quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O que é que vai ser agora a Mini?

A decisão desta terça-feira da BMW, na sua sede em Munique, era algo esperada, após o surgimento no final do ano das noticias sobre as tensões existentes entre a casa-mãe e a Prodrive. Murmuradas desde o final do ano, começaram a ser ditas de forma mais aberta na semana do Rali de Monte Carlo. A casa-mãe, a principio demasiado ocupada com o seu regresso ao DTM, decidiu depois que a melhor maneira de controlar os aspectos do desenvolvimento do carro seria de terminar o contrato com a Prodrive, depois desta ter falhado em alguns aspectos, como por exemplo, a questão do patrocinador, e depois, a saga da inscrição da marca na categoria M1, como construtora.

Contudo, a decisão de entregar o desenvolvimento à Motorsport Itália surpreendeu muita gente. Aliás, vendo as coisas no papel, parece um "samba do crioulo doido": A Motorsport Itália é rebatizada de Mini Team Portugal, e os seus pilotos oficiais são Armindo Araujo e o brasileiro Paulo Nobre. Um, bicampeão da Produção em 2009 e 2010, e com uma limitada experiência com o WRC, e o segundo, um apaixonado pelos ralis, com 43 anos de idade e que na Suécia vai fazer o seu terceiro rali da sua carreira na categoria principal.

A equipa fica agora com estatuto de M1, ou seja, vão a todos os treze ralis do campeonato, tem quilometragem ilimitada e igualdade de tratamento com a Prodrive e Dani Sordo. E então, porque é que a BMW não ficou com Sordo e o britânico Chris Meeke? Simples, os contratos que estes pilotos assinaram foi com a Prodrive e não com a casa-mãe. E como a Prodrive está a alugar o segundo carro à melhor oferta - Patrik Sandell guiará o segundo carro na neve sueca - muito provavelmente Meeke ficará apeado esta temporada, para seu natural desgosto.

E o que é que isto significa para o futuro da BMW, e da Mini? Bom, primeiro que tudo, o carro estará homologado até 2018, o que pode dizer que eles poderão, à partida ficar no WRC até lá, ou então, como alguns adoram vaticinar, ir embora no final do ano, "com o rabo entre as pernas". Não acredito muito nisso pelo simples fato da Volkswagen ir entrar "com tudo" em 2013, o pode significar também que a BMW queira ter o assunto entre mãos para poder combater com a VW nas classificativas um pouco por todo o mundo. E como a Prodrive tinha uma autonomia quase total no projeto, talvez eles queiram ter agora um maior controlo nas fases de desenvolvimento do modelo. E a Motorsport Itália seria o parceiro ideal para isso.

A não ser que a "Chairman of the Board" de Munique seja toda mentecapta... não acredito numa retirada de cena no fim de 2012.

No meu caso, acho que deveria ter ouvido melhor os sinais vindos desde o final do ano, especialmente quando Armindo Araujo, numa entrevista que deu à RTP, ter dito que em 2012 iria ter o apoio da Mini alemã... e falando no piloto de Santo Tirso, muitos nas minhas bandas dizem que agora ele não tem desculpas para dar vinte segundos ao Sebastien Löeb em cada classificativa. Francamente, o Armindo tem uma excelente oportunidade para mostrar o que vale. Terá um carro igual, com peças de última geração e dias e dias para testar o bólido... mas não andará na frente na Suécia, porque aquela não é a sua superfície. 

E quanto ao Paulo Nobre, digamos que este palmeirense do coração (é um dos vice-presidentes do clube) deve estar feliz da vida por ter aparecido uma oportunidade destas. Esteve no lugar certo, na hora certa, e vai gozar o momento. E mais logo, o WRC arranca nas frias paragens suecas, o primeiro rali da nova roupagem da Mini. 

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