terça-feira, 20 de maio de 2014

Dias contados? Nem por isso

O assunto do dia por aqui parece ser as declarações do novo ministro dos desportos venezuelano, António Alvarez, onde afirmou que não colocaria mais um dólar para o automobilismo. Claro, todos ligaram isso para a situação de Pastor Maldonado, mas eu li esse artigo ainda ontem, no jornal local "Ultimas Noticias", graças ao tweet lançado pela Meylin Gonzalez, a editora da revista "Stop & Go Venezuela".

O ministro em si, o senhor Alvarez, é um homem que prefere outras modalidades, como é dito logo no inicio do artigo: "O novo ministro do Desporto é um homem de basebol, mas também é adepto do basquetebol, do futebol e do hipismo, sem descuidar outras disciplinas."

Se forem ler o artigo em si - que o fiz na altura - verão que para além do título, pouco ou nada têm mais a dizer. Só têm esta frase: "Sei que vou ganhar muitos inimigos, mas não haverá nem mais um dólar para os motores. Há outras prioridades". E a razão para essa frase têm a ver com o que aconteceu no passado mês de outubro, quando foi descoberto um esquema de "multiplicação" de dólares pelo mercado negro, como forma de contornar as restrições de divisas (de três mil dólares por ano) que o "governo bolivariano" colocou à saída de dólares do pais. Aparentemente, esses pilotos estavam a usar as permissões especiais passadas pelo governo para levar muito mais dólares do que o permitido.

O esquema foi denunciado pela então Ministra do Desporto, Alejandra Benitez, que tinha dito que a sua assinatura tinha sido falsificada em cerca de 60 documentos, para permitir o câmbio de moeda. "Existe um caso em particular de um corredor que, em ano e meio, conseguiu aprovações [de câmbio de moeda] no valor de 66 milhões de dólares.", disse Benitez, uma antiga atleta olimpica. "Apenas as requisições de dois desses atletas seriam o suficiente para levar uma delegação de 600 atletas [para um determinado evento desportivo]", concluiu.

Na altura, ninguém foi apontado diretamente, mas surgiu um grande suspeito: Ernesto J. Viso, que na altura andava na IndyCar e que na altura em que rebentou o escândalo, ficou de fora da última corrida dessa temporada, alegando que tivera uma recaida de um acidente que tinha acontecido tempos antes. Até apareceu uma foto dele na enfermaria, mas as suspeitas continuam até agora.

Na altura, ele reagiu: “Creio que esse tema é controverso no ministério, pois quando perguntamos o que está acontecendo com os pagamentos que não recebemos, não temos explicação alguma. Mas é frustrante saber que há oportunistas que buscam se aproveitar do momento desportivo tão bom que vive a Venezuela para tirar benefícios pessoais. No final, os verdadeiros prejudicados somos nós, os atletas que têm números e resultados que comprovam o bom trabalho que fazemos.” começou por comentar.

Acho bom que façam uma investigação séria a este respeito porque isso é algo muito delicado, mas é necessário que o ministério coloque em dia os pagamos porque a minha situação é cada vais mais insustentável porque tenho muitas contas a pagar”, concluiu.

E claro, a reação da própria Meylin, na sua conta de Twitter, diz tudo: "Maldonado está patrocinado pela PDVSA... o anuncio do Ministro afeta apenas os pilotos que pagam para correr". Ou seja, ele está safo.

Mas o que acho engraçado no meio disto tudo é que de outubro até agora, é a primeira vez que oiço algo sobre este assunto. Nem sabia que a ministra tinha sido substituída, nem sei se houve cabeças a rolar ou detenções nessa área. Apenas continuam as suspeitas e claro, nenhuma conclusão nesse caso que não o "soundbyte" do ministro.

Mas para os que associam uma coisa com outra, acho por bem esclarecer: uma coisa é um piloto apoiado pelo estado, outra coisa são os outros pilotos. E Maldonado é "património do Estado". Lamento ter desiludido alguém, mas vamos tê-lo por mais tempo.

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