sábado, 15 de junho de 2013

The End: Froilan Gonzalez (1922-2013)

De férias e com uma Net que decide estar no mesmo estado de espírito do que eu, soube agora da morte de Froilan Gonzalez, o "Touro das Pampas". Conhecido também por "El Cabezón", especialmente para os seus amigos, aos 90 anos, e depois de uma vida bem vivida, o piloto argentino, que guiou pela Ferrari, e deu a sua primeira vitória na história da marca na Formula 1, decide que esta era a sua hora de sair de cena. O seu desaparecimento acontece precisamente vinte anos depois de outro campeão mundial, James Hunt, decidiu sair da vida e entrar para a História.

Entre 1950 e 1957 (com mais uma corrida em 1960), o piloto argentino participou em 26 corridas. Nâo esteve na corrida inaugural do Mundial de Formula 1, na Grã-Bretanha, porque a Ferrari decidiu não ir a Silverstone, preferindo estrear-se na corrida seguinte, no Mónaco. Mas ele ficou na história pelos feitos que deu à Ferrari. Se Alberto Ascari poderia ser o grande piloto do Commendatore no seu tempo, Froilan Gonzalez era o piloto certo no lugar certo. Foi o piloto certo no momento em que a Ferrari conseguiu bater os invencíveis Alfa Romeos, de Nino Farina e Juan Manuel Fangio. E o palco dessa mítica vitória foi Silverstone, na Grã-Bretanha. Ferrari disse depois de "parecia que tinha matado a minha própria mãe" - Enzo Ferrari tinha saído da Alfa Romeo a mal, em 1939 - e os ingleses tinham descoberto um novo ídolo do automobilismo. Tanto que, em 1972, quando a Formula 1 chegou à Argentina, Jackie Stewart procurou Gonzalez para lhe pedir um autógrafo.

Mas essa não tinha sido a primeira vez que ele tinha dado nas vistas. Algum tempo antes, em paragens argentinas, tinha lidado a armada Mercedes, que tinha voltado à competição depois de a FIA ter levantado a suspensão da Alemanha das competições automobilisticas. Decorria o mês de fevereiro e os argentinos decidiram elaborar a Copa Perón, onde os velhos "Flechas de Prata", construidos em 1939, eram, onze anos depois, carros temiveis. E tinham a seu lado o seu grande piloto, Juan Manuel Fangio. Gonzalez, com o seu Ferrari, contrariou o favoritismo e conseguiu bater toda a gente, nas duas corridas que constituiram essa prova. Para saber de mais, recomendo o post escrito pelo Paulo Abreu, do Volta Rápida.

Gonzalez não foi só piloto da Ferrari. Guiou pela Maserati em 1952 e 53, antes de fazer outra memorável prova em 1954, no mesmo país e no mesmo local, contra outro adversario: a Mercedes, guiado pelo seu compatriota e amigo Juan Manuel Fangio. Estreado na corrida anterior, o seu dominio parecia que iria levar a Formula 1 a nova era. Mas dominio nem sempre significava invencibilidade, e com um carro "streamliner" que poderia ter dominado nas retas de Reims, nas curvas de Silverstone era prejudicial, no sentido que Gonzalez fora melhor do que Fangio, batendo-o e conseguindo a sua segunda - e última vitória na sua carreira. E todos eles no mesmo local.

Aquela vitória não tinha sido a unica: algumas semanas antes, em Le Mans, ele e o francês Maurice Trintignant tinham sido os vencedores das 24 horas, numa concorrência com marcas como Jaguar ou Mercedes, por exemplo. Até hoje, era o mais antigo vencedor vivo.  

Há quase dois anos, o jornal "i" conseguiu fazer uma entrevista a "El Cabezon", onde o jornalista Rui Miguel Tovar perguntou a ele como era correr naquelas eras quase esquecidas qual foi o seu sentimento após ter conseguido tão importante vitória para a Scuderia. Era os 60 anos da primeira vitória da Ferrari na Formula 1 e Fernando Alonso tinha acabado de vencer o GP da Grã-Bretanha, em Silverstone.

Na parte final, Gonzalez contou o que aconteceu nos momentos após a corrida, e comparando com 2011: "A diferença é que o Alonso voltou de avião, com certeza, e eu de carro, um Alfa 1900, guiado pelo Juan [Fangio]. Além de nós, a minha mulher. Fomos até Milão. Lá, onde vivíamos, agarrei no Fiat Millecento e desci até Modena para saudar o viejo Ferrari. Ele estava animado, diz que chorou de alegria, e enviou um telegrama de ''condolências'' a Orazio Satta-Puglia, director desportivo da Alfa Romeo.

- E o Froilán, como se sentia? 
-"Mais contente que o Diabo."

Ars lunga, vita brevis, Froilan Gonzalez.

Pelos Caminhos de Portugal

Pela primeira vez em quase oito anos, eu tenho férias. Férias no sentido de não pensar em mais nada senão comer, beber e conviver. Apanhar sol na praia e gozar os momentos bons da vida, sem pensar em mais nada. Sempre gostei de fazer férias em junho, porque são os dias mais longos do ano, e há calor suficiente para poder olhar para as coisas com mais tranquilidade. Recarregar as baterias, alterando a paisagem com o qual acordas todos os dias faz bem à alma.

Claro que queria fazer isto, continuando a postar no blog. Só que a rede muitas vezes me prega partidas e como ontem fiquei sem colocar nada porque a rede decidiu “tirar férias”, achei por bem escrever este curto post para tranquilizar os meus amigos e fãs deste blog. Vou tentar, sempre que puder, colocar algum post por aqui, e espero que a rede esteja a funcionar na semana que vêm, quando for as 24 horas de Le Mans, por exemplo.

De resto, não se preocupem. Apenas vou gozar um pouco mais a vida até ao final do mês. Até lá, vou dando noticias. E não tenham inveja de mim: já tive inveja de muitos de vocês. :)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Quem quer um capacete de Emerson Fittipaldi ou de Gilles Villeneuve?

Esta vi através da página do Facebook do Almanaque da Formula 1: o site collectorstudio.com têm à venda um capacete que pertenceu a Emerson Fittipaldi entre 1972 e 1974, anos em que ganhou os seus dois campeonatos, quando correu pela Lotus e McLaren. Fabricado pela Bell, mas com autocolantes de outra marca, a AGV, tinha pertencido a Jo Ramirez, provavelmente dado no tempo em que ambos estiveram juntos na Copersucar Fittipaldi.

No site, o preço de venda é de 17 mil e 500 dólares canadianos, mais ou menos o mesmo em termos de dólares americanos quase 13 mil euros europeus. O capacete está num excelente estado, para quem foi usado há cerca de 40 anos, e quem o comprar, terá realmente um pedaço da história do automobilismo. 

Mas no site têm outros, entre eles este fabuloso capacete de Gilles Villeneuve, de 1979, onde ele foi um dos que usou o famoso Simpson Bandit, embora tenha sido apenas em treinos e testes. Neste caso em particular, o preço está dependente de uma oferta do eventual comprador.

The End: Jason Leffler (1975-2013)

A NASCAR viveu ontem um triste momento quando um dos seus competidores, Jason Leffler, morreu vítima de um acidente quando competia numa prova de "dirt track" na cidade de Bridgeport, em New Jersey. Num evento chamado "A Noite dos Anéis", Leffler ia em segundo na corrida quando perdeu o controlo e capotou diversas vezes, batendo no muto de proteção. Apesar de ter sido socorrido de imediato e ser transportado para o centro médico mais próximo, Leffer não resistiu aos graves ferimentos. Tinha 37 anos era casado e pai de um filho de cinco anos.

Nascido a 19 de setembro de 1975 em Long Beach, na Califórnia, Leffler competia na Nationwide Series desde 2001, onde conseguiu duas vitórias em 294 corridas. Antes disso, tinha começado a sua carreira nos Midget Series, onde foi tricampeão na categoria entre 1997 e 1999. Em 1998, para além do campeonato, tinha vencido também a Silver Crown. e em 2003, fora indicado para o National Midget Car Auto Racing Hall of Fame.

Em 2000, tinha tido uma passagem fugaz pela IRL, onde competiu em três corridas, uma delas nas 500 Milhas de Indianápolis, pela Treadway Racing, com algum apoio de Roger Penske. Começou e terminou a corrida na 17ª posição, a três voltas do vencedor, o colombiano Juan Pablo Montoya.

Para além da Nationwide Series, também teve 73 participações na Sprint Cup Series, onde conseguiu uma pole-position. Tambem teve 56 participações na Truck World Series, onde venceu uma corrida e conseguiu dez "pole-positions". A sua última corrida tinha sido no passado domingo, em Pocono, onde tinha abandonado a corrida.

Fibra de Carbono, emissão numero 27

E depois de alguns dias, está pronta para ser ouvida a emissão numero 27 do Fibra de Carbono. Neste episódio com um curioso numero, falamos um bocado sobre as 500 Milhas de Indianápolis e sobre as polémicas acerca dos pneus Pirelli, especialmente o famoso teste "privado" (Ross Brawn dixit) feito pela Mercedes em Barcelona, e uma antevisão do GP do Canadá. Em meia hora, tentamos falar do máximo de assuntos possivel. 

Já agora, o título escolhido de "retângulo com cantos arredondados" foi o que o eu decidi chamar a partir de agora à oval de Indianápolis...

Tudo isto e muito mais podem ouvir agora a partir deste link.   

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A capa do Autosport desta semana

A capa do Autosport desta semana têm em destaque Sebastian Vettel e a sua corrida de dominação no GP do Canadá. Da maneira como ele andou em Montreal, o título parece ser premonitório: "Vettel a caminho do Tetra".

Em baixo, à direita, existe mais uma referência à Formula 1, neste caso em concreto, aos motores que equiparão os carros a partir de 2014, especialmente uma certa marca francesa que começou com isto tudo: "Renault levanta o véu".

Em cima, fala-se das "Comemorações dos 50 anos do Porsche 911" onde levou muita gente ao Autódromo do Estoril e teve como convidado especial o ex-piloto de ralis Walter Rohrl, e em baixo, para além de referências às Superbikes em Portimão ("Melandri e Laverty dividem espólio"), também há a referência ao Rali Vidreiro, onde "Bernardo Sousa vence ao segundo".

Noticias: Porsche divulga as primeiras imagens do seu LMP1

A duas semanas das 24 Horas de Le Mans de 2013, já se prepara há muito tempo para a edição de 2014. E a Porsche apresentou esta manhã aquele que deve ser o carro mais aguardado do pelotão: o seu LMP1. O carro fez algumas voltas em "shakedown" na  sua pista de Weissach, na Alemanha, com Timo Bernhard ao volante, onde ele se mostrou "orgulhoso por ter sido o primeiro a experimentar o bebé, pois estou no projeto desde o início. O carro já se comporta bem e espero poder testar o máximo possível nos próximos meses com o meu colega Romain Dumas".

Franz Enzinger, responsável máximo pelo projeto, adiantou à imprensa que "quisemos concentrar-nos em completar este veículo muito complexo o mais cedo possível. Assim temos mais algumas semanas para fazer testes adicionais. As regras de 2014 são baseadas na eficiência, o que torna a competição mais interessante para os nossos engenheiros".

A Porsche Motorsport, marca que vai estar envolvida diretamente no projeto, afirmou que ao todo, estão envolvidos cerca de duzentos elementos neste projeto que, para já conta com dois pilotos oficiais: o francês Bertrand Dumas e o alemão Timo Bernhard.  

terça-feira, 11 de junho de 2013

Noticias: Vettel fica na Red Bull até 2015

A Red Bull anunciou esta tarde que Sebastian Vettel irá ficar na sua equipa até ao final da temporada de 2015. O piloto de 25 anos, tricampeão do mundo e atual lider do campeonato de pilotos, estendeu o seu contrato por mais uma temporada, já que o atual contrato terminava no final de 2014. “A Red Bull está feliz em confirmar que o campeão do mundo Sebastian Vettel estendeu seu contrato com a equipa até o fim de 2015”, começa por anunciar a marca austríaca no seu comunicado oficial.

O anuncio tinha sido feito horas antes pelo jornal alemão "Sport Bild", mas agora, a equipa de Milton Keynes decidiu anunciar de forma oficial.

Vettel é praticamente um piloto da Red Bull desde o inicio da sua carreira, apesar de ter sido piloto de testes da Sauber BMW quando se estreou na Formula 1 no GP dos Estados Unidos de 2007, em substituição de Robert Kubica. Terminando na oitava posição, logo, marcando um ponto, tinha demonstrado o seu talento e a sua rápida adaptabilidade a um carro de Formula 1, antes de continuar a correr alguns meses depois, na Toro Rosso, onde uma vitória do GP de Itália de 2008 o colocar no topo e ser considerado como um dos valores do futuro, confirmado na Red Bull: três títulos mundiais, 29 vitórias, 39 pole-positions, 18 voltas mais rápidas e 51 pódios.

E pelos vistos, poderá estar a caminho de um quarto título mundial...

Youtube Racing Practice: Os testes de Sebastien Löeb em Pikes Peak

E agora contam-se os dias até que Sebastien Löeb vai correr na subida de Pikes Peak, no Colorado. O piloto e a sua equipa já estão lá para ensaiar e afinar o carro para ver se tudo corre sem problemas até ao dia da corrida, onde tentarão não só vencer, como tentar bater o recorde da subida mais rápida de sempre à montanha mais famosa do automobilismo mundial.

Youtube Racing Crash: Piloto deixa corrida para salvar outro piloto

Isto aconteceu no final do mês passado no autódromo de Shannonville, no estado canadiano do Ontário. O piloto, que é conhecido pelo apelido de "Wango Tango", conduzia o seu Formula 1200 com a sua câmara colocada no seu capacete quando parou o seu carro durante a corrida para ajudar outro concorrente, que tinha ficado preso no seu carro, que tinha capotado após uma colisão com um terceiro carro.

Não estava em chamas e havia mais gente, mas de repente lembrei-me de David Purley e daquilo que fez há quase 40 anos na pista holandesa de Zandvoort para tentar salvar outro piloto, o seu compatriota Roger Williamson. Mas há ali algo que se diz no video: amigos não deixam amigos presos debaixo dos seus carros. E para mim, é o herói do dia. 

Vi isto no site WTF1.

Noticias: Marko elogia Vergne, mas não garante promoção

Este fim de semana, Jean-Eric Vergne conseguiu no Canada a sua melhor classificação de sempre, um sexto lugar, que foi também o melhor lugar alcançado por um Toro Rosso desde o GP do Brasil de 2008, quando Sebastian Vettel conseguiu um quinto lugar. Este resultado, quinze dias depois de ter conseguido um oitavo lugar no Mónaco, fizeram com que Vergne comece a ser visto com outros olhos, e provavelmente como um possível substituto de Mark Webber na equipa Red Bull.

E sobre isso, Helmut Marko, um dos responsáveis da equipa, cobre-o de elogios: “Jean-Éric Vergne impressionou com seu desempenho no Mónaco, e aqui em Montreal ele foi ainda melhor”, declarou o dirigente em entrevista à revista alemã ‘Speed Week’. “O resultado foi ainda melhor do que imaginávamos, e espero que ele possa continuar dessa maneira”, continuou.

Noutra declaração, desta ver à rádio francesa RMC, continuou com os elogios sobre a sua performance no Canadá: “Não foi apenas uma boa corrida, ele foi rápido durante todo o fim de semana. Ele não cometeu erros na qualificação, mesmo com a chuva, e durante a corrida eu o vi lutar com pilotos talentosos”, acrescentou.

Apesar dos elogios à sua consistência, Marko não garante a sua promoção para a Red Bull no final desta temporada: “Este é o segundo ano dele na Formula 1 e para alguém no segundo ano está sendo impressionante. Mas o que estamos procurando é um piloto que possa vencer corridas. Neste momento, ele está no caminho certo”, concluiu.

Vergne, atualmente com 23 anos, conseguiu até agora treze pontos e está na 12ª posição no campeonato com o seu Toro Rosso.  

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Um apaixonado do automobilismo, como nós

Sempre achei os comissários de pista uma classe à parte, porque são o último resquício de apaixonados pelo automobilismo, seja ele a Formula 1, ou outra competição automóvel qualquer. A diferença entre um fã normal, como eu e você, e eles é que sabem o que fazer em caso de colisão ou qualquer objeto que esteja na pista, porque foram treinados para isso. O Paulo Abreu ou o Marcel Araujo dos Santos, vulgo o "Tintin", sabem explicar melhor do que eu, porque foram - e são - comissários de pista, que adora o que fazem e sacrificam tempo às suas famílias para poderem estar nos circuitos, quase na primeira fila, e a ajudar quem mais precisa.

O automobilismo é perigoso e o "risco zero" é um mito do qual as pessoas devem estar conscientes. Nada está a salvo de uma fatalidade, por muita segurança que exista. É certo que se aperfeiçoa, mas nada se pode fazer quando um comissário deixa cair um rádio comunicador, escorrega na pior altura possível, centímetros de um trator que rebocava um carro de Formula 1, acabando por o matar. É a primeira vez em doze anos que houve um acidente fatal num fim de semana de Grande Prémio, e tal como tinha acontecido em 2000, em Monza, e em 2001, em Melbourne, a vitima foi um comissário de pista, a tal pessoa que está na primeira fila a assistir a tudo.

Um testemunho impressionante do que aconteceu foi o recolhido pelo Luiz Fernando Ramos, vulgo o Ico, que falou com Diego Mastroianni, voluntário nesse GP do Canadá, e falou no seu blog o que aconteceu. 

Eu sabia o portão que abririam no final da prova para entrarmos na pista e ver a cerimonia do pódio e me posicionei ali nas voltas finais. Os fiscais com a grua recuperaram o carro da Sauber depois do acidente e ficaram no canto esperando a corrida acabar. Depois eles começaram a ir devagar em direção aos boxes. Tinha a grua e alguns fiscais, uns atrás, uns do lado e um na frente que ficava equilibrando um pouco o carro porque ele fica pendurado por um ponto só e balança muito.", começa por descrever. 

"Tudo aconteceu muito rápido. Eu era o primeiro na correria das pessoas entrando na pista. Quando eu vi, ele tropeçou, caiu e acho que a pessoa que estava dirigindo a grua não teve tempo de reagir. Depois, rapidamente eles pararam a grua e os outros foram ver o que aconteceu. Eu tive a reação de parar e ver se eu poderia ajudar, mas logo já se criou um entorno com seguranças e eu não tinha o que contribuir. Foi uma fatalidade que aconteceu em questão de segundos. Fiquei por quase uma hora sem sair do lugar ali de tão chocado que eu fiquei com a cena. É muito triste mas, enfim, foi realmente um infortúnio muito grande”.

Ao contrário do que alguns possam pensar, esta gente não é amadora. São pessoas continuamente treinadas para estas situações, que sendo apaixonadas, tentam fazer o seu melhor num fim de semana que é extremamente exigente, e em muitos aspectos, a troco de nada ou quase nada. Só mesmo para ver os carros de perto. São heróis anónimos que merecem todo o nosso respeito e admiração. O que aconteceu ontem pode perfeitamente acontecer uma empresa qualquer, numa situação qualquer, em qualquer parte do mundo, todos os dias. É muito raro e é um tremendo azar. Isto vai demonstrar que por muito bons ou perfeitos que sejamos, o mundo que nós conhecemos é naturalmente imperfeito. Caso contrário, o Universo  tal como o conhecemos, nem sequer existia.

No final, curvo-me em tributo ao comissário, que tal os dois últimos há mais de doze anos, pagaram o preço mais alto de todos por querer estar onde mais queria estar, quando poderiam estar noutros lados, totalmente a salvo e junto dos que mais amam.

Sobre o possível fim da Playboy brasileira

Acho algo estranho nesta segunda-feira que um dos meus posts mais lidos seja um de 2010, onde se falava do... encerramento da Playboy portuguesa. A sua primeira encarnação, diga-se. Sobre essa história já foi contada e recontada, e agora temos uma nova versão onde, depois de uma falsa partida, parece que está a caminhar com as suas próprias pernas.

Contudo, desde sexta-feira passada que ando a ouvir o forte rumor que a Playboy brasileira poderá encerrar as suas atividades. Confesso que fiquei incrédulo, pois para mim, seria se algum dos grandes clubes do Rio de Janeiro ou São Paulo decidisse encerrar as suas atividades. Mas na realidade, o que acontece é que a Editora Abril, uma das mais importantes do país, está em processo de forte reestruturação após a morte do seu diretor, Roberto Civita, no passado dia 26 de maio. E o novo diretor quer cortar tudo pela raíz, livrando-se de onze revistas, incluindo... a Playboy. Sim, provavelmente uma das revistas mais icónicas em terras de Vera Cruz dos últimos 40 anos.

Uma revista que começou por ter o seu título... censurado. Quando chegou, em 1975 - uma das primeiras versões internacionais da revista fundada por Hugh Hefner - o Brasil vivia sobre uma Ditadura Militar de direita que decidia censurar tudo, quer em nome de uma "ameaça vermelha", quer em nome da "moral e bons costumes", num pais onde o corpo faz parte dos brasileiros. A "Revista do Homem" ficou com esse título até 1980, quando os ventos de abertura democrática sopravam mais fortes e aproveitando uma amnistia politica, deu-se uma "amnistia dos costumes". 

E assim, a Playboy mergulhou nos anos 80 como se de uma rebelde se tratasse. Tornou-se glamouroso e ousado falar, posar para a Playboy. Em pouco tempo, tudo que era atriz de novela não era ninguém sem que se mostrasse tal qual como veio ao mundo. Toda uma geração fez isso, por vezes mais do que uma vez, povoando todo o imaginário de toda uma geração, que fantasiava nos seus quartos ou casas de banho, á velocidade em que esfregava o seu mastro. Mas a revista era muito mais do que isso. Tinha as entrevistas às personalidades do momento, tinha as reportagens e outros assuntos do qual a Playboy americana já se tinha tornado famosa vinte anos antes, nos Estados Unidos. De uma certa forma, fazia um percurso paralelo, com resultados idênticos.

Mas com o tempo, as coisas desgastam-se. Muitos estavam saudosistas de um tempo em que não havia "panicats" ou mulheres com nomes de fruta, em que as atrizes faziam fila para ver quem estava nas páginas centrais, por um preço equivalente a uma casa, porque a circulação das revistas era bem saudável e as receitas publicitárias (e outras) valiam a pena. Só que hoje em dia, o mundo muda, e o jornalismo também. Em poucos anos, os suportes em papel desaparecerão, passarão para o digital. É certo que estando nas redes sociais ajuda muito, mas isso pode não chegar para a sobrevivência. Se calhar, também, uma coisa destas precisa de ser refrescada, não extinta.

Eu posso estar a ver isto de fora, mas creio que muitas das vezes, as publicações merecem uma "chicotada psicológica", como por vezes levam as equipas de futebol, quando despedem um treinador. Outra editora ou um grupo de "loucos" que percebam o espírito da Playboy e que a façam relançar, voltar a ter o brilho de outrora. Não é ser saudosista, mas é mais no sentido de pegar no que foi de bom e dar outra roupagem. Eu sei que é complicado, nestes tempos que correm, mas não acredito que as pessoas irão ver o fim de algo que marcou tanto uma geração de brasileiros e não esbocem qualquer reação. E caso apareça esse alguém que pegue e tente resgatar esse espírito, pode ser que haja menos "BBB" e mais classe. Sim, até no "putedo", há classe.

Espero que ela não morra no Brasil. Nem a revista, nem os seus leitores merecem tal destino.

Formula 1 em Cartoons - Canadá (Pilotoons)

Todos andaram na briga, mas no final, o vencedor, Sebastian Vettel, dominou sem ser incomodado. Eis o que significa este cartoon do Bruno Mantovani.

Noticias: Comissário mortalmente atropelado em Montreal

Um comissário de pista morreu esta tarde após o GP do Canadá, atropelado por um dos guindastes que serve para rebocar um dos carros que estava parado na berma. Segundo o diretor da corrida, Fabian Durmontier, o guindaste, que recolhia o Sauber de Esteban Gutierrez, não viu um dos comissários, cujo nome não foi divulgado, a tropeçar e a cair (aparentemente, estava a recolher o seu rádio), fazendo com que passasse por cima ele. Socorrido de imediato, foi transportado para o hospital de Notre-Dâme, em Montreal, em estado critico, vindo depois a morrer.

Segundo Durmontier, o comissario tem mais de dez anos de experiência no local, bem como o operador da máquina, cujo nome também não foi divulgado.

"Uma roda gigantesca passou sobre seu corpo, então há fraturas. É isso que sabemos até o momento. Há danos nos pulmões e no cérebro? Acreditamos que não." declarara Jacques Bouchard, diretor do centro médico do autódromo ao "Montreal Gazette", pouco depois da chegada do infortunado comissário.

Pouco depois, confirmou-se o pior. Assim sendo, esta é a primeira morte numa corrida desde o GP da Austrália de 2001, quando outro comissário foi atingido pelos destroços do BAR de Jacques Villeneuve. Antes, em setembro de 2000, no circuito italiano de Monza, outro comissário, Paolo Gisberti, tinha também sido atingido pelos destroços de um dos carros envolvidos numa carambola que aconteceu na Variante Roggia, a segunda chicane do circuito. 

domingo, 9 de junho de 2013

Formula 1 2013 - Ronda 7, Canadá (Corrida)

Montreal e o Canadá têm um lugar especial no coração dos adeptos. É a corrida que acontece uma pista que é demasiado curta para os padrões "tilkeanos", é a corrida que acontece sob tempo instável (uns anos debaixo de chuva, outros com um sol abrasador) e uma corrida onde tudo pode ser imprevisível, mesmo que o resto da temporada seja uma chatice pegada. Historicamente, já tivemos pilotos que venceram na última volta, já tivemos erros imperdoáveis (e vitórias orgásticas) e já tivemos vencedores muito populares. É como se por esta altura, o espírito de Gilles Villeneuve descesse ao circuito e decidisse baralhar as coisas. Aliás, o melhor exemplo disso foi quando em 2007 vi um Super Aguri, o de Takuma Sato, a passar um Ferrari, o de Fernando Alonso, e conseguir o seu melhor lugar de sempre, um sexto posto...

E neste ano, a qualificação trouxe um pouco esse espirito: debaixo de tempo instável, vimos Sebastian Vettel a quebrar a sequência de Nico Rosberg e da Mercedes e conseguir aquela que é a sua 39ª pole-position da sua carreira, e vimos também o finlandês Valtteri Bottas a mostrar-se, na sexta prova da sua carreira, algum do seu talento, ao levar o seu Williams-Renault ao terceiro lugar da grelha de partida. A partida para a corrida de hoje, o tempo estava nublado, mas as nuvens faziam a sua aparição, reduzindo as hipótese de chuva para o minimo.

Na partida, Sebastian Vettel conseguiu afastar-se de Lewis Hamilton, enquanto que Valtteri Bottas era engolido pelo pelotão. Atrás, Felipe Massa recuperava posições, chegando em relativamente pouco tempo à zona dos pontos, em algumas das vezes à custa dos erros dos outros, como Adrian Sutil que quando tentou passar Bottas, fez um "360" sem, contudo, bater no muro ou em alguém mais. Pior sorte teve ele mais tarde quando foi batido pelo Williams de Pastor Maldonado, danificando a sua asa traseira. Resultado final: Maldonado foi penalizado... mais uma vez.

As paragens nas boxes foram calmas, com a excepção de Kimi Raikkonen, que viu o seu macaco traseiro a cair quando não devia, custando segundos preciosos. Atrás, Adrian Sutil e Felipe Massa batalhavam por um lugar, com o alemão (de origem uruguaia) a aguentar os ataques do Ferrari do piloto brasileiro. Na frente, Rosberg, Webber e Alonso lutavam pelo terceiro posto. Na volta 30, Rosberg foi superado, primeiro por Webber, depois pelo espanhol da Ferrari.

Na volta 36, um desentendimento entre Webber e o Caterham de Giedo van der Garde fez com que a asa da frente do piloto australiano tivesse partido e ele tivesse perdido. E por causa disso, o piloto holandês levou uma penalização de dez segundos por ter ignorado as bandeiras azuis. Seis voltas depois, o piloto espanhol passou-o e ficou com a terceira posição.

E tivemos de esperar até à volta 46 até que vissemos as primeiras desistências, quando Giedo Van der Garde não aprendeu a lição e bateu em Nico Hulkenberg. Por causa disso, ambos os carros terminaram a sua corrida mais cedo. Mas por esta altura, todos perguntavam: será que Paul di Resta iria aguentar toda a corrida com o mesmo jogo de pneus? Numa altura em que os Pirelli têm fama de maus pneus, ver um piloto aguentar com o mesmo jogo de pneus durante dois terços da corrida era um feito. No final, após 57 voltas, Di Resta parou para colocar um jogo novo. E compensou: no final foi sétimo classificado, em contraste com Adrian Sutil, que para piorar a tarde miserável que teve, ignorou bandeiras azuis e foi penalizado.

Mas nessa altura, as atenções estavam concentradas em Lewis Hamilton e Fernando Alonso. O piloto espanhol lutava para apanhar o piloto inglês da Mercedes, e aos poucos, o Ferrari conseguia. No inicio da volta 64, depois de várias batalhas e tentativas, Alonso conseguiu passar Hamilton e ficar com a segunda posição. Mas o britânico não desistiu e tentou recuperar a segunda posição, mas não conseguiu.

Contudo, adiante de todos, e sem ser incomodado, Sebastian Vettel dominou a corrida. Graças ao seu ritmo, do qual ninguém o apanhou e deu uma volta a toda a gente desde o sexto classificado (!) algo que já não se via há muitos anos. Por fim, Vettel vencia a sua terceira corrida da temprorada, e vencia num circuito onde nunca tinha conseguido, vingando o que aconteceu em 2012, quando viu a vitória escapar na última volta a favor de Jenson Button. 

Fernando Alonso era o segundo e Hamilton era o terceiro, no seu Mercedes, enquanto que Jean-Eric Vergne dava à Toro Rosso a sua melhor classificação desde 2008, com um sexto lugar, na frente de Paul di Resta, que mesmo com a penalização, tinha terminado no sétimo posto. Felipe Massa era o oitavo, na frente de Kimi Raikkonen (nos pontos pela 24ª vez consecutiva) e Romain Grosjean. Isso fez com que, pela primeira vez em 65 corridas, um McLaren ficasse fora dos pontos de uma corrida. E Valtteri Bottas, que tinha começado tão bem, acabou a corrida num pálido 14º posto, a uma volta do vencedor.

Agora há mais, daqui a duas semanas, em Silverstone.

Vimeo Rallying Drone: O Rali de Portugal visto por cima



Estas imagens já têm quase dois meses, mas vale sempre a pena vê-los. O pessoal que anda com aquele pequeno helicóptero telecomandado (um drone) e que a Volkswagen os contratou para fazerem imagens dos ralis do Mundial fez umas belas imagens do Rali de Portugal, dos carros que lá passaram, dos rapazes que os comandam e do público que esteve presente em grande número no Algarve para ver as máquinas a passar.

É certo que no final, o grande vencedor foi Sebastien Ogier - ganhou aqui pela terceira vez - mas as imagens valem a pena. 

CPR 2013 - Bernardo Sousa soma e segue na Marinha Grande

Três semanas depois de Bernardo Sousa ter vencido em Guimarães, máquinas e pilotos estavam na Marinha Grande para mais uma etapa do Campeonato Português de Ralis, neste caso em concreto, o Rali do Vidreiro, uma das clássicas nacionais. Com o piloto da Madeira a destacar-se no campeonato, apesar da oposição dos Skodas de Ricardo Moura e de Pedro Meireles, e os carros de Grupo N guiados por veteranos como Adruzilo Lopes, o rali prometia ser bem interessante de ser seguido.

Depois da classificativa noturna, na Marinha Grande, máquinas e pilotos andariam por sítios como Carnide e Mata Mourisca, para além de andarem pela mítica classificativa do Pinhal de Leiria, na zona de São Pedro de Muel. Na primeira classificativa do dia, Pedro Meireles foi o melhor, abrindo 1,2 segundos de diferença sobre um surpreendente - ou talvez não... - Adruzilo Lopes, no seu Subaru Impreza, e 2,2 segundos sobre Bernardo Sousa, no seu Ford Fiesta S2000. A seguir, Ricardo Moura (que tinha perdido 10,9 segundos na primeira especial) venceu de novo na primeira passagem por Mata Mourisca, mas o segundo tempo de Lopes fez com que tenha sido ele a passar para o comando.

Pensava-se que a liderança de Adruzilio iria ser de curta duração, mas afinal não. Fazendo valer a sua experiência, e aproveitando bem o tempo instável, ele conseguiu ser melhor do que os S2000 na segunda passagem por Carvide e Mata Mourisca, vencendo em ambos os troços e conseguindo abrir uma vantagem de 7,1 segundos sobre Pedro Meireles. Aliás, os pilotos da frente rodam muito juntos: Bernardo Sousa é o terceiro, com 8,4 segundos de desvantagem sobre Adruzilio, e Ricardo Moura é o quarto, a 18,7 segundos do lider do rali.

A parte final estava reservada para a classificativa de São Pedro de Muel, onde se iria ver até que ponto o piloto do Subaru iria aguentar as investidas dos S2000. E aparentemente, com toda a gente perto uns dos outros, a mudança iria acontecer. E foi o que aconteceu: Bernardo Sousa na quinta especial, beneficiando da maior velocidade e da melhor escolha de pneus, provando que foi uma aposta ganha.

Com isso, Adruzilo Lopes caiu para o quarto posto, pois os dois Skodas de Ricardo Moura de Pedro Meireles conseguiram superar o piloto do Subaru. Mas os seus andamentos eram tão iguais que chegaram ao fim do rali com uma diferença de 0,3 segundos, a favor do açoriano. Apesar de Adruzilo Lopes ter ficado fora do pódio, ele foi o melhor na Power Stage, conseguindo três pontos extra, na frente de Miguel Jorge Barbosa, quinto no seu Mitsubishi Lancer Evo IX.

Na classificação geral, Bernardo Sousa é o comandante do campeonato, com 81 pontos, seguido por Ricardo Moura, que poderá ter uma palavra a dizer, já que foi o melhor português no Rali Açores, que conta para a Taça de Ouro, e esse resultado pode ser substituído por algum mau resultado que tenha até ao final da temporada. Quanto ao campeonato, este volta em setembro, com o Rali da Mortágua.