segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A fuga dos pilotos da McLaren

A McLaren já viveu dias melhores, isso é um facto, e a aliança da Honda está ainda no seu inicio. Mas depois de um ano péssimo por causa do seu mau motor - culpa do defeito de uma das suas unidades de energia - os pilotos Fernando Alonso e Jenson Button parecem ter chegado a um ponto de saturação. Aos rumores sobre a retirada do britânico de 35 anos juntam-se à insatisfação do espanhol de 34 anos durante a corrida quando foi superado pelos Toro Rosso de Max Verstappen e Carlos Sainz Jr, chamando ao seu motor de "GP2", para que todo o mundo pudesse ouvir, fazem pensar que as coisas pelos lados de Woking poderão estar num ponto de ruptura. Pelo menos, é pelo que se lê na imprensa britânica...

A edição de ontem do Daily Telegraph fala que o futuro de ambos os pilotos é "incerto", apesar das declarações de Ron Dennis que eles ficarão em 2016. Fernando Alonso poderá ter uma cláusula que lhe permite sair da equipa no final do primeiro ano caso não esteja satisfeito com o carro. E vendo pelos resultados até agora, o asturiano tem a pior temporada desde 2001: onze pontos, e como melhor resultado um quinto lugar na Hungria. 

E quanto a Button, Ron Dennis está a tentar persuadi-lo a ficar por mais uma temporada, dando um aumento no salário, de oito milhões para 12 milhões em 2016. Talvez seja por isso que o britânico tem adiado o anuncio da sua retirada após dezasseis temporadas de bons serviços na categoria máxima do automobilismo. "Jenson estará no próximo ano na McLaren, tanto quanto eu e ele sabemos", começou por dizer Dennis. "O fato de que eu não tinha feito isso de modo muito claro para Jenson é que vamos cumprir o contrato de dois anos assinado entre nós", concluiu.

Contudo, Button não confirmou... nem desmentiu o seu patrão: "Não posso comentar", afirmou. "Essa é a escolha dele [Dennis]. Vai ter que esperar para ver. Eu não vou comentar sobre algo que eu não sei sobre o meu futuro. Eu nunca falei sobre assuntos privados, isso é tudo que eu tenho para dizer", concluiu. 

Em suma, Button está em reflexão e Dennis deseja dar aos seus pilotos uma segunda chance. A necessidade de ter dois pilotos experientes por mais uma temporada e a confiança que ainda tem sobre a sua parceira, a Honda, de que resolveram os seus problemas sobre o motor e que a unidade que apresentarão em 2016 será bem diferente da deste ano é a razão pelo qual quer segurar Alonso e Button. O que é estranho, pois no final de 2014, Button aceitou uma redução do seu salário para ficar e Dennis - que nunca escondeu que queria Kevin Magnussen no seu "lineup" só acedeu porque o dinamarquês não conseguiu encontrar patrocínios na sua terra natal...

E também há outra razão: Dennis está sob escrutínio. A McLaren tem perdido patrocinadores a cada ano que passa. Desde 2013 que não tem um patrocinador "master", após a saída da Vodafone, e as ofertas que tem surgido em cima da mesa não são suficientemente boas, e ao contrário do que acontecia nos anos de auge, não há fila de patrocinadores para entrar na equipa. A Hugo Boss, que estava na McLaren desde meados dos anos 80, saiu em 2014 para ir para a Mercedes, e há meses que nada se sabe sobre possíveis contratos. Eric Boullier já admitiu que não há nada no horizonte e o orçamento tem de ser encolhido para poderem suportar as despesas.

Talvez uma dupla totalmente nova - mas inexperiente - constituida por Kevin Magnussen e Stoffel Vandoorne seria ótimo para conter as despesas, pois seriam menos 32 milhões de libras (cerca de 38 milhões de euros) para gastar em salários. Mas a inexperiência não compensa a velocidade que ambos têm. Aliás, o belga está a caminho de um título na GP2 este ano...

Uma coisa é certa: a casa de Woking está em sarilhos bem grandes, e todos tem de trabalhar muito para resolver a situação, sob pena de as coisas chegarem à estaca zero. E será que Alonso, que tem fama de ser uma pessoa volátil quando não corre bem, aguentará mais tempo na McLaren? Ele já se foi embora uma vez de lá...

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