domingo, 18 de agosto de 2013

A história das escolhas da Red Bull

A possivel escolha de Daniel Ricciardo para ser o substituto de Mark Webber poderá ser estranha para alguns, dado que ter Kimi Raikkonen ou até Fernando Alonso seria melhor do que o piloto australiano de 24 anos de idade. Mas para mim, a escolha de Ricciardo não me surpreende, porque a equipa de Milton Keynes está a seguir uma tendência na sua (ainda) curta história: a de formar os seus pilotos, através do seu programa da Junior Team. E se muitos criticam o programa pelo facto de "queimar" muitas carreiras, em termos de vantagem, permitiu ter-lhes um dos melhores pilotos da atualidade, o alemão Sebastian Vettel.

A Red Bull está na Formula 1 desde 1995, primeiro como patrocinadora da Sauber e partir de 2004 com equipa prória, quando Dietrich Mateschitz adquiriu a equipa de Formula 1 da Jaguar. Esta tinha como dupla o australiano Mark Webber e o austríaco Christian Klien. Klien era um dos pilotos que a marca tinha ajudado na carreira, depois de ter feito a outros pilotos como Enrique Bernoldi, Patrick Freisacher, Vitantoino Liuzzi e Scott Speed. Em 2005, Webber foi para a Williams (só ingressaria na Red Bull em 2007) e a equipa, com motores Cosworth na altura, decidiu manter Klien e dar uma chance em algumas corridas ao italiano Vitantoino Liuzzi.

O piloto austriaco ficou na Red Bull por mais uma temporada, mas foi embora antes do final da temporada, substituido por outro piloto da "cantera", o holandês Robert Doornbos, que fez as três últimas corridas dessa temporada, sem dar nas vistas.

O regresso de Webber em 2007 (apesar do novo nome, a estrutura era a mesma) fez com que a Red Bull não pensasse mais em ir buscar pilotos da sua fileira, agora que tinha adquirido a Minardi, que a rebatizou de Toro Rosso. E foi ali que a meio desse ano a equipa despediu Scott Speed (depois de um famoso desaguisado com Franz Tost, em Nurburgring) para dar uma chance a um alemão que tinham apoiado nas categorias de acesso - Formula 3, World Series by Renault - e que naquele ano tinha feito uma corrida pela BMW Sauber: Sebastian Vettel.

Ao longo de ano e meio ao serviço da equipa de Faenza, Vettel aprendeu a guiar e a adaptar-se no pelotão da Formula 1 e o seu talento começou a ver-se, especialmente em 2008, quando obteve 35 pontos e um memorável fim de semana em Monza, quando fez a pole-position e venceu categoricamente, debaixo de chuva, na pista italiana. Até hoje, o piloto alemão é o mais bem sucedido de sempre na Toro Rosso e contribuiu decisivamente na reforma de Coulthard, no final dessa temporada. E com a chegada de Vettel à equipa principal, em 2009, coincidindo com a estadia de Adrian Newey como o projetista da marca (na realidade, ele já estava na equipa desde 2006), a marca começou a vencer corridas e campeonatos.

A dupla Vettel-Webber é uma das mais estáveis da Formula 1, tendo até agora estado juntos por cinco temporadas. Nestas 84 corridas que levam juntos, a equipa conseguiu 38 vitórias, 49 pole-positions e 35 voltas mais rápidas, bem como três Mundiais de Construtores e claro, três Mundiais de Pilotos. É certo que a equipa tornou-se agora numa das mais bem sucedidas da atualidade e arrisca-se a construir uma era na Formula 1, pois caminha quase inexoravelmente para um quarto título mundial em ambas as categorias, mas a marca austriaca não deixou de se desviar do seu guião em termos de pilotos, preferindo encontrar talentos para ganhar do que contratar os melhores. 

A escolha de Daniel Ricciardo não é mais do que a continuidade de um projeto, do qual faz parte a Toro Rosso. A equipa secundária serve exatamente para esse propósito, e a colocação de um dos seus pilotos na equipa principal a cada duas temporadas é o seu objetivo. Isto, se demonstrar que tem talento suficiente para tal, pois caso contrário, ou é dispensado sem cerimónias, como Scott Speed ou Jaime Alguersuari, ou acaba como terceiro piloto, como acontece agora com Sebastien Buemi. É que Ricciardo é apenas o segundo piloto que vem da Toro Rosso, depois de Vettel. E isso pode servir de aviso para Jean-Eric Vergne ou quem aí vêm, como por exemplo, António Félix da Costa. Mas claro, os frutos do talento só valerão a pena quando (e se) vazar um lugar na equipa principal. E tão cedo essa politica não será mudada... 

3 comentários:

Ian Aguiar da Silva disse...

Achei uma tremenda injustiça a demissão de Alguersuari, ele era muito melhor que os atuais pilotos da STR

José Maria disse...

Respeitando a sua linha de raciocínio, mas esse australiano é só mais um entre vários do mesmo que estão ou já estiveram na F1, nada justifica sua elevação de nível.
Tem gente muito melhor que ele livre no mercado, mas sabe como é que é, tem que vir da filial senão não emplaca. . .
Zé Maria (Brasil)

Jaime Boueri disse...

Olha, desdeo início dessa boataria toda que eu dizia: o mais sensato seria a escolha de Ricciardo.

A Toro Rosso é escola da Red Bull, um degrau elevado da longa formação de pilotos deles, e - me julguem - acho que Ricciardo tem sim, potencial para andar na frente.