quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A ameaça de Carlos Ghosn



É certo que por estes dias, a Renault anda a pensar o seu futuro na Formula 1, e tem várias ideias na mesa. Ou compra uma equipa e volta a estar por lá de corpo inteiro, ou poderá até abandonar de vez a competição e concentrar-se na Formula E, por exemplo. A conclusão a que chegaram os comandados de Carlos Ghosn é que as coisas, tal como estão, já não compensam, e ele disse isto esta quarta-feira, no Salão de Frankfurt.

"Em 2009, Honda, BMW e Toyota deixaram a Formula 1", começou por afirmar. "Nós mesmos hesitamos. Ficamos por lealdade e porque o nome Renault está associado com a história da Formula 1. Temos dito claramente às autoridades da Formula 1 que não queremos ser mais meros fornecedores de motores", avisou. 


"Uma coisa é certa, não somos mais capazes de tolerar com a situação atual: quando ganhamos, é a equipa que vence; quando perdemos, é culpa do fabricante do motor. Nós começamos a sentir que o retorno sobre o investimento é demasiado fraco para um fornecedor de motores. O nosso nome nunca é mencionado quando ganhamos. Então, com o novo motor, as equipes que fornecemos têm apontando os seus dedos para nós. Se isso é justo ou não? Essa não é a questão. É um desporto. É uma questão de comportamento desportivo. E neste tipo de desporto onde o trabalho é um esforço conjunto. Vencemos juntos e perdemos juntos ", concluiu.

Estas declarações podem ser entendidas desta forma: a Renault não fornecerá mais motores à Red Bull e esta provavelmente cairá nas mãos da Ferrari, pois a Mercedes não fornecerá motores a eles por veto de Toto Wolff, mesmo quando se sabe que já havia um acordo entre Bernie Ecclestone, Dietrtich Mateschitz e a cúpula da marca de Estugarda, que ficaria à partida com os motores vindos da Lotus. Agora, com esse vento, a probabilidade é que esses motores irão para a Manor, enquanto que Maranello ficará com a equipa de Milton Keynes.

Quanto à chance da Renault ficar com a Lotus, apesar de nada ter transparecido nesta conversa de Ghosn, sabe-se que há intenções, mas que as negociações não estão tão adiantadas como muitos pensavam. Aliás, há duas semanas, por alturas de Monza, a realidade era que elas nem sequer tinham começado.

Também há outra coisa que se transparece nesta conversa: a Renault só pensa sériamente na ideia de ter uma equipa de Formula 1 se for compensado devidamente. Ou seja, algo semelhante que tem a Ferrari em termos financeiros. E a equipa do losango tem as suas razões: afinal, andam por ali desde 1977, há quase 40 anos, que como equipa, quer como fornecedor de motores. Só são superados, neste momento, por McLaren e Ferrari, e em termos de motores, só a Cosworth está lá há mais tempo. 

Em suma, é uma bota que a Formula 1 terá de calçar. E há uma equipa em maus lençois por causa deste braço de ferro financeiro... ou se preferirem, também é uma questão de respeito.

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