domingo, 4 de novembro de 2012

Formula 1 2012 - Ronda 18, Abu Dhabi (Corrida)

O que 150 ml de gasolina pode causar estragos ao campeonato, hein? A desqualificação de Sebastian Vettel, e consequente relegação para o último lugar da grelha de partida, devido ao facto do piloto alemão ter ficado sem gasolina, a caminho das boxes, causou enormes prejuízos naquela que parecia ser um caminhada rumo ao terceiro título do piloto alemão. Como seria de esperar, deu uma enorme oportunidade para que Fernando Alonso e a Ferrari consigam pontos suficientes para diminuir a vantagem e até o ultrapassar na corrida para o título. E claro, uma corrida à partida aborrecida para o espectador, como é Abu Dhabi, tornou-se subitamente em algo interessante de se ver.

Com o piloto espanhol largando do sexto lugar, parecia que ele tinha a vantagem na mão. Mas o seu carro é nitidamente inferior aos carros da McLaren e da Red Bull, e ainda tinha pela frente pilotos como Kimi Raikkonen, no seu Lotus, e Pastor Maldonado, no seu Williams. O venezuelano é um piloto duro de roer, e Raikkonen, mais experiente, irá lutar pela sua posição, caso esteja na frente do piloto espanhol. Logo, tinhamos à partida dois pilotos que teriam de fazer grandes corridas, se queriam superar um ao outro, e diminuir - ou alargar - a diferença entre um e outro. E Sebastian Vettel iria largar das boxes, aparentemente, longe de qualquer confusão que pudesse acontecer na partida. 

Mas o que parecia era que, nem um, nem outro, tinham hipóteses de vitória, pois essa parecia ser mais da área entre Lewis Hamilton e Mark Webber, com o natural favoritismo para o piloto britânico.

No lusco-fusco arábico, máquinas e pilotos preparavam-se para mais uma corrida decisiva, ainda mais quando faltam três para o fim do campeonato. Na partida, tudo correu bem para Hamilton, que manteve a liderança, e Raikkonen, que passou de quinto para segundo, mas no meio do pelotão, quatro pilotos envolviam-se em vários toques, com o lado pior a sobrar para Nico Hulkenberg, que saiu da pista, em conjunto com o Williams de Bruno Senna. O brasileiro voltou à pista, mas o alemão não. Outro toque tinha acontecido com Nico Rosberg, que tinha feito contacto com Romain Grosjean, fazendo com que caísse também para o fundo do pelotão.

Por essa altura, Alonso já tinha passado Webber e era quarto classificado, um primeiro sinal de que o piloto espanhol estava a tentar conseguir o maior numero de pontos possível para ter uma liderança. Vettel tinha passado os carros do fundo do pelotão, mas quando tinha chegado ao de Bruno Senna, leva um pequeno toque e danifica a asa dianteira. Não o suficiente para ir logo às boxes, mas a ter problemas com a dirigibilidade do seu carro.

Na frente, Hamilton liderava sem problemas, seguido por Raikkonen, Maldonado e Alonso. Mas na nona volta, houve uma situação complicada, a segunda da corrida. Rosberg estava a apanhar o indiano Narain Karthikeyan na Curva 16 quando o motor Cosworth do HRT explode, diminuindo subitamente a sua performance. O alemão viu o fumo tarde demais e descolou, acabando por bater no "softwall", e os destroços por muito pouco não acertaram no capacete do piloto indiano. Inevitavelmente, o Safety Car teve de entrar na pista.

Isso foi aproveitado pela Red Bull para chamar Vettel às boxes e colocar uma nova asa dianteira, bem como trocar os pneus para um composto mole, para tentar passar a concorrência nas voltas seguintes. Quando a corrida voltou ao seu ritmo, na 12ª volta, Vettel começou a passar toda a gente, um por um, enquanto que Hamilton mantinha Raikkonen e uma distância razoável  Parecia que isto ia ser o dia do piloto inglês, mas...

Mas na 16ª volta... Hamilton estava fora. Era a terceira situação de corrida, e Alonso subia para lugar de pódio, com Kimi Raikkonen na liderança da corrida. Quase imediatamente, Fernando Alonso aproveita uma distração de Pastor Maldonado para ficar com o segundo posto. Assim, Alonso era o lider do campeonato.

Com o desenrolar desta corrida, os incidentes continuavam a acontecer. Na volta 23, Webber tenta passar Maldonado, mas bateu e fez um pião. As coisas pareciam cada vez piores para a Red Bull (tinha caído para sétimo), mas em compensação, Vettel já estava na zona dos pontos. Duas voltas depois, Vettel tinha subido para o oitavo lugar, e a diferença entre ambos era de apenas... um ponto. Na volta seguinte, Webber tenta passar Felipe Massa, mas a ultrapassagem é tão complicada que o brasileiro acaba por fazer um pião. E com isto tudo... Sebastian Vettel tinha chegado ao sétimo posto, e voltava à liderança do campeonato. Na frente, Kimi Raikkonen afastava-se cada vez mais de Alonso.

Com o meio da corrida, e as paragens nas boxes, Vettel era segundo, atrás de Raikkonen. Agora, a grande incógnita era saber se o piloto alemão iria até ao fim, com os pneus moles, e se iria aguentar a carga final dos pilotos que iriam ficar atrás dele, como Alonso, Button ou Maldonado. Por esta altura, Alonso era pressionado por Button para o quarto posto.

Mas Vettel não tinha pneus para a volta toda e parou para trocar na volta 38. Voltou à pista na quarta posição, mas poucas curvas mais tarde, e atrás do piloto alemão, quatro pilotos lutam pelo quinto lugar. Romain Grosjean, Paul Di Resta e Sergio Perez, com Mark Webber observando, andavam a trocar posições. O choque foi inevitável, com Perez a ter uma maior parte da culpa, e Grosjean e Webber a acabar as suas corridas. Pela terceira vez nasta corrida, o Safety Car entrava na pista, para limpar os destroços.

Quando o Safety Car voltou para as boxes, Raikkonen consegue afastar-se de Alonso, enquanto que Button aguentava os ataques de Sebastian Vettel. Parecia que as coisas iriam acalmar-se, mas na volta 52, Vettel conseguiu passar Button, que se debatia com a crescente falta de aderência dos seus pneus, e conseguia chegar ao terceiro posto, absolutamente improvável para quem partia da última posição.

Agora, todos viam se Kimi Raikkonen iria aguentar os ataques de Fernando Alonso. Com o tempo, via-se que mesmo com a aproximação do espanhol, o finlandês manteve a cabeça fria e deu à Genii/Renault/Benetton/Toleman a primeira vitória da temporada, e dando a Kimi Raikkonen a primeira vitória da temporada e um regresso "à la Niki Lauda", como o austriaco tinha feito trinta anos antes, em 1982.

Fernando Alonso era o segundo, numa corrida... normal, dado o facto de ele dar o seu melhor com o carro que tinha entre mãos. Mas o terceiro lugar de Sebastian Vettel, dadas as circunstâncias, só demonstra que o piloto alemão não só foi o homem da corrida, como demonstrou - se ainda existem quaisquer dúvidas - que é um dos melhores pilotos da sua geração.

No final, a corrida de Abu Dhabi - que normalmente é um aborrecimento - conseguira ser, inesperadamente, a melhor corrida da temporada. Os incidentes de corrida e as entradas do Safety Car contribuiram para isso, mas observar a recuperação de Sebastian Vettel, tendo conseguido reduzir os estragos ao mínimo possivel, fez com que a competição esteja agora ao rubro, mas o alemão ainda está com as cartas na mão. E ainda pode ser campeão em Austin.

1 comentário:

Juanh disse...

Gran carrera de Hamilton, Raikkonen y Vettel; me perece que este último se lleva el campeonato.
Abrazos!
http://juanhracingteam.blogspot.com.ar/