. E de novo Mansell, em 1991, quando desperdiçou na nona volta a sua última oportunidade de bater Ayrton Senna naquele ano.

Claro, depois tivemos o final da década, os duelos entre Michael Schumacher e Mika Hakkinen, principalmente em 1998, quando Schumacher teve de partir do final da grelha e fez uma recuperação notável até a meio da corrida, quando o seu pneu traseiro esquerdo se "esfarelou" na primeira curva, entregando o título ao piloto finlandês, provavelmente o melhor rival que Michael Schumacher teve no seu auge competitivo, antes da geração atual.

À partida, a situação de 2011 não apresentava essa dramaticidade. Aliás, era mais um pro-forma, um carimbo "de jure" aquilo que "de fato" já todos sabemos: Sebastian Vettel é o campeão do mundo de 2011, revalidando um título mais que antecipado, pois faltam - depois do Japão - quatro corridas para que este campeonato acabe. E o resultado da qualificação, onde o piloto alemão, apesar de tudo, viu-se aflito para bater Jenson Button - apenas nove milésimos de segundo separaram os dois pilotos - mais parecia dar motivos para a festa. Mas faltavam 53 voltas para a bandeira de xadrez, e tudo poderia acontecer, nesse dia solarengo de outono em Suzuka.

A largada parecia que iria causar polémica, quando Vettel decidiu defender-se dos ataques de Jenson Button, fazendo com que o britânico fizesse uma incursão pela relva e perdesse o segundo lugar a favor de Lewis Hamilton. Atrás, o herói local, Kamui Kobayashi, partiu mal e perdeu lugares no arranque, mesma coisa com Bruno Senna. Ambos estiveram em claro contraste com os Force India de Adrian Sutil e Paul di Resta, que largaram bem.

Vettel manteve-se na liderança nas primeiras 21 voltas, numa corrida onde os pneus determinaram uma cartada importante. Aí, o piloto britânico usou os seus conhecimentos na matéria de ritmo e de conservação de pneus para conseguir superar o piloto alemão neste tipo de estratégia. Atrás, Lewis Hamilton, mais agressivo, tentava fazer o mesmo, que era superar os seus adversários, mas pelo meio, deu para tocar - de novo! - em Felipe Massa. Voaram pedaços do carro, que resultaram na entrada do Safety Car para os tirar da pista, mas ambos continuaram. Claro, o incidente foi para apreciação dos comissários, e o seu chefe no Japão - o australiano Alan Jones - disse que era tudo normal e mandou seguir.

Mas aparte estes dois toques, a corrida foi calma até às voltas finais, quando a ação dos pneus deu de si. Quem soube melhor conservar os pneus viu a sua dedicação compensada. E a McLaren esteve de fato bem nesse capítulo, mais um deste final de semana, graças ao estilo de condução de Button, que fez conquistar - e merecer - esta vitória, dando um passo de gigante rumo ao vice-campeonato, agora com Fernando Alonso como seu principal rival, pois terminou a corrida no segundo lugar, aguentando os ataques de Sebastian Vettel para essa posição.

Mark Webber foi quarto classificado, Hamilton acabou logo a seguir, em quinto, Massa em sétimo, com Michael Schumacher - que melhora a cada corrida que passa - a ficar em sexto, que conseguiu livrar-se de um toque com Mark Webber e continuar a sua corrida até final. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram Sergio Perez, da Sauber, Vitaly Petrov, da Renault e Nico Roasberg - que fez uma excelente recuperação da última fila da grelha - ficou com o lugar final.

No final, uma Red Bull em delírio comemorava os seus títulos mundiais, e Sebastian Vettel escrevia mais uma página no seu livro de carreira, ao ser o mais jovem bicampeão do mundo de sempre, pois somente tem 23 anos de idade. Nessa mesma idade, Ayrton Senna, por exemplo, ainda competia na Formula 3 britânica... Era um titulo anunciado? Era. Mereceu esse título? Absolutamente. E não só porque tem o melhor carro do pelotão, porque é também um excelente piloto, tão bom como Alonso, Button ou Hamilton.

Agora, máquinas e pilotos atravessam o Estreito da Coreia para na semana que vêm, correrem pela segunda vez na história em Yeongnam. Com o título mundial seguro, e as restantes corridas servirem para cumprir calendário, espera-se que a atmosfera fique mais descontraída.

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