quinta-feira, 18 de outubro de 2012

5ª Coluna: Vettel, o subestimado

A semana que passou foi marcada pelo GP da Coreia do Sul, onde no meio dos "Gangnam Style", Sebastian Vettel venceu pela terceira vez consecutiva na temporada, e assim passou para o comando do campeonato do mundo, com sete pontos de diferença para o Ferrari de Fernando Alonso. Com quatro corridas até ao final do campeonato, parece que os candidatos ao títulos ficaram reduzidos a dois, o alemão da Red Bull e o espanhol da Ferrari.

Ambos, curiosamente, lutam por um terceiro título mundial, e caso seja o espanhol vencedor deste campeonato, dará a Alonso um titulo que lhe escapa desde 2006. Contudo, caso o piloto vitoriosos seja o simpático alemão de Heppenheim, será o terceiro piloto da história da Formula 1 que alcança três títulos consecutivos, depois de Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher. E isso nos faz pensar - e discutir - sobre quem é o melhor piloto da atualidade.

Que toda a gente diz que Fernando Alonso é o melhor piloto do pelotão, sou tentado a concordar. Conseguiu nesta temporada de 2012 fazer milagres com um mau carro, especialmente no seu inicio, fazendo boas posições e uma vitória em Sepang, debaixo de chuva, quando a equipa mais necessitava de um bom resultado, face a um carro que era muito provavelmente o quarto melhor do pelotão, atrás de McLaren, Red Bull e Sauber, e a par da Lotus. E depois, quando o chassis melhorou, a meio do ano, Alonso passou a somar consecutivamente vitórias, podios e bons resultados, contra os McLaren e os Red Bull.

Mas fico com a sensação de que as pessoas subestimam Sebastian Vettel, e isso é perigoso. Vettel pode ser mais discreto do que Alonso, por vezes quando o carro não domina o pelotão, mas nos momentos decisivos, não falha. Não digo só por ser alemão e estes tem aquela fama de eficácia, mas também porque ele é tão bom piloto que Alonso.

Eu gosto de Sebastian Vettel. É cerebral e ambicioso, como Jackie Stewart, é duro, mas leal, como Gilles Villeneuve. Adora a competição pela sua essência, diverte-se e detesta a sua politica. Só está ali para vencer corridas e divertir-se enquanto o faz. Não quer ganhar a qualquer preço, como Michael Schumacher, que como sabem, fez tudo para ganhar, incluindo abalroar os adversários. Todas as polémicas em que Vettel esteve envolvido nesta temporada tem mais a ver com o que faz na pista - a penalização por ter ultrapassado com as quatro rodas fora da pista em Hockenheim, ou "quando apertou mais para além do tolerado pela Ferrari" em Monza - do que por exemplo, o que se passa fora dela.

Provavelmente o problema de Vettel é esse: a sua discrição. Não tem uma namorada mediática, como Lewis Hamilton ou Jenson Button. Não tem ares de "Principe das Asturias" e têm a equipa à sua volta, como Fernando Alonso. Não tem endereço no Twitter, não tem conta no Facebook, não empresta a sua voz numa série de desenhos animados, não se vê em festas, nada fora do quadro da Red Bull. Caramba, não tem uma tatuagem enorme nas costas, como Alonso e Button... aliás, nem sabemos direito quem é a sua namorada! Só sabemos que é divertido, adora ouvir Beatles e ver Monty Python.

Como disse atrás, Vettel detesta o confronto, a politiquice. Daí eu não acreditar nos rumores que andaram a puluar durante a semana, afirmando que o alemão e o espanhol estariam juntos na Scuderia em 2014. Eu sei que isso é o sonho de muita gente, que acha que ter dois génios numa equipa é uma coisa boa. Sou dos que voto contra porque a história quase sempre demonstrou que na maior parte dos casos, são relações que acabam mal. E nada garante que a Ferrari em 2014 esteja a caminho de ter um carro de sonho nesse ano em que tudo muda em termos de regulamentos de chassis, e com um motor de 1.6 litros Turbo. 

Passar de cavalo para burro, ainda mais quando não há sinais de que Adrian Newey esteja disposto a sair da Red Bull, não creio que seja apanágio de Vettel. Pode ser que saia da Red Bull um dia, claro, mas a melhor data para isso será em 2015, depois de andar uma temporada a experimentar o novo carro, o novo motor e a nova regulamentação. É para aí onde estou apontado, e não em 2013, como muitos parecem querer acreditar.

Não sei como esta temporada vai acabar, mas se depois de Monza acreditava que Alonso tinha vantagem, agora acho que Vettel vai mais a caminho do "tri". Estes tilkódromos favorecem o seu carro e o seu estilo de pilotagem faz o resto. E se o conseguir, merece-o perfeitamente. 

2 comentários:

Unknown disse...

Não penso que niguém substime o Vettel, nem na pista nem fora dela. Penso que os fãs do Vettel é que pensam que os fãs dos outors o substimam...

A única conclusão que tiro desta temporada é que Vettel e Alonso (+ Raikkonen) são pilotos claramente equivalentes em termos de perícia e algo desiquiibrados em termos de veículo, mas isso é parte do jogo e cada um joga com as cartas que lhe caem.

Como a mente humana gosta sempre que escolher um piloto preferido a minha simpatia vai para Alonso, mais por afinidade cultural que perícia automobilística, que essa, como referi, é equivalente...

Cumprimentos

Osvaldo Lucas Andrade disse...

Excelente e lúcido texto..apenas resalvo que em minha opiniao Vettel já é o mnelhor do grid