segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O autódromo que muda de mãos e um concurso que não vai a lado nenhum

O caso surgiu ontem de manhã nos jornais britânicos, mas provavelmente pode ser a ponta do "icebergue", pois circulam rumores de haja algo mais grave do que isso. E o caso é tão importante que a atual direção do British Racing Drivers Club já expressou enorme preocupação em relação a tudo isto. É que envolve o consórcio que está a remodelar o circuito de Silverstone, transformando-o em num complexo multifuncional, e um concurso para a sua concessão por um período incrivelmente longo: 150 anos.

Mas vamos por partes: o circuito de Silverstone passa por profundas obras de remodelação cuja primeira parte, a pista e novo "pitlane", foi concluida este ano. A segunda parte, esta mais complexa, tem a ver com novas arquibancadas, hotéis e um centro de negócios para que as empresas ligadas à alta tecnologia se possam assentar. O concurso para o seu financiamento foi lançado há um ano, e que tem quatro interessados. E agora surgiu um interessado inesperado, o Alpha Group, ligado ao emirado do Qatar, deu mais de 150 milhões de libras para ficar com o negócio, passando por cima do concurso e das suas regras. E para garantir isso, chegou a colocar um milhão de libras em depósito para garantir a vitória nesse concurso.

O Sunday Times, um dos jornais que fala sobre o caso - o outro jornal é o The Independent - fala de que esse milhão de libras é uma "garantia bancária", mas fontes ligadas ao processo insinuam que é um suborno puro e simples. O jornal fala que o impacto da proposta desse Alpha Group foi tal forma forte que Nigel Mansell, agora o vice-presidente do BRDC, pediu uma reunião urgente com a direção, agora presidida por outro ex-piloto de Formula 1, Derek Warwick, para discutir sobre este caso.

Não é a primeira vez que fundos do Qatar andam a comprar tudo que seja britânico ou mundial. Depois de terem conseguido comprar os armazens Harrods por 1.5 mil milhões de libras, de terem conseguido ficar com o Mundial de 2022, e de se prepararem para fazer o mesmo em relação aos Jogos Olimpicos de 2020, aparentemente querem fazer o mesmo com Silverstone. Um porta-voz da familia real do Qatar já desmentiu que esteja por trás da tal Alpha Group, mas as pessoas que estão dentro do assunto afirmam exactamente o contrário.

A preocupação pelo fato de uma concessão tão longa de um simbolo do desporto britânico e mundial ficar em mãos estrangeiras é de fato enorme. Mas mais grave pode ser aquilo que se insinuam nos corredores, que tudo isto já é um "fato consumado", graças a uma mala cheia de dinheiro e um concurso que não vai a lado algum.

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