terça-feira, 20 de março de 2012

Para vender revista

O assunto do dia, em termos de Formula 1, tem a ver com... uma crónica. Confesso não saber muito sobre o prestígio de Alberto Sabbatini, cronista na revista italiana Autosprint, mas parece que já pede a cabeça de Felipe Massa já no primeiro Grande Prémio do ano, devido à sua parca prestação em Melbourne, onde rodou discretamente antes de se envolver num acidente com Bruno Senna.

Pedir a cabeça de A ou B na primeira corrida do ano acho cedo demais. Primeiro, porque é a primeira prova do ano e domingo tem mais corrida, na pista malaia de Sepang. Fico com a sensação de que essa pessoa decidiu desabafar, apelando a que a Ferrari passasse por uma limpeza já no final da temporada que passou, pois acha que é assim que voltam às vitórias, como se as chicotadas psicológicas no futebol também funcionam na Formula 1. Não, normalmente não funcionam, mas parece que se esquecem disso. 

A Formula 1 é um trabalho longo e duro, do qual os resultados são a longo prazo. Já entendi que os italianos e os "tiffosos" estão a perder a paciência, especialmente agora que viram que o novo chassis é um desastre e o perigo de acabaram na quinta posição do campeonato é bem real. Contudo, no meio do desastre, tenho de tirar uma coisa positiva nisto tudo: Fernando Alonso. Por ter feito uma corrida inteligente, subindo de 12º para o quinto posto, por ter aguentado os ataques do Williams de Pastor Maldonado, pode-se dizer que "tirou leite de pedra".

Sabbatini pediu a cabeça de Felipe Massa e o regresso de Jarno Trulli ao ativo, achando que o veterano piloto de 37 anos, corrido no inicio do ano da Caterham para dar lugar ao russo Vitaly Petrov, pode fazer um melhor trabalho do que Felipe Massa, especialmente na parte dos pneus, do qual parece que Massa se debate desde o ano passado. Por muito que goste de Trulli, e por muito que ache que mereça esta hipótese, ficaria com a sensação - caso a sugestão fosse acatada em Maranello, como se alguém lesse as crónicas do Sabbatini por lá - de que seria um "Badoer III", depois do próprio Luca Badoer e de Giancarlo Fisichella, depois de que em 2009 substituiram - ironia suprema - Felipe Massa. Os dois fizeram numero, passando a ideia de que foram para lá como se fossem os "funcionários do ano" e a recompensa fosse umas voltinhas na Formula 1 da companhia.

Mas mesmo que isto tudo seja "uma tempestade num copo de água", o alerta está lançado: a Ferrari tem de melhorar, Felipe Massa tem de melhorar. Scuderia e piloto estão a partir de agora sobre brasas. E tem de mostrar algo dramático já em Sepang porque, caso contrário, terão mais pressão para além do habitual. E se os dois demorarem a reagir, o tic-tac do relógio será cada vez mais audível.

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