quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A aventura chinesa de Carlos Sousa e as farpas de Filipe Campos

Durante mais de duas semanas, sabia-se que o Carlos Sousa iria participar no Dakar de 2012, que como sabem, começará em Mar del Plata e acabará em Lima, no Peru. Mas não se sabia de qual marca é que iria participar na próxima edição, embora se falava "à boca cheia", desde há algumas semanas a esta parte, que seria um construtor chinês.

Sousa foi fazer os seus testes a Marrocos e o segredo era algo de "polichinelo", ou seja, "sabia-se tudo sobre o boi, menos o nome do boi". Agora tornou-se oficial: é a Great Wall, cujo jipe é um "clone" do BMW X3. Tanto que a estrutura da equipa com o qual Sousa vai correr, liderada pelo veterano Philippe Gache, trabalhou no passado com esse modelo.

"Tivemos três dias de testes em Marrocos, e gostei do equilíbrio geral do carro. Logicamente, precisa de evoluir, em vários pequenos aspetos, e apesar de já termos testado algumas afinações, não houve tempo para ensair mais. Eram precisos mais dias para conhecer melhor o carro. Para já realizámos afinações na suspensão e sistema de arrefecimento do motor, o que foi importante. Fiquei agradado com o motor, quer pela potência e mesmo pelo binário. Claramente acima do que estava habituado no Mitsubishi. Enfim, existe a noção exata do caminho a seguir." referiu.

Por um lado, é bom ver que o Carlos Sousa, um veterano de muitos Dakares, quer em África, quer na América do Sul, volte a participar numa equipa oficial e não como privado, onde os apoios são mais difíceis de alcançar, apesar de ter feito alguns brilharetes no passado, com a Mitsubishi. Agora, claro, como é que as coisas vão correr no Dakar é uma incógnita cuja resposta só se verá daqui a pouco menos de dois meses na América do Sul.

Digamos que acredito mais nos Mini 4All onde o Ricardo Leal dos Santos e o Stephane Peterhansel vão pilotar. Mas claro, vai-se ver - e desejar boa sorte - ao Carlos Sousa.

Entretanto, ontem à noite, o meu amigo Gonçalo Sousa Cabral, do 16 Valvulas, entrevistou o novo campeão nacional, o Filipe Campos, que também foi o vencedor da "prova-raínha" do Todo o Terreno português, o Rali de Fronteira, prova idealizada por José Megre e que comemorou este ano a sua 25ª edição. A bordo de um Mini 4All preparado pela Yser Racing Team - o que prova cada vez mais que é um carro competitivo - decidiu aproveitar a ocasião para mandar as suas "farpas" para a entidade organizativa da FPAK, especialmente sobre os regulamentos.

Por um lado tem razão - por causa de um dos seus maiores adversários ser Miguel Barbosa, o filho do presidente do ACP, Carlos Barbosa - mas por outro há uma coisa que salta à vista de todos nós. Tendo o carro mais competitivo do Nacional de Todo-o-Terreno, que raio faria ali em Portugal, só a correr provas nacionais? Já provou por mais do que uma vez que é o melhor, já ganhou títulos nacionais - aliás, é o atual campeão nacional. Portanto, correr lá fora é o desafio que lhe segue e só faz bem, desde que tenha o "budget" necessário para o fazer.

Quanto ao Dakar... apesar de muitos terem dito que seria pena ele não participar na edição de 2012, as suas razões são justificáveis. Para além de ser tarde em termos de planeamento, ele já não tem muita idade e muita paciência para rodar em superfície de areia, por exemplo. E ele é o primeiro a reconhecer isso. Talvez em 2013, se planear bem os seus próximos passos, com o devido "budget" e tudo. E claro, se a temporada de 2012 for boa.

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