terça-feira, 12 de maio de 2015

Acerca de um grande momento do automobilismo português

Apesar de não ser de nascimento, sou português de "espirito". E sendo amante de automobilismo, não deixo de vibrar pelos feitos que o pessoal nascido e criado neste retângulo à beira-mar plantado faz com quatro rodas e um volante. E quando andamos num passado recente - e não tão recente - em categorias como a Formula 1 ou o Mundial de ralis, nunca deixei de torcer e vibrar pelos melhores resultados que eles pudessem alcançar.

E agora, com a nova Formula E, vibro os feitos de António Félix da Costa na Amlin Aguri, especialmente aquela vitória inesperada em Buenos Aires, apesar de todos concordarem que esta caiu do céu. Ou por outras palavras, estava no lugar certo à hora certa...

As 24 Horas de Le Mans são uma das corridas mais fascinantes do mundo, todos concordam. É uma corrida de resistência do qual não ganha o mais veloz, mas sim... o mais resistente. E este ano, Portugal vai meter cinco pilotos na clássica de La Sarthe, nas quatro categorias, sendo que o último anuncio, como sabem, foi o de Tiago Monteiro, a bordo do LMP1 da Kolles. E isto veio enriquecer um pelotão onde têm um piloto numa equipa oficial. Não é a presença mais numerosa de sempre, mas é uma das mais ricas. Só faltaria uma tripla totalmente nacional, numa equipa inscrita em paragens lusitanas, como houve num passado recente, mas creio que é uma questão de tempo.

Contudo, esse feito merece ser comemorado, e essa comemoração foi feita esta tarde por uma pessoa que admiro: o jornalista da Eurosport João Carlos Costa, entusiasta do automobilismo e das 24 Horas de Le Mans, e que este ano tem à partida ótimos motivos para orgulho. E escreveu isto no Facebook do qual pedi permissão para partilhar por aqui. Aqui vai:

"Cinco portugueses nas 24 Horas de Le Mans não é recorde, mas é único na forma: estão todos como pilotos profissionais, pagos para competir na maior prova do mundo. Não tiveram que reunir budget para dar corpo a um sonho. Bastou-lhes o estatuto, o palmarés, o facto de serem uma mais-valia quando estão ao volante. Mais ainda: Filipe Albuquerque, Tiago Monteiro, João Barbosa, Pedro Lamy e Rui Águas têm reais chances de, pelo menos, chegar ao pódio nas respectivas categorias.

De há muito que ando a chamar à atenção para este caso único, nunca antes vivido no Desporto Motorizado português, em duas e quatro rodas. Devemos salientar que temos perto de duas dezenas de pilotos profissionais a representar construtores e/ou grandes equipas em campeonatos mundiais ou de relevo a nível internacional, onde conquistam pódios, vitórias e títulos.

O que irá acontecer nas 24 Horas de Le Mans 2015 é consequência disso mesmo, deste verdadeiro momento de Ouro, insólito para nós, portugueses, e nada comum em países com a mesma “dimensão” neste desporto. Algo que acaba por ser um pouco contra-corrente, relativamente ao que acontece entre portas, onde as águas, mesmo se é positivo vivermos uma época de alguma paz institucional, estão demasiado “flat”. Temos de aproveitar estes momentos para “surfar” a onda, arriscar nas “manobras” e ganhar “pontos”, por forma a conseguirmos capitalizar em termos de impacto do Desporto Motorizado em Portugal. Promover esses pilotos que tão bem nos representam “fora de portas” tem de ser um enorme trunfo “cá dentro” para cativar novas paixões. Pudemos mostrar que se pode ir mais além, que temos tanto talento como os outros, que há uma carreira possível, que Portugal está definitivamente no “mapa das corridas”. No fundo, que há desporto para além do Futebol, de Cristiano Ronaldo. Que existem outros atletas capazes de nos fazer sentir os “arrepios” do nacionalismo!

Para os que gostam de provas de resistência, é igualmente um momento de enorme emoção. Fica-nos também a obrigação de dar ainda maior ênfase a este tipo de corridas. Sermos capazes de continuar a promovê-las e a demonstrar a sua espectacularidade, num fenómeno de bola-de-neve onde Le Mans é quase sempre pivot. Sinto orgulho por, juntamente com o Ricardo Grilo (e muitos outros), ter ajudado nesse fenómeno. Por isso mesmo, vou empenhar-me a fundo para que transmissão das 24 Horas de Le Mans 2015 no Eurosport volte a ser uma enorme festa para a qual estão todos uma vez mais convidados".

Vai valer a pena estar à frente da televisão no fim de semana de 14 e 15 de junho. Falta ver quais vão ser os resultados desta participação, mas por ali, talento não faltará. E também isto tudo é o resultado do talento e dos resultados que todos estes pilotos acumularam ao longo das suas carreiras. Mas mesmo assim, parabéns a todos eles!

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