terça-feira, 22 de maio de 2012

Biografias - Danny Ongais (2ª parte)

(continuação do capitulo anterior)

Em 1974, Ted Field era um jovem de 21 anos muito, mas muito rico. Herdeiro de uma fortuna que envolvia negócios imobiliários e dos media em Chicago - que detinha e geria o "Chicago Sun-Times", por exemplo - Field tinha uma paixão pelo automobilismo, e decidira gastar algum por ali, em corridas como a Can-Am ou a USAC. E viu em Ongais o piloto ideal para o seu projeto, devido à sua rapidez e enorme adaptabilidade para guiar em qualquer máquina. Para isso, fundou a Interscope Racing, com o havaiano - agora a caminho dos 33 anos - ao volante.

Em 1975, deixou de lado os dragsters e passou a correr nas pistas, com um Lola T300 na Formula 5000. Apesar de ter sido uma temporada dificil, pois o seu carro não era eficaz, venceu na última corrida do ano, em Riverside, acabando em terceiro numa divisão regional da categoria, para além de participações na IMSA, os Gran Turismo americanos. Ainda participou na Race of Champions, onde se qualificou na segunda posição, mas nao participou na corrida devido a problemas mecânicos, resultantes de um acidente na corrida anterior, também em Riverside.

Na temporada seguinte, Ongais particiaria de novo na Formula 5000 com Field e por fim, na USAC, com Parnelli Jones. Se as coisas na primeira categoria até foram regulares, andando sempre nos lugares da frente - mas não ganhando nenhuma corrida, na Indycar, participa na ronda na oval de Ontario, onde se qualificou no 11º lugar e teve a sua corrida terminada com um forte embate no muro, devido a um... golpe de vento. O acidente foi forte, mas safou-se com meia dúzia de arranhões.

Em 1977 tem por fim a sua primeira temporada a tempo inteiro na USAC, ao serviço da Parnelli, com alguns bons resultados para começar, e um forte embate no muro em Phoenix, antes da sua primeira participação nas 500 Milhas de Indianápolis. Foi sétimo na qualificação e até andou bem durante parte da corrida, fazendo a volta mais rápida, mas as coisas acabaram cedo devido a um problema de motor. No resto da temporada, venceu em Michigan, e fez três pole-positions, acabando no 12º posto na classificação.

Quanto ao seu amigo Ted Field, este decidiu dar-lhe uma temporada na IMSA, mais concretamente na classe GT, a bordo de um Porsche 934. Houve muitas corridas onde Ongais andou bem, mas sofreu problemas vários que o impediram de vencer, mas venceu duas corridas, em Laguna Seca e Brainerd. E no final do ano, Field o propôs que fosse experimentar uma outra categoria: a Formula 1. Ele achava que Ongais era o piloto perfeito, e já tinha arranjado um chassis ideal para isso, pois a Penske tinha saido de cena no ano anterior e os seus carros ainda eram válidos no pelotão. Prova disso era que a ATS estava a usá-los na sua equipa.

Field comprou-lhe um PC4 que sobrava e inscreveu Ongais para as duas corridas em solo americano, a começar em Watkins Glen. Pouco familiarizado com o carro, só conseguiu o penultimo tempo da grelha, mas quando a corrida começou, ele subiu em apenas cinco voltas para a 15ª posição, até que ele exagerou numa curva e bateu. Na prova seguinte, em Mosport, melhorou um pouco, partindo da 22ª posição da grelha. A corrida foi de atrito, e surpreendentemente, Ongais ia sobrevivendo aos desastres, e perto do fim, rodava muito perto dos pontos. Na volta 78, Vittorio Brambilla teve um acidente com o seu Surtees devido a uma mancha de óleo provocado pelo Lotus de Mário Andretti, e de repente, o sexto posto era possivel. Mas ele já tinha duas voltas de atraso e teve de se contentar com o sétimo lugar final.

Estes resultados foram encorajadores para Field e Ongais, que decidiram participar na temporada seguinte. Mas em vez de comprar um chassis e montar uma equipa, decidiram colocá-lo numa equipa, neste caso a Ensign. Ongais teve problemas em se adaptar, fazendo modestas qualificações e tendo duas desistências em Buenos Aires e Jacarépaguá, e após isso, Field decidiu adquirir um chassis Shadow DN9 para participar em Long Beach. Contudo, esse chassis também estava a estrear-se na equipa principal e o americano não foi nada bem, não conseguindo sequer pré-qualificar-se. A meio do ano, testaram em Silverstone e tentaram de novo a sua sorte em Zandvoort, mas não conseguiram pré-qualificar-se.

No final, decidiram concentrar-se na Indy, onde teve uma grande temporada, com cinco vitórias e uma memorável participação nas 500 Milhas de Indianápolis, onde se qualificou no segundo lugar, mas abandonou quando seguia na segunda posição. Aliás, foi o seu estilo "win or wall" que impediu de ser campeão nesse ano, pois tinha conseguido a pole-position em mais cinco corridas, mas em quase todas elas acabou por desistir, como por exemplo, nas idas da Indy aos circuitos ingleses, onde Ongais dominou, mas não chegou ao fim. 

Contudo, no inicio de 1979, Ongais voltou a entrar dentro de um Formula 1, em Paul Ricard, onde a Shadow estava a testar os seus carros. Foi rápido, mas depois foi batido por um jovem italiano de 20 anos, que ficou com o direito de correr pela equipa nessa temporada. Seu nome? Elio de Angelis.

Mas esse ano não foi só de más noticias. No inicio, ele, Ted Field e Hurley Haywood participaram como pilotos nas 24 Horas de Daytona com um Porche 935, onde deram cabo da concorrência, e venceram com folga, apesar de um problema com o turbo, que os obrigou a parar na última hora da corrida. Mas isso foi mais do que suficiente para que Ongais parasse imediatamente antes da linha de chegada e esperasse para que o relógio marcasse a hora. Quando assim aconteceu, engatou a marcha e cruzou a meta, chegando ao lugar mais alto do pódio.

Na Indycar, por fim acabou as suas primeiras 500 Milhas com um honroso quarto lugar, no chassis Parnelli, e no campeonato, foi sexto classificado, num chassis que estava a ficar crescentemente datado. No final do ano, Field decidiu encomendar o seu próprio chassis, com motor Porsche V6 Turbo, pensando que assim poderia solucionar o seus problemas de chassis e de motor. Mas estes eram tempos tensos nas corridas americanas, pois a CART tinha sido uma cisão das equipas por causa do problemas dos custos de construção dos chassis e dos motores Turbo, e o facto de quererem que as coisas fossem feitas "em casa". No final, as equipas não estavam muito interessadas no projeto da Porsche, embora o objetivo fosse apenas as 500 Milhas de Indianápolis, que nessa altura não estava sancionado na CART, mas sim na USAC. 

O projeto abortou, mais por causa da Porsche, mas continuaram a correr nesse ano na CART, com Ongais a ser terceiro em Watkins Glen. E tentou a sua sorte pela primeira vez nas 24 Horas de Le Mans, com um 935 da Kremer Racing ao lado do francês Jean-Louis Lafosse. Retirou-se quando seguia na oitava posição.

Em 1981, Ongais correu mais na IMSA, mas quis tentar a sua sorte nas 500 Milhas de Indianápolis. Com um chassis próprio - que a imprensa batizou de "Batmobile" - e apesar de partir na 21ª posição da grelha, rápidamente partiu ao assalto dos lugares da frente. Estava em quarto quando foi às boxes, onde a sua paragem fora desastrosa, deixando cair o motor e perdendo 46 segundos. Irado, partiu apressadamente das boxes, danificando a sua embraeagem, e foi aí que teve um dos seus piores acidentes da sua carreira, perdendo o controlo do seu carro meia pista adiante, na Curva 3. O carro "chicoteou" e bateu de frente contra o muro, a mais de 300 km/hora, sofrendo ferimentos graves em ambas as pernas e no torax.

(continua amanhã

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