domingo, 1 de fevereiro de 2015

Sobre os testes e porque deveremos relativizá-los

Acerca dos testes de pré-temporada, recordo-me sempre da história do Ferrari F92-A. Nas semanas antes do campeonato, o carro da Ferrari, que era tripulado por Jean Alesi e o italiano Ivan Capelli - o primeiro desde Michele Alboreto a correr na Scuderia - andava em testes por pistas como Estoril e Imola, e estava sempre no topo das tabelas de tempos, colocando os "comentadores" de pelotão a dizer que seria uma máquina a rivalizar com os McLaren, os então campeões. Falava-se também dos Williams, mas não com tanto entusiasmo como se falava dos carros de Maranello, que no final do ano anterior tinham despedido Alain Prost, a pretexto do "desrespeitamento" da "macchina".

No final, era tudo uma fraude: o carro era lento e o desenho era mau (estavam a correr abaixo do peso regulamentar) e os Williams, que tinham o FW14, dominaram a temporada, com Nigel Mansell a alcançar o título que tanto queria, depois de duas tentativas falhadas. Demorou, mas foi. E o Ferrari F92-A foi para a história como um dos piores Ferraris de sempre.

Sempre que vejo os testes de pré-temporada, recordo sempre desta história. Dos truques que certas equipas fazem para conseguir a entrada de alguns patrocinadores, para remendar as contas arrombadas. E é por isso que os tempos de hoje vão bem além do que poderemos estar a ver. É bom ver Sebastian Vettel no topo da tabela dos melhores tempos, e ver logo a seguir o Sauber-Ferrari de Marcus Ericsson, não muito longe do piloto alemão. Serão certamente boas noticias para uma equipa que andou aflita nas últimas semanas. 

Mas hoje, os McLaren estiveram mais tempo nas boxes, por causa de uma avaria na unidade de energia do seu carro, e os Mercedes estavam mais preocupados em recolher dados do que em fazer grandes tempos. Nico Rosberg fez 157 voltas, o dobro da Ferrari e da Sauber. São mais de cem voltas do que Sebastian Vettel, ou seja, 600 quilómetros só no primeiro dia. E isso poderá ter dado algum avanço sobre a concorrência. E Lotus e Force India não estiveram por ali hoje. Aliás, a equipa de Enstone atrasou-se...

É por isso que temos este mês de testes, para ver se todos os sistemas funcionam, descobrir os defeitos e tentar corrigi-los antes do inicio da temporada, em Melbourne. E mesmo assim, sou daqueles que diz que as equipas só se mostram quando começarem a competir a sério...

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