sábado, 18 de fevereiro de 2012

O jardim zoológico da GP3

A GP3 é neste momento o degrau mais baixo da escada existente até á Formula 1 que acompanha os finais de semana da categoria máxima do automobilismo. Composta por dez equipas, com três carros cada, está a ser uma categoria cada vez mais heterogénea em termos de nacionalidades. E ainda com mais de metade do plantel por preencher, já começa a chamar a atenção com o anuncio, nesta sexta-feira, da contratação por parte da Trident, de uma mulher, a italiana Victória Piria, de 18 anos.

Victoria - ou Vicky para os amigos - filha de pai italiano e mãe inglesa, correu no ano passado na Formula Abarth Itália, uma das mais competitivas do pais, com alguns resultados interessantes, sendo o melhor um oitavo posto na última corrida do ano. Pelos resultados e pela beleza, mais parece ser uma "Giovana Amati, a geração seguinte" do que propriamente um talento capaz de rivalizar com Valtteri Bottas, o campeão de 2011 dessa mesma competição. Mas como não quero tirar conclusões precipitadas - se quiserem espreitar o site oficial dela, fiquem à vontade - posso dizer que o anuncio de Piria é o mais recente de uma série delas que, mesmo com apenas um terço do plantel conhecido, quase nos faz pensar que está a virar um jardim zoológico, tantas são as nacionalidades e as diferentes origens destes jovens pilotos.

Primeiro que tudo, a familia. Alex Brundle vai ser um dos pilotos da Carlin, e aos 22 anos, tem de demonstrar que a experiência que já acumulou na Formula 2 e e na Formula 3 britânica seja o suficiente para dar o salto para a GP2, caso contrário, fica mais pelo caminho e se dedica à Endurance, como o seu pai fez a uma determinada altura do campeonato, com bons resultados, diga-se. Mas não há só tradição familiar em Brundle Jr., pois tem também o alemão Daniel Abt, campeão em 2009 da Formula ADAC Masters, e participante na Formula 3 Euroseries em 2011, é filho de Christian Abt, piloto da DTM no inicio da década e patrão da preparadora com o mesmo nome. Daniel Abt é um dos dois pilotos da Lotus GP já confirmados, ao lado do finlandês Aaro Vaino.

Mas para além da menina e dos herdeiros, há as localizações exóticas. Se no ano passado tivemos o indonésio Rio Haryanto, que até venceu duas corridas em 2011, este ano temos confirmados até agora um piloto das Filipinas e outro do Chipre. Isso mesmo o que vocês leram: há pilotos nessa zona. O primeiro até tem um nome estranho: Marlon Stockinger. Tem 20 anos, é filho de um suiço e de uma filipina, mas é um repetente, pois correu no ano passado, sem conseguir pontuar. Já correu na Formula Renault britânica, com alguns bons resultados, batendo-se de igual para igual com jovens promessas como Lewis Williamson.

O segundo piloto de localização exótica chama-se Tio Ellinas, e vem do Chipre. E parece ser bom, pelos resultados que já teve na Grã-Bretanha. Foi quarto na Formula Ford em 2010, conseguindo bater Joshua Hill - sim, filho de Damon e neto de Graham - e em 2011, passou para a Formula Renault, acabando o ano como vice-campeão. Elinas correrá na Manor Racing, ao lado do russo Dimitry Suranovich e do brasileiro Fabiano Machado.

Ainda falta muito para que o quadro esteja completo, e muitos lugares continuam por preencher, mas a hipótese dos herdeiros, como as localizações exóticas de um automobilismo cada vez mais globalizado, estão de pé. Nada impede que os planos de Hill passem pela GP3, ou que Haryanto tente uma terceira temporada nesta categoria. Mas não verão por aí o austriaco Lucas Auer, sobrinho de Gerhard Berger, pois esse vai para a Formula 3 alemã, a correr pela Van Amersfoort Racing, ao lado de René Binder. Sim,  também é austriaco e também é familiar de piloto. Neste caso, é sobrinho de Hans Binder.

O jardim zoológico - ou se perferirem, as Nações Unidas sobre rodas - compõem-se. Veremos como ficará. E certamente deverá merecer novo post.

O elogio de Moss a Vettel e o caminho da lenda

Stirling Moss é uma lenda viva do automobilismo. O antigo piloto britânico elogiou este sábado o bicampeão do mundo Sebastian Vettel pelo seu talento a guiar o seu Red Bull, e compara-o a Juan Manuel Fangio, outra lenda do automobilismo e do qual Moss correu al lado dele em 1955, ao serviço da Mercedes.

"Vettel é um Fangio moderno na Fórmula 1. Não consigo ver, a não ser pelo seu talento natural, como é que ele consegue ser tão bom. Penso que o Vettel é bastante espantoso, mas tem o melhor carro, o que é justo que se diga, porque o melhor piloto normalmente tem o melhor carro. Fangio escolhia o que queria e os outros ficavam com o que quer que sobrasse", referiu à agência noticiosa Reuters. O antigo piloto, de 82 anos e um dos raros pilotos ainda vivos que correram nos anos 50, destaca ainda a personalidade simpática de Vettel e o seu "grande sentido de humor". 

E comparando o piloto alemão com a dupla da McLaren, Lewis Hamilton e Jenson Button, Moss afirmou que "O Vettel é fantástico. Eles estão no topo, mas não ao mesmo nível dele. O Lewis comete alguns erros, pelo que não conseguimos ter a certeza. Eu apostaria o meu dinheiro no Jenson. O Lewis é magnifico, é realmente rápido, mas o Jenson pensa melhor em determinados aspetos do que o Lewis. Como por exemplo quando chove e se deve ou não mudar de pneus. Por todas essas coisas, ele tem uma melhor compreensão das coisas e muito deve-se à experiência". 

Ver Moss a compará-lo a "El Chueco", um dos melhores pilotos de sempre pode ser considerado como um elogio. Um grande elogio, na minha opinião. Primeiro que tudo, não acho exagerado que Moss faça isso porque é o único piloto ainda vivo que correu ao lado dele como companheiro de equipa - ao contrário do que muitos pensam, ele não foi companheiro de equipa de Froilan Gonzalez, apesar de ter corrido muitas vezes com ele. 

Segundo, sempre considerei Fangio como o modelo de consistência por excelência. Era esse o seu maior trunfo. O fato dele ter uma média bem superior ao resto da competição, contra pilotos que iam do leque de Alberto Ascari, Nino Farina, Mike Hawthorn, o próprio Moss, Peter Collins, etc, demonstra que para que os outros o conseguissem vencer, eles tinham que estar num dia excepcional, com um carro excepcional. Hawthorn conseguiu isso em 1953, em Reims, mas depois de uma batalha épica nas retas do circuito francês. 

Ver também este elogio de Moss a Vettel, demonstra também que estamos a observar, em frente de nós, algo que pensavamos que não iriamos ver mais após Michael Schumacher: um piloto que dominasse a década. Acho que, caso no final de 2012 o piloto alemão conquistar o tricampeonato, veremos algo único, que é um piloto que ganhará títulos não pela Ferrari, nem pela McLaren ou Williams, algo que já não se vê desde os tempos de Jackie Stewart, em 1973. E como todos nós sabemos, o velho escocês é uma personalidade venerada no "paddock" pelos seus feitos. 

Em suma, o elogio de Moss a um piloto de apenas 24 anos de idade, e com uma personalidade única - todos nós adoramos a sua personalidade bem disposta - apenas nos demonstra que estamos a assistir, como assistimos tantas vezes no passado, à construção de uma lenda. Quer queiramos, quer não, ele será o próximo. Algum de vocês imaginaria ver um piloto de Formula 1 a ganhar um tricampeonato aos 25 anos? Sebastian Vettel pode estar a caminho disso, caso o RB8, desenhado por Adrian Newey, ser tão bom como os outros.

Formula 1 em Cartoons (II): a saída de Trulli da Caterham (GP Toons)

Para o mesmo assunto, caricaturista diferente. O Hector Garcia, do GP Toons, decidiu aproveitar um outro desenho que tinha feito antes, quando o Caterham de 2012 foi apresentado ao mundo, e sendo o primeiro dos chassis a ser apresentado, comparações com o crocodilo da Lacoste eram inevitáveis...

E já nessa altura, o Hector já previa o que iria acontecer num futuro mais ou menos próximo. Interessante saber que tipo de almoço é que foi. E suspeito que o russo pagou a conta...

Youtube Rally Gynkhana: A gincana de Modesto Martin



Modesto Martin é um piloto de montanha do regional das Canárias, e que corre num Porsche 911. E para dar nas vistas em Espanha e no resto do mundo, nada como um belo video, de 13 minutos e meio, onde ele mostra as suas habilidades, qual Ken Block.

O video é um pouco grande e muito "hollywoodesco", mas não se perde nada em ver. Só falta a versão portuguesa/brasileira da coisa...

Formula 1 em Cartoons (I): A saída de Trulli da Caterham (Pilotoons)

A decisão da Caterham de substituir o veterano Jarno Trulli (37 anos, 252 GP's) pelo russo Vitaly Petrov demonstra que, mais do que o poder do rublo, é também o final de uma era, pois após a saída de Rubens Barrichello, só fica Michael Schumacher, que já teve três anos de descanso entre 2007 e 2009. E Pedro de la Rosa também, mas este andou mais tenpo a testar do que a competir...

Enfim, eis a visão do Bruno Mantovani sobre esta decisão. E creio que a melhor maneira do Jarno de afogar as mágoas até poderia ser na Endurance...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O regresso da Playboy portuguesa e o panorama das revistas

Soube ontem, através dos jornais, que a Playboy Portugal irá regressar em abril, com capa de maio. Aparentemente, quem vai pegar no "franchise" será uma editora totalmente nova, a Media Page, baseada numa distribuidora de filmes e conteúdos televisivos. Segundo a Meios e Publicidade, o seu diretor, Marco Reis, não quer tratar as mulheres como "objeto sexual".

A nova revista Playboy não terá nada a ver com a anterior edição portuguesa. Não nos compete entrar em nenhum tipo de comparação mas seguramente o leitor irá notar uma enorme diferença”, assegura o responsável. “Teremos uma linha gráfica e editorial completamente distinta, sessões fotográficas mais suaves e cuidadas e a aposta será muito forte em conteúdos editoriais de referência em campos clássicos do título, como as entrevistas ou a ficção”, afirmou. Segundo ele, a tiragem média andará pelos 50 mil exemplares, mas para a primeira edição, serão feitas 80 mil.

Esta noticia surge quase como que uma "cereja em cima do bolo", pois num espaço de poucos meses, esse mercado está a viver um revivalismo. A Maxim voltou em janeiro, a GQ está de uma certa forma a reavivar-se e a Penthouse continua ali, solitária, quase. Das seis que havia em 2009 - falta a Men's Health -, reduziu-se para quatro, devido ao caso da anterior editora da Playboy e o final da FHM e da Maxmen - que foi o nome português da Maxim. Entretanto, surgiu a Penthouse, que lá continua, firme e forte.

E quanto à pergunta sobre uma possivel saturação do mercado em relação a tantos títulos, quer o diretor, quer o responsável pela área comercial afirmam que há espaço: “A Playboy é uma das cinco marcas mais conhecidas do mundo e o maior título no segmento das revistas masculinas. O desafio é posicioná-la em Portugal no seu espaço natural. Havendo qualidade e consistência, seguramente haverá leitores”, concretiza. 

Parece-me estranho ver a entrada de tantas revistas assim, num país em crise. Mesmo em termos de automobilismo, com o reavivar do Volante e do Autosport, bem como a chegada da Top Gear, vai dar ao mercado das revistas uma profusão de títulos do qual me perguntos se existirão espaço para todos eles. Todos encontrarão o seu nicho? E depois, será que haverá pessoal que gaste 3.5 euros por uma GQ, 3.95 por uma Maxim ou Playboy, outro tanto por uma Top Gear - que em 60 por cento ainda é uma cópia da versão inglesa - ou 5 euros por uma Penthouse? Não sei. Eu até posso comprar duas revistas, uma de mulheres e outra de carros, e a conta ficará sempre a rondar os oito euros. Em certos sítios, é o preço de um jantar.

Quanto ao gosto... é algo do qual não deve discutir. As senhoras conhecias não vão para a Penthouse, embora os homens exigam que a Playboy tenha a postura da primeira. Querem a famosa em "full frontal", mas claro, as famosas fogem disso como o "Diabo na Cruz". Querem-se mostrar nuas, mas não tanto. Isso é outra história, que começará a ser contada a partir da Primavera. Veremos é se o mercado aguentará tanta revista nas bancas. 

Youtube F1 Onboard: Mercedes W03 em Silverstone



Aos poucos, a Mercedes larga imagens do seu novo carro o W03, desenhado por Ross Brawn, que andou a fazer um "shakedown" esta quinta-feira no circuito dse Silverstone, com Michael Schumacher e Nico Rosberg aos comandos. E nestas imagens de ângulos fora do vulgar, não mostram a parte que nos interessa, o bico do monolugar, mas parece que Brawn decidiu ser mais radical com a parte da frente do carro, fazendo um verdadeiro "ornitorrinco"...

Na segunda-feira veremos em Barcelona o resultado final. Para já, vêm-se as imagens.

Noticias: Vitaly Petrov entra na Caterham, Jarno Trulli sai

A Caterham, equipa de Mike Gascoyne e Tony Fernandes, anunciou esta manhã a contratação do russo Vitaly Petrov no lugar de Jarno Trulli para a temporada de 2012. Uma movimentação algo inesperada, mas que já comentada nos bastidores desde há muito tempo, dada a veterania do italiano e a sua aparente desmotivação em continuar na equipa, apesar do seu contrato ter sido renovado há alguns meses.

Trazer Vitaly para substituir Jarno não foi uma decisão fácil, mas o fizemos para garantir um novo impulso à equipa e com uma visão realista na situação económica global. O Jarno tem um incrível e natural talento atrás do volante e suas vitórias e longevidade no automobilismo ficarão marcadas para sempre na Formula 1, mas agora é hora de iniciar um novo capítulo na história do time e Vitaly é a pessoa certa para nos ajudar”, afirmou Tony Fernandes.

É certo que o dinheiro do russo fez alguma diferença na hora de escolher Petrov, mas também o fato de haver um GP russo daqui a dois anos também influenciou na decisão de escolher Petrov, que saiu da Lotus no final do ano e aparentemente, tinha ficado sem lugar. Caso não haja mais novidades a meio do ano, isto fará com que a Itália não tenha pilotos na grelha da Formula 1 desde o GP do Alemanha de 1973, quando a Ferrari optou pela ausência e um dos seus pilotos, Arturo Merzário, não paticipou.

Trulli, de 37 anos (nascido a 13 de julho de 1974 em Pescara), era um dos veteranos da Formula 1, com 256 Grandes Prémios - igualando Riccardo Patrese - começando em 1997 pela Minardi, com passagens pela Prost, Jordan, Renault, Toyota e Lotus. A sua melhor classificação de sempre foi um oitavo lugar em 2004, onde venceu a sua unica corrida da carreira, no Mónaco. Trulli fez também quatro "pole-positions" e uma volta mais rápida, conseguindo 246,5 pontos.

Projeto da Mini Portugal apresentado em Lisboa

O Museu da Carris, em Lisboa, foi ontem à noite o palco da apresentação da WRC Team Mini Portugal, a equipa do qual Armindo Araujo e Paulo Nobre irão participar a partir de agora como representantes oficiais da marca alemã no Mundial WRC de Ralis em 2012. Armindo e o seu navegador, Miguel Ramalho, estiveram presentes para apresentar o projeto, ao lado de Bruno de Pianto, diretor da Motorsport Itália, representantes da marca e do principal patrocinador, a Galp.

Para o piloto de Santo Tirso, o fato deste projeto ter sido elevado a grau oficial nesta temporada é um ponto alto da sua carreira. “Lutei sempre desde o primeiro rali por conseguir chegar mais alto. Todos os títulos que alcancei foram muito importantes, mas este é o maior e ambicioso projeto de sempre. Pela primeira vez Portugal tem um piloto a disputar todas as provas do WRC, o seu nome numa equipa no Campeonato do Mundo de Ralis e inscrita como construtora oficial de uma marca." coneçou por afirmar. 

"Melhor era praticamente impossível. Por tudo isto, só tenho que agradecer em primeiro lugar a Mini por ter depositado em mim toda a confiança e aos meus parceiros que continuaram a apoiar-me. Sem eles este dia não seria possível. Todos sabemos que não é possível vencer de um dia para o outro e, por isso, de minha parte podem contar com o maior empenho e com a certeza que darei sempre o máximo para conseguir os melhores resultados possíveis“, concluiu.

Já Bruno de Pianto, diretor da Motorsport Itália, referiu o orgulho pelo fato desta parceria contar agora com apoio oficial: “Todos os elementos da Motorsport Itália estão naturalmente orgulhosos por esta parceira com a MINI e com a possibilidade de inscrevermos a equipa como construtora oficial. Nós vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para representar a MINI da melhor forma possível e os grandes objetivos passam por garantir os melhores resultados. Estamos também muito satisfeitos por esta ligação ter possibilitado a homologação do MINI John Cooper Works WRC até 2018. Toda a equipa da Motorsport Itália está ligada ao Armindo Araújo há alguns anos e isso permite-nos trabalhar ainda melhor“, afirmou o responsável italiano. 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Noticias: Ken Block correrá em três ralis nesta temporada

O Mundial WRC de 2012 já vai na segunda prova, mas no meio de tantos inscritos, há um do qual nada ainda tinhamos noticias. Pelo menos, até hoje. O americano Ken Block, que participou a fundo em 2010 e 2011, irá correr durante três ralis nesta temporada, a partir do rali do México, no seu Ford Fiesta WRC. Os outros dois serão os ralis da Nova Zelândia e da Finlândia.

Este programa, bem mais reduzido do que nos anos anteriores, tem a ver com a sua maior aposta em eventos dentro dos Estados Unidos, como o campeonato nacional de rallycross, bem como a sua participação nos X-Games e algumas provas do campeonato americano, como o Olympus Rally, o Rali 100 Acre Wood, Rally Defi: St. Agathe e o Pacific Forest Rally.

Block, atualmente com 44 anos, é conhecido pelos seus videos de "Ghynkhana", onde faz malabarismos com o seu Ford Fiesta WRC. Colocados no Youtube, já renderam dezenas de milhões de visitas nos últimos quatro anos. Em relação ao Mundial de Ralis, o seu melhor resultado é um oitavo lugar no Rali de França do ano passado.

5ª Coluna: Um desastre à espera de acontecer

Como já esperava, mal começaram os confrontos no Bahrein, surgiram as noticias sobre o risco da realização do Grande Prémio, que como todos sabem, está marcado para o dia 22 de abril no calendário de 2012. Bernie Ecclestone, como sempre, afirma de pedra e cal que "o espectáculo vai continuar" e que todos irão lá, felizes e contentes, enquanto que o octogenário receberá os 40 milhões provenientes dos poços de petróleo da família real barenita.

O risco é complicado. Se Bernie, que tem fama de abrir a boca antes de pensar, diz isso, a realidade é bem mais complexa, e o futuro arrisca a ser incerto. Afinal de contas, alguém em novembro de 2010 iria dizer que dali a três meses o Médio Oriente estaria a ferro e fogo, como palha seca? Pois é, falta pouco mais de dois meses para o Grande Prémio do Bahrein, e tudo pode acontecer. Se seguem os meus posts dos últimos dias, sabem que há apelos de deputados britânicos da Câmara dos Lordes para que a FIA cancele o Grande Prémio, e que já foi retorquido por outros deputados, simpatizantes - para não falar de outra coisa - da causa da família real, afirmando que tudo está normal naquelas bandas e que a Formula 1 não terá problemas em ir lá.

Sei que o cenário está cada vez mais a parecer com o de outubro de 1985, quando contra todas as recomendações da comunidade internacional, a Formula 1 foi a Joanesburgo, nos dias cinzentos do "apartheid", para correr o GP da Africa do Sul, mesmo com boicotes das equipas francesas - Ligier e Renault - e mesmo com muitos patrocinadores a retirarem os seus logótipos das carenagens, não querendo nada com aquele espectáculo. Bernie Ecclestone, velho teimoso, mas também uma velha raposa, aposta no mesmo cenário de há 26 anos, mas o mundo mudou um bom bocado desde então.

Esta tarde, andei a ler o post desta semana do blog "The Mole", que neste momento está alojado no blog do sempre interessante Joe Saward. E é sempre interessante saber até que ponto a Formula 1 está impregnada de dinheiro barenita, graças a um príncipe herdeiro que é um verdadeiro "petrolhead" e que já gastou centenas de milhões - senão milhares de milhões de dólares - em dinheiro, não só para construir e manter o Autódromo de Shakir, como também para investir em algumas equipas, como a McLaren e a Lotus Grand Prix. Nada de muito especial: se as equipas precisam de dinheiro, vão à procura de quem os têm. E nesta altura do campeonato, a cotação do petróleo fez com que o Golfo Persico esteja a abarrotar de dinheiro.

Contudo, lá se fala que o governo britânico tem imensos negócios a nível de defesa (há uma base naval por lá) bem como em termos de segurança, pois treinou as forças locais a nível do exército e da policia. Também, nada de novo, neste mundo em que a "realpolitik" de dois blocos não se extinguiu com o final da Guerra Fria. Mas ainda para piorar as coisas, nos últimos dias temos lido as noticias sobre o aumento de tensão entre o Irão e o Ocidente por causa do programa nuclear iraniano, da possibilidade do encerramento do Estreito de Ormuz e do possível ataque de Israel ou dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas, algures na Primavera. E no dia 22 de abril passarão exactamente um mês e dois dias desde o seu inicio...  será que o Pentágono assiste às corridas de Formula 1?

Como vêm, por muito que se diga o contrário, o risco de não haver Grande Prémio é mais real do que se parece.

Noticias: Ouninpohja regressa ao Rali da Finlândia



A noticia é de ontem, e é mais um sinal de que a FIA quer recuperar a essência que os ralis tinham em meados dos anos 80 e inicio dos anos 90: a organização do Rali da Finlândia anunciou que a sua "Power Stage" - a tal classificativa final onde se dão pontos extra aos três primeiros - será na mítica classificativa da Ouninpohja, que faz um regresso desde 2006, creio eu.

Uma classificativa de saltos atrás de saltos, onde é preciso muito sangue frio para os pilotos para travar sem perder a velocidade, e curvar sem ter de sair fora de estrada, pois um erro, o menor que seja, é a morte do artista. Tanto mais que devido à sua velocidade, foi retirada do "road map" do rali finlandês.

Com o regresso do Rali de Monte Carlo ao calendário, e também o regresso de parte da classificativa Fafe-Lameirinha, como exibição para o Rali de Portugal, aos poucos, parece que a FIA e a sua Comissão para os Ralis, que está nas mãos da sábia Michele Mouton, parece querer recuperar a essência. Só falta resolver os problemas com as transmissões televisivas e provavelmente a partir do ano que vêm, poderemos ver o regresso a um passado não muito distante, mas do qual muitos dos mais velhos tem saudades.

E enquanto que lêm a noticia, deixo-vos de novo com o video do Antti Kalhola sobre essa mítiuca classificativa para os amantes do rali. E também podem ir ao Col de Turini, do Márcio Kohara, para verem um video da Puma, a fazer publicidade a uma linha de casacos com o nome da dita.

Uma linda fotografia, de uma temporada memorável

Para quem ainda não sabe quando, onde, quem são e quem tirou a foto, eu digo agora: Circuito de Mosport, Canadá, 3 de outubro de 1976, e os carros são: o March 761 de Ronnie Peterson, perseguido pelo McLaren M26 de James Hunt, que por sua vez é acossado pelo Tyrrell P34 de seis rodas de Patrick Depailler, e no quarto lugar está o Lotus 77 do italo-americano Mário Andretti. O autor da fotografia chama-se Allan de la Plante.

Nas últimas semanas, fartei de ver esta foto no Facebook. De facto, ela é linda e deveria ser emoldurada e pendurada nas paredes de salas, escritórios e quartos de qualquer "petrolhead". Imanesa gente deve ter neste momento no "wallpaper" dos seus "laptops", como lembrança de uma temporada memorável, em que nunca uma tal variedade de carros tinha acontecido. Porque são quatro carros diferentes, todos com a mesma velocidade, e mesma capacidade de vencer, pilotados por excelentes pilotos. E tem a coincidência pessoal de tudo isto ter acontecido no ano do meu nascimento. Mas o que não sabia era que esta semana, o jornalista britânico Maurice Hamilton ter publicado no site grandprix.com a sua história sobre essa foto, essa corrida e esses homens.

No artigo, conta coisas que vão desde o apelo da Ferrari, que queria a desclassificação do McLaren de James Hunt do GP da Grã-Bretanha, alegando que não tinha completado uma volta da primeira partida, onde se envolveu com uma carambola na Paddock Hill Bend - ironicamente, provocado pelos Ferrari de Lauda e Clay Regazzoni. A Ferrari levou o caso até ao extremo, levando um ensanguentado Lauda ao Tribunal de Apelo de Paris, convencendo os juízes da sua razão, enquanto que Hunt, tranquilo, estava em Toronto a jogar uma partida de ténis.

De repente, a Ferrari ganha razão no caso e desclassificam Hunt, e a diferença passa para 17 pontos. Só que foi sol de pouca dura, pois na corrida canadiana, Lauda tem problemas de dirigibilidade, arrastando-se para um ignorado oitavo posto, sem pontos para recolher e vê o seu maior rival "vingar-se" com uma vitória de raiva, mas acossado pelo Tyrrell do francês Patrick Depailler, que nunca o largou até à meta.

E depois, Hamilton conta que viu, à sua frente, uma coisa espantosa: mal Depailler cortou a meta, este saltou fora com a maior rapidez possível e praticamente desmaiou ao lado do carro. Mais tarde, soube-se que tinha havido uma fuga e os vapores de combustível tinham enchido o cockpit do francês nas últimas 18 voltas, entorpecendo-o. "Estava zen", contou minutos depois, imperturbável, enquanto acendia um Gauloises. Fizera boa parte da corrida em piloto automático, preocupado em chegar ao fim, mas não largando Hunt. "E fiz com apenas o olho direito aberto. Não conseguia ver nada do outro". E de facto, Maurice Hamilton afirma que o seu olho esquerdo estava fechado, como se tivesse levado um murro. Mas Depailler não se importava com isso, pois no final tinha conseguido o seu objetivo: chegar ao fim e levar pontos.

De facto, aqueles anos 70 foram uma era dourada. Uma temporada unica. Não admira que Hollywood esteja a fazer um filme sobre ela...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Youtube Formula 1 Classic: O Último Verão de Jochen Rindt



Eis o achado que o Paulo Abreu, no seu Volta Rápida, colocou no seu blog: o documentário "O Último Verão de Jochen Rindt", realizado em 2010 para comemorar os 40 anos do seu desaparecimento no Autódromo de Monza e a estupenda temporada na Lotus, que lhe deu depois o seu título mundial, o único atribuido a título póstumo.

Pelo que me contam, tem imagens raras, cedidas pela viúva, a finlandesa Nina, e entrevistas com as pessoas que privaram de perto com ele, como Bernie Ecclestone, o seu empresário, Herbie Blash, Jackie Stewart - provavelmente o seu melhor amigo nas pistas - Jacky Ickx, Helmut Marko, entre outros.

Por mim, já sei o que vou fazer esta noite: assistir ao documentário. E agradeço ao Paulo Abreu pelo achado.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Não posso esquecer de ti, Ronnie Peterson

Hoje reparei que o teu ex-companheiro de equipa, Mário Andretti, não se esqueceu de ti, e colocou uma foto tua no Twitter. Ahhh... não sabes o que é o Twitter? Pois, vivemos agora num mundo diferente do teu, onde a tecnologia domina, onde todos nós temos um computador no bolso, e onde podemos falar ao telefone onde quisermos, mandar mensagens, etc... irias ficar espantado, se por alguma arte mágica voltasses cá hoje e reparasses a nossa vida quotidiana.

Iria parecer magia, da mesma forma que fazias nas pistas. Querias ser rápido e divertias-te na pista, com aqueles "slides". Hoje em dia, provavelmente o teu mundo iria ser o "drift", onde o pessoal pega num carro e faria curvas como se fosse patinagem artistica, e isso seria avaliado por um juri, que daria notas. Acho que irias adorar.

Hoje em dia, que já te foste e a nova geração só te pode ver através de fotografias e filmes, fica maravilhado pela forma como fazias as curvas. Eram fora do vulgar, e não perdias a velocidade, pelo contrário, parecia que era esse o segredo do teu sucesso, das tuas vitórias. Não posso esquecer de ti, Ronnie Peterson, pelo facto de os anos 70 serem agora vistos como uma era de ouro, onde qualquer um se arriscava a ser campeão do mundo, onde os melhores se podiam mostrar, onde havia liberdade para desenhar um carro. Trabalhaste com génios, mas podias ter tido mais paciência com o Colin Chapman, porque se não fosse assim, talvez o campeonato de 1978 poderia ter sido teu, pois ele te daria estatuto de primeiro piloto.

Mas isso são muitos "ses", caro Ronnie. O destino quis assim, e acho que fizeste o teu melhor para que conseguisses o teu lugar na historia da Formula 1. Lutaste muito para teres a tua primeira vitória na Formula 1, e conseguiste. Lembro-me de ver uma reportagem tua na Suécia, em 1973, e ver a tua cara de ligeira melancolia ao ver escapar a tua vitória, a vitória que querias tanto ter em casa, superado pelo McLaren do veterano Dennis Hulme, e todos serem simpáticos para ti, pois já te admiravam o teu estilo de condução e torciam para que tu vencesses. Quando ganhaste na corrida seguinte, em Paul Ricard, muitos celebraram esse momento, merecidamente.

Eu não posso esquecer de ti, Ronnie Peterson. Mesmo que na tua Orebro natal sejas aos poucos esquecido, primeiro quando fecharam o museu dedicado a ti, e agora, quando me disseram que a tua estátua estava num canto, porque a zona estava agora em construção, para erguerem um bairro, com prédios bonitos e ecológicamente corretos. Desejo que seja temporário, e que coloquem de volta onde merecidamente pertences. Acho que seria assassino se os teus compatriotas te esquecessem e aquilo que fizeste pelo automobilismo do teu pais e do mundo.

Caro Ronnie, hoje por aqui é o Dia de São Valentim. Espero que onde quer que estejas, esteja em que dimensão, tu a Barbro comemorem este dia da melhor maneira que puderem. Nós por aqui iremos sempre lembrar de ti.

Abraços Ronnie, e até qualquer dia.

P.S: O Twitter, caro Ronnie, é uma ferramenta de "microblogging" onde tens 140 caracteres para escrever uma frase e comunicar ao resto do mundo o teu estado de espírito pela Internet. Ah, não sabes o que é a Net? Pois, esqueci dessa parte...

Mais problemas sobre o filme de Niki Lauda

Desde há mais de meio ano que sabemos que Hollywood vai fazer um filme sobre Niki Lauda. "Rush" - é este o título provisório - será realizado por Ron Howard, terá um argumento de Peter Morgan e terá como atores o alemão Daniel Bruhl, no papel do austríaco Lauda, e o australiano Cris Helmsworth no papel do britânico James Hunt. O filme irá focar especialmente na temporada de 1976, especialmente no duelo Lauda/Hunt, o acidente de Nurburgring e a sua espantosa recuperação, bem como o desfecho no aguado GP do Japão, onde Lauda desistiu voluntariamente e entregou o título a Hunt. 

As filmagens já começaram na Grã-Bretanha e espera-se que este se estreie no final de 2012 ou no inicio de 2013, provavelmente para ver se é apanhado na corrida para os Óscares do ano que vêm. 

Pois bem, este poderia não ser o único filme sobre o acidente de Lauda. O Joe Saward fala esta tarde no seu blog que está a surgir uma polémica na Áustria, com um produtor cinematográfico a processar Lauda e a produtora que está a fazer "Rush", por estes terem os direitos de fazer um filme sobre esses eventos.

A história explica-se desta forma: em 2007, o produtor austriaco Hannes Schalle, da Moonlake Entretainement, decide fazer um filme sobre Lauda, baseado na sua biografia, "Meine Story", que em inglês se chamou "To Hell and Back". Nos três anos seguintes, andou a escrever um argumento, do qual pediu ajuda a vários jornalistas especializados, incluindo o próprio Joe Saward, e no final de 2010 tinha um manuscrito pronto, que foi apresentado a Lauda, e que gostou do que leu. Esse filme, que teria o título provisório de "33 Dias", teria como atores Daniel Bruhl - coincidência ou não - e Tom Felton, que participou nos filmes de Harry Potter, como James Hunt.

Schalle - que já fez videos para a Red Bull e em 2010 fizera um documentário sobre recuperações memoráveis do desporto, de seu nome "Aus eigner Kraft" (Contra todas as Probabilidades), onde Lauda era um dos temas - disse que já estava a começar a procurar por localizações e a sondar Daniele Audetto - que fazia parte da Ferrari em 1976 como diretor desportivo - para ser um dos consultores do filme. Até aproveitou para anunciar o filme no Festival de Cannes, em maio, afirmando que nesse verão iriam começar a rodá-lo, julgando ter o apoio de Lauda neste projeto. 

Contudo, dias depois, Peter Morgan, conhecido por ter escrito os argumentos de filmes como "A Rainha" e "Frost/Nixon",  anunciou que estava a fazer um argumento sobre o mesmo assunto, onde Hollywood deu a sua benção - e os dólares - e Ron Howard entrou no projeto. Isto arrasou Schalle, que após algum tempo, anunciou que iria processar legalmente quer Lauda, quer a produtora que está a fazer o filme. Algo que o austriaco já reagiu, afirmando que não está preocupado com o assunto.

Este poderá ser mais uma polémica a rodear o projeto, depois de no inicio do mês passado, ter estalado uma polémica entre a produtora e os habitantes de Yateley, no Hampshire, local onde está a antiga base aérea de Blackbushe, pois esta se situa numa área protegida por se situar perto de um santuário de aves. O conselho local reprovou primeiro a autorização para as filmagens, por esta não cumprir os procedimentos adequados em relação ao ruído.    

Bahrein, ainda o Bahrein

Como já previa, à medida que o 22 de abril se aproxima, e também se aproxima o primeiro aniversário das manifestações na Praça das Pérolas, os ativistas voltam à carga e a policia, bem como o governo, reage da única maneira que sabem: a repressão e a violência. E com a aproximação dos "Dias da Raiva", as preocupações sobre o regresso da Formula 1 à pequena ilha do Golfo Pérsico aumentam exponencialmente, com apelos ao boicote e as inúmeras desconfianças da comunidade internacional sobre as boas intenções que o emirado emite, afirmando que "tudo voltou à normalidade".

Quanto jornalistas prestigiados como Nick Kristoff, do New York Times, afirmam que foram barrados de entrar no emirado pelas autoridades locais, e quando uma série de membros da Câmara dos Lordes escrevem uma carta aberta ao The Times de Londres, apelando à FIA para que deixe cair o GP do Bahrein, ficas tremendamente cetico sobre as noticias institucionalizadas pelas agências oficiais, por muito verdadeiras que elas sejam. E aqui estou a ser factual.

E mesmo quando o Joe Saward fala hoje do comunicado que alguns parlamentares britânicos, pro-Bahrein,  lançarem, afirmando que estão preocupados com as movimentações dos seus colegas, lançando um comunicado afirmando que o governo barenita lançou uma série de medidas, quer em termos de um inquérito independente para encontrar responsáveis pela repressão de março e abril do ano passado, afirmando que "a resposta do governo do Bahrein foi notavelmente diferente [do que alguns paises que viveram a Primavera Árabe, como o Egito, a Síria e a Líbia], convidando advogados especializados em direitos humanos, instaurou o Bahrain Independent Commission of Inquiry (BICI), para investigar [os abusos das autoridades] e decidiu implementar as suas recomendações."

Aqueles que desejam que o Bahrein continue no caminho das reformas não ajudarão em nada ao apelar ao cancelamento do Grande Prémio. Aliás, a presença de milhares de turoistas ocidentais e de jornalistas só trará maior incentivo às autoridades do Bahrein para continuar no caminho das reformas e demonstrar ao mundo a sinceridade das mesmas e que o seu apoio é fundamental", conclui o comunicado, emitido pelos depoutados Conor Burns e Thomas Docherty, respecticamente, presidente de vice-presidente Grupo Parlamentar Conjunto Reino Unido-Bahrein.

Pois bem, vamos fingir que isto não é um comunicado cosmético, de relações públicas. Pretendamos que a família real barenita é genuína na parte de pagamento de indemnizações às vítimas da repressão policial, que reintegrou as pessoas que foram demitidas devido à sua participação nas manifestações, entre outras medidas, que modificou as leis, o sistema judicial, entre outros, e que tudo voltou à normalidade e no dia 22 de abril, o mundo inteiro irá, alegre e feliz, ao Bahrein, ao aborreecido circuito de Shakir, ver mais uma vitória de Sebastian Vettel, no seu Red Bull, a espalhar o pseudo-champanhe daquela região, que proíbe o alcool, devido ao preceitos religiosos do Islão. A conclusão que chego é que este forte "lobby" governamental está a fazer tudo para que o GP do Bahrein seja realizado na data prevista, e isso mostra até que ponto a Formula 1 é uma questão de vida e de morte para a família real naquele país.

Contudo, à medida que os dias passam, fico com cada vez mais dúvidas sobre a realização da corrida. Não só por causa das manifestações por si, mas também por isto: numa era de comunicação total, onde se mostra tudo, quem quererá correr num país em "estado de sítio", eventualmente com tropa na rua e bancadas desertas? Mesmo que o governo pague às pessoas para irem ver a corrida no circuito, mesmo que dêm aos jornalistas vistos para assistirem ao Grande Prémio, como acontece noutros lados, pergunto-me se por muito que tentem fechar os olhos, não notar o desconforto que vai ser de andar por ali? De  quantos jornalistas que costumam cobrir as corridas não serão barrados no aeroporto, com a entrada negada por um motivo qualquer? E os que tiverem a sorte de entrar, será que a sua liberdade de movimentos não será "tutelada" por um simpático funcionário local, que dirá ao jornalista ou ao fotógrafo, onde ir ou não ir, que fotos tirar ou não tirar?

Francamente, não sei. Confesso ter imensas dúvidas. E não vejo outra justificação da FIA continuar por este caminho que não o financeiro, as tais "40 milhões de razões" que normalmente vem aos cem e tem cara de Benjamin Franklin, um dos "Founding Fathers", pais da independência americana e árduo defensor da democracia. Soa a irónico, hein?

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Youtube F1 Classic: Jochen Rindt vs Jackie Stewart, Grã-Bretanha, 1969



A 19 de julho de 1969, enquanto que o resto do mundo olhava para a Lua, para saber as últimas da tripulação da Apollo 11, a caminho da sua histórica alunagem, os "petrolheads" e outros fãs de automobilismo passavam um domingo à tarde a ver na televisão o Grande Prémio da Grã-Bretanha de Formula 1, numa temporada onde o piloto escocês Jackie Stewart dominava a seu bel-prazer com o seu Matra-Cosworth, a caminho daquilo que poderia ser o seu primeiro título mundial.

Contudo, a Lotus tinha também um bom chassis, o modelo 49, e um piloto em nítida ascensão, o austríaco Jochen Rindt. Toda a gente sabia que ele tinha um potencial para ser vencedor e eventualmente, campeão do mundo, já que Graham Hill acusava o peso dos seus então 40 anos. Mas faltava vencer uma corrida, e ele bem tentava naquele ano, só que Stewart, seu amigo pessoal dentro e fora das pistas, era um fantástico rival para ele e frustrava os seus planos.

A batalha durou mais de metade da corrida, e em cada curva se podia ver os seus estilos de pilotagem: um agressivo Rindt, que batalhava com o seu carro, contra um suave Stewart, que fazia as curvas com uma facilidade incrível, parecendo que já fazia aquilo desde sempre. E os mais de cem mil espectadores, na pista, e os milhões que seguiram pela TV - ainda a preto e branco - deliciavam-se com o espectáculo.

Já agora, encontrei este video em primeiro lugar no Volta Rápida, o blog do Paulo Abreu.

Noticias: Dani Clos é terceiro piloto da HRT

A HRT confirmou esta manhã que o espanhol Dani Clos será o terceiro piloto da equipa, alinhando ao lado de Pedro de la Rosa e o indiano Narain Karthikeyan. E terá a oportunidade de experimentar o carro em algumas sextas-feiras de Grande Prémio ao longo desta temporada.

Naturalmente, o piloto de 23 anos era um homem satisfeito com a decisão. "É um grande passo na minha carreira, algo que sonhei em toda a minha vida e agora se transformou em realidade", começou por dizer ao site oficial da equipa. "Estou muito imprtessionado com o trabalho que esatá a ser feito, a equipa mudou muito desde que testei com eles em Abu Dhabi e acho que é uma grande oportunidade para fazer parte desta equipa. O que estão a fazer é prestigiante para o meu pais e tem imenso potencial. E correr ao lado de Pedro de la Rosa é muito importante para mim, porque ele e Karthikeyan podem contribuir positivamente para me fazerem um melhor piloto", concluiu. 

Nascido em Barcelona a 23 de outubro de 1988, começou a sua carreira ao karting, antes de passar para os monolugares em 2004. Começou na Formula Renault Itália e depois na europeia, onde venceu o campeonato em 2006. No ano seguinte, passa para a Formula 3 Euroseries, com resultados modestos antes de em 2009 passar para a GP2, pela Racing Engineering. Venceu uma corrida em 2010 e terminou essa temporada no quarto lugar do campeonato, e em 2011 foi nono, com dois pódios e 30 pontos. Na GP2 Asia Series, venceu uma corrida em Imola, acabando com oito pontos no campeonato.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Formula 1 em Cartoons: A fauna do Grande Prémio (GP Toons)

Eis a "selva" que Jenson Button e Lewis Hamilton, os pilotos da McLaren, terão de enfrentar em 2012 nas pistas um pouco por todo o mundo. Assustador, é verdade. 

E terão de ser corajosos para conseguir suplantar a bicharada... especialmente o Lrewis com o Felipe Massa, provavelmente o ornintorrinco mais zangado da selva. 

Podem ver este e outros desenhos no site GP Toons.

Noticias: Documentário "Senna" vence dois BAFTA

De facto, o documentário sobre Ayrton Senna pode ter sido ignorado pela Academia de Hollywood - problema deles -  mas hoje os britânicos não o esqueceram. Manish Pandey e Asif Kapadia foram um dos vencedores da noite nos prémios da Academia britânica, os BAFTA, levando para casa os troféus de Melhor Documentário e Melhor Edição. Eles que tinham sido nomeados para três prémios, num ano em que parece que o filme mudo "O Artista" foi o grande vencedor da noite, com sete prémios, incluindo Melhor Filme, Ator, e Realizador, com o francês Michel Hazanavicius

No caso da Melhor Edição, os contemplados foram Gregers Snall e Chris King., enquanto que no caso do Melhor Documentário, conseguiu bater o documentário de Martin Scorcese sobre George Harrison, "George Harrisson: Living in a Material World".

O documentário, estreado no final de 2010 no Japão e no Brasil, conseguiu ser um dos mais lucrativos de sempre, com mais de onze milhões de dólares de receitas, e claro, conta a vida e carreira do piloto brasileiro, que viveu entre 1960 e 94, morto a 1 de maio desse ano na pista italiana de Imola. Os dois BAFTAS conquistados esta noite são os mais recentes de uma série de prémios dados pela critica internacional, que passam pelo Prémio do Público no Festival de Sundance e outros festivais como o de Los Angeles, Melbourne e Adelaide.

Youtube Rally Sweden: o gesto de Armindo Araujo



Ontem falei da declaração do Patrik Sandell sobre o gesto do Armindo Araujo, que decidiu colocar o carro fora de estrada de propósito para evitar que o piloto da Mini perdesse tempo. E hoje encontrei o video onde se mostra esse momento, onde se vê o "buraco na agulha" onde Sandell teve de se meter, apesar das reações rápidas do piloto de Santo Tirso.

No final, Sandell agradeceu o gesto do piloto português: "Vi o carro de Araujo à distância, pensava que tinha saído de estrada, mas depois ele saiu de propósito, para que eu pudesse prosseguir sem problemas. Foi uma boa atitude por parte dele".

WRC 2012 - Rali da Suécia (Final)

Na Suécia, mandam os nórdicos. Jari-Matti Latvala foi mais forte no duelo com Mikko Hirvonen e conseguiu dar à Ford a sua primeira vitoria do ano, redimindo a sua má prestação no Rali de Monte Carlo. Latvala, contudo, ia quase vendo essa vitória escapar-se devido a um furo, que o viu diminuir em muito essa vantagem. Mas ele reagiu e confirmou a vitória, num duelo entre finlandeses.

Mads Ostberg foi o terceiro classificado, conseguindo superar o seu compatriota Petter Solberg, que corre numa Ford oficial. Beneficiou, é certo, de um furo de Solberg durante a manhã, mas o fato de Ostberg conseguir aqui o seu terceiro pódio da sua carreira num carro não-oficial.

No final do rali, houve o Power Stage, onde Sebastien Löeb foi o melhor, conseguindo mais três pontos do que os conseguidos pelo sexto lugar no qual ficou, depois de um rali complicado, onde saiu frequentemente da estrada e teve um furo. Mas foi o melhor dos não-nórdicos, porque o russo Evgueny Novikov, quinto classificado, está habituado à neve.

Henning Solberg, o Mini de Patrik Sandell, o checo Martin Prokop e o norueguês Eyvnid Brynildsen, os dois últimos num Ford Fiesta fecharam os lugares pontuáveis.

Quanto a Armindo Araujo, já se sabia que esta não seria o seu rali, devido à superfície nevada. Para além das esperadas perdas em relação aos mais rápidos, também houve os problemas com o escape e o Turbo do seu Mini JCW WRC, que não o deixaram ir mais longe do que o 15º posto final.: "Foi um fim de semana difícil para nós mas onde aprendi muito. Estou satisfeito e com certeza o futuro será melhor.", afirmou.

O Mundial prossegue dentro de um mês, em paragens mexicanas.

Cinco anos depois

O Tempo, essa máquina inexorável, voa. E quando damos por nós, olhamos para o calendário e descobrimos que já passaram cinco anos desde o começo desta aventura. Quando comecei a pensar nesta data, dei por mim a pensar: "Já passaram cinco anos? Caramba, o tempo voa!"

Sim, ainda penso que comecei isto no ano passado, mas na realidade, passou-se há muito mais tempo. E  depois paras um bocado para pensar no que fizeste, o que fazias antes, e  todas as consequências dessa tua caminhada que iniciaste há cinco anos. E quanto é que este tempo te modificou por dentro.

No fundo, no fundo, eu não deixo de ser um mero entusiasta do automobilismo que tem algum jeito para a escrita. Que um dia, por gosto e porque queria mostrar aos pais que queria ser alguém, tirou um curso de jornalismo e que um dia, desempregado e sem muito para fazer, decidiu criar o seu próprio espaço, para não perder a prática e escrever histórias suas. Explorar o admirável mundo novo que a "Internet 2.0" estava a desbravar, com coisas como o Facebook ou o Twitter. Escrever sobre a história e falar sobre as "estórias" do automobilismo.

Engraçado é saber que há apenas seis meses, estava numa situação oposta a de agora: sem perspectivas de emprego, sem dinheiro no bolso, com a possibilidade de emigrar, cansado que estava dos maus ares deste rectângulo à beira-mar plantado. Mas não sei porquê, neste tempo todo, continuei a escrever aqui, continuei a perder noites na Net para pesquisar e fazer as minhas histórias, para surpreender a crescente quantidade de leitores que tinha. dia após dia. Não sei porquê fazia, mas se calhar era daqueles otimistas quase irrealistas que acredita que no final do arco-iris estaria um pote de ouro.

Um dia, esse dia que queria que acontecesse, aconteceu. Encontrei o meu pote de ouro e sinto-me mais aliviado por isso. Estou a ser recompensado pelo meu trabalho e irei agradecer isso para toda a eternidade. Mas também sei que isso não é o final do caminho. Há mais, isto é uma luta diária, onde temos de contrariar o "sic transit gloria mundi", manter uma consistência digna das corridas que Juan Manuel Fangio fazia. Estes resultados só me incentivam para fazer mais e melhor. Outras coisas mais, e melhores. Projetos futuros estão a aparecer no horizonte, novas experiências estão a caminho. Tudo isso só por causa deste mero espaço, logo, são incentivos para continuar por aqui. 

Quero agradecer a todos os amigos e a todas as amizades que fiz por causa deste blog. Como é óbvio, não vou individualizar, porque não quero deixar ninguém de fora. Quero agradecer a todos os meus admiradores um pouco por todo o mundo, os que falam, escrevem e acompanham apenas, silenciosamente, todos os dias. Agradeço a todos os que fizeram "gosto" no meu Facebook e que já são 368 - um bom número para um blog individual, e que está só na Net - e os quase mil seguidores no meu Twitter. Quero agradecer-lhes por me terem inspirado e incentivado. Sei que alguns começaram os seus sítios na Net por minha causa, e também agradeço por isso. E por fim, quero agradecer ao Rodrigo Lombardi por me ter feito o logotipo comemorativo do 5º aniversário do blog.

Sinto-me feliz, pois é uma caminhada que está a valer a pena.