quinta-feira, 24 de maio de 2012

5ª Coluna: A futura flutuação da Formula 1

Na passada sexta-feira, depois de muitas especulações e muita ansiedade, o Facebook chegou à Bolsa de Nova Iorque, colocando parte do seu capital à disposição de quem quiser. Depois das ações terem valido à volta de 36 dólares no primeiro dia, o preço desceu muito no inicio desta semana, dando origem a especulações sobre se o preço inicial não estava sobrevalorizado em relação à realidade. De facto, estava, mas há outras companhias que tem preços sobrevalorizados, como a Apple, por exemplo, e não deixam de ser uma das companhias mais lucrativas do mundo. É o "hype", digamos assim.

Há outras coisas que poderão estar em jogo, mas se calhar só mais tarde, mais para o final do ano, é que veremos até que ponto é a entrada do Facebook na bolsa foi ou não um "flop". Mas porque é que trago uma rede social para um site de automobilismo? Porque a Formula 1 vai no mesmo caminho. Daqui a algum tempo, provavelmente no meio do ano, eles vão fazer o mesmo, na Bolsa de Singapura.

Desde o inicio do ano que a CVC Capital Partners, o fundo de investimento com sede em Abu Dhabi, pretende alienar parte do capital da Formula 1 em Bolsa. A percentagem em questão era pertencente à Lehman Brothers, o banco que pediu falência em 2008, causando a atual crise que o mundo vive, e andava À volta dos dez por cento. Muitos afirmavam que eles queriam vender essas acções por 1,2 mil milhões de dólares - quase mil milhões de euros - afirmando que a Formula 1 em si valeria dez mil milhões de dólares. Que este desporto é um negócio, já sabemos, mas muitos afirmam que este preço está sobrevalorizado.

Esta terça-feira, a CVC autorizou a venda de 1,6 mil milhões de dólares em acções - 1200 milhões de euros - para três investidores: os grupos BlackRock, Waddell & Reed e o Norges Bank Investment Management. O primeiro pertence a Larry Flink, um magnata que é dono de, entre outros, a revista Vanity Fair. O segundo é uma rede de gestão americana e o último, como é óbvio, é fundo de investimento estatal norueguês. Quanto ao IPO (Oferta Pública de acções), está marcado para o mês que vêm, em Singapura.

A IPO vai ver quatro bancos envoilvidos: as americanas Morgan Stanley e Goldman Sachs, a UBS suiça e a espanhola Santander. Primeiro que tudo, acho estranho porque é que uma coisa como a Formula 1 se decida entrar em Bolsa num sítio como Singapura e não numa praça mais conhecida como Londres ou Nova Iorque. Poderia pensar que a ideia seria apostar o seu futuro numa Ásia em crescimento pujante, mas o mais lógico seria cotá-lo em Hong Kong, por exemplo. Mas escolheram Singapura que, sendo importante, é relativamente secundária, a nível de Xangai ou Seoul, por exemplo.

E esta IPO acontece num momento importante na Formula 1: a renegociação do Acordo (ou Pacto) da Concórdia. Com o atual acordo a expirar em 2012 e as especulações sobre as dificuldades em que Bernie Ecclestone está a ter para chegar a acordo - quer com as equipas, quer com a FIA - e claro, com as dificuldades que os promotores têm para pagar as exigências de Ecclestone para ter a Formula 1 no seu país - a renuncia de França e as dificuldades que os organizadores do GP de New Jersey estão a ter para arranjar dinheiro e construir o circuito são os exemplos mais recentes - fica-se a pensar se aquilo que eles pedirão no futuro por cada ação - ainda não sabemos quanto, mas o normal é eles sobrevalorizarem o preço - não será o típico exagero de quem quer ganhar dinheiro com isto e mais nada, para depois as ações despencarem, como acontece neste momento com o Facebook? 

É o risco que se corre, quando se joga na roleta do casino... ups, na Bolsa de Valores. Mas Bernie Ecclestone não se importa, porque vai sempre ganhar com isto.

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