quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Como uma tradução mal feita dá uma bola de neve destas

Sobre Michael Schumacher, depois dos eventos de janeiro e de me ter queimado com uma noticia sobre o estado dele, fujo do assunto como o Diabo da Cruz. As razões são muitas, mas este fim de semana, horas antes do fatídico GP do Japão, li uma noticia vinda de Jean Todt que falava sobre o estado de saúde de Michael Schumacher que parecia ser otimista.

Com o passar dos dias e o avolumar das coisas que apareceram sobre Jules Bianchi e Andrea de Cesaris, acabei por esquecer sobre este caso. Ora, hoje dou de caras com esta matéria da UOL brasileira e descubro que as esperanças do chefe da FIA e amigo pessoal de Michael Schumacher... foram exageradas. E a culpa não nem é de Todt, foi apenas um erro de tradução.

Transcrevendo a parte que interessa:

"O que aconteceu de fato: Todt deu entrevista no final de semana a um dos canais do Grupo RTL, dias após se reunir com a família do ex-piloto de equipes como Benetton, Ferrari e Mercedes. Na entrevista, disse que, à medida em que o tempo passava, Schumacher fazia 'progressos em relação à gravidade da sua lesão', embora ainda houvesse um longo caminho pela frente. 

Na frase que gerou toda a confusão, Todt disse: 'espero que as coisas melhorem'. O dirigente afirmou torcer ainda para que seu ex-piloto pudesse levar 'uma vida relativamente normal' em um curto período de tempo.

A declaração chegou à imprensa alemã, que, segundo o PitPass (site especializado em automobilismo), originou o erro de tradução. O jornal Der Spiegel dizia: 'amigo Todt anuncia 'vida normal' para Schumacher'. Já a versão online da revista Focus trazia a manchete 'Schumacher vai 'viver uma vida normal'".

Desta forma, quando a declaração distorcida chegou aos jornais britânicos e espanhóis, ganhou o mundo. 'Michael Schumacher 'poderá viver uma vida relativamente normal', diz ex-chefe da Ferrari", destacava o Daily Mail. 'Schumacher caminha para uma 'vida relativamente normal', diz ex-chefe Todt', reforçava o Daily Mirror.

Publicações como o Mundo Deportivo, Daily Telegraph, o The Guardian e o Times também repercutiram erroneamente o fato. O UOL Esporte e outros sites brasileiros passaram a história adiante, em uma bola de neve mundial. 

A essa altura, a confusão já havia chegado a Sabine Kehm, porta-voz de Schumacher e provavelmente a fonte mais confiável para dar declarações a respeito das condições do alemão. Sabine não se pronunciou oficialmente, mas segundo o PitPass, disse que 'as declarações atribuídas a Todt não foram o que ele falou'".

Em suma, uma coisa é "whisful thinking", outra coisa é a realidade. E pelo que se pode entender das declarações de Jean Todt, o caminho é longo, muito longo. E também é por isto que prefiro não falar, ou anunciar sobre esta matéria, porque o risco de equivocos como estes é bem grande. E é essa a mesma postura que pretendo ter no caso do Jules Bianchi.

1 comentário:

felipefla disse...

Nesse caso foi uma falha de tradução, mas serve para vermos o quanto a atual "pressa" em se publicar as noticias, fazem com que um copie o outro, e qualquer notícia, mesmo que não verdadeira corra o mundo todo.

pra quem não conhece, veja o caso de uma falsa notícia que correu o mundo como verdadeira.


http://www.naosalvo.com.br/desafio-aceito-25-fazer-da-coreia-do-norte-campea-da-copa/