sábado, 30 de agosto de 2014

Para um certo inglês ver

"Desde o GP da Bélgica em Spa, eu passei muito tempo pensando sobre o que aconteceu durante a corrida e discutir com a equipe. Já expressei meu pesar sobre o incidente, mas, após uma reunião com Toto, Paddy e Lewis hoje, eu gostaria de dar um passo adiante e descrevê-la como um erro de julgamento de minha parte. A regra número um para nós, como companheiros de equipe é que não devem se tocarem na pista mas foi exatamente isso o que aconteceu. Por esse erro de julgamento, peço desculpas a Lewis e à equipe. Eu também quero pedir desculpas para os fãs que foram privados de nossa batalha pela liderança na Bélgica. Lewis e eu temos instruções claras sobre como podemos competir entre si. Como pilotos, temos uma responsabilidade clara para a equipe, os fãs do esporte, os nossos parceiros e Mercedes-Benz para fazer corridas limpas. Tomamos essa responsabilidade muito a sério. Estou ansioso para concluir a temporada com uma concorrência forte, justo dentro e fora da pista até a última volta da temporada, em Abu Dhabi."

Eu li isto (e saquei o cartoon) no blog do grande Marcos Antônio, o GP Series, e eu francamente, tenho a sensação de que não sei se hei de ir ou se hei de chorar. De rir, com o ridículo da situação, de praticamente penitenciar uma pessoa por causa de uma manobra de pista, só porque este disse que poderia ter levantado o pé, só que não o levantou. Mas se calhar, isto teve de acontecer para salvar a face de um piloto e castigar outro, que muito provavelmente até calharia bem que vencesse, pois é do mesmo pais de onde é a marca, e claro, isso venderia mais carros no seu país, num clássico "vence no domingo, vende na segunda".

Fico também com a sensação de que isto foi mais um espetáculo do que outra coisa, só para satisfazer os defensores de Lewis Hamilton, para que ele entendesse que os muitos milhões que ele está a ganhar são bem gastos, e ele têm as mesmas armas para lutar pelo título, sem favores a Nico Rosberg ou prejuízos. Não sei de que lado está Toto Wolff, mas toda a gente sabe que foi Niki Lauda que trouxe Lewis Hamilton para a equipa de Brackley.

Em suma, isto tudo é uma farsa. O machado de guerra não foi enterrado, apenas pousado, esperando que seja de novo pegado nas corridas seguintes, porque as ordens de equipa não foram colocadas. Eles podem lutar, e a unica linha vermelha será a do "não toquem, não se eliminem". Tudo bem, os espectadores saem beneficiados com isso - depois de 92 por cento dos fãs terem dito que são contra ordens de equipa no inquérito organizado... pela Mercedes - mas tenho a sensação de que num futuro mais próximo, isto voltará em força. Quero acreditar no bom senso de Nico e Lewis, mas falamos de pilotos que foram influenciados por Ayrton Senna, que certo dia disse a Jackie Stewart, numa famosa entrevista na Austrália, em 1990: "Se não atacares a abertura, não és piloto". E são 29, os pontos que separam Nico de Lewis. 

Não sou - e não serei - defensor das ordens de equipa, porque isso mata o automobilismo. Mas não quero deixar de esquecer disto: este ano, quem vencer em Abu Dhabi têm 50 pontos de bónus. Espero que não façam que Daniel Ricciardo fique a menos de 50 pontos destes dois pilotos... 

Sem comentários: