domingo, 18 de janeiro de 2015

A foto do dia (II)

A história de Johnny Servoz-Gavin é interessante, num período de tempo onde a França estava ávida de heróis automobilísticos. Ainda por cima, nesse final da década de 60, houve a aventura da Matra, um conglomerado industrial que decidiu fazer automóveis para vender e bólidos para vencer, espalhando o nome da França, tal como tinham feito nos primórdios do automobilismo nomes como Peugeot, Renault, Darracq, Delage, Bugatti e outros.

Para terem uma ideia de como as coisas foram sobre a aventura da Matra, teve o apoio financeiro de Chales de Gaulle, que continuou com Georges Pompidou.

Mas voltando atrás, naquele final dos anos 60, havia alguns pilotos franceses que estavam a avançar nas fileiras, como Jean-Pierre Beltoise ou Henri Pescarolo. A onda da década seguinte ainda tentava a sua sorte nos vários "volants", uma espécie de "caça-talentos" automobilistico que teria as suas consequências. Mas dos consagrados - Guy Ligier e Jo Schelsser eram mais velhos - destacava-se Johhny Servoz-Gavin, que apesar do talento, nunca a levou a sério. Queria a boa vida.

Tinha sido instrutor de ski e descobriram os seus talentos num desses "volants". Em 1966, era campeão francês de Formula 3, ao volanta de um Matra, e ficou na equipa para a Formula 2, Endurance e provavelmente a Formula 1. Quando chegou, em 1968, as suas performances foram surpreendentes. Segundo lugar na qualificação do GP do Mónaco e segundo lugar no GP de Itália, sendo o terceiro carro da marca, ao lado de Jackie Stewart e Jean-Pierre Beltoise.

No ano seguinte, dedicou-se à Formula 2, onde foi campeão europeu, e mais umas corridas de Formula 1, onde guiou o carro de quatro rodas motrizes, o MS84. Conseguiu um sexto lugar em Mosport, a única vez que um carro desse tipo chegou aos pontos. E parecia que iria para uma temporada inteira ao lado de Stewart na Tyrrell - tinha conseguido um quinto lugar em Espanha - quando após o GP do Mónaco, decidiu pendurar o capacete de vez.

As razões eram muitas: tinha tido um acidente no inverno e a sua visão tinha sido algo afetada. Mas na realidade tinha ficado amedrontado com os perigos do automobilismo, especialmente depois de ver amigos seus a morrerem. Em Jarama, na penultima corrida da sua carreira, passou vezes sem conta nos restos dos carros de Jacky Ickx e Jakie Oliver, sem saber se estavam vivos ou mortos. E aquela curva é suficientemente apertada para poder ver a carnificina em todo o seu arrepiante esplendor. No final, decidiu viver a boa vida e entregou o lugar ao seu compatriota Francois Cevért.

Pelo que se conta, tinha medo de morrer queimado, mas o mais interessante é que sofreu queimaduras em 1982 quando uma botija explodiu na sua casa flutuante. Contudo, isso não o impediu de viver mais 24 anos, até acabar s seus dias na sua Grenoble natal, vitima de uma embolia pulmonar. 

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