quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O panorama do Campeonato Português de Ralis

Faltam alguns dias para o inicio do Campeonato Português de Ralis, que começará com o Serras de Fafe, e pode-se dizer que - pelo menos para este rali - o cartaz é recheados em termos de nomes, e em termos de carros. Até agora estão confirmados três Ford Fiesta R5 e mais dois Skodas Fabia S2000, bem como dois Subaru Impreza R4 e um Mitsubishi Evo IX na lista de inscritos. E alguns convidados estrangeiros, que compensam as ausências de Bernardo Sousa e Bruno Magalhães, que muito provavelmente farão a sua temporada no estrangeiro, nomeadamente do Europeu de Ralis (ERC) e no Mundial de Ralis (WRC).

Comecemos primeiro com os carros presentes neste rali, e provavelmente ao longo do campeonato. Pedro Meireles e Ricardo Moura, o campeão nacional, irão continuar a correr com os Skoda Fabia S2000 nesta temporada, mas o açoriano sabe que para o resto do campeonato, existem opções a serem tomadas: ou um R5, ou... recuar para o Mitsubishi Lancer Evo IX: “Faltam-nos ainda respostas de patrocinadores e se elas forem negativas é natural que tinhamos que fazer algumas das oito provas num Mitsubishi de Produção por questões, fundamentelmente, económicas”, afirmou Moura neste domingo à Autosport portuguesa.

Aliás, independentemente do resultado, Moura já colocou o carro à venda.

Por outro lado, haverão três Fiesta R5 prontos para rodar em Fafe. João Barros e Diogo Salvi adquiriram os seus carros no final do ano passado e têm andando a experimentar e a testar exaustivamente com o objetivo de fazer o seu melhor neste rali e no campeonato. Mas um terceiro R5 já chegou há alguns dias e o seu proprietário é um velho conhecido: Rui Madeira. A comemorar 25 anos de carreira, Madeira saiu da semi-reforma e decidiu competir no Serras de Fafe com o objetivo último de correr no Rali de Portugal, a bordo do mesmo carro. mas a ambição do Campeão do Mundo de Produção, em 1995, era bem maior: alinhar com um Fiesta WRC no Rali de Portugal, alugado à M-Sport. Mas não teve orçamento para isso.

Chegou a haver a hipótese de fazer o viabilizar o projeto não com um R5 mas sim com um Fiesta WRC da M-Sport mas o orçamento era 35-40% mais elevado e faltou o apoio de uma gasolineira para que pudesse avançar. Ainda assim, estou muito satisfeito por ter conseguido viabilizar o projeto”, disse à Autosport portuguesa. Rui Madeira queria comemorar este aniversário com Nuno Rodrigues da Silva, seu habitual navegador, mas este estava comprometido com outro piloto. Assim sendo, terá a seu lado Paulo Fíuza.

Quanto aos outros dois pilotos que correm com o Fiesta R5, João Barros mostra-se otimista com o resultado, apesar de reconhecer que não tem total dominio sobre o seu carro: “Fiz vários testes em terra e asfalto, e sinto que evoluí bastante com o Fiesta R5 desde Outubro”, começou por referir o piloto de Paredes. 

Ainda não tenho total domínio sobre o carro, acho que isso só surgirá mais para o meio do campeonato. Aí sim, conto estar no meu melhor mas sei que vou enfrentar adversários rápidos e experientes logo desde a primeira prova. Fafe é sempre especial, é uma prova cheia de surpresas e segundo vimos nos reconhecimentos, o mau tempo das últimas semanas degradou um pouco os troços. Mas as condições serão iguais para todos e penso que vai ganhar o piloto que cometer menos erros. Pessoalmente, conto estar pelo menos na luta pelo pódio”, concluiu.

Já Diogo Salvi, que "dá o pulo" depois de ter competido no Open de Ralis com um Mitsubishi Lancer Evo VIII, afirma à Autosport portuguesa que quer “conseguir uma boa prestação com o novo Fiesta R5”, adiantando também que “quero andar rápido e alcançar uma boa posição nesta minha estreia no Campeonato Nacional de Ralis”.

Mas o Serras de Fafe vai ter convidados estrangeiros. Não é habitual, mas vai acontecer: o ucraniano Olksii Tamrazov e o estónio Martin Kangur, ambos em Ford Fiesta S2000, participarão no Serras de Fafe como preparação para o rali de Portugal. Aos 38 anos, e já com experiência no WRC e no Europeu, por estes dias corre o rumor de que poderia estar por trás de um projeto para colocar a (agora chinesa) MG no Mundial de Ralis.

Ambos vêm a convite de Bernardo Sousa, que queria correr inicialmente com o Fiesta RRC em Fafe, mas os novos regulamentos do campeonato, que obrigam os WRC e os RRC a correrem na nova categoria X, fizeram com que ele decidisse não participar, metendo o seu bólido como "carro 0".

A razão porque não participo com o Fiesta RRC directamente na prova é porque, pelo regulamento, o carro teria que estar inscrito no Grupo X e como os carros do Grupo X só podem estar inscritos no Campeonato de Ralis Norte isso significaria que só cumpriria metade da quilometragem do rali, não tenho interesse em fazer meio rali pois o que pretendo é ganhar ritmo e fazer o maior número de quilómetros possíveis com este carro. São regras que não concordo mas as quais me acabam por ser indiferentes pois não pretendo mesmo fazer o campeonato”, comentou.

Na categoria de Produção, os nomes a ter em conta serão os de Adruzilo Lopes, que competirá num Subaru Impreza R4; José Pedro Fontes e Ricardo Teodósio, ambos em Mitsubishi Lancer EVo IX. O primeiro está a correr com esperança de que num futuro próximo, ande com um Fiesta R5, dpeois de ter experimentado um no final do ano passado.

Nesta altura, estou à espera de respostas de patrocinadores para o primeiro projeto que apresentei. Se elas forem positivas pode ser que haja a possibilidade de passar para um R5 que era minha ideia inicial”, começou por contar o veterano piloto, que espera competir em pelo menos sete dos oito ralis do campeonato.

Quanto ao rali em si, Adruzilo confessou à Autosport que não faz ideia onde vai ficar, dada a pouca quilometragem que fez ao carro: “Não será fácil ser competitivo já que em Fafe, de momento, tenho apenas 18 km de testes em terra neste carro e os adversários já têm aí somados muitos mais seja com os S2000 ou com os R5. Mas vamos dar o nosso melhor e ver onde nos podemos posicionar no final do rali”, concluiu.

Para lerem a lista definitiva de inscritos, podem seguir este link.

Mas esta rica lista de inscritos poderá ter de enfrentar as estradas de terra à volta de Fafe, palco do mitico salto da Lameirinha ou do cruzamento do Confurco, entre outros. E com a constante queda das chuvas, num inverno muito chuvoso como têm sido este, existem preocupações com a condição dos troços. Os pilotos dizem que os troços estão dificeis, mas a organização confia que o tempo colabore: “Até quinta-feira não chove, pelo que já não deverão piorar até lá. A Câmara Municipal vai compactar o piso nos próximos dias, pelo que as coisas deverão melhorar significativamente. O problema é que na quinta-feira volta a chover!”, revelou Carlos Cruz, diretor da prova Serras de Fafe.

A degradação dos troços poderá ser complicado, especialmente para os carros de duas rodas motrizes. Mas espera-se que as coisas possam estar um pouco melhores no sábado, dia da prova, e os pilotos não sintam as dificuldades que sentiram quando passaram nos reconhecimentos, no final da semana passada.

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