quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O apelo de Vatanen ao boicote e o seu significado

Os rumores de que a União Europeia pode estar a pensar em apelar ao boicote desportivo à Rússia estão a fazer agitar os corredores da FIA, pois irá este ano a Formula 1 irá pela primeira vez à Rússia. E esta quinta-feira, o finlandês Ari Vatanen tornou-se na primeira personalidade desportiva de relevo a apelar ao boicote. Antigo candidato às eleições na FIA, em 2009, e agora membro de uma comissão da FIA, comentou hoje ao jornal britânico Daily Telegraph, dando as razões pelos quais é valido o boicote europeu ao GP russo e do qual a FIA deveria seguir.

"Iremos apoiar um regime que está por trás deste derramamento de sangue? Ou vamos dizer que isso não é correto? [Se não fizermos nada] seria enviar uma mensagem de aceitação para a Rússia. Diria que toleramos, talvez não de forma explícita, mas pelas nossas ações que nós toleramos o que está acontecendo, porque ele é usado em propaganda."

"Costuma-se dizer que na Fórmula 1 não deve misturar política e desporto, mas o regime russo já está a misturar política e o desporto de uma forma descarada, por isso temos de responder. É por isso que Bernie e os proprietários deviam cancelar a corrida.", comentou.

"É uma situação sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, e nós temos que nos perguntar como a história vai se lembrar de nós e aquilo que fez ou deixou de fazer.", concluiu.

Contudo, não vai ser fácil: Bernie Ecclestone quer a corrida e o acordo é bem "gordo": 120 milhões de libras por cinco anos, acordados diretamente entre os "anõezinhos" Bernie e Putin, e faltam cinco semanas para que tal aconteça, já que a corrida está marcada para o dia 12 de outubro. E quanto à posição de Jean Todt, ele afirma que as suas declarações são parcialmente suportadas pelo presidente da FIA.

O Jean sabe dos meus comentários, falamos disso. Penso que partilha parcialmente a minha visão. Estamos de mãos atadas. Não posso dizer coisas mais aberta e livremente do que ele. Não estou a dizer que ele concorda com tudo o que eu digo, mas ele tem uma margem de manobra muito mais reduzida, não pode fazer grandes mudanças de um dia para o outro”, comentou.

A interpretação destas declarações está a ser vista por alguns meios desportivos como um teste, afirmando que Vatanen é uma espécie de "Cavalo de Troia" no sentido de testar as águas sobre tal hipótese, para ver qual será a reação das pessoas acerca desta hipótese. É certo e sabido desde há algum tempo que há uma guerra surda entre Todt e Ecclestone, mas o francês não quer entrar em guerra aberta com o britânico, sob o risco de cindir a Formula 1 em duas entidades.

O tempo irá mostrar as reações a este apelo não só na Formula 1, mas fora dessa bolha no qual eles vivem. Faltam cinco semanas para Sochi.

Sem comentários: