domingo, 12 de abril de 2015

As frustrações de Nico Rosberg

A corrida da China pode ter sido de sonho para a Mercedes, com ambos os pilotos a conseguirem a dobradinha pela segunda das três corridas feitas até agora, mas dentro da equipa, parece que começaram a aparecer as tensões entre pilotos, especialmente da parte de Nico Rosberg, que parece ser incapaz de apanhar e superar Lewis Hamilton, pelo menos neste inicio de temporada. 

No final do GP da China, nesta manhã, Nico Rosberg aproveitou a conferência de imprensa pós-corrida para desabafar sobre as estratégias que teve na corrida, que aparentemente o impediram de disputar a liderança da corrida. Alegadamente, o piloto alemão acusou Hamilton de ter abrandado de propósito para que os seus pneus se desgastassem de modo mais prematuro do que os dele, e assim conseguir uma maior vantagem e mais hipóteses de vitória. 

É interessante ouvir o Lewis dizer que pensa nele próprio, quando isso estava a comprometer a minha corrida. Ao pilotar de forma mais lenta fez com que o Sebastian (Vettel) pudesse ficar perto de mim e abriu-lhe a oportunidade de tentar parar mais cedo e passar-me nas boxes. Por isso tive que seguir a mesma tática dele. Portanto, foi perfeitamente desnecessário o Sebastian ter andado tão perto e isso custou-me tempo porque tive de olhar para trás em vez de olhar para a frente. Como consequência, fiquei sem pneus no final porque parei demasiado cedo. Portanto, não estou muito feliz com isso...” começou por dizer Rosberg, que teve resposta pronta de Hamilton.

Não me cabe a mim olhar pela corrida do Nico, o meu trabalho é gerir o meu carro e levá-lo até ao fim nas melhores condições possíveis. Quando me pediram para acelerar, fi-lo, e não fiz nada intencionalmente, simplesmente estava focado apenas na minha corrida. Se o Nico achava que eu estava lento sempre poderia tentar passar-me...” disse Lewis Hamilton.

Toto Wolff tentou desdramatizar a situação, afirmando que este desabafo teve coisas positivas para a equipa: "Foi uma boa conversa, porque foi uma conversa positiva", começou por dizer Wolff. "Não havia nenhuma animosidade. Foi tudo muito mais positivo hoje. Nós não fizemos qualquer erro na corrida. Todos estavam de bom humor", começou por dizer em declarações captadas por Adam Cooper na Autoweek americana.

Wolff também afirmou que Lewis não teve a atitude reclamada por Rosberg de propósito: "Acho que ele não fez isso de propósito, e já esclarecemos isso com ele", disse Wolff. "Não houve qualquer intenção de Lewis para retardar Nico, a fim de fazê-lo terminar em terceiro lugar ou pior. Ele não sabia das lacunas que Nico estava a ter. O que ele sabia era que ele precisava de aproveitar da melhor maneira os pneus que teve ao longo de todo o fim de semana, e é por isso que ele decidiu abrandar na forma como ele fez" concluiu.

Lendo as declarações, nota-se um ar de frustração por parte de Rosberg, porque não consegue apanhar Hamilton da mesma maneira que apanhava no ano passado. Sem dúvida que o piloto inglês está a ter um excelente começo de época, e nestas três corridas esteve sempre na frente do alemão, e isso é importante para definir uma hierarquia no futuro, mais adiante no campeonato. E pelos vistos, ele poderá estar imparável a caminho de um terceiro título mundial, quando Rosberg pensava que teria mais luta e a sua chance de alcançar o título. E aí se pode explicar toda a sua frustração, já na terceira das 19 corridas que vai ter esta temporada.

E Rosberg sabe que se o deixar escapar, muito provavelmente, não só a luta interna fica logo decidida - ou seja, quem é primeiro e segundo piloto - como também a ideia que fica perante os fãs é que ele é outro Gerhard Berger: um bom piloto, mas superado por alguém mais excepcional. Resta saber como é que Toto Wolff e Niki Lauda irão desanuviar essa tensão, e é óbvio, não vai ser fácil. O filho de Keke Rosberg é um piloto perturbado por estes dias e quer reagir, provavelmente a começar na semana que vem, nas areias do Bahrein.

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