terça-feira, 9 de setembro de 2014

Os Pioneiros - Capitulo 51, a temporada americana de 1916

(continuação do capitulo anterior)


1916: OS PEUGEOT DOMINAM NA AMERICA


Com a Europa a entrar no seu terceiro ano de guerra, os Estados Unidos são praticamente o unico local onde se realizam corridas e têm um campeonato digno desse nome. No ano anterior, os "motordromes", as pistas de madeira tinham-se espalhado um pouco por todos os Estados Unidos, e mesmo com o declinio de competições de estrada como a Vanderbilt Cup ou o Grande Prémio da América, tinham aparecido competições como a Astor Cup.

Mas nesse ano de 1916, a AAA decidiu mudar, para incluir um sistema de pontuação para definir quem seria o campeão. O sistema é algo complexo, e definia-se pelas milhas percorridas e pela posição que se encontravam nesse momento. Um piloto que vencesse uma corrida de 500 Milhas, por exemplo, poderia alcançar mil pontos, enquanto que o vencedor de uma corrida de cem milhas teria direito a metade, e em termos de pontuação, só os oito primeiros poderiam pontuar em provas de cem e 150 milhas, enquanto que a partir das 250 milhas, eram os dez primeiros.

O calendário de 1916 teria 24 corridas, mas apenas 15 iriam contar para a pontuação, entre os quais as 500 Milhas de Indianápolis, no final de maio, a Astor Cup, a 30 de setembro, e a jornada dupla da Vanderbilt Cup com o Grande Prémio americano, no final de novembro, numa pista desenhada em Santa Mónica, na California, as únicas provas de estrada a contar para o campeonato.


AS "300 MILHAS DE INDIANÁPOLIS"


A primeira prova do ano foi a  de abril, num circuito de estrada em Corona, na California. Apesar de ter sido vencida por Eddie O'Donnell e não contar para o campeonato, ficou marcada pela morte de Bob Burman, do seu mecânico Eric Schroeder e de um guarda da pista quando perdeu o controlo do seu Peugeot.

A primeira corrida a contar para o campeonato foi a 3 de maio, com o Metropolitan Trophy, na pista de Sheepstead Bay, ao lardo de Nova Iorque, e ela foi vencida por Eddie Rickenbacker, no seu Maxwell.  Mas no final do mês, é a vez das 500 Milhas de Indianápolis, que naquele ano foram de... 300 milhas. a razão foi que os organizadores achavam que seria ótimo se a distância fosse encurtada para a tornar mais apleativo aos espectadores.

Vinte e um carros tinham alinhado, com algumas ausências importantes, como a de Ralph de Palma, mas outros lá estavam, como Johnny Aitken, Dario Resta, os irmãos Louis e Gaston Chevrolet e Howdy Wilcox, a bordo de um Preimer. Estes carros não eram mais do que réplicas de Peugeots, mandados construir por Carl Fisher, no sentido de tentarem imitar aquilo que os europeus sabiam fazer melhor.

Contudo, nada como o original para mostrar que são os melhores. Após uma liderança inicial de Eddie Rickenbacker (que nessa corrida usava capacete de aço, a primeira vez que tal coisa era usada numa prova automobilistica), perdida quando teve problemas de direção, Dario Resta tomou o comando na décima volta, para não mais a largar, acabando por vencer, sendo o quarto estrangeiro a vencer na pista. Wilbour D'Alene foi o segundo, seguido de Ralph Mulford.


DE PALMA VERSUS RESTA


A partir de Indianápolis, o calendário passava a ser dominado pelas ovais de madeira. Com Resta a vencer a prova mais importante, parecia ele ser o favorito ao campeonato, mas Ralph de Palma contra-atacou com o seu Mercedes. A 15 de julho, duas passagens pela pista de Omaha deram dois vencedores diferentes, com Resta a vencer a "sprint race" das 50 Milhas, e De Palma a de 200 milhas. Contudo, o que contava para o campeonato era esta última. Mas nesta corrida, os acidentes mortais aconteciam: o carro de Aldo Franchi sofreu um furo a alta velocidade e ele e o seu mecânico acabaram por morrer.

A luta continuou ao longo do verão americano, apesar da interferência de Johnny Aitken, que venceu a Harvest Auto Racing Classisc, em Indianápolis, e a Astor Cup, a 30 de setembro, a última das quais, uma prova de 250 milhas.

As duas provas finais nessa temporada eram a Vanderbilt Cup e o Grande Prémio, respectivamente a 16 e 18 de novembro, em Santa Mónica. E eram provas grandes, logo, quem vencesse tinha uma grande vantagem para alcançar o título. A Vanderbilt Cup foi ganha por Resta, mas Aitken ficou na frente do campeonato, e tudo dependia do resultado do Grande Prémio, dois dias depois.

A corrida começou com ambos a desistirem cedo: Aitken na primeira volta, devido a um motor partido, e Resta foi pouco depois. Pelo meio, um acidente mortal ensombrou a corrida, quando o "rookie" Lew Jackson, a bordo de um Marmon, perdeu o controlo do seu carro e bateu numa das bancadas, matando a ele, o seu mecânico, um fotógrafo e mais dois espectadores.

Com ambos os pilotos de fora, era Wilcox que liderava, noutro Peugeot. Mas Aitken pede a ele para que ceda o seu carro e corra para a vitória, esperando que isso seja suficiente para conseguir o campeonato. Resta tenta o mesmo com Earl Cooper, que corria num Stutz. Cooper recusou e Resta ficou impotente, esperando como isto iria acabar. Apesar de não haver nada que impedisse isto, Aitken levou o carro até à meta, no primeiro lugar.

Mas no final, a vitória foi partilhada  entre Aitken e Wilcox, e Resta acabou por ser o campeão, com 4100 pontos, contra os 3440 de Aitken. De palma foi quarto, com 1790 pontos, superado por Eddie Rickenbacker, que tinha conseguido 2910.

(continua no próximo capitulo)

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